A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento composto por mais de 280 representantes do agronegócio, sociedade civil, setor financeiro e academia, manifesta a importância do governo brasileiro ampliar sua ambição climática durante a Cúpula do Clima, organizada pelo governo americano, entre os dias 22 e 23 de abril.
O clima do planeta está mudando rápido. A reação das nações a essa mudança deve ser ampla, permanente e bem mais ambiciosa. Caso contrário, o aumento da temperatura média do planeta ultrapassará os 1,5° C até o fim desse século criando um cenário climático imprevisível.
O Brasil é considerado um país-chave nos esforços globais para o equilíbrio climático do planeta. E já provou do que é capaz. Entre 2004 e 2012, o Brasil fez a maior redução de emissões de gases de efeitos estufa (GEE) já registrada por um único país, ao reduzir em 80% sua taxa de desmatamento.
Na Cúpula do Clima promovida pelo governo Biden, o Brasil entrou pela porta do fundo. Lar da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, e historicamente um importante ator nas negociações climáticas, o país chega diminuído à discussão.
“Infelizmente neste momento o papel do antagonista climático veste como luva no Brasil, devido a ações que se chocam com o que se espera dos países, ou seja, o controle das mudanças climáticas. Não precisaria ser assim: temos conhecimento e experiência para reduzir o desmatamento, nossa principal contribuição para o efeito estufa”, afirma o diretor-executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães.
Por mais que o presidente Bolsonaro tenha prometido, em seu discurso na cúpula nesta manhã, desmatamento ilegal zero em 2030, neutralidade de emissão de carbono em 2050 e a necessidade de se dialogar com comunidades tradicionais e a sociedade civil, as ações de seu governo colocam o país na direção oposta. Faltam medidas contra a grilagem em florestas públicas e apoio a ações de comando e controle no campo, as emissões de gases estufa têm aumentado com o desmatamento e há um sistemático ataque a comunidades tradicionais e à sociedade civil.
“Perdemos o protagonismo internacional que já tivemos neste campo. Além disso, desdenhar da nossa responsabilidade como grande emissor de gases estufa e prometer metas sem planos consistentes e práticas contrárias é perder espaço no mercado das commodities agrícolas e deixar passar as oportunidades que se abrem com uma nova economia global voltada para a baixa emissão de carbono”, diz Guimarães.
Um exemplo é o lançamento hoje, por Noruega, Reino Unido e Estados Unidos do programa Leaf, ou Reduzindo Emissões pela Aceleração do Financiamento Florestal, na sigla em inglês. Com valor inicialmente estabelecido de US$ 1 bilhão para projetos de preservação de florestas tropicais e subtropicais no mundo, ele junta governos e empresas para apoiar países, estados e municípios que reduzem com sucesso e ambição as emissões de gases associadas ao desmatamento e à degradação florestal em todo o planeta.
O programa Leaf dá concretude a um novo mercado global de commodities verdes, e outros países com florestas tropicais, e que mostram mais firmeza em suas ações de conservação sobem na lista de prioridade. Se antes o Brasil tinha lugar garantido em iniciativas do gênero, hoje é visto com desconfiança sobre sua capacidade de entrega.
“Falar que o Brasil emite poucos gases estufa em relação ao outros países e fazer promessas sem mostrar serviço fecham portas. Ninguém vai enviar recursos para proteger florestas no país se antes não expomos planos e práticas consistentes”, explica o diretor-executivo do IPAM. “Além disso, os principais mercados exigem compromisso com o combate às mudanças climáticas, numa tendência de crescimento. Já fomos líderes; hoje nossa posição de pária nos descredencia a investimentos e compromete nosso futuro. Perde o país, mas principalmente perdem os brasileiros.”
Pesquisadores do Instituto de Ciência Industrial da Universidade de Tóquio, no Japão, desenvolveram um método inovador para produzir concreto sem cimento. A novidade, anunciada na última quarta-feira (14), pode ajudar a reduzir as emissões de carbono e facilitar a construção de edifícios em regiões desérticas, inclusive na Lua e em Marte.
Vários cientistas têm testado alternativas para substituir o cimento na produção do concreto, como escória de alto-forno e cinzas volantes. No entanto, tal abordagem se torna insustentável à medida que o fornecimento desses produtos está diminuindo, de acordo com o professor da universidade japonesa Yuya Sakai, autor principal da pesquisa.
A saída, conforme Sakai, é investir em materiais inesgotáveis com menos carga ambiental, como sua equipe fez, encontrando no tetraalcoxissilano o candidato ideal. A produção deste composto aconteceu em uma reação com álcool e um catalisador, removendo a água.
“Nossa ideia era deixar a água para mudar a reação para frente e para trás da areia para o tetraalcoxissilano, para ligar as partículas de areia umas às outras”, explicou o pesquisador. O passo seguinte envolveu um verdadeiro trabalho de alquimia para encontrar a proporção exata de areia e produtos químicos, com o objetivo de obter um produto extremamente resistente.
Revolucionando a construção civil
Depois de colocar um copo de folha de cobre em um reator com areia e os demais materiais e variar sistematicamente as condições de reação (quantidades de álcool, areia, catalisador e agente de desidratação, o tempo de reação e a temperatura), eles encontraram o que procuravam.
“Obtivemos produtos suficientemente fortes com, por exemplo, areia de sílica, contas de vidro, areia do deserto e areia da Lua simulada”, revelou o coautor do estudo Ahmad Farahani.
Segundo ele, essas descobertas podem revolucionar a construção civil, tornando o setor “mais verde e econômico”, pois a técnica não requer partículas de areia específicas convencionais, além de ajudar o desenvolvimento espacial.