quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Tempestades de vento intensificam a degradação de florestas




As tempestades de vento são distúrbios que ocorrem naturalmente na Amazônia, porém combinadas com o desmatamento causado pelo ser humano e o fogo podem amplificar os impactos na floresta.
Um artigo científico publicado na revista “Journal of Ecology”, explora as sinergias entre o desmatamento de florestas, fogo e tempestade de vento como causas da degradação na Amazônia. As áreas mais fragmentadas e as já atingidas previamente por fogo são as que mais sofrem com os efeitos das tempestades de vento.
O estudo quantificou as respostas da vegetação a uma tempestade de alta intensidade que durou cerca de 30 minutos e ocorreu no sul da Amazônia em um experimento de fogo em grande escala em 2012. Os dados coletados antes e após a tempestade indicaram que os danos foram maiores para grandes árvores, em áreas perto da borda da floresta, e em áreas queimadas em anos anteriores.
A área experimental fica na Fazenda Tanguro em Mato Grosso, onde o IPAM  desenvolve o Projeto Tanguro, e consiste em três parcelas de 50 hectares estabelecidas em 2004, sendo uma que nunca foi queimada (controle), uma queimada anualmente e outra queimada em intervalos de três anos. Os resultados mostraram que a tempestade de vento podou, quebrou e arrancou árvores. Nas parcelas queimadas anualmente 13% das árvores foram danificadas, na queimada a cada três anos foram 17% e na parcela controle apenas 8%.
O pesquisador do IPAM Divino Silvério, que liderou o trabalho, explica que os resultados são importantes por mostrarem alguns dos processos em que a grande mortalidade de árvores é observada nas florestas atingidas pelo fogo, mesmo vários anos após a ocorrência dos incêndios. “O fogo torna os troncos mais frágeis e mais fáceis de ser quebrados pelo vento”, afirma Silvério. Ao mesmo tempo, prossegue, a passagem do fogo reduz a densidade das árvores e a camada de raízes no solo que dá sustentação aos troncos. Esses processos tornam as árvores remanescentes muito mais expostas aos ventos. “Assim, mesmo ventos não tão intensos já são suficientes para o tombamento das árvores”, afirma o cientista.
Silvério diz também que o fogo tende a matar preferencialmente as árvores menores deixando para trás as árvores maiores, que são justamente as que ficam mais expostas aos ventos intensos. Uma vez que a maior parte do carbono das florestas está estocado nas árvores grandes, e que estas são atingidas preferencialmente pelos ventos fortes, grande quantidade da biomassa estocada nas florestas é perdida para atmosfera.
Quatro anos após a tempestade de vento, cerca de 85% das árvores atingidas pelo vento nas áreas queimadas e 57% na parcela controle morreram. Outro estudo, publicado em 2018 com participação de um pesquisador do IPAM, mostrou um aumento na taxa de mortalidade de árvores em florestas tropicais de diversas partes do mundo devido ao aumento da temperatura, secas longas e piores, ventos mais fortes, entre outros fatores.   
Tudo indica que as alterações climáticas em curso aumentem a frequência e intensidade de tempestades de vento, assim, a interação deste fator com outros processos de degradação causados pelo homem, colocam em cheque a estabilidade da floresta.
 O Projeto Tanguro é um esforço científico com o objetivo de conciliar a produção de alimentos e a integridade ambiental com as mudanças climáticas globais e locais. Ele é composto por um grupo interdisciplinar de pesquisadores, sob a coordenação do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e com a colaboração da Amaggi, cuja Fazenda Tanguro, localizada em Querência (MT), serve como centro de experiências do projeto.

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM

Setor privado domina conhecimentos sobre obras em áreas de mananciais



Setor privado domina conhecimentos sobre obras em áreas de mananciais

Pesquisadoras analisam como gestão pública conduz política de urbanização de favelas, atividade que passa por terceirização para empresas privadas





Construções nas margens da represa Billings, que é um dos principais reservatórios de água 
da Região Metropolitana de São Paulo – Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil
Estudo publicado na Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da USP, revela uma tendência que se instaurou na política pública de urbanização de favelas nos anos 1990, retirando dos governos municipal e estadual grande parte do conhecimento acumulado sobre o entorno de mananciais como os das represas Billings e Guarapiranga, uma parte importante das cidades da Região Metropolitana de São Paulo.

Esse conhecimento, presente em documentos que vão de projetos, mapas até dados estatísticos sobre as famílias que vivem nessas regiões, são fundamentais para o planejamento e execução da política pública, mas está, em grande parte, acumulado nos escritórios e nas experiências dos profissionais de empresas privadas chamadas gerenciadoras, aponta pesquisa do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e da Universidade Federal do ABC (UFABC).


Magaly Marques Pulhez, pesquisadora do CEM e professora do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Luciana Nicolau Ferrara, professora do Bacharelado em Planejamento Territorial do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC, analisaram os circuitos de conhecimento estabelecidos entre a gestão pública e as empresas privadas durante a execução do Programa Guarapiranga, que posteriormente mudou para Programa Mananciais.


Esse programa foi desenvolvido entre 1992 e 2016, com o objetivo de prover de redes de saneamento e outras infraestruturas os assentamentos precários ou favelas localizados no entorno das represas Billings, Guarapiranga e do Alto Tietê e melhorar a qualidade de água dos respectivos mananciais. Envolveu as prefeituras, como a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo, por exemplo, e diversos órgãos do governo do Estado.


Para a execução desse tipo de programa, se tornou frequente a contratação das gerenciadoras. Ao contrário das construtoras (focadas nas obras de edificação) e empreiteiras (direcionadas para obras de infraestrutura), são pouco conhecidas do grande público, mas estão muito próximas dos órgãos de planejamento e administração do setor público. “São contratadas para gerenciar o desenvolvimento de um programa em seu cotidiano, dando uma espécie de apoio administrativo para que o programa possa acontecer”, explica Magaly.

Represa Guarapiranga – Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil
As gerenciadoras, por exemplo, controlam a contratação de outros terceirizados e os cronogramas de execução dos serviços. “Fazem a intermediação entre o Estado, o poder público, outros terceirizados, e a área objeto de intervenção”, acrescenta. O escopo de atuação das gerenciadoras se ampliou ao longo dos anos, e hoje elas fazem inclusive o gerenciamento social, processo de mediação com a população da área que passará pelo processo de urbanização. Essa atividade envolve mapear, identificar e acompanhar as famílias que precisarão ser retiradas de suas casas, mesmo depois do processo de remoção.


Segundo Luciana, que estudou o Programa Mananciais em seu doutorado, foi possível constatar aspectos positivos e negativos no processo de contratação de gerenciadoras. “Percebemos, a partir do Programa Mananciais, que isso permite ao poder público, dentro de um momento de recessão, de crise, tocar alguns contratos com recursos que ainda se tem”; ou ainda, “desenvolver um conjunto de ações e subcontratações dentro dos chamados contratos guarda-chuva, sem os quais a contratação em separado de cada serviço seria mais difícil por parte da prefeitura”, aponta. “Por outro lado, muito do conhecimento sobre esses projetos, que foi um dos temas centrais do nosso estudo, fica nas mãos dessas empresas gerenciadoras”, diz.


Desde as informações técnicas sobre os contratos com os terceirizados até os dados atualizados sobre os territórios, como os mapeamentos dos áreas dos lotes, suas populações e suas demandas, esse conhecimento fica, em grande parte, nas mãos das gerenciadoras. “No entanto, são informações básicas, essenciais para a política pública, que precisa ser monitorada no curto, médio e longo prazo. Como [a prefeitura] vai estabelecer esse controle sem informação?”, questiona.


Magaly lembra que, quando o poder público passa boa parte desse arcabouço de informações exclusivamente para um terceirizado, fica absolutamente dependente deste. “Então é preciso, ciclicamente, renovar o contrato com essas empresas, um processo de alto custo”, completa. “Nosso questionamento não se dá sobre os profissionais ou as empresas, mas sobre esse modelo, que nos traz uma determinada lógica que coloca o Estado refém e em um lugar de regulação que não conseguimos definir exatamente qual é”, ressalta.

Porta de entrada para gerenciadoras na política urbana

 

Magaly estudou em seu doutorado e pós-doutorado a gestão dos projetos de urbanização no Estado de São Paulo. “Ela tem desenvolvido análises inovadoras que exploram o tema muito pouco estudado das gerenciadoras e empresas de engenharia consultiva e constrói uma ponte analítica entre os estudos sobre a profissão de arquiteto e suas práticas (tema tradicional no campo da arquitetura) com os estudos sobre políticas públicas e sobre a economia política do setor de consultoria em cidades brasileiras”, destaca o vice-coordenador do CEM, professor Eduardo Marques, que foi supervisor da pesquisadora no pós-doutorado.


Ela constatou que as gerenciadoras, nascidas como firmas e escritórios de projetos nos anos 1930-1940, se consolidaram nos anos 1960-1970, mas entraram mais firmemente no mercado de empreendimentos habitacionais na virada dos anos 1980-1990, quando houve o colapso da política centralizada em nível federal que abriu espaço para atuação mais direta de Estados e prefeituras.


As gerenciadoras estão presentes na gestão do município de São Paulo desde pelo menos os anos 1990. “O projeto Guarapiranga, que depois vira Mananciais, foi praticamente a porta de entrada dessas empresas, quando começaram a atuar mais fortemente nesse ‘nicho de mercado’ que é a política habitacional”, destaca.


Contribuíram para abrir esse espaço para as gerenciadoras a forma como programa foi estruturado, dividido em grandes lotes de obra e em unidades de gerenciamento, e o tipo de financiamento, a maior parte internacional, vindo do Banco Mundial, em uma época na qual não existiam financiamentos federais significativos para urbanização de favelas e faltavam recursos para prefeituras e governos estaduais.

Represa de Taiaçupeba, na bacia hidrográfica do Alto Tietê – Foto: André Bonacin via Wikimedia Commons / CC BY 3.0
O banco fazia várias exigências para o tomador do empréstimo, estabelecendo grandes metas de atendimento, saneamento, urbanização, segundo Luciana. “A empresa privada veio antes mesmo da assinatura do próprio contrato, a presença de uma instância de gerenciamento é uma exigência prévia do banco financiador”, explica Magaly. O banco definiu em contrato as normas para contratação de consultores terceirizados, incluindo o perfil das mesmas, influindo fortemente no processo.



Ao lidar com territórios complexos como os das favelas, elas adquiriram um conhecimento técnico importante, que utilizam para ampliar seus negócios.


“Os projetos de urbanização de favela vão virar vitrine para as empresas envolvidas, de forma geral”, destaca Magaly. De posse de tanta informação, elas construíram seus negócios e, hoje, prestam serviços também para outras empresas privadas fazendo, por exemplo, diagnósticos ambientais, mediação de conflito social, plano de bacias hidrográficas, entre outros tipos de trabalhos.


As pesquisadoras observam o quadro atual da política pública de urbanização de favelas com preocupação. No governo federal, o assunto saiu da pauta. “Notamos uma prioridade da atual gestão do Estado e da prefeitura para as parcerias público-privadas, mas o mercado não vai investir em algo que não lhe dá retorno”, diz Magaly. “São obras grandes, precisam de investimento maciço, e sempre com dependência muito grande de recurso federal. 


Os municípios não têm capacidade de investimento, mesmo São Paulo, que, em tese é um município com muito mais recursos do que outros”, completa. “É fundamental investirmos na urbanização de favelas porque a precariedade dos assentamentos é enorme, a desigualdade socioambiental é muito grande, as pessoas estão vivendo muito mal, e observamos um recuo dessa política nos últimos anos”, finaliza Luciana.


O estudo publicado na Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que pode ser acessado no site oficial da publicação.


Assessoria de Comunicação do CEM

Instituto Supereco articula rede de parceiros em defesa dos oceanos e do turismo sustentável

Reunimos instituições do litoral norte de SP atuantes na questão do lixo marinho e terrestre, balneabilidade das praias, educação ambiental, turismo e lazer inclusivo para trabalhar numa agenda de ações coletivas
 
Estudos indicam que até 2050 o mar terá mais lixo do que peixes. Diante essa informação, o Projeto Tecendo as Águas, patrocinado pela Petrobras, levantou a proposta articular parceiros em torno de uma bandeira comum #omarnãoestápralixo.


O primeiro passo foi do Instituto Supereco ao receber neste mês em sua sede representantes de organizações não-governamentais (ONGs), de instituições privadas e do poder público. Na ocasião, foi formado o grupo “Ações em rede”, que será responsável por construir um painel de parcerias e oportunidades para 2019, a exemplo da campanha “Verão no Clima”, do Governo do Estado de SP, que mobilizou diversos atores.

15 minutos de mutirão no balneário dos trabalhadores_divulgação Supereco
“Unir esforços de instituições do litoral norte de SP atuantes nas mesmas temáticas, e articular suas iniciativas em rede, é fundamental para enfrentar os desafios da região, como os resíduos e a poluição que lota os oceanos, praias e rios e a população, que quadriplica nas temporadas. Precisamos ganhar escala e capilaridade, em vez de sobrepor ações semelhantes com os mesmos públicos”, afirma a presidente do Instituto Supereco e coordenadora geral do Projeto Tecendo as Águas, Andrée de Ridder Vieira.


Participaram do 1º encontro, a equipe do Projeto Tecendo as Águas, realizado pelo Supereco, com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, Refresh Brazil, Instituto Terra e Mar, DTA Engenharia – Porto de São Sebastião, Samuel Costa – Painel Microlixo, Flow Desenvolvimento Sustentável, Secretarias Municipais de Meio Ambiente (SEMAM) e de da Pessoa com Deficiência e Idoso (SEPEDI), da Prefeitura de São Sebastião, Instituto Educa Brasil, Instituto Argonauta e Grupo de Escoteiros Desbravadores.


Para Luciana Mota, da DTA Engenharia, empresa responsável pelo Programa de Educação Ambiental do Porto de São Sebastião, o encontro foi muito importante para somar forças com instituições que trabalham no litoral norte, que têm esse conhecimento local e estão buscando um desenvolvimento sustentável e uma educação ambiental que seja acessível a todos. “Para mim, essa reunião foi fundamental para sairmos das nossas caixinhas e alcançar resultados mais amplos. A prática de compartilhar recursos e conhecimentos, com certeza vai fortalecer os trabalhos durante o ano todo”, ressaltou.


Tatiana Araujo, da Flow Desenvolvimento Sustentável, também deu suas impressões sobre a reunião. Penso que que é super válido ter esse tipo de ambiente, de diálogo, de fortalecimento da rede”, avaliou.


Estimulados pela agenda farta em oportunidades, o grupo pretende abrir espaço para outras pessoas interessadas em participar desse esforço. Os representantes de instituições ou voluntários individuais devem entrar em contato com a equipe do Tecendo as Águas.


Acompanhe nossas redes sociais e fique por dentro da programação e do que o “Ações em rede” está fazendo por aí:


facebook.com/ProjetoTecendoasAguas
facebook.com/institutosupereco e
@institutosupereco

Entenda a importância da atuação de ONGs internacionais em tragédias como a de Brumadinho (MG)




A participação auxilia na transparência de informações e fornece apoio à associações e comunidades locais

Dar voz aos atingidos, auxiliar na transparência das informações e também fornecer apoio técnico, administrativo, jurídico e humanitário às organizações locais. Este é o papel que as organizações não governamentais internacionais têm ao acompanhar grandes tragédias que vem acontecendo no Brasil. 


Após o rompimento de uma barragem da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), uma equipe da 350.org Brasil foi acompanhar e dar poder às organizações locais. “Para a construção coletiva de uma sociedade autônoma e sustentável isso é imprescindível. E, pelo que tenho acompanhado aqui, isso tem acontecido de uma forma muito efetiva”, conta o gestor ambiental e campaigner da organização, Renan Andrade.

Andrade, que tem como função organizar campanhas informativas, ministrar cursos, treinamentos e atuar na mobilização de atores sociais, instituições públicas e privadas em busca do desenvolvimento sustentável e autônomo das comunidades, afirma que as ONGs têm garantido que as comunidades atingidas por esta e outras tragédias “não fiquem à mercê de governos e empresas que, em conluio, violam os direitos humanos e ambientais”.


Durante sua atuação em Brumadinho (MG), o gestor ambiental que já trabalha em conjunto com a sociedade civil há mais de 15 anos, avalia que a cidade é muito dependente da mineração e, por isso, a cidade vai sofrer significativamente os impactos da paralisação das atividades. “Todas as pessoas de uma cadeia produtiva e de consumo serão afetadas. O tempo para se recompor não será curto e dependerá muito da mobilização da sociedade civil organizada, bem como da mobilização da Vale – que cometeu o crime, e do governo – que corroborou para que isso acontecesse”, explica.

“Como, neste momento, as empresas costumam acionar protocolos para desmobilizar as forças populares que agem contra seus interesses – desarticulando movimentos socioambientais e cooptando lideranças locais para desestabilizar lutas – as organizações internacionais devem estar lado a lado compondo essas fileiras de lutas com as locais de base, que certamente estarão cobrando posturas adequadas dos poderes públicos e da empresa, como o Movimento Águas e Serras de Casa Branca/Brumadinho e o Justiça nos Trilhos, que há muito tempo vem denunciando os desmandos, incompetência e inoperância da Vale em todo o país e fora dele”, destaca Andrade.


Outras lutas
“Normalmente, nossos trabalhos são mais técnicos, fazemos visitas e denúncias, nas quais entendemos a dimensão do que acontece e mensuramos os impactos na vida das pessoas e do meio ambiente, para então cobrarmos às autoridades a reparação dos danos socioambientais”, relata.


 A equipe, que esteve presente em casos como o recente vazamento de mais de 60 mil litros de óleo da Transpetro na Baía de Guanabara (RJ) e nos poços de fracking na Argentina, percebe que alguns acontecimentos não ganham a mesma atenção e comoção por algumas peculiaridades, como o fato de envolver vidas humanas. “Não há tanta sensibilidade quando a natureza é maltratada, haja vista a incessante luta dos defensores de animais e ambientalistas”.


No entanto, Andrade acredita que exista uma relação entre todas as ações realizadas pela 350.org. “Qualquer uma dessas tragédias é, deliberadamente, uma violação dos direitos ambientais e humanos, cometidos por empresas que poderiam substituir tecnologias ultrapassadas por mais modernas a fim de minimizar e até anular os impactos socioambientais, com processos de gestão socioambiental participativos, nos quais a comunidade envolvida faça parte das tomadas de decisões. E, inclusive aí existe uma outra relação, pois ambas se baseiam em um modelo econômico exploratório que vê a natureza e as pessoas como mera mercadoria. Esses modelos tem nos levado à tragédias como essa e, se assim continuar, nos levarão a outras”, finaliza.

Sobre a 350.org Brasil


A 350.org foi fundada em 2008 por um grupo de amigos universitários nos Estados Unidos, juntamente com o autor Bill McKibben, que escreveu um dos primeiros livros sobre o aquecimento global para o público em geral, com o objetivo de construir um movimento climático global. O nome da 350 vem de 350 partes por milhão, que é a concentração segura de dióxido de carbono na atmosfera.

Nossas primeiras ações foram dias globais de ação que conectaram ativistas e organizações em todo o mundo, incluindo o Dia Internacional de Ação Climática em 2009, o Global Work Party em 2010, Moving Planet em 2011. A 350 rapidamente se tornou uma colaboração mundial de organizadores, grupos comunitários e pessoas comuns lutando pelo futuro.


Hoje, a 350 trabalha em campanhas de base em todo o mundo: da oposição às fábricas de carvão e megadutos até a criação de soluções de energia renovável e corte dos laços financeiros da indústria de combustíveis fósseis. Todo o nosso trabalho aproveita o poder das pessoas para desmantelar a influência e a infraestrutura da indústria de combustíveis fósseis.


(#Envolverde)

Meio ambiente, corrupção e democracia




Por Vilmar S.D. Berna* – 
 
Em dezembro, o superintendente do Ibama-MG, alertou para o risco de 300 barragens inseguras só em MG. O que aconteceu em Mariana, em 2017, se repetiu em 2019 em Brumadinho, e outras bombas relógios permanecem armadas prestes a explodir, como em Pontal, por exemplo, com 220 milhões m³ de água e rejeitos acumulados a montante de populações inteiramente vulneráveis; Santana com 15,7 milhões m³; Itabiruçu, 220,8 milhões de m³; Rio Peixe, 12,2 milhões m³; Conceição, 36 milhões m³; Diogo, 2,4 milhões m³; Porteirinha, 1,3 milhões de M3; Monjolo, 400 mil m³, e assim vai.

Não se aprendeu com os erros, por que é muito mais lucrativo continuar errando, capitalizando os lucros e socializando os prejuízos.

Só nas últimas três décadas, além de Mariana e Brumadinho, e só no estado de Minas, a barragem de Fernandinho, em Itabirito, 1986, causou 7 mortos; a da Mineração Rio Verde, Nova Lima, 2001 – 5 mortos; Cataguases, 2003, danos ambientais e desabrigados; Em Miraí, em 2006, e novamente em 2007, desabrigados; Herculano Mineração, Itabirito, 2014 – 3 mortos.

Enquanto isso, a Vale, responsável pelos desastres de Mariana e Brumadinho, segue dando lucro. Só em 3 meses em 2018, o lucro líquido da Vale subiu 1.780%, distribuindo R$ 5,753 bilhões aos acionistas. Um ano antes, no mesmo trimestre, o lucro foi maior, R$ 7, 1 bilhões! O que é uma multa de R$ 3 mil reais, ou R$ 250 milhões de reais, ou mesmo uma reparação de alguns bilhões? O recado que o Brasil dá a este tipo de investidor é muito claro: venha poluir e destruir a natureza brasileira que aqui a gente garante seus lucros e impunidade.

Toma-la-da-ca

A Vale, sozinha, financiou a eleição de 257 políticos, e não por um acaso, o Senado brasileiro e o Parlamento Mineiro, arquivaram ou impediram que avançasse projetos de lei que endureceria regras para mineradoras.

E como papel aceita tudo, os relatórios de sustentabilidade de empresas como a Vale seguem como obras de ficção apenas para os acionistas verem, contando a parte da verdade que lhes interessa e o resto, “é intriga da oposição”.

A corrupção é um dos maiores problemas socioambientais do Brasil, por tudo o que permite que aconteça e que não aconteça. Como a falta de saneamento básico que mata milhões, por exemplo, e uma legislação que entrega o Brasil e seus recursos naturais de mão beijada aos seus exploradores.
Barragens de rejeitos a montante de cidades são a pior solução de engenharia que pode existir e deveria envergonhar qualquer engenheiro que fosse contratado para projetar uma. Hoje, existem filtros prensa e inúmeras outras tecnologias alternativas que transformam “rejeito” em matéria prima para a produção de tijolos, etc.

O problema não é dinheiro. A lava jato está aí de prova de que dinheiro existe, muito dinheiro, ele só não é empregado para a solução dos problemas ambientais brasileiros, mas para criar esses problemas com obras ineficazes, ultrapassadas e inacabadas.

Poderíamos pensar que meio ambiente e sustentabilidade não são prioridade, mas a verdade é que o povo brasileiro e o Brasil é que não são prioridades.

Como dizem, sigam o dinheiro. Quem entra na política pobre e aumenta de uma hora para outra seu patrimônio em milhares de vezes, é óbvio que está roubando! Política não é para enriquecer ninguém, política é para cuidar do bem comum.

Não é por que a maioria tenha escolhido a  cegueira coletiva que todos tem de se fazer de cegos, surdos e mudos também.

Os que enxergam tem o dever moral de serem incansáveis em denunciar e expor a verdade que está oculta.

E não é por que muitos não querem saber, não querem ouvir, que as verdades não tem de ser ditas em alto e bom som.

E por isso é importante fortalecer as democracias, por que apesar de todos os seus problemas, ainda é o único sistema que permite aos opositores se expressarem, ainda que ninguém queira lhes dar ouvidos.

*Vilmar S.D. Berna é escritor e jornalista. Fundou a REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental. É editor desde janeiro de 1996 da Revista do Meio Ambiente e do Portal do Meio Ambiente. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas.

(#Envolverde)

Abelhas estão viciadas em pesticida à base de nicotina, sugere estudo

 

 

Abelhas estão viciadas em pesticida à base de nicotina, sugere estudo

Os zangões adquirem gosto por pesticidas à medida que são mais expostos a eles.

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Um novo estudo sobre o comportamento dos zangões (macho de espécies de abelhas sociais) indica que o risco de alimentos contaminados com pesticidas entrarem nas colônias de abelhas é maior do que se pensava até então. A conclusão é de um estudo produzido por uma equipe da Imperial College London e da Queen Mary University, ambas instituições britânicas, que analisaram os neonicotinóides. 
 
Neonicotinóide é uma classe de inseticida derivado da nicotina. E apesar de ser usado no mundo inteiro ele é proibido em quase toda a União Europeia. O impacto dos neonicotinóides nas abelhas é bastante debatido e sua proibição recebeu opiniões divergentes.

“As abelhas parecem evitar os alimentos tratados com neonicotinóides. No entanto, à medida que experimentam cada vez mais os alimentos tratados, elas desenvolvem uma preferência por elas”, afirma o pesquisador-chefe, Richard Gill, do Departamento de Ciências da Vida da Imperial College London.

“Curiosamente, os neonicotinóides têm como alvo receptores nervosos em insetos semelhantes aos receptores direcionados pela nicotina em mamíferos. Nossas descobertas de que os zangões adquirem um gosto por neonicotinóides têm certos sintomas de comportamento aditivo, o que é intrigante, dadas as propriedades viciantes da nicotina em seres humanos, embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar isso em abelhas”, explica Gill.

Rastreando abelhas

No estudo, a equipe rastreou dez colônias de abelhas ao longo de dez dias, dando a cada uma delas acesso à sua própria arena de forrageamento -, a saída do animal a procura de alimento. As abelhas tinham acesso a soluções de açúcar puro e a um composto que continha neonicotinóides ou neônicos. Ou seja, podiam escolher.
Eles descobriram que, embora as abelhas preferissem o alimento livre de pesticidas no início, com o tempo elas se alimentaram mais da comida com pesticidas e visitaram menos os alimentos livres de pesticidas. Eles continuaram a preferir os alimentos com pesticidas mesmo quando as posições dos comedouros foram alteradas, sugerindo que conseguem detectar o pesticida dentro dos alimentos.

Novas descobertas

O autor principal, Andres Arce, do Departamento de Ciências da Vida da Imperial College London, ressalta os progressos da nova pesquisa que vão além do material já coletado até agora. “Muitos estudos sobre neonicotinóides alimentam abelhas exclusivamente com alimentos carregados de pesticidas, mas na realidade, as abelhas selvagens têm uma escolha de onde se alimentar”.
A ideia então, segundo Arce, era “saber se as abelhas poderiam detectar os pesticidas e, eventualmente, aprender a evitá-las alimentando-se dos alimentos não contaminados que estávamos oferecendo”. Como foi descoberto que os zangões procuravam mais os alimentos com pesticidas ao longo do tempo, a questão a partir de agora é “entender o mecanismo por trás do porquê eles adquirirem essa preferência”.
“Esta pesquisa expande importantes trabalhos anteriores de grupos nas Universidades de Newcastle e Dublin. Aqui, adicionamos uma dimensão de tempo e permitimos que as abelhas realizassem um comportamento de forrageio mais normal, para entender a dinâmica da preferência de pesticidas. Juntos, esses estudos nos permitem avaliar adequadamente os riscos da exposição e não apenas o perigo apresentado”, afirma Gill.

O estudo “Foraging bumblebees acquire a preference for neonicotinoid treated food with prolonged exposure” teve a participação dos pesquisadores Andres N. Arce, Ana Ramos Rodrigues, Jiajun Yu, Thomas J. Colgan, Yannick Wurm and Richard J. Gill e foi publicado no Proceedings of the Royal Society B.
Por Imperial College London.

Polinizadores contribuem em R$ 43 bi por ano na economia nacional

 

Polinizadores contribuem em R$ 43 bi por ano na economia nacional

Declínio desse serviço ambiental põe em risco a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade brasileira.


Das 191 plantas cultivadas ou silvestres utilizadas para a produção de alimentos no Brasil, com processo de polinização conhecido, 60% dependem da visita de polinizadores, como as abelhas, para se reproduzir. Entre esses cultivos estão alguns de grande importância para a agricultura brasileira, como a soja, o café, o feijão, e a laranja.

Esse serviço ambiental (ecossistêmico), estimado em R$ 43 bilhões anuais, fundamental para garantir a segurança alimentar da população e a renda dos agricultores brasileiros, tem sido ameaçado por fatores como o desmatamento, as mudanças climáticas e o uso de agrotóxicos. A fim de combater essas ameaças, que colocam em risco a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade brasileira, são necessárias políticas públicas que integrem ações em diversas áreas, como a do meio ambiente, da agricultura e da ciência e tecnologia.

O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores autores do 1º Relatório Temático de Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil e lançado na última quarta-feira (6), durante evento na FAPESP. O relatório foi elaborado nos últimos dois anos por um grupo de 12 pesquisadores e revisado por 11 especialistas.

“O relatório aponta que o serviço ecossistêmico de polinização tem uma importância não só do ponto de vista biológico, da conservação das espécies em si, como também econômica. É essa mensagem que pretendemos fazer chegar a quem toma decisões no agronegócio, no que se refere ao uso de substâncias de controle de pragas ou de uso da terra no país”, disse Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do programa BIOTA-FAPESP.

O estudo indica que a lista de “visitantes” das culturas agrícolas supera 600 animais, dos quais, no mínimo, 250 têm potencial de polinizador. Entre eles estão borboletas, vespas, morcegos, percevejos e lagartos.

As abelhas predominam, participando da polinização de 80% das 114 culturas agrícolas que dependem da visita de polinizadores e são responsáveis pela polinização exclusiva de 65% delas.


Polinizador na flor do café. | Foto da capa: Abelha na flor do feijão.
Os pesquisadores avaliaram o grau de dependência da polinização por animais de 91 plantas para a produção de frutas, hortaliças, legumes, grãos, oleaginosas e de outras partes dos cultivos usadas para consumo humano, como o palmito e a erva-mate.

As análises revelaram que, para 76% delas, a ação desses polinizadores aumenta a quantidade ou a qualidade da produção agrícola. Nesse grupo de plantas, a dependência da polinização é essencial para 35%, alta para 24%, modesta para 10% e pouca para 7%.

A partir das taxas de dependência de polinização dessas plantas, os pesquisadores estimaram o valor econômico do serviço ecossistêmico de polinização para a produção de alimentos no Brasil. O cálculo foi feito por meio da multiplicação da taxa de dependência de polinização por animais pela produção anual do cultivo.

Os resultados indicaram que o valor do serviço ecossistêmico de polinização para a produção de alimentos no país girou em torno de R$ 43 bilhões em 2018. Cerca de 80% desse valor está relacionado a quatro cultivos de grande importância agrícola: a soja, o café, a laranja e a maçã.
“Esse valor ainda está subestimado, uma vez que esses 69 cultivos representam apenas 30% das plantas cultivadas ou silvestres usadas para produção de alimentos no Brasil”, ressaltou Wolowski.

Fatores de risco

O relatório também destaca que o serviço ecossistêmico de polinização no Brasil tem sido ameaçado por diversos fatores, tais como desmatamento, mudanças climáticas, poluição ambiental, agrotóxicos, espécies invasoras, doenças e patógenos.

“Como esses fatores de risco que ameaçam os polinizadores não ocorrem de maneira isolada é difícil atribuir o peso de cada um deles separadamente na questão da redução das populações de polinizadores que tem sido observada no mundo”, disse Wolowski.

Na avaliação dos pesquisadores, apesar do cenário adverso, há diversas oportunidades disponíveis para melhorar o serviço ecossistêmico de polinização, diminuir as ameaças aos polinizadores e aumentar o valor agregado dos produtos agrícolas associados a eles no Brasil.

Uma política pública destinada aos polinizadores, à polinização e à produção de alimentos beneficiaria a conservação desse serviço ecossistêmico e promoveria a agricultura sustentável no país, estimam os pesquisadores.

Leia na íntegra na Agência Fapesp

Drones no céu do Cerrado:conservar e restaurar o Sertão Veredas-Peruaçu

WWFDrones no céu do Cerrado:conservar e restaurar o Sertão Veredas-Peruaçu



07 Fevereiro 2019   |   0 Comments
Por Marcos Piovesan
 
Registro de áreas remotas de desertos da Mongólia, monitoramento de queimadas na Califórnia e entrega de suprimentos médicos na Ruanda são algumas das contribuições dos drones para a humanidade. Se no início foram desenvolvidos para fins militares, hoje são utilizados nas mais diversas áreas, sendo as ações relacionadas ao meio ambiente um terreno fértil para eles.

Esse é o caso do projeto “Explorando o uso de drones para apoiar a conservação e restauração de florestas no Mosaico de Áreas Protegidas do Sertão Veredas-Peruaçu”. Graças a ele, Drones também sobrevoarão o Cerrado, a savana mais biodiversa do planeta e que já perdeu 50% de sua área original. A missão? A conservação do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, região que engloba 25 áreas protegidas, envolvendo o norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia.

O projeto é financiado pelo Fundo de Inovação Florestal da Rede WWF, que busca explorar possíveis aplicações de drones de baixo custo no apoio à conservação, proteção e manejo de florestas. É realizado em parceria entre o WWF-Brasil, a KWF Kashmir World Foundation de tecnologia e robótica e o Mosaico de Áreas Protegidas do Sertão Veredas-Peruaçu, e conta com apoio do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu/ICMBIO e da COOPERUAÇU Cooperativa dos Agricultores Familiares e Extrativistas do Vale do Peruaçu.

Conhecimentos Tradicionais e novas tecnologias
Segundo Felipe Spina, biólogo e analista de Conservação do WWF-Brasil, “o uso de novas tecnologias para a conservação é um dos objetivos do WWF Brasil. Para que os esforços de restauração e conservação sejam bem-sucedidos, devemos envolver significativamente as pessoas locais e combinar o conhecimento tradicional com a ciência e a tecnologia. Orientando assim práticas de conservação consistentes e o desenvolvimento de políticas públicas inovadoras. Além, claro, de tornar o conhecimento realmente acessível".

Com este intuito de mesclar conhecimento local e tecnologia, o projeto oferece um workshop gratuito no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu em MG, entre os dias 04 e 09 de fevereiro.  Intitulado Fly for Conservation, ou “Voando pela Conservação”, a oficina vai treinar aproximadamente 35 pessoas em montagem e a pilotagem de veículos aéreos não tripulados, os drones.

Felipe explica que o projeto explora o uso de pequenos drones de baixo custo e de código aberto para auxiliar no manejo florestal, na restauração e no monitoramento de unidades de conservação e de agroecologia da região.

“Estamos trabalhando para capacitar os membros da Cooperativa Agroecológica Cooperuaçu formada para o extrativismo sustentável de árvores frutíferas do Cerrado, bem como equipes locais envolvidas em conservação, como gerentes de Áreas Protegidas, Guarda-parques, brigadas de incêndios florestais, ONGs, universidades e a comunidade local. Queremos empoderá-los com novas tecnologias para conservação e manejo sustentável dos recursos naturais dessa importante região", explica.

Mapeamento de Áreas Queimadas
Raoni Japiassu Merisse, analista ambiental do ICMBio Mambaí-GO-APA Nascentes do Rio Vermelho, teve sua primeira experiência com drones e comenta sobre a oficina, “graças ao ritmo de exposição dos conteúdos e da clareza demonstrada pelos instrutores, não estou tendo dificuldade de me familiarizar com essa nova ferramenta de trabalho”.

Raoni conta seus planos com a nova ferramenta em mãos: “no ICMBIO de Mambaí, queremos utilizar os drones para mapear áreas queimadas e monitorar os danos causados pelo fogo. Como qualquer unidade de conservação (UC) do Cerrado, temos problemas com o fogo. Porém vislumbramos várias outras ações de gestão das nossas UCs que também poderão fazer bom uso do drone, como a identificação de acampamento de caçadores e pescadores. Assim podemos melhorar a eficácia e a segurança das ações de fiscalização”, completa.

Turismo e Destinos Inteligentes
O professor Hebert Canela, do Curso de Turismo da Faculdade Interdisciplinar em Humanidades, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, relata que a realização do workshop anima os trabalhos do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, e fortalece a gestão integrada e a governança nesse incrível território.

“A potente conexão entre as viagens e as novas tecnologias, trabalhadas com responsabilidade, ambienta transformações para um novo mundo possível, inclusive para o turismo, valoriza os princípios do Código de Ética Mundial para o Turismo, o patrimônio natural e cultural dos lugares e renova as noções sobre destinos inteligentes”, comenta. Hebert ressalta que esta ação educacional promove a interculturalidade e fomenta a transposição do conhecimento para as políticas públicas.

Novos ares para o extrativismo e a sustentabilidade
O curso também é uma oportunidade para qualificar e profissionalizar o extrativismo local, aliando conhecimento tradicional na coleta dos frutos com a tecnologia dos drones. “É possível saber a quantidade de plantas por hectare, acompanhar produtividade, condições das plantas, período de floração e frutificação, áreas degradadas passíveis de recuperação com espécies nativas e agroflorestas dentre muitas outras possibilidades.” Observa Joel Araújo Sirqueira, Coordenador da Cooperuaçu, Professor Coordenador do Polo Avançado Peruaçu/IFNMG.

“Outro ponto de extrema importância é a participação dos comunitários e jovens do recém criado Curso Técnico em Agropecuária do IFNMG/ Polo Avançado Peruaçu, criando uma motivação extra e agregando muito conhecimento tecnológico em sua formação, principalmente considerando que são cooperados, extrativistas, filhos, netos ou parentes de extrativistas e agricultores familiares que podem lançar mão do uso dos drones para o desenvolvimento regional sustentável”.

Os drones são uma ferramenta crucial na luta moderna para proteger ambientes ecologicamente ameaçados e espécies ameaçadas de extinção. “Os conservacionistas estão sendo capacitados na mais recente tecnologia para monitorar os desafios ambientais, como incêndios florestais, deslizamentos e desmatamento. Estamos muito animados com as contribuições deste curso para a população local e para a integridade do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu”, conclui Felipe Spina, do WWF-Brasil.
 
 
Mais sobre o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu
O Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, localizado no norte de Minas Gerais e sudoeste da Bahia, foi recentemente ampliado de 1.8 milhão de hectares para mais de 3 milhões de hectares, passando a ter um total de 25 áreas protegidas. O território do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu faz parte da região dos Gerais, imortalizada pelo escritor Guimarães Rosa, em que a diversidade ambiental, que abriga espécies endêmicas da fauna e flora do Cerrado, convive com a riqueza cultural dos povos tradicionais, mas tem sido alvo de desmatamento, queimadas e devastação.
 
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os mosaicos de áreas protegidas são instrumentos de gestão e ordenamento territorial que têm por finalidade a conservação da biodiversidade por meio da integração entre as unidades de conservação e demais áreas protegidas de um determinado território.

 
A atuação do WWF-Brasil
O Cerrado é um dos biomas mais ricos do planeta em formas de vida. A flora, a fauna e a cultura existentes fazem do bioma uma das mais importantes regiões naturais a serem preservadas para as futuras gerações. O Cerrado fica no coração do Brasil, conectando três países da América do Sul e funcionando como um elo entre quatro dos cinco biomas brasileiros. A região é a casa de mais de cinco mil espécies brasileiras, como o Lobo-Guará, o Tamanduá Bandeira e a Onça-Pintada. Além disso, abastece grandes reservatórios e bacias hidrográficas do país, sendo, por isso, chamado de “o berço das águas”. Mas o Cerrado está ameaçado pela ação do homem. E esse patrimônio de todos precisa ser visto com outros olhos.
 
O WWF-Brasil atua na região do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu desde 2010, por meio do Programa Cerrado Pantanal, desenvolvendo na região o Projeto Sertões. Em sua primeira fase (2010-2014), as ações do projeto foram focadas, principalmente, no incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA’s); à implementação e gestão integrada das unidades de conservação; à comunicação, visando a valorização e o resgate do Cerrado e o planejamento territorial que visa o planejamento sistemático da conservação no bioma Cerrado. A segunda fase (2014-2019) prevê uma ampliação das linhas de ação, incluindo o fortalecimento do apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado.
 

Livro: Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental nas Escolas do Distrito Federal


Posted: 07 Jan 2019 06:04 AM PST
O livro Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental nas Escolas do Distrito Federal – Escolas Sustentáveis foi publicado em 2018 pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), com recurso da Representação da UNESCO no Brasil.
 
 
Acesse o livro Trilhas e Caminhos para a Sustentabilidade Ambiental nas Escolas do Distrito Federal – Escolas Sustentáveis - 2018 clique aqui (completo - impressão) ou clique aqui (versão digital)

Fonte: Adasa

Lei nº 6.269/2019 - Zoneamento Ecológico-Econômico do Distrito Federal - ZEE-DF

Posted: 08 Feb 2019 12:50 PM PST
LEI Nº 6.269, DE 29 DE JANEIRO DE 2019
(Autoria do Projeto: Poder Executivo)

Institui o Zoneamento Ecológico-Econômico do 
Distrito Federal - ZEE-DF em cumprimento ao 
art. 279 e ao art. 26 do Ato das Disposições 
Transitórias da Lei Orgânica do Distrito Federal 
e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, FAÇO SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:

Título I
Do Zoneamento Ecológico-Econômico

Art. 1º Fica instituído o Zoneamento Ecológico-Econômico do Distrito Federal - ZEE-DF, instrumento estratégico de planejamento e gestão territorial, cujas diretrizes e critérios passam a orientar as políticas públicas distritais voltadas ao desenvolvimento socioeconômico sustentável e à melhoria da qualidade de vida da população, em cumprimento à Lei Orgânica do Distrito Federal, segundo o disposto no art. 279 e no art. 26 do Ato das Disposições Transitórias, e em observância ao disposto no art. 4º, III, c, da Lei federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001.

Parágrafo único. O ZEE-DF é um zoneamento de riscos, tanto ecológicos quanto socioeconômicos, a ser obrigatoriamente considerado para a definição de zoneamentos de usos, no âmbito do planejamento e gestão territorial...

Acesse a íntegra da Lei nº 6.269/2019 clique aqui

Outras informações clique aqui
Posted: 08 Feb 2019 12:41 PM PST

LEI Nº 6.266, DE 29 DE JANEIRO DE 2019
(Autoria do Projeto: Deputado Cristiano Araújo)

Dispõe sobre a obrigatoriedade de os estabelecimentos
 comerciais utilizarem canudo e copo fabricados com 
produtos biodegradáveis na forma que menciona.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, FAÇO SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:

Art. 1º As organizações públicas e privadas, incluindo microempreendedores individuais, bem como as entidades da administração direta, autárquica e fundacional do Distrito Federal, ficam obrigadas a substituir as embalagens descartáveis para consumo de alimentos, incluindo copos e canudos de plástico fornecidos a título oneroso ou gratuito, por produtos elaborados a partir de materiais biodegradáveis.

§ 1º Para aplicação desta Lei, entendem-se por materiais biodegradáveis aqueles não oriundos de polímeros sintéticos fabricados à base de petróleo, elaborados a partir de matérias orgânicas como fibras naturais celulósicas, amidos de milho e mandioca, bagaço de cana, óleo de mamona, cana-deaçúcar, beterraba, ácido lático, milho e proteína de soja e outras fibras e materiais orgânicos.

§ 2º Fica o governo do Distrito Federal obrigado, a partir da vigência desta Lei, a exigir, em seus novos editais de contratação de acordo com o disposto no art. 1º da Lei nº 4.770, de 22 de fevereiro de 2012, e no art. 8º da Lei nº 4.797, de 6 de março de 2012, que seus fornecedores cumpram o disposto nesta Lei.

Art. 2º A inobservância do disposto nesta Lei implica ao infrator as seguintes penalidades:

I - multa no valor de R$1.000,00 a R$5.000,00, de acordo com o porte do estabelecimento, conforme critérios a serem definidos em regulamento próprio;

II - em caso de reincidência, cumula-se a multa com suspensão das atividades.

§ 1º Em caso de nova reincidência, a multa é aplicada em dobro.

§ 2º Os valores previstos no inciso I são atualizados anualmente pelo índice oficial do Poder Executivo.

Art. 3º (VETADO).

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 29 de janeiro de 2019
131º da República e 59º de Brasília
IBANEIS ROCHA

O calorão, a conta de luz e o que você tem a ver com isso

WWFO calorão, a conta de luz e o que você tem a ver com isso



08 Fevereiro 2019   |   1 Comment
Por Taís Meireles

Tá quente por aí? Por aqui está – e muito! Mesmo com a chuva, a previsão para os próximos dias é de máximas entre 27ºC e 38ºC em todo o país, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).  Ou seja, não vai ter mesmo como fugir do calor.

Para amenizar as altas temperaturas, muitos brasileiros estão usando e abusando do ar condicionado e dos ventiladores. Mas isso acarreta em outro fenômeno: o aumento do consumo de energia!

Em janeiro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou o maior consumo nos últimos cinco anos.
Foram dois recordes consecutivos de carga registrados no Sistema Interligado Nacional (SIN), nos dias 15 e 16, ambos no meio da tarde. A carga máxima ultrapassou 87.000 megawatts (MW). O recorde anterior tinha sido registrado em fevereiro de 2014, com um pico de 85.708 MW.

Solução que vem do Sol

“Os picos de consumo deste ano ainda não afetaram o fornecimento de energia em nenhuma região do Brasil, mas esse tipo de fenômeno pode, a longo prazo, influenciar os valores da conta de luz”, explica Alessandra Mathyas, do WWF-Brasil.

Para se prevenir, muitos brasileiros estão em busca de novas alternativas de fonte de energia, como a solar. Chamada de energia fotovoltaica, ela usa os raios solares para gerar eletricidade e está ficando cada vez mais barata e acessível.

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) estima que, só neste ano, o setor deve investir R$ 5,2 bilhões em geração distribuída (produção próxima aos pontos de consumo) e em parques solares de grande porte (conectados à rede de transmissão do Sistema Interligado Nacional).
A previsão da Absolar é que, em 2019, a capacidade instalada de geração de energia solar no país cresça 44%, oferecendo 3.306,4 MW para os brasileiros.

Calculadora de Projetos Fotovoltaicos

Para fomentar o acesso a esse tipo de energia, o Banco do Brasil e o WWF-Brasil, por meio de parceria de oito anos em prol da Economia Verde no país, criaram a Calculadora de Projetos Fotovoltaicos.

A ferramenta, digital e aberta ao público, analisa, de acordo com o consumo de eletricidade e localidade de um usuário, o potencial de economia na fatura de eletricidade e a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) proporcionados por um sistema fotovoltaico próprio.

A calculadora também permite simular o financiamento do projeto, apresentando o retorno financeiro obtido com ele:


Fonte: Jornal Metro Curitiba

“Nosso objetivo é que cada vez mais pessoas conheçam fontes alternativas de energia, ajudando a diminuir o impacto no meio ambiente e, de quebra, economizando com a conta de eletricidade”, explica Gabriel Santamaria, do Banco do Brasil.

E você? Já conhece a energia fotovoltaica? Mande suas dúvidas pra gente!