As
tempestades de vento são distúrbios que ocorrem naturalmente na
Amazônia, porém combinadas com o desmatamento causado pelo ser humano e o
fogo podem amplificar os impactos na floresta.
Um artigo científico publicado na revista “Journal of Ecology”,
explora as sinergias entre o desmatamento de florestas, fogo e
tempestade de vento como causas da degradação na Amazônia. As áreas mais
fragmentadas e as já atingidas previamente por fogo são as que mais
sofrem com os efeitos das tempestades de vento.
O
estudo quantificou as respostas da vegetação a uma tempestade de alta
intensidade que durou cerca de 30 minutos e ocorreu no sul da Amazônia
em um experimento de fogo em grande escala em 2012. Os dados coletados
antes e após a tempestade indicaram que os danos foram maiores para
grandes árvores, em áreas perto da borda da floresta, e em áreas
queimadas em anos anteriores.
A
área experimental fica na Fazenda Tanguro em Mato Grosso, onde o IPAM
desenvolve o Projeto Tanguro, e consiste em três parcelas de 50 hectares
estabelecidas em 2004, sendo uma que nunca foi queimada (controle), uma
queimada anualmente e outra queimada em intervalos de três anos. Os
resultados mostraram que a tempestade de vento podou, quebrou e arrancou
árvores. Nas parcelas queimadas anualmente 13% das árvores foram
danificadas, na queimada a cada três anos foram 17% e na parcela
controle apenas 8%.
O
pesquisador do IPAM Divino Silvério, que liderou o trabalho, explica
que os resultados são importantes por mostrarem alguns dos processos em
que a grande mortalidade de árvores é observada nas florestas atingidas
pelo fogo, mesmo vários anos após a ocorrência dos incêndios. “O fogo
torna os troncos mais frágeis e mais fáceis de ser quebrados pelo
vento”, afirma Silvério. Ao mesmo tempo, prossegue, a passagem do fogo
reduz a densidade das árvores e a camada de raízes no solo que dá
sustentação aos troncos. Esses processos tornam as árvores remanescentes
muito mais expostas aos ventos. “Assim, mesmo ventos não tão intensos
já são suficientes para o tombamento das árvores”, afirma o cientista.
Silvério
diz também que o fogo tende a matar preferencialmente as árvores
menores deixando para trás as árvores maiores, que são justamente as que
ficam mais expostas aos ventos intensos. Uma vez que a maior parte do
carbono das florestas está estocado nas árvores grandes, e que estas são
atingidas preferencialmente pelos ventos fortes, grande quantidade da
biomassa estocada nas florestas é perdida para atmosfera.
Quatro
anos após a tempestade de vento, cerca de 85% das árvores atingidas
pelo vento nas áreas queimadas e 57% na parcela controle morreram. Outro estudo, publicado em 2018 com participação de um pesquisador do IPAM,
mostrou um aumento na taxa de mortalidade de árvores em florestas
tropicais de diversas partes do mundo devido ao aumento da temperatura,
secas longas e piores, ventos mais fortes, entre outros fatores.
Tudo
indica que as alterações climáticas em curso aumentem a frequência e
intensidade de tempestades de vento, assim, a interação deste fator com
outros processos de degradação causados pelo homem, colocam em cheque a
estabilidade da floresta.
O
Projeto Tanguro é um esforço científico com o objetivo de conciliar a
produção de alimentos e a integridade ambiental com as mudanças
climáticas globais e locais. Ele é composto por um grupo
interdisciplinar de pesquisadores, sob a coordenação do IPAM (Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e com a colaboração da Amaggi, cuja
Fazenda Tanguro, localizada em Querência (MT), serve como centro de
experiências do projeto.
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM
Estudo publicado na Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da USP, revela uma
tendência que se instaurou na política pública de urbanização de favelas
nos anos 1990, retirando dos governos municipal e estadual grande parte
do conhecimento acumulado sobre o entorno de mananciais como os das
represas Billings e Guarapiranga, uma parte importante das cidades da
Região Metropolitana de São Paulo.
Esse conhecimento, presente em
documentos que vão de projetos, mapas até dados estatísticos sobre as
famílias que vivem nessas regiões, são fundamentais para o planejamento e
execução da política pública, mas está, em grande parte, acumulado nos
escritórios e nas experiências dos profissionais de empresas privadas
chamadas gerenciadoras, aponta pesquisa do Centro de Estudos da
Metrópole (CEM) e da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Magaly Marques Pulhez, pesquisadora do CEM e professora do Instituto
das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Luciana
Nicolau Ferrara, professora do Bacharelado em Planejamento Territorial
do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da
UFABC, analisaram os circuitos de conhecimento estabelecidos entre a
gestão pública e as empresas privadas durante a execução do Programa
Guarapiranga, que posteriormente mudou para Programa Mananciais.
Esse programa foi desenvolvido entre 1992 e 2016, com o objetivo de
prover de redes de saneamento e outras infraestruturas os assentamentos
precários ou favelas localizados no entorno das represas Billings,
Guarapiranga e do Alto Tietê e melhorar a qualidade de água dos
respectivos mananciais. Envolveu as prefeituras, como a Secretaria
Municipal de Habitação de São Paulo, por exemplo, e diversos órgãos do
governo do Estado.
Para a execução desse tipo de programa, se tornou frequente a
contratação das gerenciadoras. Ao contrário das construtoras (focadas
nas obras de edificação) e empreiteiras (direcionadas para obras de
infraestrutura), são pouco conhecidas do grande público, mas estão muito
próximas dos órgãos de planejamento e administração do setor público.
“São contratadas para gerenciar o desenvolvimento de um programa em seu
cotidiano, dando uma espécie de apoio administrativo para que o programa
possa acontecer”, explica Magaly.
As gerenciadoras, por exemplo, controlam a contratação de outros
terceirizados e os cronogramas de execução dos serviços. “Fazem a
intermediação entre o Estado, o poder público, outros terceirizados, e a
área objeto de intervenção”, acrescenta. O escopo de atuação das
gerenciadoras se ampliou ao longo dos anos, e hoje elas fazem inclusive o
gerenciamento social, processo de mediação com a população da área que
passará pelo processo de urbanização. Essa atividade envolve mapear,
identificar e acompanhar as famílias que precisarão ser retiradas de
suas casas, mesmo depois do processo de remoção.
Segundo Luciana, que estudou o Programa Mananciais em seu doutorado,
foi possível constatar aspectos positivos e negativos no processo de
contratação de gerenciadoras. “Percebemos, a partir do Programa
Mananciais, que isso permite ao poder público, dentro de um momento de
recessão, de crise, tocar alguns contratos com recursos que ainda se
tem”; ou ainda, “desenvolver um conjunto de ações e subcontratações
dentro dos chamados contratos guarda-chuva, sem os quais a contratação
em separado de cada serviço seria mais difícil por parte da prefeitura”,
aponta. “Por outro lado, muito do conhecimento sobre esses projetos,
que foi um dos temas centrais do nosso estudo, fica nas mãos dessas
empresas gerenciadoras”, diz.
Desde as informações técnicas sobre os contratos com os terceirizados
até os dados atualizados sobre os territórios, como os mapeamentos dos
áreas dos lotes, suas populações e suas demandas, esse conhecimento
fica, em grande parte, nas mãos das gerenciadoras. “No entanto, são
informações básicas, essenciais para a política pública, que precisa ser
monitorada no curto, médio e longo prazo. Como [a prefeitura] vai
estabelecer esse controle sem informação?”, questiona.
Magaly lembra que, quando o poder público passa boa parte desse
arcabouço de informações exclusivamente para um terceirizado, fica
absolutamente dependente deste. “Então é preciso, ciclicamente, renovar o
contrato com essas empresas, um processo de alto custo”, completa.
“Nosso questionamento não se dá sobre os profissionais ou as empresas,
mas sobre esse modelo, que nos traz uma determinada lógica que coloca o
Estado refém e em um lugar de regulação que não conseguimos definir
exatamente qual é”, ressalta.
Porta de entrada para gerenciadoras na política urbana
Magaly estudou em seu doutorado e pós-doutorado a gestão dos projetos
de urbanização no Estado de São Paulo. “Ela tem desenvolvido análises
inovadoras que exploram o tema muito pouco estudado das gerenciadoras e
empresas de engenharia consultiva e constrói uma ponte analítica entre
os estudos sobre a profissão de arquiteto e suas práticas (tema
tradicional no campo da arquitetura) com os estudos sobre políticas
públicas e sobre a economia política do setor de consultoria em cidades
brasileiras”, destaca o vice-coordenador do CEM, professor Eduardo
Marques, que foi supervisor da pesquisadora no pós-doutorado.
Ela constatou que as gerenciadoras, nascidas como firmas e
escritórios de projetos nos anos 1930-1940, se consolidaram nos anos
1960-1970, mas entraram mais firmemente no mercado de empreendimentos
habitacionais na virada dos anos 1980-1990, quando houve o colapso da
política centralizada em nível federal que abriu espaço para atuação
mais direta de Estados e prefeituras.
As gerenciadoras estão presentes na gestão do município de São Paulo
desde pelo menos os anos 1990. “O projeto Guarapiranga, que depois vira
Mananciais, foi praticamente a porta de entrada dessas empresas, quando
começaram a atuar mais fortemente nesse ‘nicho de mercado’ que é a
política habitacional”, destaca.
Contribuíram para abrir esse espaço para as gerenciadoras a forma
como programa foi estruturado, dividido em grandes lotes de obra e em
unidades de gerenciamento, e o tipo de financiamento, a maior parte
internacional, vindo do Banco Mundial, em uma época na qual não existiam
financiamentos federais significativos para urbanização de favelas e
faltavam recursos para prefeituras e governos estaduais.
O banco fazia várias exigências para o tomador do empréstimo,
estabelecendo grandes metas de atendimento, saneamento, urbanização,
segundo Luciana. “A empresa privada veio antes mesmo da assinatura do
próprio contrato, a presença de uma instância de gerenciamento é uma
exigência prévia do banco financiador”, explica Magaly. O banco definiu
em contrato as normas para contratação de consultores terceirizados,
incluindo o perfil das mesmas, influindo fortemente no processo.
Ao lidar com territórios complexos como os das favelas, elas
adquiriram um conhecimento técnico importante, que utilizam para ampliar
seus negócios.
“Os projetos de urbanização de favela vão virar vitrine
para as empresas envolvidas, de forma geral”, destaca Magaly. De posse
de tanta informação, elas construíram seus negócios e, hoje, prestam
serviços também para outras empresas privadas fazendo, por exemplo,
diagnósticos ambientais, mediação de conflito social, plano de bacias
hidrográficas, entre outros tipos de trabalhos.
As pesquisadoras observam o quadro atual da política pública de
urbanização de favelas com preocupação. No governo federal, o assunto
saiu da pauta. “Notamos uma prioridade da atual gestão do Estado e da
prefeitura para as parcerias público-privadas, mas o mercado não vai
investir em algo que não lhe dá retorno”, diz Magaly. “São obras
grandes, precisam de investimento maciço, e sempre com dependência muito
grande de recurso federal.
Os municípios não têm capacidade de
investimento, mesmo São Paulo, que, em tese é um município com muito
mais recursos do que outros”, completa. “É fundamental investirmos na
urbanização de favelas porque a precariedade dos assentamentos é enorme,
a desigualdade socioambiental é muito grande, as pessoas estão vivendo
muito mal, e observamos um recuo dessa política nos últimos anos”,
finaliza Luciana.
O estudo publicado na Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que pode ser acessado no site oficial da publicação.
Reunimos instituições do litoral norte de SP atuantes na questão
do lixo marinho e terrestre, balneabilidade das praias, educação
ambiental, turismo e lazer inclusivo para trabalhar numa agenda de ações
coletivas
Estudos indicam que até 2050 o mar terá mais lixo do que peixes.
Diante essa informação, o Projeto Tecendo as Águas, patrocinado pela
Petrobras, levantou a proposta articular parceiros em torno de uma
bandeira comum #omarnãoestápralixo.
O primeiro passo
foi do Instituto Supereco ao receber neste mês em sua sede
representantes de organizações não-governamentais (ONGs), de
instituições privadas e do poder público. Na ocasião, foi formado o
grupo “Ações em rede”, que será responsável por construir um painel de
parcerias e oportunidades para 2019, a exemplo da campanha “Verão no
Clima”, do Governo do Estado de SP, que mobilizou diversos atores.
“Unir esforços de instituições do litoral norte de SP atuantes
nas mesmas temáticas, e articular suas iniciativas em rede, é
fundamental para enfrentar os desafios da região, como os resíduos e a
poluição que lota os oceanos, praias e rios e a população, que
quadriplica nas temporadas. Precisamos ganhar escala e capilaridade, em
vez de sobrepor ações semelhantes com os mesmos públicos”, afirma a presidente do Instituto Supereco e coordenadora geral do Projeto Tecendo as Águas, Andrée de Ridder Vieira.
Participaram do 1º encontro, a equipe do Projeto Tecendo as Águas,
realizado pelo Supereco, com o patrocínio da Petrobras por meio do
Programa Petrobras Socioambiental, Refresh Brazil, Instituto Terra e
Mar, DTA Engenharia – Porto de São Sebastião, Samuel Costa – Painel
Microlixo, Flow Desenvolvimento Sustentável, Secretarias Municipais de
Meio Ambiente (SEMAM) e de da Pessoa com Deficiência e Idoso (SEPEDI),
da Prefeitura de São Sebastião, Instituto Educa Brasil, Instituto
Argonauta e Grupo de Escoteiros Desbravadores.
Para Luciana Mota, da DTA Engenharia, empresa responsável pelo
Programa de Educação Ambiental do Porto de São Sebastião, o encontro foi
muito importante para somar forças com instituições que trabalham no
litoral norte, que têm esse conhecimento local e estão buscando um
desenvolvimento sustentável e uma educação ambiental que seja acessível a
todos. “Para mim, essa reunião foi fundamental para sairmos das
nossas caixinhas e alcançar resultados mais amplos. A prática de
compartilhar recursos e conhecimentos, com certeza vai fortalecer os
trabalhos durante o ano todo”, ressaltou.
Tatiana Araujo, da Flow Desenvolvimento Sustentável, também deu suas impressões sobre a reunião. “Penso que que é super válido ter esse tipo de ambiente, de diálogo, de fortalecimento da rede”, avaliou.
Estimulados pela agenda farta em oportunidades, o grupo pretende
abrir espaço para outras pessoas interessadas em participar desse
esforço. Os representantes de instituições ou voluntários individuais
devem entrar em contato com a equipe do Tecendo as Águas.
Acompanhe nossas redes sociais e fique por dentro da programação e do que o “Ações em rede” está fazendo por aí:
facebook.com/ProjetoTecendoasAguas facebook.com/institutosupereco e @institutosupereco
A participação auxilia na transparência de informações e fornece apoio à associações e comunidades locais
Dar voz aos atingidos, auxiliar na transparência das
informações e também fornecer apoio técnico, administrativo, jurídico e
humanitário às organizações locais. Este é o papel que as organizações
não governamentais internacionais têm ao acompanhar grandes tragédias
que vem acontecendo no Brasil.
Após o rompimento de uma barragem da Vale
no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), uma equipe da 350.org
Brasil foi acompanhar e dar poder às organizações locais. “Para a
construção coletiva de uma sociedade autônoma e sustentável isso é
imprescindível. E, pelo que tenho acompanhado aqui, isso tem acontecido
de uma forma muito efetiva”, conta o gestor ambiental e campaigner da
organização, Renan Andrade.
Andrade, que tem como função organizar campanhas
informativas, ministrar cursos, treinamentos e atuar na mobilização de
atores sociais, instituições públicas e privadas em busca do
desenvolvimento sustentável e autônomo das comunidades, afirma que as
ONGs têm garantido que as comunidades atingidas por esta e outras
tragédias “não fiquem à mercê de governos e empresas que, em conluio,
violam os direitos humanos e ambientais”.
Durante sua atuação em Brumadinho (MG), o gestor ambiental
que já trabalha em conjunto com a sociedade civil há mais de 15 anos,
avalia que a cidade é muito dependente da mineração e, por isso, a
cidade vai sofrer significativamente os impactos da paralisação das
atividades. “Todas as pessoas de uma cadeia produtiva e de consumo serão
afetadas. O tempo para se recompor não será curto e dependerá muito da
mobilização da sociedade civil organizada, bem como da mobilização da
Vale – que cometeu o crime, e do governo – que corroborou para que isso
acontecesse”, explica.
“Como, neste momento, as empresas costumam acionar
protocolos para desmobilizar as forças populares que agem contra seus
interesses – desarticulando movimentos socioambientais e cooptando
lideranças locais para desestabilizar lutas – as organizações
internacionais devem estar lado a lado compondo essas fileiras de lutas
com as locais de base, que certamente estarão cobrando posturas
adequadas dos poderes públicos e da empresa, como o Movimento Águas e
Serras de Casa Branca/Brumadinho e o Justiça nos Trilhos, que há muito
tempo vem denunciando os desmandos, incompetência e inoperância da Vale
em todo o país e fora dele”, destaca Andrade.
Outras lutas
“Normalmente, nossos trabalhos são mais técnicos, fazemos
visitas e denúncias, nas quais entendemos a dimensão do que acontece e
mensuramos os impactos na vida das pessoas e do meio ambiente, para
então cobrarmos às autoridades a reparação dos danos socioambientais”,
relata.
A equipe, que esteve presente em casos como o recente vazamento
de mais de 60 mil litros de óleo da Transpetro na Baía de Guanabara (RJ)
e nos poços de fracking na Argentina, percebe que alguns acontecimentos
não ganham a mesma atenção e comoção por algumas peculiaridades, como o
fato de envolver vidas humanas. “Não há tanta sensibilidade quando a
natureza é maltratada, haja vista a incessante luta dos defensores de
animais e ambientalistas”.
No entanto, Andrade acredita que exista uma relação entre todas as ações realizadas pela 350.org.
“Qualquer uma dessas tragédias é, deliberadamente, uma violação dos
direitos ambientais e humanos, cometidos por empresas que poderiam
substituir tecnologias ultrapassadas por mais modernas a fim de
minimizar e até anular os impactos socioambientais, com processos de
gestão socioambiental participativos, nos quais a comunidade envolvida
faça parte das tomadas de decisões. E, inclusive aí existe uma outra
relação, pois ambas se baseiam em um modelo econômico exploratório que
vê a natureza e as pessoas como mera mercadoria. Esses modelos tem nos
levado à tragédias como essa e, se assim continuar, nos levarão a
outras”, finaliza.
A 350.org
foi fundada em 2008 por um grupo de amigos universitários nos Estados
Unidos, juntamente com o autor Bill McKibben, que escreveu um dos
primeiros livros sobre o aquecimento global para o público em geral, com
o objetivo de construir um movimento climático global. O nome da 350
vem de 350 partes por milhão, que é a concentração segura de dióxido de
carbono na atmosfera.
Nossas primeiras ações foram dias globais de ação que
conectaram ativistas e organizações em todo o mundo, incluindo o Dia
Internacional de Ação Climática em 2009, o Global Work Party em 2010,
Moving Planet em 2011. A 350 rapidamente se tornou uma colaboração
mundial de organizadores, grupos comunitários e pessoas comuns lutando
pelo futuro.
Hoje, a 350 trabalha em campanhas de base em todo o mundo:
da oposição às fábricas de carvão e megadutos até a criação de soluções
de energia renovável e corte dos laços financeiros da indústria de
combustíveis fósseis. Todo o nosso trabalho aproveita o poder das
pessoas para desmantelar a influência e a infraestrutura da indústria de
combustíveis fósseis.
Por Vilmar S.D. Berna* –
Em dezembro, o superintendente do Ibama-MG, alertou para o risco de
300 barragens inseguras só em MG. O que aconteceu em Mariana, em 2017,
se repetiu em 2019 em Brumadinho, e outras bombas relógios permanecem
armadas prestes a explodir, como em Pontal, por exemplo, com 220 milhões
m³ de água e rejeitos acumulados a montante de populações inteiramente
vulneráveis; Santana com 15,7 milhões m³; Itabiruçu, 220,8 milhões de
m³; Rio Peixe, 12,2 milhões m³; Conceição, 36 milhões m³; Diogo, 2,4
milhões m³; Porteirinha, 1,3 milhões de M3; Monjolo, 400 mil m³, e assim
vai.
Não se aprendeu com os erros, por que é muito mais lucrativo
continuar errando, capitalizando os lucros e socializando os prejuízos.
Só nas últimas três décadas, além de Mariana e Brumadinho, e só no
estado de Minas, a barragem de Fernandinho, em Itabirito, 1986, causou 7
mortos; a da Mineração Rio Verde, Nova Lima, 2001 – 5
mortos; Cataguases, 2003, danos ambientais e desabrigados; Em Miraí, em
2006, e novamente em 2007, desabrigados; Herculano Mineração, Itabirito,
2014 – 3 mortos.
Enquanto isso, a Vale, responsável pelos desastres de Mariana e
Brumadinho, segue dando lucro. Só em 3 meses em 2018, o lucro líquido da
Vale subiu 1.780%, distribuindo R$ 5,753 bilhões aos acionistas. Um ano
antes, no mesmo trimestre, o lucro foi maior, R$ 7, 1 bilhões! O que é
uma multa de R$ 3 mil reais, ou R$ 250 milhões de reais, ou mesmo uma
reparação de alguns bilhões? O recado que o Brasil dá a este tipo de
investidor é muito claro: venha poluir e destruir a natureza brasileira
que aqui a gente garante seus lucros e impunidade.
Toma-la-da-ca
A Vale, sozinha, financiou a eleição de 257 políticos, e não por um
acaso, o Senado brasileiro e o Parlamento Mineiro, arquivaram ou
impediram que avançasse projetos de lei que endureceria regras para
mineradoras.
E como papel aceita tudo, os relatórios de sustentabilidade de
empresas como a Vale seguem como obras de ficção apenas para os
acionistas verem, contando a parte da verdade que lhes interessa e o
resto, “é intriga da oposição”.
A corrupção é um dos maiores problemas socioambientais do Brasil, por
tudo o que permite que aconteça e que não aconteça. Como a falta de
saneamento básico que mata milhões, por exemplo, e uma legislação que
entrega o Brasil e seus recursos naturais de mão beijada aos seus
exploradores.
Barragens de rejeitos a montante de cidades são a pior solução de
engenharia que pode existir e deveria envergonhar qualquer engenheiro
que fosse contratado para projetar uma. Hoje, existem filtros prensa e
inúmeras outras tecnologias alternativas que transformam “rejeito” em
matéria prima para a produção de tijolos, etc.
O problema não é dinheiro. A lava jato está aí de prova de que
dinheiro existe, muito dinheiro, ele só não é empregado para a solução
dos problemas ambientais brasileiros, mas para criar esses problemas com
obras ineficazes, ultrapassadas e inacabadas.
Poderíamos pensar que meio ambiente e sustentabilidade não são
prioridade, mas a verdade é que o povo brasileiro e o Brasil é que não
são prioridades.
Como dizem, sigam o dinheiro. Quem entra na política pobre e aumenta
de uma hora para outra seu patrimônio em milhares de vezes, é óbvio que
está roubando! Política não é para enriquecer ninguém, política é para
cuidar do bem comum.
Não é por que a maioria tenha escolhido a cegueira coletiva que todos tem de se fazer de cegos, surdos e mudos também.
Os que enxergam tem o dever moral de serem incansáveis em denunciar e expor a verdade que está oculta.
E não é por que muitos não querem saber, não querem ouvir, que as verdades não tem de ser ditas em alto e bom som.
E por isso é importante fortalecer as democracias, por que apesar de
todos os seus problemas, ainda é o único sistema que permite aos
opositores se expressarem, ainda que ninguém queira lhes dar ouvidos.
*Vilmar S.D. Berna é escritor e jornalista. Fundou a REBIA – Rede
Brasileira de Informação Ambiental. É editor desde janeiro de 1996 da
Revista do Meio Ambiente e do Portal do Meio Ambiente. Em 1999, recebeu
no Japão o Prêmio global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o
Prêmio Verde das Américas.
Um novo estudo sobre o comportamento
dos zangões (macho de espécies de abelhas sociais) indica que o risco de
alimentos contaminados com pesticidas entrarem nas colônias de abelhas é
maior do que se pensava até então. A conclusão é de um estudo produzido
por uma equipe da Imperial College London e da Queen Mary University,
ambas instituições britânicas, que analisaram os neonicotinóides. Neonicotinóide é uma classe de
inseticida derivado da nicotina. E apesar de ser usado no mundo inteiro
ele é proibido em quase toda a União Europeia. O impacto dos
neonicotinóides nas abelhas é bastante debatido e sua proibição recebeu
opiniões divergentes.
“As abelhas parecem evitar os
alimentos tratados com neonicotinóides. No entanto, à medida que
experimentam cada vez mais os alimentos tratados, elas desenvolvem uma
preferência por elas”, afirma o pesquisador-chefe, Richard Gill, do
Departamento de Ciências da Vida da Imperial College London.
“Curiosamente, os neonicotinóides têm
como alvo receptores nervosos em insetos semelhantes aos receptores
direcionados pela nicotina em mamíferos. Nossas descobertas de que os
zangões adquirem um gosto por neonicotinóides têm certos sintomas de
comportamento aditivo, o que é intrigante, dadas as propriedades
viciantes da nicotina em seres humanos, embora sejam necessárias mais
pesquisas para determinar isso em abelhas”, explica Gill.
Rastreando abelhas
No estudo, a equipe rastreou dez
colônias de abelhas ao longo de dez dias, dando a cada uma delas acesso à
sua própria arena de forrageamento -, a saída do animal a procura de
alimento. As abelhas tinham acesso a soluções de açúcar puro e a um
composto que continha neonicotinóides ou neônicos. Ou seja, podiam
escolher. Eles descobriram que, embora as
abelhas preferissem o alimento livre de pesticidas no início, com o
tempo elas se alimentaram mais da comida com pesticidas e visitaram
menos os alimentos livres de pesticidas. Eles continuaram a preferir os
alimentos com pesticidas mesmo quando as posições dos comedouros foram
alteradas, sugerindo que conseguem detectar o pesticida dentro dos
alimentos.
Novas descobertas
O autor principal, Andres Arce, do
Departamento de Ciências da Vida da Imperial College London, ressalta os
progressos da nova pesquisa que vão além do material já coletado até
agora. “Muitos estudos sobre neonicotinóides alimentam abelhas
exclusivamente com alimentos carregados de pesticidas, mas na realidade,
as abelhas selvagens têm uma escolha de onde se alimentar”. A ideia então, segundo Arce, era
“saber se as abelhas poderiam detectar os pesticidas e, eventualmente,
aprender a evitá-las alimentando-se dos alimentos não contaminados que
estávamos oferecendo”. Como foi descoberto que os zangões procuravam
mais os alimentos com pesticidas ao longo do tempo, a questão a partir
de agora é “entender o mecanismo por trás do porquê eles adquirirem essa
preferência”. “Esta pesquisa expande importantes
trabalhos anteriores de grupos nas Universidades de Newcastle e Dublin.
Aqui, adicionamos uma dimensão de tempo e permitimos que as abelhas
realizassem um comportamento de forrageio mais normal, para entender a
dinâmica da preferência de pesticidas. Juntos, esses estudos nos
permitem avaliar adequadamente os riscos da exposição e não apenas o
perigo apresentado”, afirma Gill.
Das 191 plantas cultivadas ou silvestres utilizadas para a produção
de alimentos no Brasil, com processo de polinização conhecido, 60%
dependem da visita de polinizadores, como as abelhas, para se
reproduzir. Entre esses cultivos estão alguns de grande importância para
a agricultura brasileira, como a soja, o café, o feijão, e a laranja.
Esse serviço ambiental (ecossistêmico), estimado em R$ 43 bilhões
anuais, fundamental para garantir a segurança alimentar da população e a
renda dos agricultores brasileiros, tem sido ameaçado por fatores como o
desmatamento, as mudanças climáticas e o uso de agrotóxicos. A fim de
combater essas ameaças, que colocam em risco a produção de alimentos e a
conservação da biodiversidade brasileira, são necessárias políticas
públicas que integrem ações em diversas áreas, como a do meio ambiente,
da agricultura e da ciência e tecnologia.
O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores autores do 1º
Relatório Temático de Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos
no Brasil e lançado na última quarta-feira (6), durante evento na
FAPESP. O relatório foi elaborado nos últimos dois anos por um grupo de
12 pesquisadores e revisado por 11 especialistas.
“O relatório aponta que o serviço ecossistêmico de polinização tem
uma importância não só do ponto de vista biológico, da conservação das
espécies em si, como também econômica. É essa mensagem que pretendemos
fazer chegar a quem toma decisões no agronegócio, no que se refere ao
uso de substâncias de controle de pragas ou de uso da terra no país”,
disse Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), coordenador do programa BIOTA-FAPESP.
O estudo indica que a lista de “visitantes” das culturas agrícolas
supera 600 animais, dos quais, no mínimo, 250 têm potencial de
polinizador. Entre eles estão borboletas, vespas, morcegos, percevejos e
lagartos.
As abelhas predominam, participando da polinização de 80% das 114
culturas agrícolas que dependem da visita de polinizadores e são
responsáveis pela polinização exclusiva de 65% delas.
Os pesquisadores avaliaram o grau de dependência da polinização por
animais de 91 plantas para a produção de frutas, hortaliças, legumes,
grãos, oleaginosas e de outras partes dos cultivos usadas para consumo
humano, como o palmito e a erva-mate.
As análises revelaram que, para 76% delas, a ação desses
polinizadores aumenta a quantidade ou a qualidade da produção agrícola.
Nesse grupo de plantas, a dependência da polinização é essencial para
35%, alta para 24%, modesta para 10% e pouca para 7%.
A partir das taxas de dependência de polinização dessas plantas, os
pesquisadores estimaram o valor econômico do serviço ecossistêmico de
polinização para a produção de alimentos no Brasil. O cálculo foi feito
por meio da multiplicação da taxa de dependência de polinização por
animais pela produção anual do cultivo.
Os resultados indicaram que o valor do serviço ecossistêmico de
polinização para a produção de alimentos no país girou em torno de R$ 43
bilhões em 2018. Cerca de 80% desse valor está relacionado a quatro
cultivos de grande importância agrícola: a soja, o café, a laranja e a
maçã.
“Esse valor ainda está subestimado, uma vez que esses 69 cultivos
representam apenas 30% das plantas cultivadas ou silvestres usadas para
produção de alimentos no Brasil”, ressaltou Wolowski.
Fatores de risco
O relatório também destaca que o serviço ecossistêmico de polinização
no Brasil tem sido ameaçado por diversos fatores, tais como
desmatamento, mudanças climáticas, poluição ambiental, agrotóxicos, espécies invasoras, doenças e patógenos.
“Como esses fatores de risco que ameaçam os polinizadores não ocorrem
de maneira isolada é difícil atribuir o peso de cada um deles
separadamente na questão da redução das populações de polinizadores que
tem sido observada no mundo”, disse Wolowski.
Na avaliação dos pesquisadores, apesar do cenário adverso, há
diversas oportunidades disponíveis para melhorar o serviço ecossistêmico
de polinização, diminuir as ameaças aos polinizadores e aumentar o
valor agregado dos produtos agrícolas associados a eles no Brasil.
Uma política pública destinada aos polinizadores, à polinização e à
produção de alimentos beneficiaria a conservação desse serviço
ecossistêmico e promoveria a agricultura sustentável no país, estimam os
pesquisadores.
Registro de áreas remotas de desertos da Mongólia, monitoramento de
queimadas na Califórnia e entrega de suprimentos médicos na Ruanda são
algumas das contribuições dos drones para a humanidade. Se no início
foram desenvolvidos para fins militares, hoje são utilizados nas mais
diversas áreas, sendo as ações relacionadas ao meio ambiente um terreno
fértil para eles.
Esse é o caso do projeto “Explorando o uso de drones para apoiar a
conservação e restauração de florestas no Mosaico de Áreas Protegidas do
Sertão Veredas-Peruaçu”. Graças a ele, Drones também sobrevoarão o
Cerrado, a savana mais biodiversa do planeta e que já perdeu 50% de sua
área original. A missão? A conservação do Mosaico Sertão
Veredas-Peruaçu, região que engloba 25 áreas protegidas, envolvendo o
norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia.
O projeto é financiado pelo Fundo de Inovação Florestal da Rede WWF, que
busca explorar possíveis aplicações de drones de baixo custo no apoio à
conservação, proteção e manejo de florestas. É realizado em parceria
entre o WWF-Brasil, a KWF Kashmir World Foundation de tecnologia e
robótica e o Mosaico de Áreas Protegidas do Sertão Veredas-Peruaçu, e
conta com apoio do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu/ICMBIO e da
COOPERUAÇU Cooperativa dos Agricultores Familiares e Extrativistas do
Vale do Peruaçu.
Conhecimentos Tradicionais e novas tecnologias
Segundo Felipe Spina, biólogo e analista de Conservação do WWF-Brasil,
“o uso de novas tecnologias para a conservação é um dos objetivos do WWF
Brasil. Para que os esforços de restauração e conservação sejam
bem-sucedidos, devemos envolver significativamente as pessoas locais e
combinar o conhecimento tradicional com a ciência e a tecnologia.
Orientando assim práticas de conservação consistentes e o
desenvolvimento de políticas públicas inovadoras. Além, claro, de tornar
o conhecimento realmente acessível".
Com este intuito de mesclar conhecimento local e tecnologia, o projeto
oferece um workshop gratuito no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu em
MG, entre os dias 04 e 09 de fevereiro. Intitulado Fly for Conservation,
ou “Voando pela Conservação”, a oficina vai treinar aproximadamente 35
pessoas em montagem e a pilotagem de veículos aéreos não tripulados, os
drones.
Felipe explica que o projeto explora o uso de pequenos drones de baixo
custo e de código aberto para auxiliar no manejo florestal, na
restauração e no monitoramento de unidades de conservação e de
agroecologia da região.
“Estamos trabalhando para capacitar os membros da Cooperativa
Agroecológica Cooperuaçu formada para o extrativismo sustentável de
árvores frutíferas do Cerrado, bem como equipes locais envolvidas em
conservação, como gerentes de Áreas Protegidas, Guarda-parques, brigadas
de incêndios florestais, ONGs, universidades e a comunidade local.
Queremos empoderá-los com novas tecnologias para conservação e manejo
sustentável dos recursos naturais dessa importante região", explica.
Mapeamento de Áreas Queimadas
Raoni Japiassu Merisse, analista ambiental do ICMBio Mambaí-GO-APA
Nascentes do Rio Vermelho, teve sua primeira experiência com drones e
comenta sobre a oficina, “graças ao ritmo de exposição dos conteúdos e
da clareza demonstrada pelos instrutores, não estou tendo dificuldade de
me familiarizar com essa nova ferramenta de trabalho”.
Raoni conta seus planos com a nova ferramenta em mãos: “no ICMBIO de
Mambaí, queremos utilizar os drones para mapear áreas queimadas e
monitorar os danos causados pelo fogo. Como qualquer unidade de
conservação (UC) do Cerrado, temos problemas com o fogo. Porém
vislumbramos várias outras ações de gestão das nossas UCs que também
poderão fazer bom uso do drone, como a identificação de acampamento de
caçadores e pescadores. Assim podemos melhorar a eficácia e a segurança
das ações de fiscalização”, completa.
Turismo e Destinos Inteligentes
O professor Hebert Canela, do Curso de Turismo da Faculdade
Interdisciplinar em Humanidades, Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri, relata que a realização do workshop anima os
trabalhos do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, e fortalece a gestão
integrada e a governança nesse incrível território.
“A potente conexão entre as viagens e as novas tecnologias, trabalhadas
com responsabilidade, ambienta transformações para um novo mundo
possível, inclusive para o turismo, valoriza os princípios do Código de
Ética Mundial para o Turismo, o patrimônio natural e cultural dos
lugares e renova as noções sobre destinos inteligentes”, comenta. Hebert
ressalta que esta ação educacional promove a interculturalidade e
fomenta a transposição do conhecimento para as políticas públicas.
Novos ares para o extrativismo e a sustentabilidade
O curso também é uma oportunidade para qualificar e profissionalizar o
extrativismo local, aliando conhecimento tradicional na coleta dos
frutos com a tecnologia dos drones. “É possível saber a quantidade de
plantas por hectare, acompanhar produtividade, condições das plantas,
período de floração e frutificação, áreas degradadas passíveis de
recuperação com espécies nativas e agroflorestas dentre muitas outras
possibilidades.” Observa Joel Araújo Sirqueira, Coordenador da
Cooperuaçu, Professor Coordenador do Polo Avançado Peruaçu/IFNMG.
“Outro ponto de extrema importância é a participação dos comunitários e
jovens do recém criado Curso Técnico em Agropecuária do IFNMG/ Polo
Avançado Peruaçu, criando uma motivação extra e agregando muito
conhecimento tecnológico em sua formação, principalmente considerando
que são cooperados, extrativistas, filhos, netos ou parentes de
extrativistas e agricultores familiares que podem lançar mão do uso dos
drones para o desenvolvimento regional sustentável”.
Os drones são uma ferramenta crucial na luta moderna para proteger
ambientes ecologicamente ameaçados e espécies ameaçadas de extinção. “Os
conservacionistas estão sendo capacitados na mais recente tecnologia
para monitorar os desafios ambientais, como incêndios florestais,
deslizamentos e desmatamento. Estamos muito animados com as
contribuições deste curso para a população local e para a integridade do
Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu”, conclui Felipe Spina, do WWF-Brasil.
Mais sobre o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu
O Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, localizado no norte de Minas
Gerais e sudoeste da Bahia, foi recentemente ampliado de 1.8 milhão de
hectares para mais de 3 milhões de hectares, passando a ter um total de
25 áreas protegidas. O território do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu faz
parte da região dos Gerais, imortalizada pelo escritor Guimarães Rosa,
em que a diversidade ambiental, que abriga espécies endêmicas da fauna e
flora do Cerrado, convive com a riqueza cultural dos povos
tradicionais, mas tem sido alvo de desmatamento, queimadas e devastação.
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC),
os mosaicos de áreas protegidas são instrumentos de gestão e
ordenamento territorial que têm por finalidade a conservação da
biodiversidade por meio da integração entre as unidades de conservação e
demais áreas protegidas de um determinado território.
A atuação do WWF-Brasil
O Cerrado é um dos biomas mais ricos do planeta em formas de vida. A
flora, a fauna e a cultura existentes fazem do bioma uma das mais
importantes regiões naturais a serem preservadas para as futuras
gerações. O Cerrado fica no coração do Brasil, conectando três países da
América do Sul e funcionando como um elo entre quatro dos cinco biomas
brasileiros. A região é a casa de mais de cinco mil espécies
brasileiras, como o Lobo-Guará, o Tamanduá Bandeira e a Onça-Pintada.
Além disso, abastece grandes reservatórios e bacias hidrográficas do
país, sendo, por isso, chamado de “o berço das águas”. Mas o Cerrado
está ameaçado pela ação do homem. E esse patrimônio de todos precisa ser
visto com outros olhos.
O WWF-Brasil atua na região do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu desde
2010, por meio do Programa Cerrado Pantanal, desenvolvendo na região o
Projeto Sertões. Em sua primeira fase (2010-2014), as ações do projeto
foram focadas, principalmente, no incentivo à adoção de boas práticas de
produção agropecuária (BPA’s); à implementação e gestão integrada das
unidades de conservação; à comunicação, visando a valorização e o
resgate do Cerrado e o planejamento territorial que visa o planejamento
sistemático da conservação no bioma Cerrado. A segunda fase (2014-2019)
prevê uma ampliação das linhas de ação, incluindo o fortalecimento do
apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado.
O livro Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental nas Escolas do Distrito Federal – Escolas Sustentáveis
foi publicado em 2018 pela Agência Reguladora de Águas, Energia e
Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), com recurso da
Representação da UNESCO no Brasil.
Acesse o livro Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental nas Escolas do Distrito Federal – Escolas Sustentáveis - 2018 clique aqui (completo - impressão) ou clique aqui (versão digital)
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, FAÇO SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
Título I
Do Zoneamento Ecológico-Econômico
Art.
1º Fica instituído o Zoneamento Ecológico-Econômico do Distrito Federal
- ZEE-DF, instrumento estratégico de planejamento e gestão territorial,
cujas diretrizes e critérios passam a orientar as políticas públicas
distritais voltadas ao desenvolvimento socioeconômico sustentável e à
melhoria da qualidade de vida da população, em cumprimento à Lei
Orgânica do Distrito Federal, segundo o disposto no art. 279 e no art.
26 do Ato das Disposições Transitórias, e em observância ao disposto no
art. 4º, III, c, da Lei federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001.
Parágrafo
único. O ZEE-DF é um zoneamento de riscos, tanto ecológicos quanto
socioeconômicos, a ser obrigatoriamente considerado para a definição de
zoneamentos de usos, no âmbito do planejamento e gestão territorial...
Dispõe sobre a obrigatoriedade de os estabelecimentos
comerciais utilizarem canudo e copo fabricados com
produtos biodegradáveis na forma que menciona.
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, FAÇO SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
Art.
1º As organizações públicas e privadas, incluindo microempreendedores
individuais, bem como as entidades da administração direta, autárquica e
fundacional do Distrito Federal, ficam obrigadas a substituir as
embalagens descartáveis para consumo de alimentos, incluindo copos e
canudos de plástico fornecidos a título oneroso ou gratuito, por
produtos elaborados a partir de materiais biodegradáveis.
§
1º Para aplicação desta Lei, entendem-se por materiais biodegradáveis
aqueles não oriundos de polímeros sintéticos fabricados à base de
petróleo, elaborados a partir de matérias orgânicas como fibras naturais
celulósicas, amidos de milho e mandioca, bagaço de cana, óleo de
mamona, cana-deaçúcar, beterraba, ácido lático, milho e proteína de soja
e outras fibras e materiais orgânicos.
§
2º Fica o governo do Distrito Federal obrigado, a partir da vigência
desta Lei, a exigir, em seus novos editais de contratação de acordo com o
disposto no art. 1º da Lei nº 4.770, de 22 de fevereiro de 2012, e no
art. 8º da Lei nº 4.797, de 6 de março de 2012, que seus fornecedores
cumpram o disposto nesta Lei.
Art. 2º A inobservância do disposto nesta Lei implica ao infrator as seguintes penalidades:
I
- multa no valor de R$1.000,00 a R$5.000,00, de acordo com o porte do
estabelecimento, conforme critérios a serem definidos em regulamento
próprio;
II - em caso de reincidência, cumula-se a multa com suspensão das atividades.
§ 1º Em caso de nova reincidência, a multa é aplicada em dobro.
§ 2º Os valores previstos no inciso I são atualizados anualmente pelo índice oficial do Poder Executivo.
Art. 3º (VETADO).
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Tá quente por aí? Por aqui está – e muito! Mesmo com a chuva, a previsão
para os próximos dias é de máximas entre 27ºC e 38ºC em todo o país,
segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ou seja, não vai ter mesmo como fugir do calor.
Para amenizar as altas temperaturas, muitos brasileiros estão usando e
abusando do ar condicionado e dos ventiladores. Mas isso acarreta em
outro fenômeno: o aumento do consumo de energia!
Em janeiro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou o maior consumo nos últimos cinco anos.
Foram dois recordes consecutivos de carga registrados no Sistema
Interligado Nacional (SIN), nos dias 15 e 16, ambos no meio da tarde. A
carga máxima ultrapassou 87.000 megawatts (MW). O recorde anterior tinha
sido registrado em fevereiro de 2014, com um pico de 85.708 MW.
Solução que vem do Sol
“Os picos de consumo deste ano ainda não afetaram o fornecimento de
energia em nenhuma região do Brasil, mas esse tipo de fenômeno pode, a
longo prazo, influenciar os valores da conta de luz”, explica Alessandra Mathyas, do WWF-Brasil.
Para se prevenir, muitos brasileiros estão em busca de novas alternativas de fonte de energia, como a solar. Chamada de energia fotovoltaica, ela usa os raios solares para gerar eletricidade e está ficando cada vez mais barata e acessível.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar)
estima que, só neste ano, o setor deve investir R$ 5,2 bilhões em
geração distribuída (produção próxima aos pontos de consumo) e em
parques solares de grande porte (conectados à rede de transmissão do
Sistema Interligado Nacional).
A previsão da Absolar é que, em 2019, a capacidade instalada de geração
de energia solar no país cresça 44%, oferecendo 3.306,4 MW para os
brasileiros.
Calculadora de Projetos Fotovoltaicos
Para fomentar o acesso a esse tipo de energia, o Banco do Brasil e o
WWF-Brasil, por meio de parceria de oito anos em prol da Economia Verde
no país, criaram a Calculadora de Projetos Fotovoltaicos.
A ferramenta, digital e aberta ao público, analisa, de acordo com o
consumo de eletricidade e localidade de um usuário, o potencial de
economia na fatura de eletricidade e a redução de emissões de Gases de
Efeito Estufa (GEE) proporcionados por um sistema fotovoltaico próprio.
A calculadora também permite simular o financiamento do projeto, apresentando o retorno financeiro obtido com ele:
“Nosso objetivo é que cada vez mais pessoas conheçam fontes alternativas
de energia, ajudando a diminuir o impacto no meio ambiente e, de
quebra, economizando com a conta de eletricidade”, explica Gabriel Santamaria, do Banco do Brasil.
E você? Já conhece a energia fotovoltaica? Mande suas dúvidas pra gente!