sábado, 30 de abril de 2016

Buraco na camada de ozônio atinge níveis recordes para dezembro


quarta-feira, 30 de dezembro de 2015


O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida atingiu em dezembro uma área de 10 milhões de km², mais do que o dobro da média do período, segundo um estudo realizado pela Universidade de Santiago do Chile e do Instituto Antártico Chileno (Inach).

A camada de ozônio é uma barreira gasosa situada entre 20 km e 50 km de altitude, que protege a Terra dos raios solares ultravioletas.

Os dados foram obtidos por uma missão científica que foi ao local e se juntam ao recorde estabelecido em outubro, quando o buraco chegou a 28 milhões de km² – o quarto maior desde que os dados de satélite começaram a ser recolhidos, informou um comunicado de imprensa do Inach.

As medições de dezembro foram lideradas pelos cientistas Raúl Cordero e Alessandro Damiani, que viajaram até a Estação Científica Polar Conjunta Glaciar Unión, em território antártico chileno, a cerca de 1.000 km do polo sul.

Baixas temperaturas – Os recordes deste ano “estão provavelmente relacionados às baixas temperaturas da estratosfera registradas nesta temporada e não constituem necessariamente uma mudança de tendência”, explicou Cordero no comunicado de imprensa.

A destruição da camada de ozônio é mais claramente manifestada em altas latitudes, particularmente na Antártica durante a primavera austral.

Depois de restrições internacionais tomadas para a emissão de substâncias que destroem ozônio, os cientistas esperam uma recuperação da camada de ozônio em meados deste século.

O Protocolo de Montreal, assinado em 1987, estabeleceu a proibição progressiva dos clorofluorocarbonos (CFC), sustâncias que furam a camada de ozônio.


Fonte: G1

Na América Central, árvores “andantes” se deslocam 20 metros a cada ano

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015


É difícil imaginar uma árvore se movendo sozinha de um lado para o outro. Mas, isso acontece de verdade.

É difícil imaginar uma árvore se movendo sozinha de um lado para o outro. Mas, por mais estranho que isso possa parecer, é possível e acontece de verdade. A Socratea exorrhiza é a espécie conhecida como “Palmeira Andante”. A cada ano essas árvores são capazes de se deslocar por até 20 metros.

Endêmica da floresta tropical, a palmeira é mais comum na América Central, mas ela chega até a bacia do rio Amazonas, já em território brasileiro. Apesar de ser única em seu hábito incomum, esse diferencial não é o bastante para garantir a sua preservação total.

No Brasil, as palmeiras andantes são muito usadas na confecção de bengalas, na construção civil e até na fabricação de pequenas embarcações. Na Costa Rica, as legislações ambientais proíbem totalmente o corte desta espécie, enquanto no Equador, mesmo com áreas de preservação, ela ainda sofre na mão dos desmatadores.

O deslocamento desta árvore chama a atenção de pesquisadores há anos. Algumas hipóteses sobre a evolução das espécies já foram colocadas em cheque, mas descartadas depois. O que se sabe é que elas mudam de lugar em busca de melhor solo e mais luz do sol.

A caminhada é lenta, mas constante. As árvores andam diariamente de dois a três centímetros. Em um ano elas podem chegar percorrer uma distância de até 20 metros. Isso acontece através das novas raízes, que vão crescendo a pequenas distâncias das antigas. Quando as raízes velhas apodrecem, todo o tronco é deslocado junto às raízes novas. Por mais surpreendente que isso possa ser, infelizmente essas árvores não conseguem se deslocar rápido o suficiente para fugir do desmatamento.

Fonte: Ciclo Vivo

Túnel do amor, na Ucrânia.

Tunnel of Love, Ukraine

A floresta das árvores sentadas.

Amigos, vejam essas arvores que engraçado!

Crooked Forest em Nowe Czarnowo, Polônia

Estudantes de biologia encontram animais em extinção em São José dos Campos, SP.

24/04/2016 15h19 - Atualizado em 24/04/2016 15h22


Pesquisas são feitas para aumentar a proteção de algumas espécies.
Ao todo foram encontrados 31 tipos de anfíbios e 16 de répteis.

Do G1 Vale do Paraíba e Região (*)
Sapinho pingo de ouro do parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)Sapinho pingo-de-ouro do parque Augusto Ruschi em São José (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)
Dois estudantes de ciências biológicas estão fazendo um levantamento das espécies de animais encontrados no Parque Natural Municipal Augusto Ruschi (PNMAR) em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

O objetivo da pesquisa dos alunos é ter um conhecimento maior sobre os anfíbios e répteis que existem no parque, aumentando a proteção de algumas espécies em extinção que vivem na área de proteção ambiental.
Gato-do-mato-pequeno do parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Rodrigo Dela Rosa/Divulgação)Gato-do-mato-pequeno do parque Augusto Ruschi em São José (Foto: Rodrigo Dela Rosa/Divulgação)
 
O levantamento vem sendo feito desde maio de 2015 com encerramento no fim de 2016, e já foram registradas 31 espécies de anfíbios e outras 16 de répteis, no qual algumas espécies se encontram em risco de extinção, como é o caso do cágado da serra, gavião pega macaco, onça parda e jaguatirica, como são popularmente conhecidos.

“Quando o parque se chamava Horto Florestal e passou a ser Augusto Ruschi, se tornou uma área de proteção ambiental. Por isso, foi realizado um plano de manejo rápido, para se adaptar o parque às mudanças, e agora o plano que estamos realizando é a longo prazo, e por isso poderemos detalhar com precisão todos os tipos de espécies que lá existem”, afirmou o estudante de ciências biológicas Matheus Moroti.

A ideia de realizar as pesquisas surgiu durante as aulas da faculdade, quando os dois estudantes perceberam que o parque era uma extensa área ambiental, que não é conhecida por muitas pessoas e precisava ser mais bem explorada. As pesquisas serão usadas como trabaho para conclusão da faculdade e futuramente entregues ao parque.

“Conseguimos o apoio de ONGs e instituições e fomos desenvolvendo a nossa pesquisa. Durante o trabalho fomos encontrando diversas espécies, que não são tão fáceis de encontrar em qualquer ambiente de mata, como é o caso do papo-branco, a onça parda, o quati, entre tantos outros, que sofrem um pouco de pressão pela natureza”, disse o estudante.


Especialista
Os novos estudos possibilitarão o parque a abrir totalmente as portas para os visitantes, com construção de dormitórios para os cientistas e pesquisadores, além de sanitários e todas as adaptações necessárias para o público.
Cágado da serra do parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)Cágado da serra do parque Augusto Ruschi em São José (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)
“Esse novo levantamento fará uma contagem total de toda fauna do parque, e a intenção é fazer em um período de até dois anos, adaptações para que todas as pessoas possam vir até a área sem agredir o meio ambiente e sua estrutura, coisa que antes não era possível” explicou Jeferson Rocha, o gestor da unidade de conservação.


Parque
O PNMAR é a primeira unidade de conservação ambiental de São José e abrange uma área de dois milhões de metros quadrados de mata atlântica preservada. Ele é localizado na Santa Cruz da Boa Vista, na zona norte da cidade. O agendamento para ida ao parque pode ser agendada pelo telefone 12 3909-4512, e outras informações estão no site da prefeitura.
Cobra-Verde do Parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)Cobra-Verde do Parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)

Parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)Parque Augusto Ruschi em São José dos Campos (Foto: Matheus Moroti/Divulgação)

Plano de negócios da Petrobras é suicídio

Quinta-feira, 28 de abril de 2016


OC alerta estatal contra risco de concentrar investimentos no pré-sal e desinvestir em biocombustíveis e diz que empresa precisa começar a preparar saída do petróleo.

Por Redação do Observatório do Clima –

SÃO PAULO, 27 DE ABRIL DE 2016 – A Petrobras está criando problemas para o próprio futuro ao focar seu plano de negócios na exploração do petróleo do pré-sal e ao se desfazer de ativos em energias renováveis e biocombustíveis. O risco foi apontado pelo Observatório do Clima em carta enviada nesta quarta-feira ao presidente e ao Conselho Diretor da estatal, que se reúnem amanhã (28) para reformular o estatuto da empresa.

Na visão do OC, a maneira como a Petrobras está buscando resolver seu problema de endividamento ao dobrar a aposta nos combustíveis fósseis equivale ao suicídio comercial, já que a economia e a política internacional começam a indicar que a era do óleo está com os dias contados. A empresa precisa, com urgência, planejar o futuro além do petróleo, e não há no momento sinais de que isso esteja acontecendo.

“O sino da morte para o petróleo tocou com a adoção do Acordo de Paris, que recebeu adesão recorde dos países e caminha para entrar em vigor antes mesmo do prazo oficial”, diz Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Se a Petrobras não planejar desde já como deixará de ser uma empresa de óleo e gás para tornar-se uma empresa predominantemente de energia renovável, ela não sobreviverá no médio e longo prazo.”

As empresas de petróleo enfrentam desafios múltiplos. Primeiro, a queda no preço da commodity, que se soma a uma gradual desaceleração da demanda. O preço mais baixo, que não deve se alterar em muito tempo, tende a tornar economicamente inviáveis os chamados projetos “não-convencionais”, como as areias betuminosas do Canadá, o Ártico e o pré-sal, regiões cujo custo de extração varia entre US$ 40 e US$ 50 o barril. Embora a Petrobras diga que tem campos no cujos investimentos já foram amortizados, o que torna a extração viável, esse “colchão” deve durar cerca de três anos apenas – tempo insuficiente para acelerar a produção até os níveis de produção esperados pelo governo na década passada, quando o óleo na camada pré-sal foi descoberto.

Em cima disso há as restrições climáticas. Para evitar que o planeta sofra mudanças climáticas perigosas, o Acordo de Paris estabeleceu a meta de limitar o aquecimento global a “bem menos de 2oC”. E o único jeito de fazer isso é descarbonizar a economia global, em especial o setor de energia, antes do meio do século – deixando a maior parte dos combustíveis fósseis no subsolo. Esta não é uma recomendação de ambientalistas, e sim uma constatação da Agência Internacional de Energia.

O risco de que as reservas de combustíveis fósseis se tornem “ativos encalhados” tem feito fundos soberanos, de pensão e outros desinvestirem de empresas de carvão, óleo e gás. Os investimentos tendem a se concentrar nas energias renováveis, que não estão sujeitas a restrições governamentais e ainda podem remunerar os investidores com inovação tecnológica.

“O crescimento vertiginoso das renováveis, as restrições impostas pela necessidade de descarbonização e os preços em queda criam uma tempestade perfeita para o setor de óleo e gás”, afirma Rittl. “Empresas responsáveis precisam diversificar seu portfólio para reduzir a dependência de um ativo cada vez mais problemático e evitar prejuízos a seus acionistas. A Petrobras tem de fazer o mesmo com urgência, já que sua saúde financeira não interessa apenas a seus acionistas, mas a todo o povo brasileiro.”

Fonte: Envolverde

Pesquisadores norte-americanos criam bateria praticamente infinita

quarta-feira, 27 de abril de 2016


Mesmo após 200 mil ciclos, a bateria se manteve intacta, ao contrário das tradicionais, que duram até 7 mil ciclos.


Um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia (UCI), EUA, descobriu uma maneira de criar baterias que podem ser recarregadas centenas de milhares de vezes. Os pesquisadores consideram que este é mais um passo em direção a uma bateria que nunca mais precise de substituição.

O trabalho de pesquisa desenvolvido dentro da UCI pode ajudar a desenvolver equipamentos eletrônicos com uma expectativa de vida útil muito maior. Os beneficiados por este novo tipo de bateria vão desde smartphones até naves espaciais.

Há muitos anos os cientistas fazem experiências utilizando nanofios em baterias. Milhares de vezes mais finos do que um fio de cabelo humano, eles são excelentes condutores, com uma grande área de armazenamento e transferência de elétrons. No entanto, eles também são altamente frágeis e sensíveis às recargas repetitivas. Em uma bateria tradicional de íon-lítio, por exemplo, eles se expandem facilmente e logo ganham rachaduras que comprometem o seu desempenho.

Ciente disso, a doutoranda Mya Le Thai trabalhava de maneira despretensiosa no laboratório, fazendo testes de revestimento com uma camada de gel. Ao recarregar a bateria por ciclos repetitivos, ela identificou que não havia deterioração alguma. A experiência continuou e, mesmo após 200 mil ciclos completos, a bateria se manteve intacta, ao contrário das tradicionais, que duram, no máximo, sete mil ciclos.

Conforme publicado na revista científica Phys.org, a combinação criada pelos pesquisadores é a seguinte: um nanofio de ouro é disposto em uma casca de dióxido de manganês e finalizada com um eletrólito de gel do tipo Pexiglas. Esta receita garante a resistência necessária para proteger os fios e garantir milhares de recargas.

De acordo com os cientistas, a explicação para isso deve-se ao fato de que o gel plastifica o óxido de metal da bateria, dando a eles flexibilidade e evitando as rachaduras que comprometem o desempenho.

Fonte: Ciclo Vivo

Cientistas descobrem grande recife de coral na foz do Rio Amazonas

Quarta-feira, 27 de abril de 2016


Cientistas descobriram um grande recife de coral sob a pluma do Rio Amazonas, onde o rio deságua no Atlântico e sua água se mistura com a água salgada do oceano entre a Guiana Francesa e o estado do Maranhão.

A descoberta foi liderada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e publicada na semana passada na revista “Science Advances”.

Os pesquisadores já desconfiavam da possibilidade de haver recifes de coral nessa região por causa da coleta de peixes típicos de regiões de coral.

Em 2014, uma expedição organizada pelos pesquisadores brasileiros foi capaz de coletar exemplares e descrever a descoberta de um grande recife de colra de cerca de 9,5 mil km².

O achado foi uma surpresa, já que se considerava que as condições da região não eram propícias para o desenvolvimento de corais. A pluma do rio faz com que uma grande área do norte do Oceano Atlântico seja afetada em termos de salinidade, pH, penetração de luz e sedimentação, criando um hiato nos recifes do Atlântico.

Fonte: G1

Indústria dos combustíveis fósseis arrasa litoral do Espírito Santo

Segunda-feira, 25 de abril de 2016


Há décadas que o litoral do Espírito Santo vem sendo degradado pelos incontáveis projetos da indústria dos combustíveis fósseis – on e offshore – que eliminam a biodiversidade e impactam severamente o povo capixaba, especialmente pescadores, povos indígenas e comunidades tradicionais.


O Estaleiro Jurong Aracruz está localizado bem no centro dos problemas ambientais e sociais da região. Sem uma ampla consulta às populações impactadas, o estaleiro foi construído em Barra do Riacho no município de Aracruz sobre uma região que abriga o mais importante banco de corais do Atlântico Sul causando a extinção de espécies que só viviam ali. Após Jurong Aracruz foi decretado o extermínio de uma espécie de cavalo marinho (Hippocampus reidi) e da estrela-do-mar (Oreaster reticulatus), esta última integrante da lista vermelha dos animais em extinção.

Para pedir o fim deste legado de destruição que se repete em várias regiões do Brasil e praticamente todos os países, milhões de pessoas no mundo se mobilizam para dizer NÃO à indústria dos combustíveis fósseis. Entre 2 e 15 de maio acontecerá o movimento global ‘LIBERTE-SE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS’ (Break Free 2016) que pretende chamar a atenção para as mudanças climáticas causadas ao meio ambiente e às populações pela queima de carvão, gás e petróleo.

O movimento global LIBERTE-SE defende a permanência do hidrocarboneto no subsolo e prevê no mesmo período ações pacíficas em vários países pedindo o desinvestimento em fósseis como única alternativa para conter as mudanças climáticas. No Brasil, as ações estão sendo conduzidas pela 350.org Brasil em parceria com a COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade – Fundação Cooperlivre Arayara, Rede Paraense Evangélica de Ação Social, Fórum Ceará no Clima, Cáritas Brasileira Regional Paraná e diversas entidades e organizações brasileiras. Para saber mais detalhes e como participar basta acessar http://liberte-se.org/ .

Vamos mudar essa história

Suja, perversa e injusta em sua essência, a indústria petrolífera e suas similares estão com os dias contados para dar lugar a um novo sistema de produção de energia 100% limpa, sustentável e com justiça climática. Para conter o aumento do aquecimento global, temos que deixar os fósseis no solo e partir para as renováveis como solar, eólica, hídrica e de biomassa.

Para a diretora da 350.org Brasil e América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira, o Jurong Aracruz é emblemático por representar o modus operandi da indústria do hidrocarboneto: Impositiva, injusta e predadora. “Somente com investimentos em energias renováveis vamos mudar essa história”.

O estaleiro é responsável por fornecer plataformas marítimas para que a Petrobras continue a explorar combustíveis fósseis. A mesma Petrobras que instala plataformas em alto mar que servem de abrigo aos cardumes de peixes e os deixam fora do alcance dos pescadores artesanais. Estes são proibidos de chegar a menos de 500 metros das chamadas de áreas de exclusão. Bem em frente ao estaleiro, passa o polêmico gasoduto da Transpetro, que também corta as áreas indígenas.

“O absurdo maior é que foi ele construído contrariando todos os pareceres técnico-ambientais, além de não cumprir as dezenas de condicionantes ambientais relevantes para evitar os impactos socioambientais, e mesmo assim obteve a Licença de Operação”, destaca o Eng Dr. Juliano Bueno de Araujo, fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade – e coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org.

Lama da Samarco/BHP/Vale

Após décadas de violência do Estado e da indústria dos combustíveis fósseis, a população do Espírito Santo ainda tenta assimilar os impactos da lama da Samarco/BHP/Vale, que viajou de Mariana (MG) até chegar à foz do Rio Doce.

“Não bastasse tanta opressão da indústria petrolífera, o povo capixaba não se conforma com mais esta devastação de seu litoral e teme pelo futuro”, alerta Luiz Afonso Rosário, coordenador para povos e comunidades tradicionais da 350.org Brasil.

No caso da construção do estaleiro Jurong Aracruz, Luiz Afonso diz que “é impossível saber exatamente quantos sítios arqueológicos foram cimentados pelas estruturas do estaleiro, vizinho ao território indígena homologado dos Tupinikim, portanto, impactado diretamente e nem sequer fizeram o Estudo Indígena no licenciamento”, ressalta.

O coordenador para povos e comunidades tradicionais afirma ainda que a área onde foi construído Jurong Aracruz é território de pesca tradicional dos pescadores da região, contendo cascalho e lama no fundo, próprio para a pesca do camarão 7 barbas, entre outras inúmeras espécies comerciais. “No processo de dragagem, houve a remoção do fundo e turbidez, afugentando espécies de captura durante o período de 3 anos, sem qualquer tipo de compensação aos pescadores e indígenas”, lembra.

Por ser uma obra de grande porte, centenas de funcionários foram contratados, pressionando a região, principalmente nos finais de semana e feriados, resultando em invasões do território indígenas, pesca e caça clandestinas, aumentando a drogadição e incentivando à prostituição, bem como consumo de bebidas e aumento de pequenos crimes e delitos. “Quando a obra acabar teremos como legado uma verdadeira tragédia. Temos que parar agora”, alerta Luiz Afonso.

Fonte: EcoDebate

Produtores rurais e seus familiares estão sujeitos a alterações respiratórias pela exposição a agrotóxicos


Publicado em abril 29, 2016 por

O município de São José de Ubá, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro, tem cerca de 7 mil habitantes, a maioria na área rural. A economia da cidade é baseada na agricultura familiar, principalmente no plantio de tomates, com uso excessivo de agrotóxicos e parte da sua produção é comercializada com outros estados, inclusive São Paulo. A ocorrência de sintomas respiratórios e alterações da função respiratória em trabalhadores rurais e familiares expostos a agrotóxicos foi constatada em pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, realizada por Rafael Junqueira Buralli.
Em de São José de Ubá (RJ), plantio de tomates tem uso excessivo de agrotóxicos


“O cenário natural montanhoso da região favorece a mobilização dos agrotóxicos aplicados nas plantações, contaminando o solo do entorno da cultura e águas superficiais e subterrâneas”, conta Buralli. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 14,2% das residências daquela cidade têm condições de saneamento básico adequadas. O estudo apurou que grande parte da população está exposta aos agrotóxicos desde a tenra idade, seja por morar próximo das áreas de plantio, trabalhando diretamente, ou mesmo ajudando seus familiares. “No grupo dos produtores rurais, a maioria era do sexo masculino e afirmou trabalhar com agrotóxicos por várias horas por dia, principalmente no período da safra. A maioria dos familiares era do sexo feminino”. Foram avaliadas 82 pessoas (48 trabalhadores rurais e 34 familiares). Entre os trabalhadores rurais, 81,3% afirmaram ter contato com agrotóxicos no momento da pesquisa, sendo que 77,1% dos produtores e 94,1% dos familiares afirmaram estar expostos domesticamente aos agrotóxicos.


A maioria dos produtores e familiares era casada, com renda familiar de até dois salários mínimos, meeiros ou arrendatários de pequenas áreas, com baixa escolaridade e nunca recebeu treinamento ou orientações para manipular agrotóxicos. No momento da avaliação, na safra de 2014, 66% das pessoas apresentaram algum sintoma respiratório. Os mais comumente relatados foram crise de tosse (40,0%), rinite (30,7%), sensação de aperto no peito (24,0%), sensação de falta de ar (17,3%) e chiado no peito (13,3%). “Quanto às alterações da função pulmonar, 20% dos produtores e 22,2% dos familiares apresentaram algum distúrbio respiratório”, aponta o pesquisador. “Após análises estatísticas, as alterações respiratórias se mostraram significativamente associadas ao fato de a pessoa ser produtor, manipular agrotóxicos regularmente e da quantidade de horas trabalhadas por dia”.
De acordo com bases de dados oficiais de morbidade e mortalidade, as principais causas de morte entre 2004 e 2010 em São José de Ubá, foram as doenças do aparelho circulatório, do aparelho respiratório, neoplasias, causas externas, transtornos mentais e comportamentais, doenças do sistema digestório, disfunções endócrinas, metabólicas. “Quanto ao câncer, as neoplasias mais frequentes com o desfecho óbito do paciente foram as de pulmões, estômago e laringe”, observa Buralli.



Internações
Quanto às internações hospitalares no município, entre janeiro de 2008 e agosto de 2015, as causas mais comuns foram as doenças do aparelho circulatório, respiratório, genitourinário e digestivo, neoplasias e transtornos mentais e comportamentais. “Todas essas doenças já foram associadas à exposição aos agrotóxicos em outros estudos e podem estar relacionadas também em SJU”, destaca o pesquisador.


Segundo Buralli, a primeira providência a ser tomada para contornar o problema seria melhorar o apoio técnico e atenção à saúde das pessoas que manipulam esses químicos, fornecendo treinamento para lidar com esses produtos e organizando o sistema de saúde para atender as necessidades específicas das populações expostas, tanto na prevenção ou tratamento de doenças relacionadas à exposição aos agrotóxicos. “Na cidade, não há um banco de dados contendo registros de morbidade e mortalidade por causas ocupacionais, nem programa específico de vigilância, promoção de saúde, prevenção e redução de danos à saúde das populações expostas”, ressalta.


De acordo com o pesquisador, a segunda providência seria a implantação de políticas públicas mais restritivas quanto à comercialização e consumo de produtos agrotóxicos. “Hoje, o Brasil é líder mundial no consumo de agrotóxicos e comercializa diversas substâncias proibidas no mundo inteiro”, alerta. “Os efeitos disso não são sentidos somente pelas famílias rurais, mas também pela população em geral, que vive próximo a áreas de plantio ou consome produtos envenenados”.


A orientadora do estudo, descrito em dissertação de mestrado, foi a professora Helena Ribeiro, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP. O trabalho, no entanto, é parte de um projeto de avaliação de risco à saúde humana por exposição a metais e agrotóxicos em São José de Ubá, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenado pelo professor Jean Remy Daveé Guimarães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da FSP e da UFRJ, também colaboraram pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-RIO) e Universidade de Brasília (UnB).

Foto: Wikimedia Commons
Por Júlio Bernardes, da Agência USP de Notícias, in EcoDebate, 29/04/2016

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