Desde o dia 2 de agosto, a população de Melbourne, na Austrália, vive em meio a um dos mais rigorosos confinamentos impostos no mundo para conter o avanço da pandemia
do novo coronavírus. Os moradores podem sair de casa apenas para fazer
compras essenciais e praticar esportes ao ar livre duas horas por dia e
num raio de 5 km. Visitas são proibidas, restaurantes e cafés estão
fechados (só funcionam para entrega e retirada de comida) e o uso de
máscara é obrigatório em todos os lugares. E quem desobedecer as regras
impostas pelo governo pode pagar multas. Bem caras.
Confinados ao espaço restrito da própria casa, os moradores de Melbourne se voltaram à internet para
passar o tempo e espairecer. E encontraram nela uma nova razão para
ligar o computador ou acessar o tablete ou o celular todos os dias: uma
adorável e “nova” família de falcões peregrinos.
As aves fizeram um ninho no alto de um prédio no Distrito de Negócios
no centro da cidade. No mesmo lugar, que desde 1991, outros casais de
falcões peregrinos escolhem para ter seus filhotes.
Então há quatro anos foi instalada uma câmera no local pelo projeto Victorian Peregrine. Nessa beirada do edifício, também foi colocada uma caixa com um substrato de areia, que atrai essas aves.
Agora em 2020 a câmera registrou que a fêmea colocou três ovos. Desde
então, milhares de pessoas, diariamente, acompanham, ao vivo, o dia a
dia dos falcões, seja através do site especialmente criado para a transmissão ou do canal do projeto no YouTube.
No último dia 2 de outubro, diante dos olhos do público que estava
online, os filhotes nasceram. Três pequenos falcões, que mostram estar
muito saudáveis, para a alegria de todos.
Abaixo, o momento exato em que o primeiro filhote eclodiu do ovo.
Os filhotes são alimentados pelos pais com carcaças de outras aves
menores. O macho e a fêmea são companheiros pelo resto da vida.
No ano passado, outro casal de falcões também usou o mesmo ninho, mas
um dos filhotes morreu. Os biólogos do BirdLife Australia explicam que a
espécie dificilmente usa o mesmo ninho para reproduzir mais de uma vez.
A expectativa é que, em aproximadamente um mês, em meados de
novembro, os três filhotes deixem o ninho, ao alçar seus primeiros voos.
Esperança compartilhada pelos moradores de Melbourne, que também sonham
em poder sair de suas casas e reconquistar sua liberdade em um futuro
próximo, quando a pandemia estiver controlada.
A ave mais veloz do mundo
O falcão peregrino (Falco peregrinus) é uma ave de rapina
que pode ser encontrada em todos os continentes, com exceção da
Antártica. Apesar de preferir montanhas e regiões costeiras, é vista
também em grandes centros urbanos, como Melbourne.
É o pássaro mais rápido que existe. Há registros de voos que alcançaram mais de 300 km/h.
Jornalista,
já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo
da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e
2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras,
entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta
Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas,
energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em
Londres, vive agora em Washington D.C.
Texto atualizado em 19/10/2020 devido a negativa do juiz
que analisou o caso e também à decisão do julgamento do recurso de
Salles contra a Justiça paulista:
Na terça-feira, 13/10, como divulgamos na notícia abaixo, o
desembargador Ney Bello emitiu ordem para que o pedido de afastamento de
Ricardo Salles – apresentado em julho pelo Ministério Público Federal
em uma ação de improbidade de 12 procuradores da República – fosse
analisado “imediatamente”. Pois, no dia seguinte, o juiz Márcio de
França Moreira, da 8ª Vara Federal do Distrito Federal, analisou e negou
o pedido. Sua justificativa: “Não há prova cabal de comportamento do
Requerido que comprometa o andamento e a instrução processual, descabe a
medida drástica de afastamento”.
O juiz afirmou que os argumentos apresentados pelos procuradores
são “vagos” e não provam que Salles está tendo um comportamento
inadequado no cargo que ocupa. “O Ministério Público Federal não
apresenta elemento algum que demonstre possível embaraço do Ministro de
Estado à instrução desta ação civil de improbidade administrativa,
pautando seus argumentos tão somente nos danos causados ao meio ambiente
em razão da política empreendida pelo atual governo”. E acrescentou:
“O pedido do Ministério Público Federal, desprovido de provas de
possível interferência do Ministro de Estado na condução processual e
tecendo argumentos vagos sobre ameaças do Requerido a servidores do
órgão, deturpa por completo o propósito do instituto previsto no art.
20, parágrafo único, da Lei nº 8.429/92, e revela uma clara intenção de
antecipar os efeitos de um eventual juízo condenatório de perda do cargo
público, pena que sequer admite cumprimento provisório”.
Se tudo que o MPF apresentou como prova de que Salles deve ser
afastado, então, não sabemos o que é preciso para provar a incompetência
do acusado para o cargo. Lembremos que ele já está condenado pela
Justiça paulista, também por improbidade administrativa. Aliás, seu
recurso começou a ser julgado na semana passada, 15/10, pela 1ª Câmara
Reservada ao Meio Ambiente.
O primeiro voto foi do relator, desembargador José Helton
Nogueira Diefenthaler, que absolveu Salles e a Fiesp (também condenada
na mesma ação). Mas os outros dois juízes, Marcelo Martins Berthe e
Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, pediram vista alegando que ainda não
decidiram sobre o caso – que já tem mais de dois anos! – e precisam
estudá-lo mais. O julgamento foi suspenso e a decisão postergada para 5
de novembro.
Abaixo, a notícia publicada por nós, em 14/10/2020 pela manhã,
quando o juiz ainda não havia negado o pedido do MPF, nem o julgamento
do recurso por Salles havia sido realizado.
___________________________
Parece que a maré não está mais a favor de Ricardo Salles.
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mandou (sim, mandou!!) a 8ª Vara Federal do Distrito Federal julgar o pedido de afastamento imediato – apresentado pelo Ministério Público Federal – contra Ricardo Salles, (anti) ministro do Meio Ambiente.
Esse pedido está parado na Justiça há mais de 3 meses!
O ministro é acusado pela Procuradoria de desestruturar a política
ambiental, que considera que a série de atos e medidas, promulgada por
ele, foi realizada de forma “dolosa’, ou seja, ardilosa, mentirosa,
trapaceira. Alguns exemplos? Ah, tem vários… cito, aqui, alguns:
– as decisões sobre o Fundo Amazônia (queria utilizar o dinheiro para pagar indenizações de terras a grileiros),
que culminou com a desistência da Noruega e da Alemanha em manter as
doações ao fundo. Com um detalhe: uma parte desse dinheiro era destinado
ao combate do desmatamento e de incêndios;
–
e, por último, uma medida recente que revela muito o caráter do
ministro: ele mandou jogar substância retardante de fogo na Chapada dos
Veadeiros – depois de chamar os moradores e brigadistas de “meia dúzia
de maconheiros” – sem consultar estudos, nem o governo estadual. O
produto não tem regulamentação em Goiás e provoca diversas sequelas para
a saúde humana. Criminoso. O MPF pediu a suspensão do uso e da compra do retardante.
Mas o desembargador federal Ney Bello foi além!
Também marcou o julgamento de recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) para que o “vai-e-vem” jurídico da ação de improbidade da Procuradoria contra o ministro seja resolvido. Será em 27/10.
Até que enfim alguém tomou uma atitude, de fato!
Justiça paulista vai julgar recurso de Salles contra sua condenação
Quando foi secretário do meio ambiente do governador Geraldo Alckmin,
Salles alterou mapas de uma área de proteção ambiental para favorecer
mineradora. Ele foi condenado pela Justiça paulista por improbidade administrativa, mas recorreu. É esse pedido de recurso que será julgado na próxima semana.
Não é difícil imaginar que, ao cometer tal crime em São Paulo, Salles
ganhou credenciais para o convite de Bolsonaro para ser “seu” ministro
do meio ambiente.
O resto da história, todos que nos leem conhecem. À frente dessa
pasta, ele tem ocupado nossas páginas e as manchetes de sites, jornais e
TVs pelo país afora devido às medidas antiambientais que toma quase que
diariamente.
Salles deve ser um dos funcionários mais eficientes de Bolsonaro, sem
dúvida. O que essa gente faz questão de ignorar é que eles/elas são
funcionários públicos e, por isso, devem trabalhar pelos brasileiros e
não contra eles.
Por mais justiça
Torço muito para que Salles seja finalmente afastado e condenado.
Preso! E que esse seja o primeiro de muitos afastamentos de membros
deste governo, entre eles, o presidente.
Aqui, no Conexão Planeta, amamos escrever sobre meio ambiente,
direitos humanos, educação, povos indígenas, turismo ecológico… mas
gostarmos especialmente de contar boas narrativas, apresentar lindas
iniciativas, que sempre existem, claro. Tá cheio de gente bacana no
mundo.
E, apesar de entendermos que as más notícias fazem parte da vida,
estamos fartas de noticiar tanta destruição protagonizada ou incentivada
por este governo. Atuamos nesta área há mais de quinze anos e nunca
vimos nada igual. E não se trata de ideologia, mas de fatos. Quem nos
acompanha, sabe disso.
Foto: Lula Marques(Salles em audiência
da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável que analisa o
desmatamento na Amazônia e os incêndios no Pantanal, em 9/10)
Jornalista
com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo,
saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos
na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino
Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o
premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela
United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede
de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da
conferência TEDxSãoPaulo.
Sociedade civil divulga nota de apoio a ambientalista, vítima de intimidação pelo ministro Ricardo Salles
16 de outubro de 2020 Observatório do Clima
Sociedade civil divulga nota de desagravo a ambientalista, vítima de intimidação pelo ministro Ricardo Salles
Um grupo de 88 organizações ambientalistas, científicas e jornalísticas, sociais e de direitos humanos divulgou nesta quinta-feira (15) uma nota de desagravo ao secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), Marcio Astrini. Ele sofreu uma tentativa de intimidação judicial do governo federal por ter feito críticas à atuação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Em entrevista ao jornal O Globo após a revelação do vídeo da reunião ministerial de abril no qual Salles convida os demais ministros a aproveitar a pandemia para “passar a boiada” nas regulações, Astrini declarou:
“A gente viu um ministro de Estado numa conversas de comparsas convocando para aproveitar o momento da pandemia, em que todo mundo está preocupado com a vida, para fazer uma força-tarefa de destruição do meio ambiente.” E prosseguiu: “Ele sabia que, para evitar problemas jurídicos, ele precisou encomendar pareceres jurídicos junto à AGU. É um absurdo por si só.”
A declaração motivou um pedido do ministro na Justiça para que Astrini explicasse. Para isso, Salles usou a Advocacia-Geral da União, um órgão do Estado, que alegou ver indícios de difamação na crítica ao ministro. O secretário-executivo do OC já protocolou resposta à interpelação na Justiça.
Na nota, também subscrita por 65 pessoas físicas, organizações como o Greenpeace, o ISA, a SOS Mata Atlântica, a Conectas Direitos humanos, a Coalizão Ciência e Sociedade e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), afirmam que “a atitude de Salles ameaça a liberdade de atuação de toda a sociedade, que quer e deve ter voz ativa”
“Enquanto Salles busca utilizar o aparato do Estado para esconder sua política antiambiental, a floresta queima, a transparência diminui, o espaço democrático se encurta e a imagem do Brasil se desintegra internacionalmente. Sua atuação só demonstra que, como ministro, não está disposto a tomar qualquer tipo de ação efetiva para a proteção da Amazônia e dos demais biomas, e que não está à altura do cargo que ocupa”, prosseguem as entidades.
Leia a íntegra da nota:
Nota de desagravo à tentativa de intimidação pelo ministro Ricardo Salles ao secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini
Os valores democráticos preveem liberdade de opinião, imprensa livre e espaços legítimos para atuação de uma sociedade civil crítica. A democracia é condição indispensável para que possamos defender o meio ambiente e toda forma de vida. Mas, ao que parece, para o ministro de Meio Ambiente Ricardo Salles a democracia é um empecilho e aqueles que são críticos à sua atuação são vistos como inimigos.
Ricardo Salles recorreu à Justiça Federal, amparado por advogados da AGU, a fim de intimar o ambientalista Marcio Astrini, Secretário Executivo do Observatório do Clima, para dar explicações a respeito de uma entrevista concedida ao jornal “O Globo” em 25 de maio, na qual analisa a expressão usada por Salles na reunião ministerial de 22 de abril no Palácio do Planalto de “passar a boiada” em meio a pandemia do coronavírus. A atitude de Salles ameaça a liberdade de atuação de toda a sociedade, que quer e deve ter voz ativa.
São as organizações e seus representantes, como Astrini, que ajudam a proteger o patrimônio ambiental brasileiro, seja denunciando atividades criminosas como desmatamentos ilegais e invasões de terras públicas, seja expondo o desmantelamento doloso de políticas públicas ambientais operado pelo Governo Bolsonaro. Um ministro de Estado de um país democrático deveria trabalhar todos os dias para garantir direitos a toda a população, de forma que as diferenças entre nós sejam pontes para tornar o País mais justo.
Enquanto Salles busca utilizar o aparato do Estado para esconder sua política antiambiental, a floresta queima, a transparência diminui, o espaço democrático se encurta e a imagem do Brasil se desintegra internacionalmente. Sua atuação só demonstra que, como ministro, não está disposto a tomar qualquer tipo de ação efetiva para a proteção da Amazônia e dos demais biomas, e que não está à altura do cargo que ocupa.
Nós queremos viver numa sociedade onde todas as pessoas sejam livres e respeitadas. Queremos um meio ambiente saudável, vida digna para as pessoas que vivem na floresta, no campo e na cidade. As organizações que assinam repudiam a tentativa de intimidação ao ambientalista Marcio Astrini pelo ministro. Salles pode tentar, mas não conseguirá calar a voz dos brasileiros que defendem um Brasil melhor.
Veja lista completa de signatários do documento aqui.
O incêndio em turfa é considerado nos manuais de combate ao fogo
como um dos mais complexo tipos de incêndios florestais. A primeira
vista, parece que não há fogo na área, enquanto no subsolo um incêndio florestal de grandes proporções se desenvolve silenciosamente.
A turfa é o tipo de material orgânico resultante da decomposição da vegetação
que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade,
tornando-se altamente inflamável. “Essa matéria orgânica é um tapete sob
o solo do Pantanal. Isso queima igual cigarro. Se não for jogado água
vai queimar até o fim”, explica Raphael Santos, que deixou
temporariamente sua profissão de guia especialista em aves para
integrar uma brigada voluntária no Pantanal, em Mato Grosso.
O bioma é um dos mais afetados pelas queimadas e
teve 26% de sua área atingida pelo fogo até o início de outubro,
segundo levantamento independente da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Após a passagem da primeira frente de queimadas, o fogo
de turfa tornou-se o pesadelo dos 200 brigadistas que estão na região
lutando contra a pior temporada de incêndios florestais dos últimos 50
anos no Pantanal.
“É muito quente, não dá para aproximar as mãos do solo. Parece
inofensivo, mas engana”, afirma Cristiane Mazzetti, da campanha de
Florestas do Greenpeace Brasil, durante a expedição para acompanhar a
situação dos incêndios no bioma que se alastram para os biomas Cerrado e
a Amazônia. “Nunca tinha presenciado esse tipo de fogo. É
impressionante e assustador. Geralmente vemos o fogo de copa de árvores,
comum na Amazônia”.
A região visitada, na Rodovia Transpantaneira (MT-060), parece ter
sido queimada há dias. As cinzas da superfície escondem um incêndio
ativo. A brigada voluntária na qual Raphael atua é formada por guias
turísticos e empresários do turismo de natureza da Associação de
Ecoturismo do Pantanal Norte – AECOPAN. Eles combatem o fogo próximo à
pousada Aymara há dois meses.
Outra frente desses voluntários se ocupa no resgate de animais e na
tentativa de salvar as 120 pontes da Transpantaneira, que liga Poconé a
Porto Jofre, a 300 quilômetros da capital mato-grossense.
Há uma semana, combatentes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul apoiam à brigada da AECOPAN. Eles tentam
construir barreiras artificiais para impedir a propagação do fogo de
turfa. A linha do “aceiro”, um tipo de barricada cavada no solo para
conter a propagação do fogo de turfa, serpenteia a paisagem cinza
cercada por árvores queimadas.
Ao caminhar na trilha de combate, afloramentos de focos de fogo
surgem na vegetação que resta como combustível. No fim da linha, uma
triste constatação, a frente de fogo expandiu-se e passou a linha de
defesa criada pelos brigadistas e combatentes. Não se trata mais de fogo
de turfa, mas também de fogo rasteiro na vegetação arbustiva e
gramíneas.
“Há dois dias achamos que os incêndios nessa região estavam
controlados. Depois com um voo de drone vimos fumaça. Agora isso.
Vivemos nesse carrossel de emoções, um misto de decepção e desespero.
Aqui temos poucas vitórias. Mas não podemos desistir. Se não fosse por
nós, já teria queimado muito, muito mais. O que fazemos é atrasar o
fogo, até que cheguem as chuvas ou mais ajuda”, diz Giuliano Bernardon,
guia especialista em aves e brigadista voluntário da AECOPAN.
O fogo de turfa está presente em quase todos os 160 mil quilômetros
quadrados do Pantanal. Na Transpantaneira é possível ver o subsolo
fumegante ao longo da rodovia. O vento e o ar seco criam redemoinhos de
fogo. Animais e humanos são vítimas dessas armadilhas já que, muitas
vezes, não é possível ver o fogo até que seja tarde demais para
escapar.
“Às vezes os animais estão caminhando pela floresta e nem tem fogo
visível, eles pisam nas folhas, só que embaixo delas o chão está
praticamente em brasa, a gente quase não vê fumaça, mas é muito quente”
descreve Giuliano.
Atuação de risco
Combater o fogo no Pantanal é uma tarefa arriscada. Em agosto um
zootecnista morreu ao cair no meio do fogo. Ele estava em uma das
brigadas voluntárias de uma fazenda na região do Morro do Facão, em
Cáceres, a 220 quilômetros de Cuiabá. Luciano da Silva Beijos, de 36
anos, teve 100% do corpo queimado. Ele foi socorrido no hospital
municipal, mas não resistiu e morreu.
O fogo começa de forma subterrânea e pode passar para a vegetação acima do solo
No dia 8 de outubro, Sebastião Mendes, artista plástico de 54 anos,
foi vítima de um infarto após dias de combate incessante às queimadas,
em Cáceres. Ele atuava em uma brigada voluntária próxima a sua chácara. O
artista era membro da academia mato-grossense de letras e expunha em
países como Bélgica, Alemanha, França e Espanha.
No mesmo dia, uma terceira tragédia, um helicóptero da Força Nacional
envolvida na Operação Pantanal II, de combate aos incêndios no bioma,
caiu em Poconé (104 km de Cuiabá), seu destino final era Porto Jofre. Os
três tripulantes eram da Força Nacional e sobreviveram. O inspetor da
Polícia Civil do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Berberick, sofreu uma
fratura na perna, e foi encaminhado para um hospital em Cuiabá.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
Cáceres é o terceiro município de Mato Grosso e oitavo do país em focos
de calor, com 2.369 registros pelo satélite de referência desde janeiro
até sexta-feira (9/10). Corumbá, em Mato Grosso do Sul, lidera o
ranking do bioma em focos de calor.
A origem do fogo no Pantanal tem múltiplos motivos. “O Pantanal
queima porque tem vegetação similar a do Cerrado, e na seca fica
propício a queimada. Mas também está na pior seca dos últimos 47 anos,
apesar de ter esses ciclos de dez e sete anos de cheias e secas, o
período atual está pior, pois a seca tem prevalecido cada vez mais”, diz
Gustavo Figueiroa, biólogo e integrante da equipe de comunicação do
Instituto SOS Pantanal.
“Há muito mais matéria orgânica acumulada, não há água e ainda há o
homem como vetor desse fogo. Mais de 90% das queimadas tem origem
humana, mas nem todas são intencionais. Há por exemplo o uso controlado
do fogo, que pode ser um apoio contra as queimadas, mas precisa ser
feito na época certa, quando há umidade”, explica
Para reduzir os danos futuros do fogo, o SOS Pantanal está criando um
programa para apoiar as brigadas locais. A proposta é levantar fundos
para que fazendas, pousadas e principalmente comunidades tradicionais e
indígenas tenham treinamento e equipamentos para combater os focos de
calor antes destes se tornarem grandes incêndios.
“Para evitar as queimadas precisamos juntar vários atores da
sociedade. Primeiro é preciso controlar quando e como o homem pantaneiro
fará esse uso do fogo. Educação ambiental é essencial, precisamos nos
aproximar das pessoas que moram aqui e entender a problemática do homem
pantaneiro. Precisamos integrar todos os atores locais, terceiro setor,
empresários e o homem pantaneiro. E o principal é ter brigadas para
resposta rápida ao fogo. Daí entra a nossa proposta de profissionalizar
esses brigadistas”, diz Gustavo.
Segundo dados do instituto de meteorologia da Universidade de
Columbia, nos Estados Unidos, há uma grande chance da atual seca se
estender até 2021. O instituto aponta que, entre janeiro e fevereiro de
2021, há chance de aquecimento das águas do Oceano Pacifico Sul, com
formação do fenômeno El Niño, o que influencia no clima de todo
Centro-Oeste do Brasil, e Pantanal.
“O Pantanal já vinha enfrentando uma seca severa desde o ano passado,
que se intensificou este ano. Ou seja, esse cenário de perigo já era
previsto, mas o governo brasileiro negligenciou essas informações e,
além de não atuar na prevenção, quando o fogo começou demorou para se
mobilizar no combate”, afirma Mazzetti. “Mas mesmo com a crise deste
ano, não só no Pantanal mas também na Amazônia e no Cerrado, o governo
Bolsonaro já anunciou cortes significativos no orçamento do Ibama e ICMBio. Essa tragédia não é um acidente de percurso, é um plano bem elaborado de destruição”, completa.
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As equipes que trabalham com o resgate de animais no Pantanal ainda precisam de muita ajuda. Veja como você pode contribuir com esses esforços nesta outra reportagem: Como ajudar o Pantanal
O
Greenpeace Brasil faz parte da organização não-governamental
internacional, sem fins lucrativos, com mais de 30 anos de luta pacífica
em defesa do meio ambiente. Atua no Brasil desde 1992 (Eco92) e em 30
países por meio de ativismo e de protestos pelo meio ambiente
Esta é a conclusão do estudo realizado sob a liderança do pesquisador brasileiro Bernardo Strassburg, diretor executivo do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) e professor no Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio. A pesquisa ganhou repercussão mundial na semana passada, quando a revista científica Nature publicou, em 14 de outubro, o artigo Global Priority Areas for Ecosystem Restoration(Áreas de Prioridade Global para Restauração de Ecossistemas) assinado por Strassburg e a equipe de 27 cientistas de 12 países, que liderou.
O estudo encomendado pela Convenção da Diversidade Biológica (CBD), da Organização das Nações Unidas (ONU), indica que 30% das áreas de vegetação naturaldevastadas no mundo – , para dar lugar a atividades agropecuárias, podem ser restauradas com dois resultados bastante positivos e importantes para a vida no planeta:
Eles identificaram mais de 29 milhões de quilômetros quadrados de
áreas restauráveis em todos os continentes e em todos os tipos de
biomas, como florestas e desertos
salvar 72% das espécies ameaçadasde extinção – quase 400 mil espécies terrestres, mas estão considerados mamíferos, anfíbios e pássaros – e
absorver quase metade do carbono da atmosfera – ou mais de 465 bilhões de toneladas de dióxido de carbono -, emitido desde a Revolução Industrial, ou seja, nos últimos dois séculos, e que é responsável pelo aquecimento global.
Com mais um detalhe: sem prejudicar a produtividade do setor invasor.
“Fomentar os planos de restauração de ecossistemas para seu estado
natural é fundamental para evitar que as presentes crises climáticas e
as ameaças à biodiversidade saiam do controle”, declara Strassburg no
site do IIS. “As urgências mundiais relacionadas ao clima, à
biodiversidade e às questões orçamentárias exigem soluções que possam
lidar com todos esses aspectos, e nosso trabalho as oferece”.
A identificação de áreas prioritárias
Para chegar a esses números, os pesquisadores identificaram as áreas prioritárias para a revegetação.
“A localização é o fator mais importante para os esforços de
restauração que almejem resultados profundos em prol das metas de
biodiversidade, clima e segurança alimentar. De acordo com o estudo, a
restauração pode ser treze vezes mais eficaz quando feita em locais de
maior prioridade”, relata o site do ISS.
Os pesquisadores também cruzaram mapas mundiais da agropecuária com dados de espécies ameaçadas da lista da IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza.
Em seguida, eles compararam o resultado com o custo de restauração de cada bioma, que varia de acordo com a região. E, assim, os pesquisadores identificaram terras nas quais a revegetação custa menos e traz mais benefícios.
As áreas prioritárias globais se concentram em países de clima tropical, como o Brasil, que aparece, na pesquisa, como “uma potência da restauração de ecossistemas“.
Para chegar às áreas identificadas, eles fizeram uma comparação importante
entre o resultado em 30% de áreas prioritárias no mundo, sem levar em
conta o país em que ficam, e em 30% de áreas prioritárias dentro de cada
país – como se cada um fosse restaurar 30% de suas áreas convertidas
pela agropecuária.
O custo-benefício da primeira proposta é melhor do que o da segunda. Isto implica em negociações diplomáticas que compensem países tropicais pela recomposição vegetação natural que beneficiaria todo o mundo.
Muito além das florestas
Strassburg destaca que estudos anteriores que focam na recuperação vegetal dão destaque às florestas e à reflorestação, praticamente ignorando o papel da “restauração de pastagens nativas e de outros ecossistemas, cuja destruição seria extremamente prejudicial para a biodiversidade e deve ser evitada”. E acrescenta:
“A restauração de florestas gera benefícios extremamente importantes e
comprovados, porém, nosso estudo mostra que restaurar uma variedade maior de ecossistemas
– pântanos, ecossistemas áridos, estepes… – pode beneficiar ainda mais a
biodiversidade e contribuir mais para os objetivos climáticos”.
Aliás, as zonas úmidas(wetlands), como o Pantanal, a maior área alagável do planeta, têm papel importantíssimo nesse estudo, que é de 2017, quando esse bioma ainda não queimava como hoje.
Por isso, a publicação do artigo é como uma benção neste momento em que quase 30% do Pantanal já foi destruída. O estudo é mais uma prova de que sua proteção – com a prevenção de incêndios a partir da criação de brigadas permanentes – e sua restauração precisam ser feitas com urgência.
Estudo deve pautar negociações sobre biodiversidade e clima
Em quanto tempo os pesquisadores acreditam que seria possível fazer a recomposição de 860 milhões de hectares
– quase um Brasil! -, objetivando os resultados indicados? Trata-se de
uma tarefa difícil, claro, mas eles acreditam que seria possível
finalizá-la até 2050.
E como isso pode se tornar viável? A partir do compromisso de todas as nações e da definição de mecanismos internacionais de compensação àquelas que fizerem investimentos mais vultuosos em programas de restauração.
Por isso, o resultado do estudo liderado por Bernardo Strassburg deve subsidiar as negociações no próximo encontro da Convenção da Diversidade Biológica(CBD), em 2021, em Kunming, na China, que resultarão na definição (e adoção) de metas para 2030 (médio prazo) e 2050 (longo prazo).
O estudo tem David Cooper, secretário executivo da CBD, como coautor. A expectativa é de que um tratado mundial de proteção à natureza seja assinado nesse encontro.
O estudo também deve pautar as negociações sobre clima para redução da emissão de gases do efeito estufa da COP26, que seria realizada em novembro, mas foi adiada para 2021 devido à pandemia.
Foto: Flávio André, Embratur (Boca da Onça, na Serra da Bodoquena)
Jornalista
com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo,
saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos
na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino
Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o
premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela
United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede
de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da
conferência TEDxSãoPaulo.
Parece até notícia velha, mas não é. Caso você não lembre, no final de agosto foi anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente a suspensão do combate a desmatamentos e queimadas na Amazônia, Pantanal e resto do país
pelo Ibama e ICMBio por causa de bloqueios de verbas destes órgãos. Mas
em poucas horas, o “mal entendido”, que mais parece ser uma luta de
braço entre o ministro Ricardo Salles e o vice-presidente Hamilton
Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, foi resolvido.
Ontem (21/10), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) divulgou uma nota determinando o retorno dos brigadistas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) para suas bases (veja documento ao final do texto).
Ainda de acordo com a nota, a determinação “… acontece em virtude da exaustão de recursos. Desde setembro, a autarquia passa por dificuldades quanto à liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional.Para
a manutenção de suas atividades, o Ibama tem recorrido a créditos
especiais, fundos e emendas. Mesmo assim, já contabiliza R$ 19 milhões
de pagamentos atrasados, o que afeta todas as diretorias e ações do
instituto, inclusive, as do Prevfogo”.
Questionado pela imprensa esta manhã sobre a decisão do Ibama em
interromper o trabalho dos brigadistas, Mourão afirmou que irá
esclarecer a situação com Salles.
O mais bizarro é que o ministro do Meio Ambiente participou ontem, em
Brasília, da reunião do Comitê Interministerial sobre Mudanças do
Clima, junto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o
ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e não mencionou o
problema financeiro do Ibama, e nem que o instituto iria divulgar a nota
horas mais tarde.
E segundo informou uma reportagem do portal de notícias G1,
“de acordo com relatos dos presentes na reunião, entre os temas
discutidos estava justamente a repercussão negativa no exterior das
queimadas e do desmatamento, além da cobrança de investidores nacionais e
estrangeiros”.
E nesse momento crítico, Ricardo Salles decide suspender o trabalho
de brigadistas. Infelizmente, parece ser uma nova tática vil para
desestabilizar ainda mais, os já sucateados orgãos de proteção ambiental
do Brasil.
“A retirada dos brigadistas neste momento é absurda. Na Amazônia o
aumento dos incêndios florestais está na casa dos 25% e no Pantanal
então, nem se fala, onde mais de 25% do bioma foi afetado. Se o governo
desse a justificativa que os incêndios estão sob controle e houvesse uma
avaliação técnica, mas retirar porque o governo diz não ter recursos é
um absurdo muito grande”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do
Observatório do Clima.
Segundo ele, o problema atual não é a falta de dinheiro, mas de
gestão. “Não é um problema de orçamento, mas de execução em primeiro
lugar. Inclusive, o governo está sendo processado no Supremo Tribunal
Federal porque não usou mais de 1 bilhão de reais do Fundo Amazônia.
Então, não falta dinheiro. O que estamos em falta é de governo”,
destaca.
Em nota, a Associação Nacional dos Servidores de Carreira de
Especialista em Meio Ambiente afirmou que “É mais um absurdo deste
governo que não prioriza recursos para prevenção e combate às queimadas,
fiscalização ambiental, ciência e tecnologia, saúde e vacinação contra a
Covid-19. Um governo que rasga dinheiro com o fim do Fundo Amazônia e
agora diz que não tem recursos”.
*Durante o dia, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o dinheiro será liberado.
Jornalista,
já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo
da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e
2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras,
entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta
Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas,
energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em
Londres, vive agora em Washington D.C.
Como não se apaixonar por um ser como este e não se emocionar com o vídeo que mostra seu nascimento? O filhote de Gorila da Planície (Gorilla gorilla gorilla) chegou ao mundo no final da tarde do último dia 14 de outubro, no Franklin Park Zoo, em Boston, nos Estados Unidos.
O primeiro macho nascido no local nasceu de uma cesariana porque a
mãe, Kiki, de 39 anos, teve complicações nos dias finais da gestação. O
procedimento foi feito por uma equipe de veterinários e médicos e tudo
correu muito bem.
Com 2,7 kg, o filhote foi considerado grande, já que a média para os recém-nascidos é entre 1,5 e 2 kg.
“Para a saúde da mãe e do bebê, era imperativo diagnosticar
rapidamente a condição de Kiki e realizar uma cesariana antes que ela
entrasse em trabalho de parto por conta própria. Tivemos a sorte de
mobilizar rapidamente uma equipe incrível com nossos colegas do Hospital
Brigham and Women e da Escola de Medicina Veterinária Cummings ”,
afirmou Eric Baitchman, vice-presidente de Saúde e Conservação Animal do
Zoo New England. “Este foi realmente um esforço de equipe, e estamos
aliviados e felizes que a cirurgia correu bem e que a mãe e o bebê estão
seguros e saudáveis”.
Depois de sua recuperação completa da cirurgia, na manhã do dia
seguinte após o parto, Kiki foi levada para junto de seu filhote.
Gorilas das planícies ocidentais são considerados criticamente
ameaçados de extinção na natureza. São encontrados em países como
Nigéria, Camarões, Gabão, Guiné Equatorial, República do Congo, Angola e
República Centro-Africana. As ameaças à espécie variam geograficamente,
mas são principalmente devido à doenças e pelo comércio de carne de
caça.
Os gorilas são os maiores primatas da Terra e os parentes biológicos mais próximos do homem.Gorilas,orangotangos e macacos compartilham 98% do DNA humano.
Os machos da espécie Gorilla gorilla gorilla medem cerca de
1,70 metros e podem pesar até 200 kg. Os indivíduos vivem em grupos, mas
há sempre um macho alfa. Eles se alimentam de frutas, flores, folhas,
tubérculos e pequenos animais invertebrados.
O zoo de Boston apóia um projeto para proteger gorilas no Afi
Mountain Wildlife Sanctuary, na Nigéria. Nos Estados Unidos, participa
do programa de reciclagem Eco-Cell, uma iniciativa que faz parceria com
zoológicos de todo o país para coletar telefones celulares reciclados e
restaurá-los para reutilização. Isso reduz a necessidade de mineração de
coltan, que causa a destruição de habitats de gorilas ameaçados.
Jornalista,
já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo
da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e
2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras,
entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta
Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas,
energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em
Londres, vive agora em Washington D.C.