terça-feira, 28 de abril de 2015

Merval Pereira: ‘Moro junta as pontas’

22/04/2015
às 15:21 \ Opinião


Publicado no Globo
MERVAL PEREIRA
Uma das coincidências benéficas do processo que corre em Curitiba sobre as escândalos da Petrobras é que o juiz Sergio Moro, encarregado do caso, atuou no processo do mensalão como assessor da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber.


Convocado justamente por ser um especialista em combate à lavagem de dinheiro, Moro tem todas as informações para fazer as ligações entre o primeiro processo e o atual, que tem sua origem no mesmo esquema de manutenção de poder do PT e em seus principais organizadores figuras que já apareceram no mensalão, como o falecido ex-deputado José Janene.




Seus conhecimentos sobre o caso foram fundamentais, por exemplo, para manter a cunhada do tesoureiro do PT João Vaccari Neto presa por mais cinco dias. Sergio Moro argumentou que Marice Corrêa de Lima mentiu em depoimento à Polícia Federal sobre os depósitos que fez na conta da mulher de João Vaccari Neto, Giselda Rousie de Lima, ( uma série de pequenos depósitos, típicos de lavagem de dinheiro) e citou também “registros de envolvimento em práticas ilícitas de Marice já no escândalo do mensalão”.



A cunhada de Vaccari disse em depoimento à PF que recebeu R$ 200 mil do PT a título de indenização por ter tido o seu nome envolvido no mensalão. É uma explicação sem dúvida criativa, mas que não resiste a uma análise superficial.




Qual a razão de o PT ter pago essa “indenização”? Acaso foi condenado pela justiça a fazê-lo? Parece que não, pois ela disse que apresentará cópia do “contrato” com o partido. Ou seja, ela celebrou com o PT um contrato de transação, que o criminalista Cosmo Ferreira registra estar tratado no capítulo XIX do Código Civil, cujo título é “Da Transação”, e conceituado em seu artigo 840: “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas”.




Seria o caso de perguntar: qual a responsabilidade do PT pelo fato de o nome da Marice ter sido envolvido no mensalão? Em que circunstâncias o nome dela foi envolvido? O juiz Sérgio Moro deve saber. O pagamento da indenização foi registrado pelo PT? Foi pago em espécie?




Na opinião de Cosmo Ferreira, eventual contrato juntado aos autos “será um tiro na cabeça, melhor, nas cabeças, do PT e dela, pois ficará configurado o crime de Falsidade ideológica, relatado no artigo 299 do Código Penal, cuja pena é de um a três anos de reclusão”.

Que Dívida! R$ 307,7 bilhões






Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net



Por E. Locht



“Segundo dados divulgados na quinta-feira (21) pela consultoria Economatica. A Petrobrás é a empresa com maior dívida no mundo, de R$ 307,7 bilhões”

Alguém tem ideia desta quantidade de dinheiro? É a maior dívida empresarial no mundo e todos nós sabemos o por que. Incompetência ou má fé, gestão temerária, roubo epidêmico sobre gestão pessoal e direta do governo. Será que precisa mais para afastar estes PTralhas do poder?

Afastá-los ainda é pouco, teremos que responsabilizá-los pelos prejuízos causados à Petrobras e aos brasileiros que já a afastaram do poder que hoje se resume a 7% do eleitorado ainda desinformado.
Será que o Congresso Nacional continuará passivo e permitindo que o executivo, com manobras de bastidores, tente solapar as ações da operação Lava-Jato, para salvar empreiteiras, seus gestores e a PTralhada, se solidarizando com os crimes praticados?

Os números são públicos e os roubos estão claros, como água limpa e palatável. Réus confessos contam as verdades para reduzirem suas penas. Outros nada falam, acreditando que serão salvos, por influência governamental junto aos Tribunais de Justiça.

Esta mais que na hora de acabar com esta “Esculhambação Geral” instalada no Brasil em todas áreas políticos-governamentais e na iniciativa privada. CHEGA !!!!!

Não sabem nada sobre administração, desconhecem que quando delegam poderes estão transferindo autoridade, sem saber que suas responsabilidades são indelegáveis, pois são responsáveis pelos que nomearam vierem a fazer.


E. Locht é Aposentado da Petrobras.

 

Renúncia (e não o impeachment) de Dilma já é tratado como muito provável nos bastidores de Brasília




Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Pedido de impeachment na quarta-feira? Nada disto! O novo desejo que circula nos bastidores políticos em Brasília é bem mais objetivo e fácil. Pede-se a renúncia de Dilma Rousseff. A Presidenta que terceirizou sua função política perdeu inteiramente a sustentação. Está por um fio de navalha. Prova disto é uma "brizolista, trabalhista histórica, filiada à seita Partido dos Trabalhadores" desistir de fazer o tradicional pronunciamento da rádio e televisão exatamente no Dia do Trabalho. Renunciar ao Primeiro de Maio é um prenúncio aberto para a renúncia formal, arranjando-se alguma desculpa esfarrapada.

Desde que Dilma Rousseff assumiu em 2011, será a primeira vez que a Presidenta não usará a cadeia (nacional) para a costumeira marketagem do governo, fazendo média com os "trabalhadores do Brasil". A Coordenação Política do Palácio do Planalto (será que ela existe de verdade?) resolveu "inovar". A estrela decadente de Dilma brilhará apenas nas redes sociais. Curioso que este é exatamente o espaço virtual em que ela mais apanha de verdade. A atitude defensiva da turma de Dilma pegou tão mal que pode até ser mudada... Em cima da hora, ela pode acabar usando o espaço em rede nacional rádiotelevisiva... O risco de vaia, xingamento e panelaço é altíssimo.  

O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva negou ontem que Dilma tenha desistido de falar por medo de protestos como o “panelaço” já programado: "Não, não é isso. A presidente vai dialogar com trabalhadores e trabalhadoras pelas redes sociais. Não vai haver pronunciamento em cadeia de rádio e televisão. Foi uma decisão de valorizar outros modais de comunicação. Ela valoriza as rádios, ela valoriza a comunicação impressa, a televisão. Ela resolveu, desta vez, valorizar as redes sociais. A presidente não teme nenhuma forma de manifestação oriunda da democracia. Foi decisão coletiva e unânime da coordenação que deveria dialogar pelas redes sociais".

O tempo está fechadíssimo para o desgoverno. Até se Dilma, "pordesventura", sofrer um "impedimento" ou "renunciar" (coisas que ainda, sinceramente, não passam pela cabeça dela), o seu vice não tem condições de governabilidade e popularidade. Prova disso foi que ontem, na abertura do Agrishow 2015, em Ribeirão Preto (SP), Michel Temer e a ministra Kátia Abreu (Agricultura) experimentaram a ira de 80 manifestantes. Temer cancelou o discurso que faria. Também desistiu de dar entrevista coletiva no maior evento do agronegócio - ao qual sempre compareceram Lula da Silva e Dilma Rousseff em anos anteriores menos tensos.

A ausência deles, e os protestos que fizeram Temer temer vaias, foram provas concretas de que a Vaca Tossiu e foi para o brejo junto com Vaccari (o tesoureiro petista) - que ontem foi indiciado por lavagem de dinheiro, na Lava Jato, junto com o nada nobre Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras). Se os escândalos chegaram a Luiz Inácio Lula da Silva, conforme ameaçam diretores da empreiteira OAS doidos por uma delação premiada, Dilma perde completamente a sustentação. 

O executivo Leo Pinheiro, cansado da prisão, tem audiência com o juiz Sérgio Moro, agendada para o dia 7 de maio, quando pode vomitar tudo sobre as relações político-financeiras entre a empreiteira baiana e a família Lula da Silva... E o mensaleiro fugitivo Henrique Pizzolato tem prazo para voltar ao Brasil até 11 de maio, extraditado da Itália, com pinta de que tem muito a delatar também...

Depois disso, tudo pode acontecer na grave crise institucional brasileira... O triste é que, enquanto nada se resolve de concreto, para melhor ou para pior, a situação econômica do País vai se deteriorando... Cenário perfeito para a Oligarquia Financeira Transnacional, que está comprando tudo por aqui, a preço de banana, continuar a secular exploração do Brasil que não tem vergonha na cara, nem Elite Moral com poder efetivo de ação e reação.



Petralhada marcará gol contra?





Suspendida...

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, mandou suspender a ação penal que tramita na justiça federal paulista contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra - acusado pelo sequestro e cárcere privado de Edgar de Aquino Duarte, ex-fuzileiro naval, durante a tal "dita-dura" militar.

Na decisão, Rosa Weber destacou que está pendente de julgamento no STF o ponto questionado na ação que envolve Ustra: Se o crime de sequestro, quando o desaparecido não é localizado, pode ser abrangido ou não pela Lei da Anistia de 1979:

“As decisões a serem exaradas nas ADPFs repercutirão diretamente no deslinde da ação penal de origem, pois possuem eficácia contra todos e efeito vinculante”.

Em 2010, por sete votos a dois, o STF se posicionou de forma contrária à revisão da Lei da Anistia.



Detonados

 



Mais delações vêm por aí em Curitiba...



Casamento perfeito

Com amigos assim, Dilma dispensa inimigos...


Feira livre


Com uma classe política assim, País é inviável



9 comentários:

(Concordo plenamente.É isso aí, minha gente!) Somos conservadores, sim. E com orgulho.

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Nova publicação em Direitas Já!

Conservadores, com orgulho

by Leitor Direitas Já!
Contribuição da leitora Liziê Moz Correa, através do nosso email leitordireitasja@gmail.com.
Quando o avô se demora em suas reflexões, com um olhar consternado, está a pensar nos valores do neto. Ou melhor, na falta deles. O avô, que saíra às ruas na década de 1960, bradando contra a “classe dominante”, dizendo que é proibido proibir e que a moral é convenção burguesa, nunca se sentira autorizado a impor limites aos próprios filhos. Seria hipocrisia. Hoje percebe que, naquela altura, era um jovem que sabia tudo o que não queria. Mas não fazia ideia, como seus colegas, do que, de fato, queria. Seus filhos cresceram, ouvindo que todos os valores vigentes estavam errados, sem saber quais eram, exatamente, os valores certos; e se tornaram pais. Pais absolutamente permissivos, da geração Coca-Cola, que assim como Peter Pan, prometeu jamais crescer. Pais “parceiros”, colegas, que dizem: “Te cuida, filho!”, mas não ensinam o que é cuidar-se. São as gerações progressistas, que se riem de tudo aquilo que mais faz falta em suas vidas.


Já há algumas décadas, vivemos um processo de liberação de costumes que tem sido encarado como progresso por muitos arautos da “liberdade” (leia-se: liberdade com relação aos costumes e, geralmente, submissão com relação ao Estado). Aqueles que ousam falar em limites, moral, valores, são taxados de “conservadores”. Universitários e intelectuais costumam torcer o nariz ao pronunciar esta palavra, como se pejorativa fosse, como se conservar o que é bom e funcional fosse obrigatoriamente um atraso pelo simples motivo de que esse algo é antigo.


Vivemos numa sociedade de transformações tecnológicas, na qual não acompanhamos a velocidade das informações. Naturalmente, é a sociedade do descartável, onde não perdemos tempo com o que não dá uma resposta imediata, um feedback. Parece-nos estranho que nosso erro possa ter sido abandonar coisas simples e milenares, e que num mundo que nos oferece a individualização dos produtos e serviços, um sentimento coletivo possa constituir o prisma através do qual vemos a realidade.


É inegável que a partir da segunda metade do século XX, o mundo viveu o seu apogeu científico e que desde então passamos a ter muito maior acesso ao conhecimento e aos bens de consumo que as gerações passadas. Viver, hoje, é mais confortável que ontem, graças ao capitalismo, que os tolos que não aprenderam nada com a queda do Muro tanto criticam. 


Superamos doenças que no passado eram incuráveis, conseguimos nos comunicar com quem está do outro lado do globo, vemos o que acontece em qualquer parte do planeta sem sairmos de casa, através da internet. 

E apesar de tudo isso, sentimos que falta algo. É o vazio deixado pela falta de fé no outro, é o abandono que se sente no mundo onde vale tudo; cada um por si e Deus por ninguém


O uso de drogas, álcool e remédios cresce exponencialmente. O sexo, quando do declínio do prestígio da moral e da religião, passou a ser liberado. Mas agora, que o “amor” é livre, por que não é duradouro? A libertinagem parece ter sido o único “valor” coerente defendido pela “geração paz e amor”. Estamos livres das amarras dos valores, dos bons costumes, da moral. Mas por que a depressão atinge 30% da população da nossa sociedade “liberta”? Será que nossa falsa liberdade nos escravizou?

Jogamos fora o que aprendemos das antigas gerações por ser a moral uma “convenção burguesa”, porque a moderna sabedoria, tão vociferada nas universidades, diz que não existe certo e errado, que precisamos superar estas idéias pré-concebidas. 

Quando Einstein pronunciou a sua sentença de que “tudo é relativo”, provavelmente não imaginou que engenheiros sociais se apropriariam tão covardemente de sua teoria da Física. Os resultados empíricos disso podem ser observados. Na sociedade onde não existe certo e errado, alunos que nunca respeitaram a autoridade de um professor vão às ruas pedir investimentos na educação. Jovens que nunca aprenderam nem mesmo a ser bons filhos já se tornam pais. Multiplicam-se as promessas de amor eterno aos namorados nas redes sociais, sem que a maioria de nós consiga ser fiel nem mesmo aos melhores amigos.

O que o Estado deveria fazer sobre isso? Nada, a meu ver. Para que conservar um dogma tão místico como a crença no poder do Estado de nos resgatar das nossas misérias? Conserve-se o que é funcional, e não o que só espalhou desventura e caos. Os valores não emanaram de nenhum governo e, portanto, nunca foi papel deste promovê-los. Nossos representantes no Legislativo consagram os valores da sociedade naquelas cartas constitucionais que os governos costumam descumprir a torto e a direito. Um governo faz muito quando cumpre com nossas expectativas de preservar aquilo que estabelecemos na Constituição. É papel dos indivíduos e das famílias reafirmarem aquilo que acreditam. Quando ninguém possui valor algum, o Estado, tal qual um parasita, encontra ambiente propício para se alastrar cada vez mais e tomar conta das vidas que os próprios indivíduos haviam abandonado há horas.


Neste mundo em que os valores perderam o valor, quem os mantém está conservando o equilíbrio em meio ao caos moderno. Nós, que renunciamos à anarquia moral institucionalizada na sociedade, não aceitamos perder o que foi cultivado pelas gerações anteriores, o que havia de mais nobre e digno entre a herança deixada pelos nossos antepassados. Somos conservadores, sim. E com orgulho.
 

Leitor Direitas Já! | 22 de abril de 2015 às 6:26 pm

BNDES deu US$ 1,2 bi a empresa a ser julgada pelo maior massacre operário da ditadura chilena

Claudio Tognolli




Apenas em 2012 Angola e Cuba receberam US$ 875 milhões do nosso Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES –e os empréstimos do banco , às empresas investigadas na Lava-Jato, somam R$ 2,4 bilhões. Luciano Coutinho,  presidente do BNDES, diz, por exemplo, que os empréstimos bilionários feitos à empresa Sete, construtora de sondas para a Petrobras, foram absolutamente técnicos, e não políticos.  Ahan!!!


Vou considerar então que o BNDES empregou critérios “técnicos” na distribuição das tilintantes por aí ( Eichmann, depondo em Jerusalém, também dizia trabalhar sob critérios “técnicos). Vou considerar o BNDES empregou critérios  também “técnicos” para emprestar grana a um grupo que é responsável pelo maior massacre da história do Chile.



Carlos Aldana, ministro especial para causas de direitos humanos, da Corte de Apelações de Concepción, vai formalizar acusação de genocídio contra a CMPC, maior conglomerado de papel celulose da América Latina. A CPMC é do grupo Matte: acusado de ter entregue aos Carabineros (PM do Chile) uma lista com nomes de operários, estudantes e ferroviários: devidamente fuzilados por Pinochet. A trairagem foi cometida a 18 de setembro de 1973.


Pois bem: o grupo Matte é o terceiro patrimônio empresarial do Chile, algo como US$ 7,5 bilhões.


Em 2013 o Matte levou do BNDES um crédito de US$ 1,2 bilhão (total de US$ 2 bilhões). Tudo para a quadruplicação, em Guaíba, da fábrica Borregard, hoje CMPC-Celulose Riograndense.


Sabe quem cantou vitória sobre esse empréstimo, como ninguém? O ex-governador gaúcho Tarso Genro, ex-ministro da Educação, das Relações Institucionais e, por fim, da Justiça, sob a presidência de Lula. Tarso comemorou que a obra iria gerar 7 mil postos de trabalho, em sua consecução, e 2,5 mil empregos depois que a fábrica ficar pronta, agora no segundo semestre de 2015.


Tocada pela CPMC , menina dos olhos de Tarso Genro, a morte dos 19 operários, simpatizantes da Unidade Popular, fuzilados pelas costas, e enterrados em vala comum, é conhecida como Massacre de Laja:


http://es.wikipedia.org/wiki/Masacre_de_Laja


A Unidade Popular (UP) foi uma coalizão partidária de esquerda formada para a eleição presidencial chilena de 1970, que governou o país entre 1970 e 1973, sob a liderança do presidente Salvador Allende, morto no golpe de estado de 1973.

A maior piada do século está na explicação que o ex-governador petista deu ao repórter Frederico Fullgraf, da revista da Associação dos Docentes da USP, a Adusp. Disse Genro ao Frederico Fullgraff. “Realmente eu não tinha essa informação e acho que pode ser verdadeira. As grandes empresas no Brasil, no Chile e Argentina tiveram envolvimentos, diretos e indiretos, nos golpes que ocorreram nas décadas de 60 e 70, na América Latina.



Dizem que até uma grande empresa jornalística, aqui do Brasil, emprestava veículos para a Operação Bandeirantes. Não me surpreende, também, se isso for verdadeiro, já que foram golpes para proteger os interesses do capital”.



Ahan: acredito que Tarso Genro é um homem de bem e de nada sabia sobre seu partido liberar grana para a empresa que matava operários no Chile e ainda dava o golpe em Allende.


Ahan: acredito que Lula e Dilma não sabiam de nada do que ocorria na Petrobras.


Ahan: acredito que os líderes petistas, tão preocupados em tocar o Brasil, não dispõem de tempo para notar tais esparrelas técnicas.

História bem contada transforma traficante em mocinho vitimizado

Claudio Tognolli


Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.

Arthur Rimbaud In: Chanson de la plus haute tour


A história do segundo brasileiro fuzilado num paredón da Indonésia bestifica por uma única razão: o que os olhos não vêem o coração não sente. Traficantes, seja no Rio ou em São Paulo, têm executado até o Hino Nacional. Nada se fala. O bicho pega quando se executa ou um filho das “zelites”, ou um universitário.


De uns tempos para cá o protagonismo que é contar a história de vida de vítimas, com fotos e cartinhas, deu uma dilatada em seus vastos domínios. Hoje membros da chamada nova classe média, vitimizados, já podem ter suas histórias de vida relatadas na grande mídia. Afinal viraram consumidores e, portanto, converteram-se em gente, sentenciam os editores.


Há 13 anos  anos um meu aluno foi chacinado no Morumbi. Era perto de uma biqueira numa favela não pacificada, como se diz. Ganhou páginas e páginas nos então quarto maiores jornais do país. Levantei os dados: naquele dia 9 rapazes, que regulavam com a idade do uni versutário, tinham sido chacinados na mesma noite: mas só ele mereceu história de vida.


Há arcanos sobre isso no o prefácio de um livro de Leão Serva, chamado Jornalismo e Desinformação, escrito pelo Fernando Morais. Ele relata levantamento feito nos anos 60 pelo jornalista Argemiro Ferreira, sobre a Guerra do Vietnã. As contas são brutais: era necessário que morressem 35 vietcongs para que estes ganhassem o mesmo espaço (abre de página) que ganhava um oficial dos EUA morto (ou oito oficiais franceses e italianos).


Só nos toca o que é igual à gente: ou é vendido como se fosse igual a nós. Não?


O segundo fuzilamento na Indonésia nos toca mais o coração porque é literariamente relatado por aí. Capricham no texto, e nosso coração fala mais alto.


Aquele monstro a quem os EUA pintaram nos anos 90, o Slobodan Milosevic, teve uma sacada genial quando Bill Clinton (para tirar dos jornais o escândalo Mônica Lewinsky/sexo oral)  convenceu as Nações Unidas a invadirem o Kossovo, em abril de 1999. Slobodan contratou “n” fotógrafos que mandavam retratos de crianças  filhas de suas tropas, loiras e de olhos azuis, para a mídia dos EUA. Era o típico lance da alteridade: vejam, eles são alourados como vocês! São gente também, portanto.

Sobre homicídios
Não vi na mídia nenhum alvoroço semelhante ao do fuzilamento segundo brasileiro quando, em dezembro de 2014, foram divulgados os dados que se seguem. Eis o que a mídia estampou:


“O Brasil é o país com o maior número de homicídios no mundo, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (10 de dezembro) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra. De cada 100 assassinatos no mundo, 13 são no Brasil.


Segundo o documento, o total de homicídios no mundo chegou a 475 mil. Os dados são de 2012.
O Brasil é o líder no ranking. O governo brasileiro informou 47 mil homicídios em 2012, mas a OMS estima que o número real tenha sido muito superior: mais de 64 mil homicídios. Depois do Brasil aparecem Índia, México, Colômbia, Rússia, África do Sul, Venezuela e Estados Unidos.


A OMS calcula que no Brasil a cada 100 mil pessoas, 32 sejam assassinadas.


Na outra ponta da tabela, com os menores índices de homicídio por habitante, em 1º lugar vem Luxemburgo, depois Japão e em seguida Suíça, empatada com Cingapura, Noruega e Islândia.
Esses números são referentes a homicídios, mas a OMS chama atenção para diferentes tipos de violência mais recorrentes no nosso dia a dia do que se possa imaginar.


De acordo com o levantamento, uma em cada quatro crianças sofre agressões, uma em cada cinco meninas é abusada sexualmente e uma em cada três mulheres já foi violentada pelo próprio parceiro”.

Por que tais números não ribombaram, escandalosa e demencialmente? Números não tocam corações.

Sobre narcotráfico


Do que o segundo brasileiro no paredón da Indonésia é ponta de iceberg?

Vejamos: o Relatório Mundial sobre Drogas de 2014, confeccionado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC),  destaca que o uso de drogas no mundo permanece estável.

Cerca de 243 milhões de pessoas, ou 5% da população global entre 15 e 64 anos de idade, usaram drogas ilícitas em 2012. Usuários de drogas problemáticos, somaram por volta de 27 milhões, cerca de 0,6% da população adulta mundial, ou 1 em cada 200 pessoas.

O consumo de cocaína dobrou no Brasil no prazo de seis anos, enquanto em outras partes do mundo o uso dessa substância está caindo, diz o Unodoc.

O consumo de cocaína no Brasil aumentou “substancialmente” e atingiu 1,75% da população com idade entre 15 e 64 anos em 2011 - ante 0,7% da população em 2005.

Na América do Sul o uso de cocaína atinge 1,3% da população.

A dependência de calmantes e sedativos lidera todas as modalidades, com 227,5 milhões de consumidores, ou quase 4% da população mundial.

Em seguida, vem a maconha. Tem 141 milhões de adeptos, totalizando mais de 3% da população mundial. A cocaína tem 14 milhões de usuários. Cerca de 8 milhões de almas são adeptas costumazes da heroína e 30 milhões, ou 0,8% da população mundial, recentemente mergulharam no consumo desenfreado das chamadas drogas sintéticas, como ATS e meta- anfetamina.


Estima-se que sejam apreendidos em todo o mundo, pelas polícias locais, apenas de 5% a 10% de toda a droga ilegalmente produzida. Para abastecer o lote que vai pular logo mais para 400 milhões de junkies planetários, há mecanismos econômicos que lucram até US$ 400 bilhões por ano –uma soma igual à gerada pela produção mundial de artefatos têxteis.


Em todo o planeta a produção de maconha cresceu 10 vezes em 25 anos. Nos EUA, a erva agora é o cultivo mais lucrativo, com o valor de sua colheita excedendo o do milho, soja e ferro (de resto as três atividades extrativas mais lucrativas daquele país). Em solo norte-americano 500 gramas de maconha podem custar entre US$ 400 e US$ 2.000.

A mesma quantidade de maconha da melhor qualidade, conhecida como “sinsemilla”(as sem-sementes, chamadas também de “juicy and seedless”, suculentas e sem-semente) é vendida por taxas entre US$ 900 e US$ 6.000 cada 500 gramas. O lucro dos narcotraficantes, no ato da revenda, é de pelo menos 20 vezes.

Esse numerário esmaece a olhos vistos porque a história de vida dos brasileiros traficantes, quando bem contada, fala mais alto que a matemática.


Não espantará se Dilma fizer de uma homenagem ao segundo fuzilado o seu discurso do Primeiro de Maio…


Leia também:
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/a-indonésia-fuzila-não-o-brasileiro–mas-a-mula-industrial-211729693.html

Doze anos de PT e sua tigrada no poder acabam ou nos submetendo, ou entorpecendo, ou embrutecendo. É tanto populismo rasteiro, tanta mentira, incompetência e roubalheira juntas que acabamos deixando de lado as sutilezas da boa retórica em nome do combate ao mal maior.


Bipolaridade Unipolar

Doze anos de PT e sua tigrada no poder acabam ou nos submetendo, ou entorpecendo, ou embrutecendo. É tanto populismo rasteiro, tanta mentira, incompetência e roubalheira juntas que acabamos deixando de lado as sutilezas da boa retórica em nome do combate ao mal maior.



Nesse processo, perdemos oportunidades de manter e reforçar o objetivo último pelo qual tantos de nós passam horas lendo, escrevendo e debatendo política: a busca pela verdade.



A verdade não é o fim da história, a soma de todas as partes ou um ponto fixo num mapa.


É o resultado de um processo de afirmações e questionamentos entre pessoas de boa fé e idéias concebidas a partir do contato franco e destemido com a realidade. Quando o contexto é favorável, a verdade manifesta-se em toda sua complexidade e diversidade; entretanto, quando um grupo formado em torno de mentiras ocupa espaços sociais e chega ao poder, a verdade entricheira-se, simplifica-se em nome da clareza e da diferenciação contra a mentira que, por dominante, pretende-se passar por verdade.



O combate às mentiras, quando dominantes, não prima pela sutileza. É um embate duro, seco e, às vezes, maniqueísta. Como as frentes são muitas, os recursos e o tempo, escassos, não sobra muito tempo para o bom debate com pessoas de visões diferentes, mas imbuídas da mesma boa fé e intenção de falar e ouvir a verdade, ainda que ela não soe agradável.



Discussões assim precisam voltar a ocorrer no país, em nome de nossa sanidade mental e social. Um dia, o petismo será apeado do poder, e isso será apenas o início de um longo trabalho pela reconstrução da normalidade política, institucional e moral do país. Quanto antes as retomarmos, melhor preparados estaremos para esta árdua tarefa quando este momento chegar.



Esta longa introdução deve-se ao fato do autor do artigo objeto de minha análise ser um dos resistentes a combater o atual estado de coisas. Leandro Narloch e seus livros “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, “Guia Politicamente Incorreto da América Latina” e “Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo” contribuíram muito para incluir outras pautas e repertórios no debate político, num momento em que a hegemonia petista parecia ser quase um fato da natureza.



Esta semana, porém, Narloch derrapou feio em seu artigo “Bipolaridade Intelectual”, onde ele elenca situações que considera contraditórias, misturando alhos com bugalhos em nome de um pretenso distanciamento crítico que, quando olhado com mais calma, mostra apenas que boa parte das mentiras contadas pela esquerda encontra espaço, por caminhos sinuosos, até mesmo nos argumentos de quem pretende ser-lhe contraponto, levando-o a dizer que a “bipolaridade intelectual” encontra-se à direita e à esquerda mas, quando os exemplos são analisados, vemos que menção à direita é puro pedágio ideológico.



Vamos ao texto.
A bipolaridade intelectual é o distúrbio que mais ataca jornalistas, colunistas, sociólogos e palpiteiros tanto da esquerda quanto da direita. Num dia o camarada diz morrer por um princípio, no dia seguinte rejeita a ideia e ainda despreza quem a defende. Sua avaliação sobre o que é correto ou moral é imprevisível, varia conforme a pessoa ou o partido que praticou a ação. Eis alguns exemplos atualizados da bipolaridade intelectual:
Narloch demonstra ter um propósito ousado: apontar contradições principiológicas à esquerda e à direita, para concluir que ideologias, no Brasil, nada mais são que cortinas de fumaça utilizadas por pessoas e partidos para defender seus interesses. Espera-se desse prenúncio a demonstração de contradições graves, relevantes, que ajudem a colocar em xeque posicionamentos de governantes e oposicionistas.
Infelizmente, não é o que ele entrega, pelo menos quando as contradições estão à direita.
Terceirização de funcionários: “grande ameaça às conquistas dos trabalhadores”.
Terceirização de médicos cubanos: “grande conquista da medicina brasileira”.
Logo no primeiro exemplo, Leandro Narloch se vale do eufemismo “terceirização” para tornar equivalente a discussão do PL 4330 (que regulamenta a terceirização de mão de obra no país) com a nebulosa contratação de médicos cubanos feita pelo governo federal. Uma negociação obscura através de organismo internacional e cheia de condicionantes autoritárias para os contratados, como obrigação de passar as férias no país de origem, retenção de mais da metade do salário em benefício do governo de Cuba, além das intimidações e ameaças amiúde relatadas na imprensa àqueles que ousam questionar as regras do contrato ou dão indícios de que podem abandonar o programa e pedir asilo nos EUA.


A esquerda agradece por tamanha imoralidade, de caráter quase escravocrata, ser caracterizada como “terceirização”.
A contradição da esquerda, aqui, é muito maior e mais grave do que a apontada.
Ajuste fiscal de FHC: “fora tucanos neoliberais!”.
Ajuste fiscal de Dilma: “é preciso ter maturidade e entender a importância do equilíbrio das contas públicas”.
Mais uma contradição da turma da esquerda. Sem ressalvas a esta parte do texto.
Imprensa descobre que Fernando Gouveia, dono de um blog contra o PT, tem uma empresa que presta serviços ao governo de SP no valor de R$ 70 mil mensais:
– Eis um claro exemplo de conflito ético!
Imprensa descobre que Leonardo Sakamoto, dono de um blog a favor do PT, tem uma ONG que presta serviços à Secretaria de Direitos Humanos no valor de R$ 546 mil por ano:
– Eis um exemplo de uma pessoa ética!
Um dos assuntos da semana, também envolvendo a Reaçonaria. Novamente o autor, ao apontar uma contradição da esquerda, confunde seus leitores ao igualar prestação de serviços e convênios. No caso da empresa do Fernando Gouveia (@gravz , para os tuiteiros), ali de fato há um contrato de prestação de serviços, com objeto e resultados bem definidos. O serviço prestado é ideologicamente neutro, ou seja, deveria ser prestado independente do governo de plantão


Já no caso da ONG de Sakamoto, os recursos foram recebidos através de convênio, que é bem diferente de um contrato de prestação de serviços. Enquanto no contrato há prestação e contraprestação, no convênio o que há é conjugação de esforços em torno de objetivo comum, conforme definição consagrada na doutrina jurídica.


A ONG de Sakamoto foi agraciada, sem licitação, por comungar das mesmas idéias e valores do governo de plantão. A empresa de Fernando foi contratada, através de licitação, para prestar serviços de interesse do governo, que deveriam ser executados independente das idéias e valores do governante..


O fato de Fernando ser anti petista não guarda relação com o objeto do seu contrato; Sakamoto ser um notório esquerdista foi determinante para que sua ONG fosse considerada apta a “conjugar esforços” com o governo petista.


Para Narloch, são situações absolutamente comparáveis. O petismo, novamente, agradece o favor involuntário, pois a contradição é de outra natureza.
Blogueiro conservador, sobre armas: “Contra o estado-babá! O cidadão deve assumir a responsabilidade por suas ações”.
Blogueiro conservador, sobre maconha: “A favor do estado-babá! As pessoas não sabem o que fazem”.
Aqui temos a primeira praça de cobrança do pedágio ideológico. Narloch escolhe pagar através da “falácia do espantalho”.


Já vi frases muito próximas à citada por Narloch em textos conservadores sobre armas. Já a frase sobre maconha é fruto exclusivo da imaginação do autor. Não conheço ninguém, seja defensor ou não da descriminalização da maconha, que tenha dito tamanha bobagem no debate sobre o tema.


O que há, sim, é uma defesa clara, veemente e sem subterfúgios, por parte dos conservadores, da manutenção da ilicitude da maconha, seja para consumo, seja para comércio, não porque são adoradores da regulação estatal ou do “estado-babá”, como jocosamente menciona o autor, e sim porque entendem que este é um limite comportamental que não deve ser transposto para a legalidade.


Pode-se questionar a validade moral ou pragmática deste posicionamento, mas situá-lo no campo da apologia à tutela estatal é desonestidade intelectual pura e simples. A contradição apontada é apenas um espantalho para incluir os conservadores no texto. A realidade mostra que não há a contradição apontada.
Feminista, sobre aborto: “As mulheres têm direito de decidir interromper a gravidez”.
Feminista, sobre cesáreas: “As mulheres não têm direito de optar pela cesárea”.
A comparação entre aborto e cesárea já é, por si, imoral. Utilizá-la para apontar qualquer contradição que seja só serve para dar ao aborto um caráter de normalidade que ele só tem na mente de psicopatas.


O que o autor pretende apontar como contradição, na verdade é complemento. As feministas que defendem a atrocidade de que o aborto é um direito são as mesmas que querem impor regras as mais severas às mulheres que, em busca de conforto físico ou minimização de riscos, para si ou para seus filhos, optam pela cesárea.


A apologia do aborto e a condenação das cesáreas são fruto da mesma origem: uma raiva difusa e inconfessa do amor à vida e à plena fruição da maternidade pelas mulheres.
Apontar contradições nestes dois comportamentos é um jeito torto de dizer que abortar é um direito.


Novamente, a verdadeira contradição da esquerda aqui é de outra natureza. Da forma como foi apontada, é apenas mais um favor à agenda esquerdista.
Jean Wyllys, sobre casamento gay: “O estado não deve se meter na vida privada dos cidadãos”.
Jean Wyllys, sobre economia: “O estado deve se meter na vida privada dos cidadãos”.
Jean Wyllys é auto-explicável e irrelevante. Sua menção no artigo só mostra a pobreza da matéria-prima que o compõe.
Adolescentes ricos ateiam fogo em índio em Brasília: “prisão perpétua para esses playboys!”.
Adolescentes pobres ateiam fogo em traficante rival: “redução da maioridade penal é fascismo”.
No caso do índio de Brasília, que ocorreu em 1997, apenas um dos jovens era menor de idade. Utilizar um caso antigo e factualmente inconsistente, além de mitigar a contradição do discurso da esquerda nesse tema, ainda dá uma piscadela para o discurso de luta de classes. Uma comparação mais atual e exata seria entre a posição da esquerda em relação à redução da maioridade penal “versus” a posição em relação à criminalização da homofobia.
Pobreza na África: “a culpa é do comércio internacional, principalmente com os Estados Unidos”.
Pobreza em Cuba: “a culpa é da proibição do comércio com os Estados Unidos”.
Mais uma contradição do discurso de esquerda conta a qual não há ressalvas.
Independência da Palestina: “é preciso respeitar o princípio da autodeterminação dos povos”.
Independência das Falklands: “As Malvinas sempre foram argentinas”.
Alguém discute a independência das Falklands? Por que esse tópico está aqui? Era para ser uma contradição da direita?



Mesmo num texto quase todo errado, esta última comparação soa estranha em demasia.
Vemos, portanto, que Leandro Narloch logra êxito em seus objetivos, ainda que parcialmente, quando as contradições apontadas são “de esquerda”. E por que a menção de contradições “tanto à esquerda quanto à direita”, logo no início do texto, se no campo da direita os exemplos e argumentos são tão inconsistentes? Não ouso especular as motivações, principalmente porque não considero o autor um picareta, ao contrário.


Apenas resolvi apontar esta modalidade sutil de isentismo para dizer (inclusive para mim mesmo) que este é um vício de pensamento que, de tanto ser-nos exposto como algo bom, pode ser cometido por qualquer um de nós.
 
BLOG Reaçonaria

3 comentários para “Bipolaridade Unipolar”

  1. Carvalho
    Também havia estranhado esse texto do Narloch. Não foi o primeiro, diga-se de passagem. Ele acerta bastante quando se atém à verdade dos fatos, como quando deu o espetacular furo a respeito do 1% de crimes de menores, estatística que não existe, foi inventada e é repetida por aí.
    http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/04/09/mito-os-adolescentes-cometem-menos-de-1-dos-homicidios-do-brasil-e-sao-36-das-vitimas/


    Tenho todos os livros do Narloch e acho ele um cara muito bom. Tenho a impressão no entanto que ele é bastante imaturo em alguns aspectos, não tendo ainda encontrado a sua “verdade pessoal”. Acho que ele está numa fase em que já rejeita um monte de mentiras que tentaram enfiar na cabeça dele ( e na nossa), mas ainda não consegue encontrar verdades em assuntos mais sutis. No próprio texto acima ele assume que não está certo sobre o que fazer quanto à maioridade penal. Nota 10 em sinceridade.


    Quanto ao texto analisado, me parece que ele encontrou uma ou duas boas contradições, isso deu a ele a idéia para o artigo, só que ficaria muito pouco, então ele tentou achar mais algumas para encher o artigo e aí pisou no tomate. E o isentismo dele é algo comum, que associo com a imaturidade. Todos nós temos amigos assim, para mim é gente que ainda não consegue enxergar de frente o mal que o petismo, o marxismo, o socialismo e outros ismos representa. E por conta disso tentam ver erros nos dois lados, na direita e na esquerda, para que eles possam ficar em sua posição equilibrada e superior, posição de centro-esquerda é claro…


    • Lucas
      Concordo, aliás, acho que esse falso isentismo está se espalhando como uma praga até entre aqueles que são vistos como críticos do governo. Gente como Marco Antônio Villa e Demétrio Magnoli, vira e mexe, costumam se colocar como o centro, o equilíbrio, em meio a esses “selvagens de direita e esquerda”. Isso é covardia intelectual, nada além disso.

Criar partidos políticos no Brasil é de fato um grande negócio. As agremiações contam com a prodigalidade do Estado quando se trata de distribuir recursos públicos e com a complacência das instituições quando se trata de fiscalizar a destinação dessas verbas.

A FUNDO PERDIDO


Criar partidos políticos no Brasil é de fato um grande negócio. As agremiações contam com a prodigalidade do Estado quando se trata de distribuir recursos públicos e com a complacência das instituições quando se trata de fiscalizar a destinação dessas verbas.

Muito já se disse a respeito do fundo partidário, que saltou de R$ 289,5 milhões no projeto original do governo para R$ 867,5 milhões na versão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), aprovada pelo Congresso e sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT). Um avanço inexplicável em relação aos cerca de R$ 320 milhões de 2014.

Como 5% desse montante é dividido entre todas as legendas (os demais 95% são reservados aos 28 partidos representados no Congresso), cada uma das 32 siglas reconhecidas no país receberá neste ano pelo menos R$ 1,36 milhão pelo simples fato de existir.

Diante de cifras tão generosas, seria natural haver monitoramento célere e rigoroso do uso desse dinheiro. Dá-se o contrário, porém.

Segundo reportagem publicada pelo jornal "O Globo" no domingo (26), das 89 prestações de contas entregues desde 2004 pelos dez maiores partidos, 60% ainda não foram julgadas –e 13 delas, anteriores a 2009, não poderão resultar em punições, pois tiveram seu arquivamento decretado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O PSDB, por exemplo, se beneficiou com a prescrição de quatro processos. Em um dos casos interrompidos, cinco ministros haviam considerado que a sigla falhou na identificação de doadores em 2004; se tivesse sido condenada, precisaria devolver R$ 1,9 milhão.
Circunstância semelhante favoreceu o PT nas contas de 2008. Um parecer técnico recomendava a restituição de 1,2 milhão por uso impróprio do fundo partidário e R$ 1 milhão por problemas na identificação de doadores.

Tudo leva a crer que as irregularidades verificadas entre tucanos e petistas constituem antes regra do que exceção –as práticas indevidas incluem uso do fundo partidário para quitação de multas e falta de justificativa para gastos. Entre as dez maiores legendas, apenas o PP teve a aprovação sem ressalvas de todas as contas analisadas.

Populares as agremiações políticas já não são; a malversação de recursos, muitos dos quais oriundos do bolso do contribuinte, só fará aumentar o fosso que hoje as separa da sociedade. Como têm mostrado as pesquisas do Datafolha, em torno de 70% dos eleitores declaram não ter partido de preferência, um recorde preocupante.

O TSE faria um bem à democracia se, de forma didática, ensinasse aos dirigentes partidários que eventuais desvios não ficarão impunes.

28 de abril de 2015
Folha de SP

DISCUTIR IMPEACHMENT NÃO É GOLPE NEM DESRESPEITO ÀS INSTITUIÇÕES






O impeachment é um instrumento de defesa do regime democrático. Faz parte da nossa Constituição. Sua discussão, ou até mesmo sua propositura, desde que bem fundamentada, não é nenhum golpe ou desrespeito às instituições democráticas. Ao contrário: pode até ser um dever cívico contra um governante que prevarica no seu dever.
No regime presidencialista (embora hoje, na prática, estejamos vivendo em um regime parlamentarista…), o impeachment é um ato pelo qual se destitui, por deliberação do Legislativo, o ocupante de cargo governamental que pratica crime de responsabilidade. O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi objeto dele. Aliás, foi o primeiro da nossa história. O que enfim fortaleceu a tese defendida pela oposição – na qual, sobretudo, se destacava, na época, a bandeira do bravo PT – foi uma Elba – um veículo popular que se tornou o elo entre ele e seu tesoureiro. O remédio nem precisava ser ministrado pelo Congresso, pois, antes dele, houve a renúncia. E Collor, depois (durma-se com um barulho desses!), foi inocentado, no Supremo Tribunal Federal (STF), do crime pelo qual foi acusado. Só que, nessa altura, “Inês já era morta”…
Os petistas, numa época em que eram opositores ferrenhos, fartaram-se de falar nele. As estatísticas estão aí para quem quiser conferir: contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, propuseram o impeachment 14 vezes. Em compensação, contra o ex-presidente Lula, seus adversários propuseram 34; e, contra a presidente Dilma, 17. Os pedidos foram todos recusados. Em alguns deles, pela ausência de legalidade e/ou legitimidade, os motivos apresentados chegaram a ser ridículos.
CORRUPÇÃO SE AGRAVOU
A corrupção não começou com os governos do PT. Ela é “velha como a sé de Braga”, tanto no setor público quanto no privado. Mas hoje, com certeza, é muito mais grave, além de envolver muito mais dinheiro. Esse montante, absurdo, é que a torna mais intolerável ainda. O que falta, então, à propositura do duro remédio é uma prova contra a presidente. Um elo que a ligue aos malfeitores. É a prova – só ela – que definirá se haverá ou não impedimento da presidente. Logo, é bom lembrar que “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.
Por outro lado, defender ou falar em intervenção militar em nosso país (como lamentavelmente tem ocorrido), se não é equívoco, é má intenção. Essa defesa advém, sem nenhuma dúvida, de pequena parcela da sociedade. E isso, infelizmente, só faz crescer a preocupação dos que defendem a liberdade neste país. Pedir intervenção dos militares é desprezar o presente e dar adeus ao futuro, além de homenagear um trágico passado que, pela vontade esmagadora da maioria do povo brasileiro, exposta recentemente nas ruas de todo o país, não voltará. E não voltará, além de tudo, porque hoje os militares brasileiros estão mais do que conscientes de que essa não é mais (se é que algum dia foi) a sua função.
IDIOTAS E DESMEMORIADOS
Como disse Cora Rónai, em sua crônica em “O Globo” sobre as manifestações do dia 12 de abril, “os idiotas e desmemoriados que pedem intervenção militar estão apenas contaminando as passeatas”.
Enfim, o que tiver de ser, será. Ninguém segura mais o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Está com razão, portanto, o ex-presidente Fernando Henrique quando afirma que não faz sentido um partido pedir impeachment antes de um fato concreto: “Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva, ou não”.
28 de abril de 2015
Acílio Lara ResendeO Tempo