terça-feira, 6 de maio de 2014

Câmara aprova proposta que libera publicação de biografias não autorizadas


Não será mais necessária a permissão do biografado ou de parentes para a publicação de obras biográficas



Agência Brasil

  06/05/2014
 
 

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (6/5) projeto de lei que libera a publicação de biografias de personalidades públicas. O texto altera o Código Civil e estabelece que não mais será necessária a permissão do biografado ou de seus descendentes para a publicação de obras biográficas. De autoria do deputado Newton Lima (PT-SP), o projeto será encaminhado ao Senado.

O texto aprovado visa a garantir a liberdade de expressão, de informação e o acesso na hipótese de divulgação de informações biográficas de pessoa de notoriedade pública ou cujos atos sejam de interesse coletivo. O projeto estabelece, ainda, que a falta de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa de trajetória artística ou profissional de dimensão pública ou que participou de acontecimentos de interesse público.

Ainda de acordo com o texto aprovado, a pessoa que se sentir atingida em sua honra, boa fama ou respeitabilidade poderá pedir a exclusão de trecho que lhe for ofensivo em edição futura da obra, sem prejuízo da indenização e da ação penal que forem pertinentes.


Em outubro de 2013, o grupo Procure Saber, formado por artistas contrários a queda da necessidade de autorização prévia de biografias sugeriu esta mudança, que hoje foi aprovada pela Câmera.  Na época o grupo divulgou um vídeo de quase cinco minutos com depoimentos de Roberto Carlos, Gilberto Gil e Erasmo Carlos.  Nele, o trio reforçava a defesa do direito à privacidade. 


Marco Aurélio defende que TSE trate pré-candidatos com 'rédeas curtas'

  06/05/2014 20h47


Presidente do TSE votou para punir Dilma por reunião com Lula no Alvorada.


Julgamento de representação do PSDB foi adiado por pedido de Dias Toffoli.



Mariana Oliveira Do G1, em Brasília



O ministro Marco Aurélio durante sessão do TSE, em março (Foto: Nelson Jr./ASICS/TSE ) 
O ministro Marco Aurélio durante sessão do TSE,em março
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, defendeu nesta terça-feira (6) que a corte mantenha os pré-candidatos às eleições deste ano sob "rédeas curtas". Ele chamou de "hipocrisia" a regra que estabelece o ínicio da propaganda eleitoral a partir do dia 6 de julho do ano da eleição.

Para o ministro, que deixa a presidência do TSE na próxima semana, em ano eleitoral os políticos "desvirtuam" as propagandas com finalidade de dar publicidade ao partido e fazem uso eleitoral do tempo gratuito em rádio e televisão.

"O que se tem no Brasil é verdadeira hipocrisia. A propaganda eleitoral está em nossos lares mediante o desvirtuamento da propaganda partidária e mediante a publicidade implícita, publicidade voltada a enaltecer a figura deste ou daquele. [...] Ou o tribunal mantém rédeas curtas ou vamos aguardar o que acontecerá até o dia 5 de outubro", disse Marco Aurélio Mello.

O que eu houve no Palácio do Alvorada? Não se poderia negar que a finalidade seria política, mas a meu ver não basta aludir-se à política, aqui o fim visado seria justamente o pleito de 2014"
Marco Aurélio Mello sobre reunião de Lula com Dilma em março
A declaração foi dada em meio ao julgamento de representação apresentada pelo PSDB, na qual o partido de oposição pediu multa de até R$ 100 mil à presidente Dilma Rousseff por conta de uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente. O encontro ocorreu no dia 5 de março, quarta-feira de Cinzas.

O PSDB argumentou que Dilma infringiu a Lei das Eleições (9504/1997) no artigo 73, que proíbe a agentes públicos cederem bens móveis ou imóveis da União para candidatos ou partidos. O partido usou como argumento a divulgação, pelo Instituto Lula, de uma foto de Lula com Dilma.

O relator da ação, ministro Admar Gonzaga, entendeu que Dilma não deveria ser punida porque a candidatura ainda não é oficial e só será a partir de julho. A ministra Luciana Lóssio concordou. Ambos foram advogados da campanha de Dilma em 2010.

O próximo presidente do TSE, Dias Toffoli, anunciou que pediria vista (mais tempo para analisar o processo), mas sugeriu que Marco Aurélio Mello votasse em razão de sua saída do  tribunal na semana que vem.

O ministro Marco Aurélio, então, divergiu e considerou que Dilma deveria ser punida uma vez que, para ele, ficou claro que o encontro visava as eleições deste ano.

"O que eu houve no Palácio do Alvorada? Não se poderia negar que a finalidade seria política, mas a meu ver não basta aludir-se à política, aqui o fim visado seria justamente o pleito de 2014", disse Mello. Para ele, o encontro levou a um "desequilíbrio" no processo eleitoral.

O ministro defendeu que não se pode considerar que a Lei das Eleições apenas se refere para candidatos já oficializados. "Não posso conceber que leve a concluir-se que não havendo candidatos escolhidos tudo é possível."

Após dois votos contrários à  multa para Dilma e o voto de Marco Aurélio, o ministro Dias Toffoli confirmou o pedido de vista e o julgamento foi adiado. Não há data para retomada do caso.

Oposição pede a MP para apurar se Dilma cometeu improbidade


  06/05/2014 19h27


PSDB e DEM questionam fala em rede nacional pelo Dia do Trabalho.


Partidos já tinham pedido ao TSE multa por propaganda antecipada.

Mariana Oliveira Do G1, em Brasília

O PSDB e o DEM pediram nesta terça-feira (6) que o Ministério Público Federal no Distrito Federal abra inquérito civil para apurar se a presidente Dilma Rousseff cometeu improbidade administrativa em razão do pronunciamento do último dia 30, em rede nacional de rádio e TV, pelo Dia do Trabalho.

Na segunda (5), também motivados pelo pronunciamento, os dois partidos entraram com pedidos de multa a Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os partidos acusam a presidente de ter cometido propaganda eleitoral antecipada.

No pronunciamento, Dilma anunciou reajuste de 10% nos benefícios do Bolsa Família e também correção na tabela do Imposto de Renda.

"O inteiro teor do pronunciamento da senhora presidente da República é um evidente uso da cadeia nacional de rádio e televisão para promoção da primeira representada [Dilma Rousseff] e de seu governo, caracterizando, pelos elementos intrínsecos e extrínsecos do texto, efetiva prática de atos de improbidade administrativa, que deverão ser apurados por esse órgão do Ministério Público Federal", diz a representação.

O texto é assinado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), pelo líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), e pelo líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
Os parlamentares argumentam que utilizar bens ou serviços públicos para fins de propaganda eleitoral constitui improbidade administrativa, prática que pode levar a punições como multa ou inelegibilidade.

Para a oposição, "o uso do instrumento de convocação de cadeia de rádio e televisão pela representada não constituiu ato isolado, mas parte de um rotineiro instrumento de promoção pessoal por parte da senhora Dilma Rousseff".

"Todo o discurso da presidente Dilma Rousseff foi tomado na primeira pessoa, ora no singular, ora no plural, de forma que a União, o governo federal, não existem no governo, apenas a pessoa de Dilma Rousseff."

JBrEnquete: Qual a sua opinião sobre a redução da maioridade penal?



O Jornal de Brasília quer saber o que a população do Distrito Federal pensa sobre a polêmica. Acesse a enquete no Facebook do Jornal de Brasília ou deixe seu comentário abaixo.

Acesso direto à enquete: https://apps.facebook.com/minhas-enquetes/enquetejbr
Edilson Rodrigues
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


 
Elias Costa

Sou totalmente a favor.

j.diass

Meus filhos tem 16 e 14 anos e os dois estudam e muito. Um diz que quer ser médico e o outro Analista de segurança de comunicação na informática. Como podem ver, já sabem o que querem e que não querem ser bandidos. Tem de reduzir sim e com um agravante, se não quiserem ser presos que não pratiquem o que for de errado. Acabando a maioridade penal vai baixar sim o número de crimes pois, o meliante vai pensar duas vezes antes de fazer besteira. Acabando com a maioridade penal não mais será necessário os conselhos tutelares que gastam milhões de nossos recursos para pagar babas para estes bandidos mirins e é por isso que muito conselheiros são contra esse ato.

MURILO TIMO JUNIOR

VOU VOTAR NO AÉCIO NEVES, ELE DEFENDE ESSA IDÉIA!!!

MURILO TIMO JUNIOR

Sou plenamente a favor, não só da redução da maior idade penal, mas do fim da idade penal! Se cometeu um crime, não importa a idade, tem que pagar pelo mesmo! Lembro de um caso na Inglaterra quando dos garotos de 10 e 11 anos amarraram um colega em um trilho de trem e o garoto foi esmagado! Os dois pegaram prisão perpétua! Nos países de primeiro mundo não tem essa de menor infrator, lá se cometer um crime, vai para a cadeia mesmo! Não importa a idade. Só neste país existe o tal ECA.

Silva

A redução da maioridade hoje é um clamor público esse tema é crucial e não pode ser postergado o candidato presidencial que defender essa tese com certeza conquistará milhões de voto. Na atual conjuntura não podemos ficar refém de menores na idade e maiores intelectualmente quando o assunto é o crime.

Comissão da Câmara aprova o Plano Nacional de Educação



O plano destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação - atualmente são investidos 5,3% do PIB
 
A comissão especial que analisa o Plano Nacional de Educação (PNE) concluiu hoje (6) a votação do projeto de lei. A expectativa é que o plano seja votado em plenário dentro de dez dias e siga para sanção presidencial neste mês. O PNE estabelece metas para a serem cumpridas nos próximos dez anos. Entre as diretrizes, estão a erradicação do analfabetismo e a universalização do atendimento escolar. O plano destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação – atualmente são investidos 5,3% do PIB.

Nesta terça-feira, os deputados votaram os últimos destaques. Uma das alterações feitas no relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) foi a inclusão da estratégia aprovada pelo Senado Federal, que estabelece políticas de estímulo às escolas que melhorarem o desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A ideia é valorizar o mérito dos professores, da direção da escola e da comunidade escolar.

O plano tramita no Congresso Nacional há três anos, e ao longo desse tempo foram sugeridas mais de 3 mil emendas. Um dos pontos polêmicos é o financiamento. Na forma como o plano deixa a comissão, os 10% do PIB incluirão as isenções fiscais e financiamentos ao setor privado, como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Outro ponto que gerou debate é a questão de gênero e orientação sexual, suprimida do texto por meio de destaque. O relatório aprovava a "superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção de igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual". A redação foi alterada para "a erradicação de todas as formas de discriminação" e assim segue para plenário.

O financiamento escolar deve ser retomado. "Vamos recorrer da meta de financiamento no plenário, pois somos contrários ao compartilhamento do financiamento público com o Fies e o Prouni", disse o deputado Paulo Rubem (PDT-PE).

Segundo ele, haverá esforço para colocar o PNE na pauta do plenário o quanto antes. "Corremos o risco de ter o plano sancionado em pleno debate eleitoral", disse. Ele  acrescentou que "há uma contradição entre política de expansão dos gastos públicos [previsto no PNE] e o discurso de oposição, que é o oposto. Temos que garantir que a matéria vá logo a plenário e que possa haver debate qualificado".

O relator, Angelo Vanhoni, disse não ter previsão sobre o integral cumprimento do plano. "Eu não tenho como prever, não tenho como dizer isso de forma taxativa, mas são metas necessárias para que o Brasil supere o atual estágio de desenvolvimento. Agora, se vamos cumprir 70%, 80% ou 100% de cada meta estabelecida, só a dinâmica da política nacional, do envolvimento dos gestores, do envolvimento da sociedade, do parlamento, das definições do Executivo é que vão traduzir o plano na realidade concreta da vida das crianças e jovens".


Fonte: Agência Brasil Jornal de Brasilia

Maquiadora brasileira é encontrada morta na Austrália



A maquiadora brasileira Denise Moretti Batista, de 33 anos, foi encontrada morta abraçada ao filho de dois anos, na casa em que residia, em Melbourne, na Austrália. A família dela, que mora em Jundiaí, região de Campinas (SP), autorizou exames para que a causa da morte seja identificada. Um irmão e a mãe de Denise, Clara Moretti, viajam nesta quarta-feira, 6, para aquele país a fim de acompanhar o caso. O corpo da brasileira, que fez carreira bem sucedida no exterior, foi encontrado pelo marido australiano.

De acordo com Luís Fernando Batista, irmão de Denise, o marido contou que o casal tinha ido à praia com o filho e, ao retornar, ela jantou e subiu com o menino para o quarto. Naquela noite, o casal dormiu em quartos separados e, de manhã, ao entrar o quarto da mulher, o marido a teria encontrado já morta, segurando o filho nos braços. A criança estava acordada. A família já decidiu que o corpo da jovem será cremado na cidade de Melbourne. A decisão foi tomada em razão do custo para trazer o corpo para o Brasil.

Segundo Luís Fernando, o translado custaria cerca de R$ 90 mil e o governo brasileiro não ajudaria a bancar a despesa. O Itamaraty informou que está dando apoio a família, mas as leis brasileiras não preveem ajuda financeira nesses casos. Denise nasceu em Jundiaí e se mudou para Londres em 2004, formando-se maquiadora profissional numa escola inglesa renomada. Durante a carreira, participou de eventos de moda importantes, como o London Fashion Week, e maquiou personalidades como a top Kate Moss. Em 2011, conheceu o marido e se mudou para a Austrália, onde o casal teve um filho.

Fonte: Agencia Estado  Jornal de Brasilia


Servidores da carreira socioeducativa passarão esta noite na Câmara



Eles querem a votação do projeto de lei que cria o quadro de funcionários do sistema socioeducativo

estela.monteiro@jornaldebrasilia.com.br


Servidores da carreira socioeducativa estão acampados na Câmara dos Deputados. Eles passarão a noite desta terça-feira (06) na galeria do plenário. A intenção é pressionar para que o projeto de lei que cria a carreia seja votado.

Em 29 de abril o presidente da casa Wasny de Roure prometeu que o projeto seria votado assim que houvesse quórum no plenário. Segundo o sindicato dos agentes do Caje (Sind-ATRS), nesta terça-feira (06) o número mínimo de deputados necessários para a votação foi atingindo, no entanto, o projeto não foi votado.

Os servidores afirmam que sem o projeto de criação de carreira, não serão possíveis diversas melhorias no sistema socioeducativo. Entre elas está a criação do Sistema Nacional Socioeducativo (Sinase), que será modelo em todo o país.

Na próxima quinta-feira (08), os servidores farão uma assembleia para decidir se serão liberadas as visitas ao jovens que cumprem medidas socioeducativas no Dia da Mães. “Serão mantidos todos os direitos dos jovens, no entanto, existe a possibilidade de impedirmos as visitas”, explica Luciano Rocha, diretor de comunicação do Sind-ATRS.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

Mais notícias

Pastor morre após levar tiro na porta da igreja em Cristalina (GO)

Houve perseguição e troca de tiros com policiais. Após executarem o religioso, os criminosos jogaram seu neto para fora do carro
 
Jéssica Lília

jessica.brito@jornaldebrasilia.com.br

Um pastor foi assassinado na porta de uma igreja em Cristalina (GO), na noite desta segunda-feira (5). A ação ocorreu por volta das 21h30. Segundo informações da Polícia, os suspeitos do crime são dois rapazes de 19 anos. 

O pastor, que estava acompanhado de seu neto, saía de um culto quando foi rendido pelos criminosos. De acordo com a Delegacia de Cristalina, o avô foi baleado na frente do neto por ter contradito a ordem de não olhar para seus rostos a fim de evitar identificação. Ele ainda foi conduzido ao Hospital de Santa Maria, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O neto foi jogado para fora do carro e teve escoriações leves. 

A polícia foi acionada e durante a perseguição, houve troca de tiros. Os rapazes foram detidos por volta de 23h na região de Luziânia. Um dos bandidos foi atingido na perna, falecendo em seguida. O outro foi encaminhado para o presídio de Cristalina, onde está preso. 

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

PT indica Arlindo Chinaglia para vice da Câmara


A vaga foi deixada pelo deputado licenciado André Vargas (sem partido-PR)
 
A bancada do PT na Câmara decidiu na noite desta terça-feira indicar o nome do líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) à vice-presidência da Câmara, na vaga deixada pelo deputado licenciado André Vargas (sem partido-PR). Os integrantes da bancada do partido se reuniram hoje para discutir a indicação e, no início da noite, iniciaram o processo de votação para a escolha do nome.

Chinaglia recebeu 44 votos favoráveis ao seu nome e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), 38. 

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que também concorria ao cargo, retirou sua candidatura mais cedo em favor de Chinaglia. O plenário da Câmara ainda terá que aprovar a indicação do PT, em votação prevista para acontecer amanhã.

O Palácio do Planalto entrou hoje nas articulações para eleger seu líder do governo na Câmara deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), para ocupar o lugar do ex-petista. Durante todo o dia, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, manteve contato com os petistas em busca de uma solução.

A ideia era, com o apoio a Chinaglia, desbancar da disputa parlamentares que integravam o mesmo grupo de Vargas, como Luiz Sérgio (RJ) e José Guimarães (CE). A disputa estava acirrada porque o escolhido, segundo petistas, tende a ser o candidato natural à presidência da Câmara em 2015.

Com respaldo do Planalto, Chinaglia buscou hoje apoio dos correligionários e do grupo mais próximo a ele para tentar impedir que aliados de Vargas ocupassem o posto. Antes da votação, Chinaglia estava cauteloso: "É verdade que tenho apoio, mas tenho que tomar cuidado", disse, numa referência ao fato de que, num passado recente, foi um dos principais articuladores de uma aliança dentro do partido que levou à derrota de seu grupo justamente pelo grupo que acabou elegendo Vargas.


Fonte: Agencia Estado  Jornal de Brasilia

Após entrevista à Playboy, Feliciano pode perder o título de pastor


Situação será apurada pelo conselho de ética da Confradesp, que considerou a atitude inapropriada
 

redacao@jornaldebrasilia.com.br


O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) pode ter o título de pastor cassado. A Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo (Confradesp) abriu uma apuração contra Feliciano em seu conselho de ética. O motivo seria uma entrevista dada a revista pornográfica Playboy em abril. O pastor pode levar uma advertência e até ser “descredenciado” da rede.

Na entrevista, Feliciano confessou ter usado cocaína na adolescência.

Além disso, falou sobre o sonho de se tornar Presidente e ainda comentou a prática de sexo anal.

“Com certeza, tem homens que têm tara por ânus, sim. Eu não entendo muito dessa área porque nunca fiz, graças a Deus, e espero nunca fazer, porque parece que quem faz não volta mais [risos]. Deve ser uma coisa tão estranha”, disse.

Segundo o chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, a entrevista foi um direito de resposta do deputado, que se sentiu ofendido com uma menção a ele na revista.

 A Confradesp disse que o conteúdo da entrevista em si não é problema, e sim a revista. “Não é esse o tipo de literatura que recomendamos aos fiéis”, disse.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


Putin e a volta de um mundo bi-polar

BLOG VESPEIRO

    30 de abril de 2014 
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    As peripécias de Vladimir Putin e seus “black blocs” com tanques e kalashnikovs em atuação cada vez mais desaforada na Ucrânia vêm confirmar uma impressão que ha um bom tempo vem tomando forma na minha cabeça: ha uma grande chance de se repetir como farsa, em pleno Terceiro Milênio, a divisão bi-polar do mundo que caracterizou o século 20.

    A farsa, alias, estava mais na versão original – pelo menos desde as revelações de Nikita Krushev no famoso 20º Congresso do Partido Comunista da extinta União Soviética, de 1956, em que foi confirmada oficialmente a natureza fundamentalmente sanguinária do socialismo real – do que nesta que se esboça agora onde os putins e seus cooptados pelo mundo afora assumem-se francamente como o que são sem meias palavras,  laivos de romantismo ou acenos a utopias.

    Já expus em mais de um artigo aqui no Vespeiro os argumentos que comprovam que a presença e a força do crime organizado é uma medida segura da autenticidade de todos os regimes que se afirmam democráticos posto que ele só se estabelece com a conivência do Estado.
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    Ou seja, o crime organizado é função direta da corrupção que, por sua vez, só frutifica e se institucionaliza a ponto de permitir que uma organização declaradamente dedicada a explorar e submeter uma sociedade pela violência se estabeleça e transforme num poder paralelo onde quer que os politicos possam viver fora do alcance da lei e, graças a isso, explorar em vez de servir os seus representados.

    Onde o Estado, que tem o monopólio da força armada, está decidido a acabar com o crime ele não consegue resistir-lhe nem por cinco minutos, fato de que o mundo está cheio de exemplos, sendo lamentavelmente mais numerosos os negativos que os positivos.

    Ocorre que não existem duas formas de organização tão idênticas entre si quanto a estrutura de uma quadrilha do crime organizado e a de um Estado totalitário baseado no chamado “centralismo democrático” que era o eufemismo que se usava para descrever as ditaduras comunistas do século passado onde todo poder emana do chefe e nada nem ninguém pode se lhe opor sob pena de eliminação física sumária.

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    O que o citado 20º Congresso do PC da URSS revelou ao mundo é que não demorou nem um minuto para que as “ditaduras do proletariado” instaladas em nome da utopia igualitária que apaixonou gerações dos cortes mais generosos e altruístas da humanidade se transformasse – intoxicada pelo exercício do poder sem limitação nenhuma – na máquina criminosa de moer carne e consciências humanas chefiadas por Lênin, por Stalin e por seus sucessores pelo mundo afora de cima de uma montanha de cadáveres que nunca cessou de se agigantar enquanto durou o regime que só se extinguiria em 1989. Foram, literalmente, centenas de milhões de assassinados as vítimas desses 72 anos verdadeiramente “de chumbo“.

    O instrumento por excelência da carnificina que varreu todas as “repúblicas socialistas soviéticas”, da russa onde tudo começou às dezenas de outros países que ela anexou pela força militar, era a KGB, a polícia política do regime, encarregada de fiscalizar não só as ações como também o pensamento de todos os seus súditos e eliminar fisicamente – até preventivamente, isto é, antes de qualquer ato que o confirmasse – todos os suspeitos de “dissidência”, outro eufemismo que descrevia qualquer manifestação, por mais tênue que fosse, de desacordo com o regime, tais como uma troca de correspondência ou, menos que isso, uma conversa pessoal entre quatro paredes entreouvida e denunciada.

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    Vladimir Putin foi o ultimo chefe da KGB soviética e, graças a isso, conseguiu tomar o poder depois do interregno de indefinição que se seguiu à “abertura” e dele ou das vizinhanças dele não tem arredado o pé desde 1999. Ele pensa, age e estrutura o seu esquema de poder do mesmo modo como o crime organizado se organiza, pensa e age. Ha uma afinidade eletiva entre eles e por isso é tão difícil discernir onde acaba o Estado russo e começa a estrutura criminosa que gira em torno dele.


    Tendo o regime soviético, que se instalou no bojo de uma revolução violenta contra os monarcas absolutos que tinham reinado incontestes até 1917, durado 72 anos, pode-se concluir que nunca houve um russo que tivesse vivido sob qualquer coisa que se aproximasse de um Estado de Direito democrático, nem mesmo com uma imitação precária dele como as que nós chegamos a conhecer.


    Como a organização do Estado Soviético era a única existente no país no dia seguinte à Queda do Muro, ela simplesmente continuou no poder, agora dispensada de render preitos à utopia morta, trocou as fardas pelos ternos de griffe e os meios de submissão dos súditos do constrangimento físico para o constrangimento econômico, exatamente como propos o nosso Lula que passassem a fazer os últimos ditadores e guerrilhas comunistas armados da América Latina pouco menos de uma década mais tarde na já célebre reunião do Foro de São Paulo, organização que se propõe ser uma nova versão regionalizada da antiga Internacional Comunista (Comintern) que coordenava as ações das forças socialistas em todo o mundo no milênio passado.


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    A “nomenklatura” do partido, nome que se dava aos funcionários graduados da ditadura soviética que viviam acima da lei e desfrutavam de confortos e privilégios econômicos mal disfarçados, foi substituída pelos famigerados “empresários” russos de hoje cevados na corrupção e sócios do Estado, que segue sendo tratado como uma propriedade pessoal do presidente que tem sobre ele plenos poderes. Até para, como dantes, prender e mesmo assassinar os biolionários que ele próprio cria e que, por qualquer razão, vierem a incomodá-lo.


    Agora, depois de uma pausa para reagrupamento da sua antes especialmente agressiva vertente internacional de projeção de poder, a Russia sob Putin, reconciliada com seu passado, já se sente forte e confortável o suficiente para voltar a alimentar as ambições imperialistas de sempre, graças às tradicionais limitações dos Estados democráticos de oferecer-lhe resistência dentro das leis nacionais e internacionais pelas quais se obrigam a se pautar.


    O que se esboça no horizonte, portanto, é um mundo dividido entre as poucas sociedades “de contrato”, regidas por leis e instituições livremente pactuadas entre os cidadãos e o Estado, com divisão de poderes, direitos das minorias respeitados e alternância no comando da máquina do Estado, e os países entregues a um chefe inconteste com poderes absolutos, agora assumidos como tal, usando a economia, acompanhada de violência quando necessário, como arma de opressão e perenização no poder internamente e de conquista pura e simples no campo das relações internacionais.


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    É isto que se configura no atual confronto entre o Capitalismo de Estado que não respeita regra nenhuma e põe a aniquilação do “concorrente” — que nessas sociedades, ou de economias estatizadas, ou de jogos de cartas marcadas entre Estado e “proprietários privados” de fachada são só os internacionais — à frente do compromisso com a função social da empresa, os direitos dos trabalhadores e dos acionistas, a sustentablidade econômica e financeira e a obrigação de respeitar regras do jogo livremente pactuadas entre todos esses agentes do processo econômico que define o Capitalismo Democrático, e só é alterável por consensos difíceis de se alcançar. 

    São esses compromissos que constituem as tais “conquistas da burguesia“, a classe que emerge pelo mérito e por isso é temida e odiada pelos candidatos a tirano e, principalmente, pelas clientelas que eles constituem para sustentar seus esquemas de poder baseados em lealdades apoiadas na distribuição de cargos e privilégios.


    Como antes, haverá sempre nos alvos que Putin visar fora da Russia, os fidel castros da vida, modernos “Faustos” dispostos a servir os regentes desse novo polo global de poder econômico e militar em troca de se livrar, “em casa“, de incomodações como eleições, partidos de oposição, investigações por corrupção ou a perpsectiva de ter de apear do poder ao fim de um reles mandato.


    Tendem a se alinhar nesse grupo todas as sociedades que saltaram do absolutismo monárquico para o século 20 adotando contrafações mais ou menos assemelhadas a democracias, incorporando este ou aquele atributo delas, mas sem nunca terem vivido de fato sob o pleno império da lei dos verdadeiros Estados de Direito.


    É este o pano de fundo contra o qual o Brasil, que vem tateando entre esses dois pólos pendendo ora para um ora para o outro, parte para a eleição deste ano que vai definir – provavelmente para os próximos muitos anos – de que lado dessa linha vamos trilhar a próxima etapa do nosso caminho.

    E segue o baile…

    Matéria do dia 22 de abril.
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    Nada resiste à esculhambação do Congresso Nacional.

    La onde “crime” é “malfeito” e “assassinato” vira “ato infracional“, nenhuma surpresa em chamar “negócio” ao ato de transformar US$ 42 milhões em US$ 1,2 bilhão em menos de 12 meses e depois ficar discutindo sobre se isso foi “um bom ou um mau negócio“.

    É claro que, no fundo, é tudo uma questão de ponto de vista, dependendo, a conclusão dessa momentosa questão, de se a pergunta é feita a quem possuia o bilhão e duzentos antes e ficou sem eles (nós os contribuintes) ou a quem se tornou proprietário deles depois do “negócio” feito…
    O Congresso Nacional falava, supostamente, em nosso nome e, portanto, não deveria haver duvida nenhuma. Mas como naquele bosque de caras de variados paus vale tudo, formaram-se logo dois partidos em torno dessa nova “configuração” dada à falcatrua de Pasadena que ja antecipa onde vai chegar esta “investigação” das “excelências“.

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    Um desses partidos é de linha, digamos assim, mais “lulista“: nega até o fim mesmo aquele tipo de evidência que resplandece ofuscantemente ao sol e fere estes 200 milhões de pares de olhos que a terra ha de comer.

    O outro tem uma linha mais “dilmista“: admite eventualmente suas cagadas mas põe a culpa delas nos outros e, o que é muito pior, não limpa a sujeira feita.

    Alinham-se ao primeiro grupo Nestor Cerveró e Sergio Gabrielli, entre outros, e ao segundo Dilma Roussef e Graça Foster, atrizes sabidamente faltas de imaginação e capacidade de improvisação que, pelo andar da carruagem vão ficar sozinhas nesse lado do picadeiro pois a nata das “excelências” já se manifestou agradavelmente surpreendida com a versão mais “lulista” que, confessadamente, nem eles próprios tinham, alguma vez, imaginado possível.

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    A surpresa com a cara-dura dessa versão foi tanta que até mesmo Andre Vargas, aquele que pretendeu dar-se ares de ideólogo da bandalheira à Zé Dirceu e Genoíno mas logo depois foi flagrado lavando dinheiro em jatos, recolheu o seu pedido de renuncia. É que o seu apurado faro para oportunidades já lhe deu a entender que o processo de descriminalização da roubalheira em curso ha 12 anos está à beira de avançar mais um passo decisivo e resolveu pagar para ver.

    A grande incógnita, agora, são os próximos passos do doleiro Alberto Youssef, “amigo de 30 anos” de André, e seu outro comparsa Paulo Roberto Costa tirado de circulação junto com ele.
    Não ha sinais, até o momento, de que esteja iminente a prisão dos policiais federais que os prenderam. 

    Mas a ser seguido o precedente aberto com o caso do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mensalão, é provavel que cassem ao menos os seus chefes, obviamente os mandantes do crime, digo, da prisão dos criminosos, colocando no lugar deles outros que se comprometam antecipadamente a ser menos “exagerados” com esse negocio de prender ladrões de dinheiro publico do lado errado, principalmente em ano eleitoral.

    Afinal o Brasil é o “país de todos“, isto é, de todos “eles“, a começar pelos que têm sido injustamente presos quando na verdade merecem mais são indenizações por todo o bem que nos têm feito.

    a2BLOG O VESPEIRO

    É muita Cinderela! Mas…

    O Vespeiro


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    Fernando Gabeira escreveu um artigo brilhante no Estado Chama-se Bom dia, Cinderela. Tem que ler.

    Ele mostra como funciona a cabeça dos petistas; de onde vem essa obsessão deles de, mais que negar, apagar na marra as consequências de seus atos, impedir que a gente as veja, e para onde essa obsessão pode nos levar.


    A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados (…) Tudo que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História”.

    O próprio Estado também tem um editorial interessante sobre A estatização da CCEE que, além de mostrar quanto custou a brincadeira de dona Dilma para comprar votos com as contas de luz, analisa o remendo ainda mais desastrado e irresponsável que eles estão fazendo pra esconder o abalo sísmico que isso provocou mediante a destruição de mais uma instituição, a contratação de mais alguns bilhões em dívidas para serem atiradas pra cima da gente e a preparação de contas de luz dobradas de 2015 em diante.

    O único defeito desse editorial é chamar tudo isso de “política energética de Dilma”.


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    Não existe uma “política energética de Dilma” assim como não existe política nenhuma para nada neste país. A única coisa que existe no governo do PT é uma política eleitoreira.
    Tudo está a serviço dela.

    Eles se apropriaram da máquina pública, detonaram todas as empresas estatais e toda a infraestrutura do país, corromperam as instituições e esmagaram as que lhes resistiram, destruíram a indústria nacional e o comércio exterior e agora, como o Gabeira registra bem, pra “provar” que nada disso aconteceu, estão tratando de destruir todos os medidores e sistemas de alarme da Nação, arrastando junto para o lixo os equipamentos que permitem fazer estudos abalizados para orientar, no futuro, a escala de prioridades e um direcionamento adequado dos investimentos públicos.

    Tudo isso pra esconder o rombo no casco e ver se o navio afunda sem que os passageiros percebam.

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    Brigar com os fatos e tentar destruir quem grita que os está vendo é parte de uma cultura doente. “A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra“, lembra Gabeira.


    Mesmo assim ele é otimista. Acha que “nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua” e que nem a máquina do Estado, o prestígio de Lula, a montanha de grana gasta em propaganda e o exército de blogueiros amestrados do PT somados serão bastantes para impedir que se restabeleça um debate baseado no respeito às evidências que olhe um pouco adiante das eleições, o que acabará fazendo com que em 2014 eles “acabem se afogando nos próprios mitos“.


    Ha mesmo sinais cada vez mais evidentes disso. Nos bilhões do doleiro Alberto Youssef, “irmão” de Andre Vargas e possivel sócio de ” Pad“, o ex-ministro da Saude candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, já está claro, cabe o PT inteiro, de Lula em pessoa para baixo. Nem a “bala de prata” de sempre pra quando a Dilma der xabu, portanto, tem mais aquele efeito 100% garantido.

    Mas eles ainda têm aqueles 70 milhões de cheques que distribuem todo mês, de mão em mão. É muita Cinderela pra acordar!

    Mas o cheiro e o barulho já são tais que eu estou começando a acreditar que vai dar, dependendo do que mais a imprensa for capaz de desenterrar daqui pra frente.

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    Os politicos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pelas mesmas razões--Eça de Queiróz

    Um país sem pauta


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    A medida em que a campanha se vai instalando fica mais clara a crise de oferta que afeta o nosso mercado eleitoral: nenhuma candidatura cresce mais que a descrença do brasileiro na política.
    Em março de 2013, auge da popularidade de Dilma, 53% dos eleitores declaravam preferência por algum partido. Passados 14 meses só 30% registra simpatia por qualquer agremiação – 17% ainda pelo PT, refletindo, provavelmente, o numero exato dos seus “dependentes diretos” o que não inclui nem a multidão toda dos “embolsados”. Cabe aí pouco mais que a militância, o funcionalismo público e o batalhão dos cúmplices e dos co-saqueadores organizados.

    66% dos brasileiros faz questão de declarar que tem horror a todos os 30 e tantos partidos existentes e 20% do total do eleitorado diz que vai anular seu voto ou votar em branco para presidente.
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    Quer dizer, congelou-se aquele “Não nos representa” de um ano atrás. Mesmo varrido das ruas pelos black blocs amestrados que as ocuparam com essa missão explícita – não me venham com aquela de “estética da violência” que aparece e some segundo as conveniências! – mesmo varrido das ruas, dizia, esse clamor negativo nem foi apagado da cabeça dos eleitores nem, o que é muito mais dolorido, gerou qualquer discurso novo que se candidatasse a preencher esse vazio.

    Ao contrário, quando têm uma oportunidade de se dirigir ao eleitorado a preocupação mais visível dos dois “candidatos de oposição” é a de não atacar de frente nenhum dos “expedientes” a que o governo que colhe toda essa rejeição tudo reduz: comprar cumplicidades de um lado, comprar votos do outro. Seguimos todos reféns desse assistencialismo bandido que está matando a moral e a democracia nacionais. É esse o perigo desse tipo de veneno. 

    Teta dada só se recolhe com revoluções. No rumo em que vai a coisa a “Carta aos Brasileiros” versão 2014 corre o risco de ser um compromisso formal de cada uma das candidaturas de oposição com a eternização da destilação desse vitríolo…
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    Mas a coisa toda é menos simples do que parece.

    Uma campanha eleitoral é sempre um exercício didático; um debate entre diferentes projeções de futuro. Ou, melhor dizendo, o último ato de um debate entre diferentes projeções de futuro que, a menos de seis meses da decisão, já deveriam estar suficientemente decompostas e mastigadas para ser facilmente entendidas pelo público.

    É para isso que existem os outros três poderes da Republica – Legislativo, Judiciário e Imprensa – encarregados, além de fiscalizar o Executivo e impor a lei, de debater alternativas ao longo dos percursos entre eleições.

    O Legislativo, como sabemos, é um poder virtualmente anulado entre nós.

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    O Judiciário cumpriu a sua parte ao montar a primeira – e competentíssima! – crônica das minúcias da conspiração petista para anular o Legislativo mediante uma vasta operação de corrupção como primeiro passo de um plano para eliminar a divisão dos poderes, fundamento básico da Republica, com o objetivo final de impor um regime que não tem a alternância dos partidos no poder em seu horizonte como todos com os quais o PT ostensivamente se alia no plano internacional, e mandar para a prisão os golpista contra os quais teve condições de reunir provas.

    Confirmando a própria tese afirmada no julgamento do Mensalão, o Judiciário foi, no entanto, o alvo seguinte da conspiração, acabando por ser emasculado no correr do processo sucessório dos juízes do Supremo Tribunal Federal usado explicitamente para submeter a instituição às ordens do Executivo.
    a12À imprensa caberia a tarefa de decompor em suas minúcias os outros elementos menos imediatamente visíveis da conspiração petista de modo a ajudar a população a enxergá-los, obrigar os políticos a discuti-los e, pela iluminação de tais focos de atenção, contribuir para fazer esse debate descer do nível conceitual que já tinha sido esgotado no julgamento do Mensalão, para as suas outras frentes mais diretamente ligadas ao dia a dia dos cidadãos.
    Mas ao se deixar pautar quase que exclusivamente pelas ações do governo e das facções em luta pelo poder dentro e em volta dele entregando-se sem resistir ao papel de plataforma de arremesso dos dossiês a que uns ou os outros “dão-lhe acesso” para alvejarem-se mutuamente, a imprensa abandonou, seja a função propositiva para a qual está legitimada como agente institucional do sistema republicano, seja a função inquisitiva que é da essência da sua natureza. Abandonou-se de forma tão completa ao fascínio do denuncismo fácil que deixou de lado todo o resto.
    a12A tal ponto que tornou-se usual, por exemplo, que as mais altas figuras deste governo não só abandonassem por completo a pratica do briefing sistemático para a imprensa obrigatório em todas as democracias do mundo sem que ela se queixasse como, mais que isso, passassem a dirigir-se ao grande público exclusivamente pelos canais unidirecionais das redes obrigatórias de radio e TV ou pela sua própria “imprensa particular”, convocando patéticas reuniões fechadas com os “blogueiros do tio Franklin” para fazer comunicados à Nação.
    A campanha eleitoral tem girado apenas em torno dos expedientes e do discurso do PT, portanto, porque para além do tiroteio de dossiês e das matérias de opinião da grande imprensa eles são os únicos que estão “postos” na forma de reportagens e relatos pormenorizados feitos em geral por competentes agências de publicidade.
    Por aí começa-se a entender o vazio de propostas concretas e pontuais que possam diferenciar mais nitidamente os candidatos entre si nesta campanha.
    a12A verdade incontornável, dados os filtros negativos que bloqueiam os acessos às instituições “de dentro” do sistema, só da imprensa é que pode emanar uma pauta positiva para a Nação.

    Mas também ela não se tem mostrado à altura do desafio.

    O país sabe vagamente que todo o poder foi sendo centralizado na presidência mas não tem clara a tradução concreta desse processo pela falta de uma crônica detalhada e recorrente dos expedientes que o governo usou para ir concentrando todo o dinheiro dos impostos nas mãos da União.
    O país não sabe claramente que buracos isso deixou nos estados e nos municípios, em que contas, e que falta isto está fazendo nos serviços que afetam diretamente a vida das pessoas tais como os de saúde, segurança e educação públicas.
    a12Quais as medidas provisórias e outras tortuosidades e gambiarras operadas para este fim que deveriam ser revertidas para fazer a divisão do dinheiro dos impostos voltar para o ponto de onde partiu? Quanto isso melhoraria a verba disponível para esses serviços nos locais onde eles são efetivamente prestados?
    Até que tamanho e por quais expedientes inchou-se o aparelho de Estado e se o ocupou com a “companheirada” com o objetivo de criar o que o historiador Marco Antonio Villa chama hoje, em artigo para O Globo, do “primeiro escudo” mediante o qual o PT garante que, independentemente de quem ganhe a eleição, são os petistas que moverão as engrenagens do governo se, quando e para que lado quiserem? Quais foram os passos desse processo? Como reverte-lo sem antes ter esse trajeto claro o suficiente para transformar os passos necessários à sua reversão num compromisso de campanha e legitimá-lo pelo voto?
    a12Como foi montado o aparato das ONGs chapas-brancas? Promovida a multiplicação em metástese dos sindicatos sem associados? Montada a rede dos “blogueiros do tio Franklin”? Como montar uma proposta de reversão desse processo sem conhecer-lhes os componentes e os custos; sem apontar que carências reais poderiam ser atendidas com esse dinheiro? Sem ter isso pisado e repisado para a opinião pública a esta distância de uma eleição decisiva?
    De que instrumentos dispõe o resto do mundo para garantir que o sistema representativo de fato represente quem elege os representantes? Como eles conseguem, lá fora, destravar o processo de reformas e ganhar agilidade para reagir a um mundo em vertiginosa mudança? Como funciona o voto distrital com recall que põe nas mãos de quem precisa delas a iniciativa das reformas e arma a mão do eleitor para fazer-se respeitado sob pena de fuzilamento sumário do mandato traído, ferramenta que vem saneando até níveis suportáveis de salubridade os sistemas políticos de país atrás de país?
    a12Como foi que passamos por tudo que sucedeu o junho de 2013 sem discutir exaustivamente questões como esta e chegamos a mais uma eleição encurralados pela ignorância de tudo que não seja apenas e tão somente o que interessa a quem não nos interessa que sigamos conhecendo e pensando?
    Não. Não concordo com os fatalistas que também nunca tinham pensado nessas questões mas dirão, como se as conhecessem de velho, que “está tudo dominado” e a imprensa inteira está vendida. Conheço bem demais os jornalistas para saber que nem todos são como os “blogueiros de tio Franklin”, os “revisteiros de madame Joesley” ou os “iracundos porém venais” velhos de três regimes.
    Eu falo dos jornalistas melhores que seus patrões e da imprensa ainda digna do nome, mesmo que em luta contra a “disrrupção”. Eu falo da imprensa que, como o Brasil, quer mas não sabe fazer. Eu falo do “custo Brasil”, da falta de escola e do isolamento da língua.
    a12Não ha lideranças que se diferenciem na imprensa pela mesma razão que não ha lideranças que se diferenciem fora da imprensa, a não ser pelo lado negativo, que não requer polimento nem esforço continuado, só oportunidade e ausência de escrúpulos.
    Com todos os senões, é a ela, ainda, que vamos ficar devendo a derrota que se esboça desse PT que exala um cheiro que nada mais consegue disfarçar e ninguém mais consegue respirar.
    Mas é a ela também que ficaremos devendo o pacote fechado que virá no lugar dele pois tudo cabe neste país sem pauta que ela não tem contribuído para pautar.
    a12Autor: fernaslm

    Volta Lula?! Mas ele nunca saiu!



    CHUVA/PALACIO DO PLANALTO


    Tudo que tem de ruim neste governo do PT emana diretamente dele. E a maior parte do que teve de bom rolou à sua revelia: era o “efeito China/commodities” que punha mais água na banheira do que já estava saindo pelo ralo.

    Até no Brasil ilustrado ouço gente achando que com ele melhora. Melhora nada!

    O “poste”, quando piora as coisas, piora porque é menos desonesta que ele. Porque mente pior, tem menos cara de pau e, por cima disso tudo, é pesporrenta, mistura de coisas que num governo que vive de enganação é das piores possíveis.

    Ela não faz nada certo mas a podridão mesmo quem plantou foi ele. O gabarito que faz com que cada fio que se puxe acabe sempre nos cupins que roem a Petrobras, nos “Pad” e nos André Vargas da vida; nessa horda que recheia os dutos do doleiro Youssef para os paraísos fiscais e que, quando flagrada na bandalheira, roubando saude de pobre, engrossa a voz, ameaça a imprensa, dá socos no ar, desafia o Poder Judiciário e sai reclamando que isso ainda dê cadeia neste país; esse gabarito foi ele que deu e é ele que o reaperta cada vez que as coisas ameaçam deslassar; cada vez que alguém ameaça desviar a rota.

    Cerimônia de inauguração do navio Dragão do Mar do Estaleiro Atlântico Sul, no Porto de Suape
    Que é ele quem comanda esse baile não tem dúvida nenhuma. Mas não é dessa última fase que estou falando.

    O Lula vem nos arrebentando desde o tempo dos generais.

    Olhem o que está acontecendo com a indústria nacional. O Valor de hoje reporta o massacre da competitividade brasileira medido por um estudo do Boston Consulting Group envolvendo os 25 maiores exportadores do mundo, responsáveis por perto de 90% do comércio mundial nos últimos 10 anos. O Brasil foi quem mais andou pra traz. Em 2004 produzir aqui era 3% mais barato que nos Estados Unidos e já era pouco demais. Hoje é 23% mais caro!

    Os salários mais que dobraram nessa década. Mas o câmbio valorizou 20%, o custo da eletricidade industrial aumentou 90%, o do gas natural 60%.

    E a produtividade? 3% em 10 anos contra 27% nos Estados Unidos.

    Resultado: a industria nacional, a base concreta sobre a qual se assenta o processo de criação de riquezas de qualquer economia, acabou. E a pá de cal é essa brilhante “estratégia” de só vender pra bolivariano caloteiro com financiamento do BNDES.

    A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras. Costa é suspeito de envolvimento com integrantes de uma quadrilha de lavagem de dinheiro. Pelas informações da polícia, ele foi p

    O mergulho da produtividade brasileira é metade falta de escola, metade aumento arbitrário de salário pra comprar eleições. O resto é tempero. E o que é que o PT faz a respeito?

    Quando ameaça estourar; quando os páteos das montadoras ficam abarrotados e as demissões ameaçam começar lá vem mais um pacotezinho de “incentivo” ao consumo de automóveis, eletrodomésticos e “casas próprias”  à custa de redução temporária de impostos (aumento de dívida pública), subsídio à gasolina e financiamento dos bancos oficiais ao consumo. Tudo cheque nominal e com exigência de recibo de quem concede pra quem recebe, olho no olho.

    Assim que alivia retoma-se o buraco um pouco mais de baixo a cada vez.

    Pois esse quadro é um classico “Lula”. Um “Lula vintage”. Foi exatamente assim que ele se fez na vida: negociando com os militares sinal verde pras multinacionais reduzirem a qualidade das carroças que nos vendiam, cobrar preço de Rolls Royce por elas e o Brasil fechar os portos à importação pra ele manter os metalúrgicos fora das ruas bem gordinhos, jogando seu dominó, enquanto a inflação, que começava sempre exatamente aí, ferrava a multidão dos trabalhadores brasileiros sem voz.

    CERVERO/CAMARA
    Continua igualzinho só que com os tempêros de hoje.

    Aumenta-se a massa salarial por decreto. Pior, descola-se o salário até do ato de trabalhar. 70 milhões de cheques todo mês. Cria-se uma competição desleal pela mão de obra entre o ócio e a produção. Exporta-se grãos, minérios e a industrialização dessas matérias primas para a China e infla-se o setor de serviços com esse “excedente salarial” feito de nada. E a roda gira em cima dos ossos da indústria. 

    Salário de um lado imposto do outro.

    No limite, pacotes de socorro pras industrias grandes o suficiente pra render manchetes quando demitem, que são as multinacionais de sempre. Aqui ninguém consegue crescer desse tanto a não ser os “barões do BNDES” e os tubarões das obras públicas. Pra esses nunca tem crise.

    Mas tratar de fazer o Brasil ganhar competitividade pra valer – políticas de educação, enxugamento do gasto e aumento do investimento público, reforma tributária – melhorar o meio ambiente para criar riquezas aqui dentro não é com eles. Nem uma única medida que não fosse a mais rasteira tapeação em 12 anos.

    Você nunca ouviu ninguém no PT falar em queda da produtividade do trabalho. O Ministério do Trabalho, alias, é o que abre a lista dos ministérios fajutos que estão aí só pra serem atirados à alcatéia dos vendedores de governabilidade.

    BRASILIA/NEVOEIRO


    O ministro do Trabalho é esse preposto do Lupi, aquele pego no pulo roubando os trabalhadores com o “pé-de-cabra” de nada menos que 26 ONGs de fachada e que ameaçava puxar o revolver e resistir à tiros pra que não lhe tirassem o osso. Lembranças dos tempos de “eleições” sindicais “por aclamação” que é o modelo que o Plano Nacional de Direitos Humanos do PT quer implantar em escala nacional. Essas sempre foram decididas na bala e velhos hábitos demoram para morrer…

    Nunca nenhum deles falou em preparar melhor a mão de obra brasileira; pleiteou o que é necessário pra ensina-los a pescar em vez de seguir dando-lhes peixe de boca em boca. Ao contrário. A única vez em que esse regra três do Lupi de que ninguém sabe nem o nome saiu do seu gabinete foi agora, para vir a SP apoiar o despejo de refugiados do Haiti pelo governo do Acre aqui. Estamos importando mais desqualificação mas os impostos continuam subindo. Batendo recordes: R$ 86,6 bi em um mês; R$ 293,4 bi, ⅓ de trilhão, em um trimestre. É 2,1% a mais que no ano passado por cima dos 6,5% de inflação e do pibinho do Mantega.


    É isso que o Lula sabe fazer. É isso que o Lula sempre fez. Comprar eleições queimando os músculos da Nação.

    Fazia isso antes no sindicato. Faz isso agora no país inteiro. Vai dar o mesmo resultado que sempre deu multiplicado pelo tamanho do Brasil 2014 comparado ao do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo 1970.

    Mas — de novo — não é da velocidade com que a economia vai escorregar que estou falando. 

    O Brasil está por um fio. Essa horda acabou com todas as nossas instituições, destruiu o sistema imunológico da Nação, concentrou todos os poderes e todo o dinheiro no Poder Executivo, montou uma máquina de chantagem econômica disfarçada de Receita Federal. Nós estamos pendentes de um ou outro indivíduo que ainda resiste no Poder Legislativo destruído e no Poder Judiciário sitiado. Se não tirar essa gente daí agora, no voto, não tem mais volta. Entramos num ralo argentino: 100 anos de queda livre. Isso se não saltarmos direto pra Venezuela pra cortar caminho…


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    Dilma teme mais os aliados que os rivais na CPI


    Josias de Souza

    Ueslei Marcelino/Reuters


    Diante da inevitabilidade da CPI da Petrobras, o Planalto tentou excluir os deputados do lance, restringindo a encrenca a uma comissão composta só de senadores. 


    Com esse movimento, Dilma Rousseff ficou no meio de um tiroteio entre a Câmara e o Senado. O governo recebeu um aviso: excluídos, os deputados iriam buscar a CPI mista na marra. Na noite passada, Dilma já considerava a hipótese de organizar sua tropa para a CPI ampliada, com senadores e deputados.


    A presidente passou a temer mais os supostos aliados do que os rivais da oposição. Soube que o PMDB briga consigo mesmo em torno da CPI. A banda do PMDB da Câmara, liderada pelo presidente Henrique Eduardo Alves e pelo líder Eduardo Cunha, concluiu que uma CPI só do Senado concentraria poderes demais nas mãos de Renan Calheiros.


    Renan não terá um assento na CPI da Petrobras. Mas alguns dos principais membros da comissão terão lugar cativo na antessala da presidência do Senado. Além de se autoproteger, Renan ofereceria escudo a Dilma, cacifando-se. “Sabe Deus o que pedirá em troca”, comentava nesta segunda (6) um peemedebista da Câmara. “Cansamos de fazer papel de bobos. A Câmara morde, o Senado assopra. Já deu.”


    No papel, respeitada a regra da proporcionalidade das bancadas, o governo vai à CPI da Petrobras com o controle da presidência, da relatoria e de 76,9% dos votos. Numa comissão do Senado, leva dez dos 13 assentos. Confirmando-se a mista, coleciona 20 das 26 cadeiras. O diabo é que Dilma já se deu conta de que o pior tipo de solidão é a companhia dos seus aliados.


    Até a noite passada, apenas dois líderes haviam indicado representantes para a CPI mista, ambos da Câmara. Mendonça Filho (PE), do DEM, indicou Rodrigo Maia (RJ) como titular e Onyx Lorenzoni (RS) como suplente. Rubens Bueno, do bloco PPS-PV, indicou a si próprio como titular e o colega verde Antonio Roberto (MG) para a suplência. Nem sinal, por ora, dos nomes do bloco dos governistas ma non troppo: PMDB, PR, PDT, um pedaço do PTB…


    Um dia depois de recorrer ao plenário do STF contra a liminar da minstra Rosa Weber, que mandou instalar a CPI, Renan reunirá os líderes da Câmara e do Senado às 15h30 desta terça-feira. A exemplo de Dilma, ele emitiu sinais de que deve se render à CPI mista. Nessa hipótese, restaria ao governo tentar domar os aliados para obter indicações companheiras.


    Nos últimos tempos, CPI virou sinônimo de desmoralização. Mas tanto barulho em meio a uma campanha eleitoral não é coisa agradável. De resto, o petismo carrega a bola de ferro da CPI dos Correios. Começou na filmagem de um servidor de terceiro escalão recolhendo propinas em nome do PTB. E terminou no mensalão. A presidência era do PT. A relatoria, do PMDB. A maioria era governista. Mas não houve força capaz de deter os fatos.

    Copa do Mundo de 2014 testará o poder do futebol sobre as eleições


    copa_do_mundo_e_eleicoesDaqui a 39 dias, em São Paulo, quando a presidente Dilma Rousseff declarar oficialmente aberta a Copa do Mundo de 2014, ela também estará dando o pontapé inicial na nova fase da partida que disputará em outubro. A petista será candidata à reeleição e, no outro lado do gramado eleitoral, terá como principais adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O Mundial ocorrerá em pleno período das convenções partidárias, que definirão oficialmente as candidaturas e as alianças. E o governo aposta que, se Neymar e companhia ganharem o hexacampeonato, uma onda de otimismo tomará conta do país. Se perderem, contudo, um tsunami de problemas represados poderá vir à tona. Os dois cenários, projeta o Planalto, têm capacidade para influenciar o humor das urnas.

    Dilma sonha em estar no seleto quadro de governantes que foram anfitriões da Copa do Mundo e conseguiram ver o próprio país levantar o caneco. Poucos tiveram esse privilégio. A correlação direta com as eleições é mais rara ainda. Das seis vezes em que isso aconteceu, em pelo menos duas delas os comandantes da nação eram ditadores: Benito Mussolini, em 1934, na Itália, e Jorge Rafael Videla na Argentina, em 1978.

    Para Leonardo Barreto, doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), neste momento, só é possível especular sobre os resultados concretos da relação entre a bola e as urnas, especialmente porque estaremos diante de um fenômeno com poucos precedentes: “A Copa acontecerá aqui. Em outros momentos nos quais o Brasil foi campeão, a Seleção conquistou o caneco fora do país”, lembrou ele, citando os torneios sediados na Suécia (1958), no Chile (1962), no México (1970), nos Estados Unidos (1994) e no Japão/Coreia do Sul (2002).

    Mesmo assim, em todos eles não houve uma relação direta entre os dois fatores: o torneio e o voto. O mito de que o êxito da Seleção se transformara em prestígio para o governo ocorreu em 1970, no governo do general Emílio Garrastazu Médici. “Naquele ano, tivemos eleições legislativas e houve um elevado índice de votos brancos e nulos”, recorda Barreto. Em 1994, o tetracampeonato brasileiro coincidiu com a vitória de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), candidato apoiado pelo então presidente Itamar Franco. Mas PT e PSDB admitem que, mais do que a vitória do escrete comandado por Romário (hoje deputado federal pelo PSB), o que pesou na eleição foi o Plano Real, que controlou a hiperinflação.

    Em 2002, o pentacampeonato no Japão, com dois gols de Ronaldo na final contra a Alemanha, não garantiu a manutenção dos tucanos no poder – o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito naquele ano para o primeiro de seus dois mandatos. O segundo viria em 2006, quando o Brasil foi eliminado nas quartas de final pela França de Zinédine Zidane. Em 2010, Dilma manteve o PT no poder, mas a Seleção Brasileira teve o passaporte de retorno carimbado pelos holandeses Schneider e Robben na semifinal. 

    A VISÃO ESTRANGEIRA 

    Barreto acredita que a repercussão internacional do evento esportivo terá papel de destaque na imagem que a nação terá de si própria nesse período de exposição sob os holofotes de todo o planeta. “O Brasil ainda é muito atento ao que se fala sobre ele no exterior. Adoramos quando as revistas e os jornais estrangeiros nos elogiam. Por isso, a opinião dos correspondentes internacionais sobre a Copa poderá afetar a nossa autoestima e amplificar os tons de otimismo ou de pessimismo”, analisa.

    Outro fator preponderante será o quanto a Seleção avançará na Copa. “Se formos eliminados na fase de grupos ou nas oitavas de final, por exemplo, reacenderá a questão do custo/benefício”, declarou o especialista. “As pessoas vão se lembrar de que os estádios foram caros, que a infraestrutura não foi concluída e que tivemos de aturar os estrangeiros fazendo a festa em nosso próprio país.”

    Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), a vitória na Copa não significará que o país deixará de lado a preocupação com a inflação e os movimentos sociais. “Mas pode, sim, mexer com o orgulho nacional e tornar-se um catalisador para Dilma. Foi no governo dela que as arenas em que as seleções jogarão ficaram prontas”, afirma.

    Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirma que o será dissipado o mau humor generalizado em relação aos jogos, algo que não tinha ocorrido quando o país fora escolhido para sediar os jogos, em 2007. “Disseram que as coisas não andariam, que os estádios não ficariam prontos, nem os aeroportos. Tudo está aí. Acho que faremos uma grande Copa”, aposta o petista. 

    “O povo não é bobo” 

    A oposição não acredita que a vitória do Brasil na Copa do Mundo possa ter algum tipo de influência positiva para Dilma Rousseff nas eleições de outubro. Mesmo com a insistência da presidente em ressaltar os feitos da Seleção canarinho e o papel de liderança exercido pelo técnico Luiz Felipe Scolari, adversários da petista acreditam que não há como vincular uma coisa à outra. “As pessoas sabem diferenciar exatamente quem governa e quem arma o jogo, cabeceia e faz o gol”, resumiu o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP).

    Para o tucano, foi-se o tempo em que era possível atrelar as duas coisas. “O povo não é bobo. O que ocorre dentro do campo tem efeitos restritos a ele”, completou Aloysio. O senador paulista — um dos cotados para ser vice do presidenciável do PSDB, Aécio Neves — também não acha que um fracasso na Copa poderá trazer maiores prejuízos à campanha. “O custo da Copa já está precificado. Este Mundial está regido pelo signo do desperdício, do aumento do gasto público, da inversão de prioridades”, enumerou. “Do campo para dentro, depende dos jogadores. Do campo para fora, restringe-se unicamente ao candidato”, disse.

    Outro cotado para ser vice na chapa de Aécio, caso a opção seja feita por um nome do DEM, o senador José Agripino Maia (DEM/RN) acredita que, se a vitória não é capaz de potencializar votos para a presidente, por outro lado, uma eliminação precoce da Seleção poderá amplificar algumas queixas. “O país está estrangulado em seus serviços básicos, como hospitais, aeroportos e mobilidade urbana. As insatisfações da população poderão ser anestesiadas durante os jogos, mas, após a Copa, voltarão.”

    Fonte: Correio Braziliense / Blog do Sandro Gianelli.