sábado, 19 de novembro de 2016

Governo admite que combate ao desmatamento está paralisado

((o))eco
Há quatro anos estamos sem redução na derrubada de árvores na Amazônia. Foto: Victor Camilo/Flickr
Há quatro anos estamos sem redução na derrubada de árvores na Amazônia. 
Foto: Victor Camilo/Flickr


Durante a Conferência do Clima da ONU em Marrakesh, no Marrocos, o governo brasileiro admitiu que o desmatamento parou de cair no Brasil, essa estagnação pode ser traduzida em quatro anos sem redução na derrubada de árvores na Amazônia. O próprio secretário de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Everton Lucero, reconhece que o desmatamento não está caindo como o esperado.


Lucero afirma ainda que é preciso fortalecer medidas de comando e controle, e que o governo está empenhado em combater o desflorestamento nos demais biomas brasileiros, como o Cerrado. “Vamos em breve começar um sistema de monitoramento no Cerrado”, afirmou Everton Lucero. O secretário disse que esforços serão ampliados para o combate ao desmatamento ilegal e que o governo fará programas de compensação para repor áreas desmatadas dentro da lei.

Fonte original: Época

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AAI · 
Como o Governo fará, se só corta o orçamento e deixa sem condições de trabalho os órgãos responsáveis???

Mata Atlântica tem menos de 300 onças-pintadas

((o))eco
Se nada for feito, a onça-pintada corre risco de extinção na Mata Atlântica, diz estudo da Scientific Reports. Foto: Letícia F. Paes
Se nada for feito, a onça-pintada corre risco de extinção na Mata Atlântica, diz estudo da 
Scientific Reports. Foto: Letícia F. Paes


Um estudo completo sobre a população de onças-pintadas foi publicado na revista Scientific Reports e revelou um dado preocupante: a população de onças-pintadas, conhecidas também como jaguares, está em declínio na Mata Atlântica. O estudo apontou que menos de 300 onças estão presentes no bioma. A perda de habitat e a sua fragmentação estão entre as principais causas para o declínio da onça-pintada, mas a mortalidade induzida pelo homem através da caça é a principal ameaça para a população remanescente.


A onça-pintada é o maior predador da Mata Atlântica, que é um ponto crucial de biodiversidade altamente ameaçada no Brasil, Paraguai e Argentina. A publicação relata que cerca de 85% do habitat da onça na Mata Atlântica foi perdido e apenas 7% permanece em boas condições. O estudo alerta que se nada for feito, a Mata Atlântica será a primeiro bioma a perder o seu maior predador.


Fonte original: Scientific Reports.


Comentários (3)


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paulo ·
Com estes mandatários, muito dificil. 
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Carlos Magalhães 
Não é "mortalidade induzida pelo homem através da caça é a principal ameaça para a população remanescente". Não mesmo. É raríssimo o caso de abate de onça pintada no bioma mata atlântica. Quase inexistente.

A ameaça principal é a diminuição de áreas de mata, fragmentação e invasão de pessoas "roendo pelas bordas" áreas ainda adequadas.

A caça é causa secundária, mas não a caça da onça diretamente, e sim de suas presas: queixadas, catetos, veados, pacas e antas. Isto sim é caçado e interessa ao palmiteiro, ao caboclo, ao caçador.
Avatar de paulo
paulo · 
Na mosca Magalhães.

Fundo da Mata Atlântica do Rio de Janeiro sob ameaça Por André Ilha

O Serviço de Guarda-Parques do INEA for treinado e equipado com recursos do FMA. Foto: Arquivo Inea
O Serviço de Guarda-Parques do INEA for treinado e equipado com recursos do 
Fundo da Mata Atlântica (FMA). Foto: Arquivo Inea


O Fundo da Mata Atlântica (FMA) é um engenhoso e eficiente mecanismo financeiro e operacional desenvolvido durante a gestão de Carlos Minc à frente da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro para otimizar a aplicação dos recursos da compensação ambiental estadual. Tantos e tão rápidos avanços proporcionou ao processo de criação, implantação e gestão das unidades de conservação fluminenses desde a sua criação em 2009 que, hoje, o FMA merece o reconhecimento praticamente unânime dos ambientalistas e estudiosos do tema, e é apontado como, talvez, o melhor modelo em vigor no país para aplicar a compensação ambiental ao fim a que se destina.


A despeito disso tudo, o seu funcionamento encontra-se hoje ameaçado por conta de uma decisão da 11ª Câmara Cível do Rio de Janeiro, que concluiu que o destino desses recursos deveria ser o Fundo Estadual de Controle Ambiental (Fecam), o mesmo que tem tido os seus cofres raspados para mitigar a gravíssima crise financeira do estado, bancando salários e débitos com fornecedores em atraso. Mas esta ainda não é uma decisão definitiva, e há motivos para se ter esperança de que um dos poucos setores da administração estadual que não estão em colapso deixe de ser também tragado pelo caos reinante, com grave e irreversível prejuízo para a biodiversidade fluminense.



Em 2007, as UCs estaduais do Rio de Janeiro e o seu órgão gestor à época, o Instituto Estadual de Florestas, encontravam-se num estado de completa indigência, sem recursos humanos e materiais para investir e geri-las adequadamente. Havia, no entanto, a perspectiva de ingresso de um volume muito grande de dinheiro decorrente dos processos de licenciamento ambiental estaduais, mas nenhuma ideia de como utilizá-los de forma eficiente, sem os entraves costumeiros da administração pública e sem o risco desse precioso recurso ser contingenciado ou desviado para outras finalidades que não as unidades de conservação.
Sede, alojamentos e centro de visitantes da Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, construídos com recursos do FMA. Foto: André Ilha
Sede, alojamentos e centro de visitantes da Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, 
construídos com recursos do FMA. Foto: André Ilha



"(...)pela primeira vez na história procedeu-se à regularização fundiária das UCs estaduais; sedes, alojamentos de guarda-parques e pesquisadores, guaritas, cercas, centros de visitantes etc. foram projetados e construídos em rápida sucessão"
 
 
 
Em vista disso, vislumbrou-se a possibilidade de se criar no Rio de Janeiro um mecanismo inspirado no bem-sucedido projeto Arpa (Áreas Protegidas da Amazônia), que beneficiou dezenas de UCs naquele bioma. O Fundo da Mata Atlântica foi todo construído com rigorosa observância à legislação, com amparo da Procuradoria Geral do Estado, porém valendo-se de um olhar inovador, com base na natureza privada desses recursos, atestada por diversos tribunais de contas no país e pelo próprio TCU. Seu primeiro operador foi o Funbio, única entidade com a expertise para tal, adquirida com a exitosa operação do projeto Arpa e de outros de menor monta Brasil afora.



O FMA, na verdade não é um fundo na acepção jurídica do termo: esse é apenas um apelido, um nome fantasia para um conjunto de contas individuais de empreendedores privados obrigados a destinar uma quantia estipulada no processo de licenciamento ambiental para “apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral”, conforme consta na lei.


Por serem essas contas administradas em conjunto, isso resultou num extraordinário ganho de escala e uniformidade, e emprestou uma eficiência privada à gestão desses recursos e um resultado financeiro adicional que não apenas cobre toda a gestão do mecanismo, mas, também, proporciona um superávit que é reaplicado nas UCs estaduais, federais, municipais e RPPNs por eles contempladas. O controle é rigorosamente feito mediante um sistema informatizado integrado, que resulta em uma transparência sem paralelo, que colocou o RJ no topo do quesito "visibilidade e transparência na aplicação da compensação ambiental" em um amplo estudo feito em todo o Brasil pela organização The Nature Conservancy (TNC), incluído aí o sistema federal de UCs.


Assim, pela primeira vez na história procedeu-se à regularização fundiária das UCs estaduais; sedes, alojamentos de guarda-parques e pesquisadores, guaritas, cercas, centros de visitantes etc. foram projetados e construídos em rápida sucessão; um Serviço de Guarda-Parques comme il faut foi devidamente treinado e equipado; um bem montado Serviço de RPPNs analisou em tempo recorde dezenas de pedidos, ampliando bastante a área protegida do estado; os planos de manejo da maior parte das UCs estaduais foi elaborado; e muito mais.
Os veículos do Serviço de Guarda-Parques do INEA foram adquiridos com recursos do FMA. Foto: André Ilha
Os veículos do Serviço de Guarda-Parques do INEA foram adquiridos com recursos do FMA. 
Foto: André Ilha


Se a novidade e o sucesso dessa iniciativa motivaram inúmeras manifestações de admiração e apoio, por outro lado também geraram, junto aos desavisados ou mal-intencionados, manifestações de suspeita e críticas infundadas. Isso era previsível, pois nenhum grande avanço se dá sem resistência, mas o FMA continuava a prestar mais e melhores serviços até que um promotor de Justiça da Região dos Lagos fluminense, recusando convites para conhecer mais profundamente o mecanismo e sem se importar onde residia o interesse público primário (no caso, o mais eficiente modelo de criação, implantação e gestão de UCs em todo o país), entrou com uma ação civil pública para detonar todo o sistema, tomando como gancho um projeto local por ele apoiado.



Derrotada a sua tese fragorosamente na primeira instância, outros promotores apresentaram recurso à decisão inicial, o que levou à polêmica decisão da 11ª Câmara Cível, que por sua vez já foi também contestada pelos réus (governo do RJ, Inea e Funbio) e possivelmente seguirá para novo e definitivo julgamento no STJ.
A subsede Realengo do Parque Estadual da Pedra Branca foi construída e ampliada via FMA. Foto: André Ilha
A subsede Realengo do Parque Estadual da Pedra Branca foi construída e ampliada via FMA. 
Foto: André Ilha


Mas, teses jurídicas à parte, e considerando que o FMA ofereceu de fato a melhor resposta prática para o problema da aplicação da compensação ambiental em benefício das unidades de conservação, sempre tão abandonadas e maltratadas pelos governos, um grupo de entidades ambientalistas, capitaneadas pela Rede de ONGs da Mata Atlântica e pelo Grupo Ação Ecológica, ingressou com requerimento para que o caso venha a ser objeto de mediação pelo próprio Tribunal de Justiça. O objetivo do pedido é que o FMA venha a ser reanalisado em todas as suas dimensões de forma franca e direta, e não apenas no plano puramente conceitual do Direito (onde, de qualquer forma, é matéria ainda muito controversa), para que todas as partes envolvidas – acusador, réus e autoridade julgadora – concluam juntas onde realmente reside o interesse público na questão.


Estamos confiantes de que prevalecerá o bom-senso, e que nem por um momento será negado às unidades de conservação do Rio de Janeiro o acesso ágil, seguro e transparente aos recursos da compensação ambiental, evitando que sejam elas também lançadas ao turbilhão que está engolindo e triturando as demais instituições estaduais nesse momento.

Reduzir, reutilizar e reciclar: as regras do empreendedorismo verde


Por Duda Menegassi
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Feira de empreendedorismo na PUC-Rio. Fotos: Duda Menegassi


A Feira de Novos Empreendedores, realizada esta semana na PUC-Rio, encheu o pilotis da universidade carioca com estandes de roupas, joias e acessórios. Mas o que poderia ser apenas outro templo para o consumo, virou o palco para bons exemplos de empreendedorismo sustentável. As marcas, criadas pelos próprios alunos, exibem produtos feitos de forma praticamente artesanal, que trazem embutida uma conduta ambientalmente responsável onde o objetivo é não desperdiçar.



Uma dessas iniciativas é o Mó Estúdio, que surgiu em março deste ano com a proposta de criar produtos a partir do reaproveitamento de materiais. O carro-chefe da companhia é o Skate Costella, feito a partir de sobras de madeira compensada da fábrica em que a empresa está encubada, a Artes e Ofícios. O resto da madeira deles, que seria descartado, é captado pelo estúdio, cortado em ripas para melhor aproveitamento e depois transformado, artesanalmente, no skate. “O Costella nasceu do lixo deles, assim como vários outros projetos nossos são feitos a partir desse reaproveitamento do lixo”, explica Larissa Azevedo, 23 anos, uma das designers responsável pela marca. “O lixo, não é lixo, na verdade é a sobra de um produto que você pode aproveitar para outro, e assim evitar a aglomeração de sobras e o desperdício”.
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Mó Estúdio usa sobras de madeira para confeccionar seus produtos


Na mesma proposta de reaproveitamento surgiu o Estúdio Ripa, voltado para criação de jóias. Uma das criadoras da marca, a recém-formada jornalista Gabriella Côrte, explica que o segmento de joia costuma ser automaticamente relacionado à metais e pedras preciosas, mas que esses são recursos, além de não serem renováveis, são muitas vezes extraídos de forma exploratória e nociva ao meio ambiente.



 “A gente queria dar ao nosso usuário o consumo consciente”, resume. Gabriella conta que na produção o lema é “reusar e tentar esgotar ao máximo os materiais, para não ter desperdício”. Além de reaproveitar madeira que seria descartada, na Ripa até o pó lixado é reutilizado como adubo de horta. “Até o que sobra da prata que a gente usa em algumas peças, volta a virar fios e chapas, nada é jogado fora”.
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As joias do Estúdio Ripa tem como máxima reusar materiais


De acordo com a supervisora do Núcleo de Empreendedorismo da PUC, Luiza Martins, que apoiou a organização da feira, a tendência por iniciativas sustentáveis está cada vez maior no mercado.



 “Cada vez as pessoas percebem que os recursos não são infinitos e que precisamos otimizá-los e reaproveitá-los para não ficarmos sem”, disse Luiza. A feira comprovou que soluções não faltam para reaproveitar os materiais, mas ela conta que o maior entrave para esses produtos se popularizarem ainda é o preço. “O produto sustentável é mais caro do que é produzido em massa, porque existe todo um processo por trás daquele produto, em razão dessa preocupação ambiental que torna a produção mais custosa”, explica.


O designer e criador da marca Maré, João Victor Azevedo, reforça: “eu luto para que todos aspectos do produto sejam dentro de uma lógica consciente de sustentabilidade, eu poderia até baratear, mas eu teria que mandar as peças para China e perderia toda a minha consciência com isso”. A Maré, criada em 2015, é especializada na produção de relógios a partir de materiais reaproveitados. Desde o corpo do relógio, feito de madeira de demolição ou restos de móveis, até o painel, pintado com tintas naturais, como o cacau, o açafrão e a beterraba. As pulseiras são de lona reciclável, câmera de pneus reutilizada ou das sobras de couro de uma fábrica de cintos.
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Maré: relógios feitos com materiais recicláveis e tintas naturais, como açafrão e beterraba



A ideia da marca surgiu exatamente com a constatação do desperdício de madeira, inclusive de madeiras nobres. “A gente percebeu que saiam caçambas repletas de madeira descartada pelos laboratórios de design da PUC e pensou no que poderíamos fazer com elas”. Na Maré, assim como no Mó Estúdio e no Ripa Estúdio, imperam os três R’s: Reduzir, reutilizar e reciclar. Mas, também, repensar os processos de produção e de consumo. João se orgulha, “meu produto ainda não é 100% sustentável, mas é 100% consciente”.

Minúsculas, diversas e extremamente ameaçadas


Por Vandré Fonseca
Com três novas identificadas, número de espécies do gênero Thorius chegam a 29. Mas elas correm o risco de desaparecer nas próximas décadas. Crédito: James Hanken.
Com três novas identificadas, número de espécies do gênero Thorius chegam a 29. 
Mas elas correm o risco de desaparecer nas próximas décadas. Crédito: James Hanken.



Manaus, AM -- Três novas espécies das minúsculas salamandras do gênero Thorius, os menores vertebrados terrestres com cauda do mundo, foram descobertas nas altas montanhas de Oaxaca, México. Assim como outras do mesmo grupo, são surpreendentemente pequenas, com aproximadamente dois centímetros de comprimento e com diferenças muito sutis entre elas, que levaram décadas de estudos para serem identificadas.



A descrição da T. pinicola, da T. longicaudus e da T. tlaxiacus foi publicada na edição de 15 de novembro da revista científica Peer J. Para diferenciá-las, foi necessária uma combinação de sofisticadas análises moleculares, que incluem o sequenciamento genético, tomografia computadorizada e estudos da anatomia interna e externa dos bichos. Agora, o número conhecido de espécies do gênero chega a 29, quase todas elas ameaçadas de extinção devido a perda de habitat.



Essas salamandras pigmeias do gênero Thorius foram descritas pela primeira vez no século XIX. Por 75 anos acreditou-se que se tratava de uma única espécie, até a identificação de nove espécies diferentes entre as décadas de 1940 e 1960. Nos anos 1970s, os biólogos descobriram que o gênero tinha uma diversidade ainda maior, embora todas muito parecidas, o que dificultava a identificação. As características de cada uma foram reveladas graças a técnicas moleculares, que levaram então a descobertas de pequenas diferenças na anatomia também.



Endêmicas do México, elas eram muito abundantes, mas enfrentaram um rápido declínio das últimas três décadas e meia. Hoje é difícil de encontrar uma na natureza, não por serem pequenas, mas por terem se tornadas raras. O gênero é considerado o mais ameaçado entre os anfíbios do mundo, segundo os autores do estudo. O reconhecimento da diversidade ao mesmo tempo em que aumenta o risco de extinção é uma tendência global entre os anfíbios.



O número de espécies de salamandras, anuros e cobras-cegas conhecidos tem aumentado num ritmo de 3% ao ano nas últimas três décadas. Em 1985, eram conhecidas aproximadamente 4 mil espécies, hoje são mais de 7,5 mil, com novas sendo acrescidas à lista quase todos os dias. Infelizmente, a revelação desta diversidade coincide com um rápido declínio global desses animais. Os autores do estudo alertam que existe um risco real do gênero Thorius desaparecer nos próximos 50 anos.

Saiba Mais
Artigo: Biology of tiny animals: three new species of minute salamanders (Plethodontidae: Thorius) from Oaxaca, Mexico. Parra-Olea G, Rovito SM, García-París M, Maisano JA, Wake DB, Hanken J.