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Registro de comportamento inusitado sugere que polvos podem ter pesadelos
Quem não se emocionou ao assistir o premiado documentário ‘Professor Polvo’? Esses animais são realmente impressionantes. E a cada nova pesquisa, mais eles nos surpreendem. Cientistas brasileiros, por exemplo, conseguiram identificar que os polvos apresentam duas fases do sono, de maneira similar ao seres humanos. Agora, um novo estudo fez um registro raro do que sugere ser um comportamento parecido ao da experiência de um pesadelo.
Cientistas da Universidade de Rockefeller, em Nova York, gravaram imagens, em quatro ocasiões diferentes, do que parece ser um polvo agitado durante o sono e depois, acordando como se tivesse tido um pesadelo.
Costello, o nome do polvo, é monitorado durante 24 horas por dia por câmeras instaladas próximas ao seu aquário num laboratório. Nos episódios em que se comporta como se tivesse tendo um sonho ruim ele apresenta reações de estresse e de defesa e ataque diante de predadores.
Por duas vezes, enquanto dormia, Costello soltou na água tinta preta, estratégia usada por polvos para enganar inimigos.
No vídeo abaixo é possível ver algumas dessas cenas. O polvo aparece na parede no canto esquerdo da tela. Após mudar de cor, ele demonstra agitação e por fim, libera a tinta preta. Depois disso acorda e age normalmente.
“Foi realmente bizarro, porque parecia que ele estava com dor; parecia que ele poderia estar sofrendo, por um momento”, contou o pesquisador Eric Angel Ramos ao site Live Science. “E então ele simplesmente se levantou como se nada tivesse acontecido e retomou seu dia normalmente”.
Todavia, os cientistas ressaltam que ainda é cedo para afirmar que polvos realmente têm pesadelos ou sonham de uma maneira parecida como nós. O relato da descoberta do comportamento inusitado foi publicado neste artigo científico.
Se sonham ou não, pode ainda existir dúvidas, mas evidências científicas já comprovaram que os polvos são seres sencientes, ou seja, capazes de sentir emoções, como dor, prazer, fome, sede ou alegria. Tal fato foi reconhecido inclusive, em 2021, pelo governo do Reino Unido. A constatação foi feita após um grupo de pesquisadores da London School of Economics and Political Science (LSE) fazer uma análise, baseada em mais de 300 pesquisas e artigos científicos. A conclusão foi de que os cefalópodes, como os polvos, e também decápodes, como caranguejos, lagostas e lagostins, são sencientes.
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Foto de abertura: Dustin Humes on unsplash