sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

FAB coordena cerca de 300 voos por dia para auxiliar buscas em Brumadinho

Assistência

FAB coordena cerca de 300 voos por dia para auxiliar buscas em Brumadinho

publicado: 29/01/2019 12h43, última modificação: 29/01/2019 15h31
 
Trabalho da Força Aérea Brasileira ajuda a garantir a segurança de aeronaves envolvidas na busca e salvamento de vítimas

Estação-rádio visa a dar suporte e garantir a segurança das aeronaves envolvidas nas buscas

A Força Aérea Brasileira (FAB) é um dos braços do governo federal no apoio à busca e resgate de vítimas em Brumadinho (MG), onde o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, de rejeitos minerais, provocou 65 mortes já confirmadas até o momento. Desde o dia do acidente, na última sexta-feira (25), a administração pública federal empreende esforços para apoiar o governo do estado de Minas Gerais e ampliar a prestação de serviços às vítimas, familiares e à população do município.

A FAB disponibilizou efetivo e recursos tecnológicos para as operações em Brumadinho. Um exemplo foi a instalação de uma “estação-rádio”, oficialmente denominada Serviço de Informações Aeronáuticas (Afis), cujo objetivo é, segundo a Força Aérea, “dar suporte e garantir a segurança das aeronaves envolvidas nas ações de busca e salvamento”.

A estrutura da estação-rádio conta com gerador, antena para enlace via satélite, computadores interligados em rede e sistemas de comunicação VHF, UHF e HF. O transporte dessa estrutura ocorreu no mesmo dia do rompimento da barragem, na noite da sexta-feira (25). 

Na prática, a estrutura oferece suporte na comunicação entre as 16 aeronaves que fazem cerca de 300 voos por dia nas buscas às vítimas. Esse trabalho é feito por 15 militares, com o auxílio de um operador de estações aeronáuticas e um controlador de tráfego aéreo, responsável pela navegação na área do local das buscas. Essa equipe repassa informações sobre os voos na área para os pilotos envolvidos na busca e salvamento de vítimas.

“A FAB também está atuando para que o espaço aéreo da região de Brumadinho fique restrito apenas a essas aeronaves, sendo que os voos com drones também não estão autorizados. Não há previsão para o fim dos trabalhos na região”, informa, em nota, a Força Aérea.

Fonte: Governo do Brasil, com informações da Força Aérea Brasileira e do Ministério da Defesa

Mais de 40 militares da FAB participam dos resgates às vítimas de Brumadinho

BRUMADINHO

Mais de 40 militares da FAB participam dos resgates às vítimas de Brumadinho

Operação entrou no sexto dia. Nesta segunda-feira (28) mais um helicóptero da FAB pousou em Lagoa Santa
Publicado: 30/01/2019 12:14

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Fonte: Agência Força Aérea, por Ten Raquel Alves
 
Edição: Agência Força Aérea - Revisão: Capitão Landenberger
 
A Força Aérea Brasileira ) empregou mais uma aeronave H-36 Caracal na operação de resgate às vítimas do desastre ocorrido em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Mais de quarenta militares da FAB participam das buscas.FAB) 

A segunda aeronave decolou da Ala 12, no Rio de Janeiro (RJ), e pousou no Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS) na noite desta segunda-feira (28), para dar suporte aos trabalhos que continuam intensos na região onde o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem ocorreu. Um mar de lama invadiu a cidade e destruiu casas. Centenas de pessoas continuam desaparecidas.

Nesta terça-feira (29), as aeronaves da FAB realizaram o transporte de integrantes da Agência Nacional de Mineração (ANM) para verificar a estrutura da barragem, visando auxiliar na mitigação dos danos causados pelo incidente.Também foi feito o transporte de bombeiros militares, que estão atuando na busca pelas vítimas do desastre e militares israelenses que se juntaram às equipes de buscas por vítimas.

O Chefe da Divisão de Operações do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) e Chefe do Centro de Operações Aéreas em Brumadinho, Major Leonardo André Haberfeld Maia, destacou que todos os órgãos estão empenhados na missão. “A integração entre Exército, Marinha e Força Aérea está muito sinérgica, provendo a capacidade operacional excepcional, como por exemplo, a exfiltração e infiltração de militares em curto tempo, na área de operação”, relatou.

No dia 29 foram registrados mais de 300 voos pelas aeronaves envolvidas na operação. Além da coordenação de todo o tráfego aéreo, a FAB está atuando para que o espaço aéreo da região de Brumadinho fique restrito apenas a essas aeronaves. Os voos com drones também não estão autorizados. Todo suporte na comunicação entre as aeronaves está sendo fornecido por militares do 1º GCC e também do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I).

Foto: Cel André Gustavo Curityba/CIAAR

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Buscas em Brumadinho (MG) contam com 40 militares da Força Aérea

Buscas em Brumadinho (MG) contam com 40 militares da Força Aérea

publicado: 30/01/2019 16h29, última modificação: 30/01/2019 21h02 Resultado de imagen para FAB imagens
 
Na terça-feira (29), aeronaves da força transportaram integrantes da Agência Nacional de Mineração (ANM) e bombeiros militares, que atuam na busca por vítimas

A FAB empregou mais uma aeronave H-36 Caracal na operação de resgate às vítimas - Foto: Sgt. Johnson/FAB 

O trabalho de busca e salvamento de vítimas do rompimento de barragem em Brumadinho (MG) recebeu mais um reforço da Força Aérea Brasileira (FAB), que atua no local desde o acidente, na última sexta-feira (25). A FAB empregou mais uma aeronave H-36 Caracal na operação de resgate às vítimas e informa que, no total, mais de quarenta militares da força participam das buscas.

A segunda aeronave foi enviada na segunda-feira (28) para dar suporte aos trabalhos, que continuam intensos na região do desastre ambiental. Já na terça-feira (29), as aeronaves da FAB transportaram integrantes da Agência Nacional de Mineração (ANM), que verificaram a estrutura da barragem para auxiliar na mitigação dos danos; bombeiros militares que atuam na busca pelas vítimas; e militares israelenses que se juntaram às equipes de buscas.

As aeronaves envolvidas na operação registraram, na terça-feira (29), mais de 400 voos. Além da coordenação de todo o tráfego aéreo, a FAB está atuando para que o espaço aéreo da região de Brumadinho fique restrito apenas a essas aeronaves. Os voos com drones também não estão autorizados.


Fonte: FAB

Tragédia de Brumadinho não é acidente, afirma Procuradoria

Tragédia de Brumadinho não é acidente, afirma Procuradoria

Câmara de Meio Ambiente do MPF diz que não houve imprevisibilidade, citando a fragilidade das normas e dos órgãos de controle e a falta de punições

A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal afirmou, em nota, que não é possível classificar o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, como um acidente. Para os procuradores, era possível prever a catástrofe.

“Não parece adequado se falar em acidente para a catástrofe de Brumadinho, na medida em que a acepção dessa palavra pressupõe o elemento da imprevisibilidade de maneira alguma aqui presente”, diz o texto.

A Câmara informou que intensificou sua atuação na área após o episódio de Mariana, ocorrido também em Minas Gerais há três anos, e disse ter verificado a fragilidade do marco regulatório, a desestruturação de órgãos de controle e a falta de punições.
“Infelizmente a legislação brasileira não foi aperfeiçoada no tema, os órgãos de fiscalização ambiental não receberam a devida valorização e estrutura e as sanções adequadas não foram aplicadas”, afirma a nota.

A Câmara de Meio Ambiente diz ainda que está articulada com os procuradores da República para diminuir o impacto ambiental do rompimento da barragem de Brumadinho e buscar a responsabilização dos culpados.


Leia a íntegra da nota:
“A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4CCR) vem a público se manifestar sobre a tragédia ocorrida em Brumadinho (MG).

Há mais de três anos, mesmo antes do ocorrido em Mariana (MG), especialistas alertavam para o grave risco existente em inúmeras barragens do país, tanto em virtude da falta de gestão adequada quanto também de fiscalização eficiente.

Desde 2016, a 4CCR intensificou a atuação do Ministério Público Federal (MPF) nessa área, com a realização de ampla ação coordenada que pudesse diagnosticar e prevenir essas graves ocorrências.
Entre as várias conclusões desse trabalho estão a fragilidade do marco regulatório, a desestruturação dos órgãos de controle e a falta de punição rápida e efetiva, inclusive no âmbito criminal, para os responsáveis nos casos que se sucedem.

Todos esses fatos foram exaustivamente expostos em inúmeras reuniões e eventos ocorridos com os órgãos públicos de controle bem como com representantes do Parlamento.

Infelizmente a legislação brasileira não foi aperfeiçoada no tema, os órgãos de fiscalização ambiental não receberam a devida valorização e estrutura, e as sanções adequadas não foram aplicadas.

Nesse cenário, não parece adequado se falar em acidente para a catástrofe de Brumadinho, na medida em que a acepção dessa palavra pressupõe o elemento da imprevisibilidade de maneira alguma aqui presente.

A 4CCR, ao mesmo tempo em que se solidariza com as vítimas e familiares, informa que está em constante contato e articulação com os procuradores da República para que a apuração ocorra de maneira célere e adequada, com o objetivo de minorar os danos ambientais e sociais, buscar a efetiva reparação e, ainda, a punição dos responsáveis.”

(Com Estadão Conteúdo)

Rompimento de barragem destruiu 269,84 hectares em Brumadinho (MG)

Levantamento

Rompimento de barragem destruiu 269,84 hectares em Brumadinho (MG)

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publicado: 31/01/2019 11h45, última modificação: 31/01/2019 12h10


 
Rejeitos de mineração devastaram 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de Áreas de Proteção Permanente, aponta estudo do Ibama

Danos nas margens do rio Paraopeba ainda serão analisados - Foto: Isac Nóbrega/PR 


O rompimento de barragem na mina Córrego do Feijão em Brumadinho (MG) destruiu uma área de pelo menos 269,84 hectares. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) analisou imagens de satélite do trecho entre a barragem da mina e a confluência com o rio Paraopeba.

Os resultados, segundo o Ibama, apontam que “os rejeitos de mineração devastaram 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) ao longo de cursos d'água afetados pelos rejeitos de mineração”.

Ainda de acordo com o Instituto, o cálculo da área afetada foi obtido por meio da comparação entre imagens de satélite obtidas dois dias após o rompimento com outras, de três e de sete dias anteriores à catástrofe. “A área afetada pelos rejeitos nas margens do rio Paraopeba não foi estimada até o momento em razão de nuvens nas imagens de satélite”, explica a nota.

O Ibama multou a mineradora Vale, responsável pela barragem rompida, em R$ 250 milhões. Foram cinco autos de R$ 50 milhões cada, valor máximo estabelecido pela Lei de Crimes Ambientais.

Fonte: Planalto, com informações do Ibama

Valor Econômico – A bem-vinda queda da população / Artigo / Adair Turner


Desde que a China aboliu a política do filho único, em 1º de janeiro de 2016, os nascimentos anuais, após terem aumentado para 17,86 milhões naquele ano, na verdade caíram, de 16,55 milhões em 2015 para 15,23 milhões em 2018. O "baby boom" que não ocorreu não deveria surpreender.

Nenhuma outra economia bem-sucedida do Leste da Ásia impôs uma política de um só filho, mas todas têm taxas de fertilidade muito inferiores ao nível de reposição. A taxa de fertilidade do Japão é de 1,48 filho por mulher, a da Coreia do Sul, de 1,32 e a de Taiwan, de 1,22. A taxa de fertilidade da China quase certamente permanecerá bem abaixo do nível de reposição, apesar de todas as restrições sobre o tamanho da família terem sido abolidas agora.

A queda da população se seguirá a isso, inevitavelmente. De acordo com a projeção média da ONU, a população total do Leste da Ásia vai cair do 1,64 bilhão atual para 1,2 bilhão em 2100. Também não se trata de um fenômeno apenas do Leste da Ásia. A taxa de fertilidade do Irã (1,62) é atualmente bem inferior ao nível de reposição, e a do Vietnã, de 1,95, ligeiramente inferior. Na maior parte das Américas, desde o Canadá (1,56) até o Chile (1,76), as taxas de fertilidade já estão bem abaixo de 2 filhos por mulher, ou estão caindo aceleradamente em direção a esse patamar.

O padrão inquestionável é as economias bem-sucedidas terem taxas de fertilidade mais baixas: a do Chile é muito mais baixa que a da Argentina (2,27), e Estados indianos mais ricos, como Maharashtra e Karnataka, já têm taxas de fertilidade de aproximadamente 1,8. Nos Estados indianos mais pobres de Uttar Pradesh e Bihar ainda se observam taxas de fertilidade superiores à de 3 filhos por mulher.

Deveríamos sempre ser cautelosos quanto a inferir regras universais de comportamento humano, mas, como sugerem Darrel Bricker e John Ibbitson em seu recente livro "Empty Planet: The Shock of Global Population Decline", parece que podemos identificar uma delas. Desde que as taxas de fertilidade dos Estados Unidos e da Europa Ocidental caíram, originalmente, para menos de 2 filhos por mulher, na década de 1970, taxas maiores (por exemplo, nos EUA, que tiveram, em média, pouco mais de 2 filhos por mulher entre 1990 e 2010) ocorrem apenas onde a primeira geração de imigrantes vindos de países mais pobres trazem consigo essas taxas.

Em todas as economias bem-sucedidas em que as mulheres têm bom grau de instrução e são livres para optar, uma taxa de fertilidade inferior à de reposição é o resultado médio dos comportamentos individuais diversificados.

Muitas pessoas condenam essa contração demográfica porque ela implica que um número menor de trabalhadores terá de sustentar um contingente crescente de pessoas idosas. Mas, embora uma queda muito acelerada da população, como a que o Japão pode vivenciar, seja difícil de administrar, taxas de fertilidade moderadamente inferiores ao nível de reposição (digamos, de 1,8 filho por mulher) seriam não apenas administráveis como também benéficas para o bem-estar da humanidade.

Por outro lado, no nível mundial, quanto mais baixa for a população mundial final, menos acirrada será a competição em torno do uso da terra, que resulta do aumento da demanda por alimentos e da conveniência de preservar a biodiversidade e a beleza natural.

A queda gradual da população a que chegaremos, desde que resulte da livre escolha, deve ser vista com bons olhos. Por seu lado, políticos autoritários machistas do sexo masculino, como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoganm, e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, veem o crescimento da população como um imperativo nacional e a elevada fertilidade como dever da mulher. E até muitos comentaristas não machistas consideram que há algo de antinatural ou de insustentável na queda da população, que as sociedades em acelerado processo de envelhecimento têm inevitavelmente de ser menos dinâmicas e que a imigração de grande escala é a reação essencial à queda demográfica.

Mas as exortações dos políticos autoritários machistas serão ineficazes enquanto as mulheres forem livres para escolher. E os que propõem a imigração como a solução necessária para um problema exagerado têm de encarar uma realidade simples: se todas as pessoas da Terra gozassem de prosperidade e de livre escolha, a imigração de outros planetas não seria uma reação viável à queda da população mundial provável decorrente.

Essa queda mundial está, no entanto, mais provavelmente a um século de distância. Na verdade, o maior desafio demográfico ao bem-estar da humanidade não é a baixa fertilidade ou o envelhecimento da população, e sim as altas taxas de fertilidade e o acelerado crescimento da população ainda observados no Paquistão, em boa parte do Oriente Médio e na África, onde a população total, de acordo com a ONU, poderá subir do atual 1,3 bilhão de pessoas para 4,5 bilhões até 2100, mesmo se a taxa média de fertilidade africana cair para níveis próximos ao de reposição até essa data (alcançando 2,14 filhos por mulher na projeção média da ONU).

Bricker e Ibbitson afirmam que a queda da fertilidade poderá ser mais acelerada do que sugere a projeção média da ONU. Mas o recente declínio foi mais lento que o previsto pela ONU dez anos atrás. Em consequência disso, as projeções de população mundial para 2050 aumentaram, dos 9,2 bilhões aventados na projeção da ONU de 2008, para 9,8 bilhões na mais recente revisão, de 2017.

A expansão populacional resultante, tanto no norte do continente africano quanto na África Subsaariana, dificultará a tarefa de chegar ao nível de investimento per capita necessário para sustentar o crescimento acelerado da economia ou para criar de forma suficientemente acelerada o número de empregos capaz de absorver uma população em idade ativa em rápido crescimento. Uma população jovem subempregada, por sua vez, tenderá a representar uma ameaça de instabilidade política por muitas décadas.

Uma queda da fertilidade mais acelerada geraria enormes benefícios para esses países, tornando, ao mesmo tempo, a sustentabilidade mundial mais fácil de alcançar. Felizmente essa queda não exige o inaceitável nível de coerção da política chinesa de um só filho. Instruir as meninas, oferecer-lhes acesso a meios anticoncepcionais e liberá-las das exigências machistas de líderes religiosos ou políticos conservadores bastaria. E deveria ser alta prioridade. (Tradução de Rachel Warszawski)

Adair Turner, presidente do Instituto para o Novo Pensamento Econômico e ex-presidente da Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido, é presidente da Comissão de Transições Energéticas. Copyright: Project Syndicate, 2019.

Correio Braziliense – A lição de Brumadinho / Coluna / Nas entrelinhas


Luiz Carlos Azedo

Erros de conceito custam caro para qualquer estratégia empresarial. Costumam causar desastres irreparáveis, como os de Mariana e Brumadinho. O poder da Vale nos estados onde atua, como Minas, Pará, Maranhão e Espírito Santo, além do poderoso lobby que sempre manteve junto ao governo federal, ao Congresso e ao próprio Judiciário, foi exercido de forma permanente para reduzir custos com medidas de segurança e de controle de impacto ambiental. Prefeituras de todas as áreas onde atua vivem perdendo as quedas de braço com a empresa, que prefere fazer políticas compensatórias de caráter social e urbano do que investir mais pesado na redução de danos ambientais. Agora, a casa caiu.

O plano para “descomissionar” todas as suas barragens construídas pelo método de “alteamento” a montante é uma confissão de culpa e o reconhecimento de que houve erro de conceito na forma como a empresa resolveu tratar os dejetos de suas atividades de mineração, que poderiam ser reaproveitados utilizando tecnologias mais modernas. “Todas as barragens da Vale apresentam laudos de estabilidade emitidos por empresas externas, independentes e conceituadas internacionalmente”, alega a companhia. As represas que desmoronaram, porém, também tinham esses laudos. No caso de Brumadinho, seus responsáveis já estão até presos.

Qual é a razão de tais medidas não terem sido adotadas antes? A própria Vale fornece uma pista. Estima-se que serão gastos R$ 5 bilhões para a desativação das barragens, ao longo dos próximos três anos. A empresa está sendo obrigada, por medida de segurança, a suspender as operações de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e as operações de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopeba, incluindo também a paralisação das plantas de pelotização de Fábrica e Vargem Grande. Deixarão de ser produzidos 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, dos quais 11 milhões de toneladas de pelotas.

A Vale pretende redirecionar a produção para outras regiões do país — cada vez mais, as suas atividades de mineração se deslocam de Minas/Espírito para o Pará/Maranhão — e aproveitar todos os trabalhadores da empresa, mas qual será o impacto na economia das cidades mineiras e capixabas, em termos de arrecadação e geração de emprego e renda? Com certeza, será muito negativo. O caso de Brumadinho, nesse aspecto específico, é muito pedagógico, pois reflete um erro de conceito da empresa em relação ao reequilíbrio de suas atividades com o meio ambiente e o entorno social. Há outros erros correlatos, mas o principal talvez seja a subordinação da agenda ambiental aos interesses da produção e da lucratividade financeira da empresa, custe o que custar, embora isso esteja em contradição com a missão definida no planejamento estratégico da própria: “Transformar recursos naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável”.

Narrativas
Brumadinho também pôs de pernas para o ar a narrativa do novo governo sobre a questão ambiental, que se tornou uma agenda emergente. Os trabalhos no Congresso serão reabertos amanhã, mas nos corredores da Câmara e do Senado, ontem, já se articulavam uma comissão especial de inquérito para investigar a Vale e outra comissão, mista, isto é, em conjunto com o Senado, para investigar milhares de barragens existentes no país, muitas delas sem licenciamento sequer. Não se deve demonizar a mineração, que é uma atividade essencial para a economia do país, mas há que se repensar o modus operandi das companhias: o custo da tragédia de Brumadinho será muito maior do que aquele que se teria se tivesse adotado medidas efetivas. O saldo dessa tragédia, até agora, é de quase 100 mortos e mais de 250 pessoas desaparecidas. O impacto na opinião pública das operações de resgate é mundial e já mobiliza os organismos internacionais e acionistas da própria Vale.

Mariana é um exemplo do poder do lobby da Vale junto aos governos, ao Congresso e ao Judiciário no sentido de não honrar suas responsabilidades ambientais e sociais; a empresa simplesmente se recusa a pagar as multas aplicadas e é um dos atores mais poderosos no sentido de desmoralizar os órgãos de controle ambiental e seus técnicos. A narrativa de que a legislação e a fiscalização ambientais são um entrave ao desenvolvimento não é somente falsa, é um erro de conceito. Mais ou menos como achar que o aquecimento global é uma cascata dos seus pesquisadores, quando as alterações climáticas estão aí mesmo, alterando a rotina das pessoas e provocando catástrofes naturais pelo mundo. O Brasil não está fora disso.