quinta-feira, 22 de abril de 2021

Análises encontram resíduos farmacológicos em água destinada ao consumo humano

 

Análises encontram resíduos farmacológicos em água destinada ao consumo humano

As análises foram feitas em Estações de Tratamento de Águas (ETAs). As maiores concentrações foram de carbamazepina, um medicamento utilizado contra epilepsia e dores neuropáticas

Por Ivanir Ferreira, Jornal da USP

Arte: Camila Paim/ Jornal da USP

Análises em amostras de água de uma Estação de Tratamento de Água (ETA), em Jaboticabal, SP, detectaram a presença de substâncias farmacológicas e de cafeína em águas superficiais, que servem como fonte para o consumo humano.

Segundo pesquisadores, mesmo em concentrações baixas esses agentes tóxicos podem trazer riscos à saúde e ao ambiente aquático. Os maiores níveis encontrados foram de carbamazepina, um medicamento utilizado contra epilepsia e dores neuropáticas.

As outras substâncias investigadas foram atenolol, clonazepam, fluoxetina, haloperidol, ibuprofeno, paracetamol, sinvastatina, venlafaxina e a cafeína. As coletas foram realizadas em 2019,  em estações chuvosas e de estiagem. A pesquisa faz parte do trabalho de doutorado de Ana Carla Coleone de Carvalho, com orientação do professor Wanderley da Silva Paganini, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

As águas superficiais são aquelas cujos recursos hídricos ficam acumulados na superfície do solo: rios, riachos, lagos, pântanos, mares, etc.; e que por se encontrarem em regiões de mais fácil acesso, têm sido as principais fontes de abastecimento do planeta. Nesses corpos d’água, há uma variedade de contaminantes e poluentes tanto de origem natural  quanto provenientes de efluentes domésticos e industriais, como mostra o estudo.

Ana Carla explica ao Jornal da USP que, devido ao elevado consumo de fármacos, depois de serem utilizados pelas pessoas, uma parcela é excretada pelas fezes e pela urina, acaba chegando às Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e, posteriormente, é escoada para os rios, junto com os resíduos sanitários. “Isso acontece principalmente em locais onde o saneamento básico é precário. A presença de substâncias tóxicas pode ser explicada pela liberação do esgoto sem tratamento diretamente nos corpos d’água, fontes de extração de águas das ETAs”, diz.

Segundo a pesquisadora, nem sempre os compostos são totalmente removidos pelas estações de tratamento, sendo importante a avaliação periódica desses contaminantes na água bruta, que servirá como fonte de abastecimento das ETAs e na tratada, disponibilizada para consumo da população.

A técnica utilizada para análise foi a cromatografia líquida, acoplada à espectrometria de massas sequencial, que separa, quantifica e analisa os compostos químicos. O estudo avaliou a presença das substâncias em água tratada e sem tratamento, além de caracterizá-las, de acordo com as características físico-químicas e microbiológicas, verificando a conformidade dessas águas com os padrões legais.

Resultados

“Houve  maior concentração de contaminantes em períodos de secas, porque nessa época os corpos d’agua têm baixa vazão, fazendo com que haja pouca diluição de elementos tóxicos”, diz a pesquisadora. Os maiores níveis foram de carbamazepina, venlafaxina, fluoxetina e cafeína,  porém, neste caso, as substâncias foram removidas depois da água tratada. Quanto ao ibuprofeno, o paracetamol, o atenolol, a sinvastatina, o clonazepan e o haloperidol, não foram detectados nas amostras analisadas ou ficaram abaixo do nível de quantificação atingido pelo método analítico.

Carbamazepina (Tegretol)

carbamazepina apresentou maior concentração no inverno 81 ng/L 80 vezes maior que em março, período de chuvas.

carbamazepina é vendida comercialmente sob o nome de Tegretol. É um dos principais medicamentos utilizados no tratamento de epilepsia e dor neuropática

A venlafaxina (antidepressivo)  foi detectada nos meses de seca, com valor máximo de 2,6 ng/L no mês de julho, quando a precipitação média foi menor que 25 mm

A fluoxetina (antidepressivo) só foi encontrada nas amostras de fevereiro, correspondendo ao período de maior ocorrência de chuvas, aproximadamente 300 mm, com valor máximo de 8,6 ng/L

Já a cafeína (estimulante) foi encontrada nas amostras em todo o período das coletas, em uma concentração máxima de 406 ng/L no mês de julho, cerca de sete vezes maior do que a obtida na primeira coleta do período chuvoso.

A cafeína está presente em vários medicamentos, principalmente associado à dipirona que é utilizada  contra cefaleias e enxaquecas

Efeitos adversos

Ana Carla explica que, por permanecerem biologicamente ativos nos corpos d’água, os compostos são capazes de atravessar as membranas biológicas e atingir células e tecidos, o que pode desencadear efeitos indesejáveis em organismos não alvos e à saúde humana, mesmo em concentrações muito baixas. Por organismos não alvos, Ana Carla cita outras espécies (peixes, algas, crustáceos, dentre outros).

Segundo a pesquisadora, os principais efeitos observados para os compostos detectados nesse estudo foram comportamentais (estresse, ansiedade e efeito antipredador); fisiológicos metabólicos (alteração nas respostas imunes em vias oxidativas e bioquímicas); e reprodutivos (alteração na desova e malformação dos embriões). Houve também impacto na maturidade e desenvolvimento dos organismos aquáticos, alteração no ritmo circadiano (ciclo biológico de vigília/sono), dentre outros.

Como funcionam as estações de tratamento de água e esgoto?

Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs)

Nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), existe uma infraestrutura que trata o esgoto de origem doméstica e industrial, o chamado esgoto sanitário. Depois de passar pelo processo, o efluente tratado é escoado para rios e mares, com um nível de poluição aceitável, conforme legislação vigente.

Depois de passar pelas redes coletoras, o esgoto sanitário cloacal (banheiro, pias e áreas de serviço) é destinado às estações. Lá, os resíduos passam pelas seguintes etapas sequencialmente: grandeamento: separação e retenção de resíduos sólidos lançados indevidamente na rede de esgoto (fraldas, restos de alimentos, etc.); caixa de areia ou desarenador: retenção da areia e de outros resíduos; reator anaeróbio: o efluente passa por tanques fechados na presença de bactérias anaeróbias, para degradação de matéria orgânica; filtro biológico aerado: passagem do material por filtros de brita para colocação de oxigênio; decantação: decantação dos resíduos sólidos e posterior retirada por meio de raspagem; adição de coagulante para remoção de nutrientes; desinfecção: adição de produto químico sanitizante ao efluente líquido para remoção de vírus, bactérias e outros microrganismos.

Sistema de Abastecimento de Água

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Reprodução/ Extraído de: http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=47

 

Estações de Tratamento de Águas (ETAs)

Nas Estações de Tratamento de Águas (ETAs), a água é captada de alguma fonte (rio, lago, represa) e tratada para torná-la apropriada para consumo humano. As partículas impróprias são retiradas e produtos químicos (o cloro, por exemplo) são adicionados para eliminação de microrganismos que provocam doenças. Um tratamento convencional é composto por decantação, filtração, desinfecção e fluoretação. Somente depois desse processo, a água doce se torna potável para ser distribuída à população.

A tese A presença de fármacos e cafeína em água superficial e destinada ao consumo humano foi defendida na Faculdade de Saúde Pública, sob orientação de Wanderley da Silva Paganini.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/04/2021

 

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Dia Internacional da Mãe Terra 2021

 

Dia Internacional da Mãe Terra 2021

 

cuidando da Terra

Dia Internacional da Mãe Terra 2021, artigo de Juacy da Silva

[EcoDebate] Enquanto a humanidade imaginar que precisa dominar, destruir e degradar a natureza, em nome de um progresso, cujos frutos acabam sempre se acumulando em poucas mãos, gerando pobreza, miséria e exclusão socioeconômica e política; enquanto o consumismo e o desperdício continuarem presentes ao lado de um crescimento populacional, urbano, industrial ou pós industrial, ainda acelerado em diversos países; enquanto, em nome do desenvolvimento ou da soberania nacional, os países e seus governantes se acharem no direito de devastarem suas florestas e poluírem o ar, os rios, oceanos e demais cursos d’água e a estimularem a degradação dos solos, com certeza as mudanças climáticas, o aquecimento global e a saúde do planeta e de seus habitantes estarão em risco permanente.

É fundamental que a consciência e a responsabilidade ambientalistas sejam despertadas para que as nossas relações com a natureza, com a ecologia, com o meio ambiente sejam pautadas pelo sentido do bem-comum e o compromisso em relação `as gerações futuras, que também tem o direito de desfrutarem de um meio ambiente saudável, sem os graves problemas que estão sendo gerados/causados pela miopia, omissão e insensibilidade das atuais gerações, inclusive de seus governantes.

Desde 1970, quando do primeiro DIA DA TERRA, há mais de meio século diversos setores, pesquisadores, cientistas e lideranças tanto públicas quanto da sociedade civil organizada, em nível mundial, vem alertando e clamando para o fato de que não podemos continuar nesta saga destruidora, os custos desta insanidade serão altíssimos e recairão tanto sobre a atual geração quanto e principalmente das futuras gerações.

O planeta terra, a MÃE TERRA está doente, está sofrendo com as dores da irresponsabilidade geral, da ganância dos poderosos e daqueles que imaginam que defender o meio ambiente, a terra e combater o desmatamento, a mineração que tem deixado um rastro de destruição e morte, a poluição, a degradação dos solos e dos cursos d’água, o uso abusivo dos agrotóxicos sejam questões de ordem ideológica ou pauta política de partidos e movimentos de esquerda. Neste particular é fundamental o despertar da consciência e da responsabilidade coletiva, ou restauramos a terra rapidamente ou estaremos avançando para um caminho sem volta, onde até mesmo a sobrevivência humana no planeta estará ameaçada.

Há 51 anos que no dia 22 de Abril comemora-se o DIA DA TERRA, desde as grandes manifestações que ocorreram em várias cidades americanas em 1970, ano após ano esta data vem se revestindo de um significado mais profundo da luta ambiental em todos os países.

Inúmeras conferências internacionais, diversas acordos e tratados celebrados por todos os países, sob os auspícios da ONU tem apontado para a gravidade das questões ecológicas/ambientais e o que esses desafios representam para o planeta terra, para a biodiversidade (flora e fauna) e, principalmente, para o ser humano.

Recentemente, o Secretário Geral da ONU, António Guterrez, dirigindo-se a inúmeros Chefes de Estado e de Governos que integram a ONU, fez mais um alerta quanto `a gravidade e urgência que são necessários quanto se trata das questões ambientais, assim dizendo: “ Nós devemos envidar todos os esforços e agirmos decisivamente para proteger nosso planeta tanto do coronavírus quanto das ameaças existenciais representadas pelas mudancas climáticas”.

É importante ressaltar que enquanto o coronavírus, a COVID-19 é um enorme problema, desafios conjuntural, as questões ambientais são de natureza estrutural e de longa duração. Cabe também destacar que anualmente entre 6,3 e 7,0 milhões de pessoas, das quais mais de 500 mil crianças, morrem em decorrência da poluição do ar, dentro de for a dos ambientes residenciais ou comerciais, mas que pouca atenção ou quase nenhuma preocupação tem despertado em governantes e gestores dos sistemas de saúde públicos ou privados.

O fulcro dessas e de tantas outras declarações do Secretário Geral da ONU quanto de cientistas que tem se dedicado aos estudos sobre o clima, as mudanças climáticas, o aquecimento global, o aumento de desastres naturais e as diferentes formas de degradação ambiental tem sido na ênfase quanto ao comportamento totalmente irracional e imediatista, principalmente de amplos setores governamentais e empresariais, além da passividade e alienação popular em relação `a destruição da natureza, de forma rápida, continua e impiedosa.

A ideia subjacente a tantos alertas é como se a humanidade estivesse travando uma guerra contra a natureza, imaginando que a mesma é um inimigo a ser dominado, explorado de forma predatória, sem considerar as consequências nefastas para as atuais e, pior, para as próximas gerações. Confunde-se desenvolvimento com destruição da natureza, com degradação ambiental, pouco se importando com o passivo ambiental que os atuais modelos econômicos estão provocando, cuja conta, imensa e impagável recairá sobre os ombros das próximas gerações em termos de danos ambientais, como os decorrentes de crimes ambientais, como mineradoras, empresas petrolíferas, desmatadores e grileiros de terras publicas, de indígenas e florestas, madeireiros ilegais e governantes omissos e coniventes com toda esta sanha ambiental destruidora, onde o Brasil tem se destacado de forma negativa nos últimos tempos. A visão holística, de longo prazo cede lugar ao imediatismo, a busca desenfreada por acumulação do capital e concentração de renda e riqueza.

A ideia que se tem é que estamos em Guerra declarada contra a natureza, contra a MÃE TERRA, uma guerra estúpida e inconsequente que acabará por destruir a biodiversidade do planeta provocando a degradação ambiental, contribuindo para a impossibilidade de todos os tipos de vida, inclusive da vida humana, na terra.

Por essas razões e pelos efeitos danosos que esta guerra estúpida e impiedosa estão provocando, é mais do que urgente parar com a mesma, precisamos de um Tratado de Paz entre a ganância, a irracionalidade humana e a natureza, enquanto é tempo. Quando mais duradoura e irracional for esta guerra, como todas as demais guerras, piores e mais devastadoras serão suas consequências.

Diante disto tudo, na Assembleia Geral da ONU em 01 de Março de 2019, foi aprovado uma Resolução estabelecendo que entre os anos de 2021 e 2030 será a DÉCADA DA RESTAURA,CÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS, objetivando o combate `as mudanças climáticas; proteger a biodiversidade (vegetal e animal), a segurança alimentar, garantindo a vida para mais de 7,8 bilhões de habitantes do mundo em 2020 e mais alguns bilhões dentro de 10; 20 ou 30 anos e a consecução plena dos Objetivos do Desenvolvimento sustentável e suas metas (Agenda 2030).

Na Assembleia Geral da ONU em Abril de 2009, por iniciativa do então Presidente da Bolívia, Evo Morales, com apoio de mais 50 outros chefes de Estado e de Governo foi aprovado a proposta de que 22 de Abril fosse declarado o DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA, ao invés de simplesmente DIA DA TERRA.

No mesmo diapasão para comemorar o DIA DA MÃE TERRA, a cada ano é escolhido um Tema e para 2021, em coerência com Resolução mais recente que estabeleceu a DÉCADA DA RESTAURAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS, o tema escolhido foi “RESTAURAÇÃO DA TERRA”, do Planeta.

Mesmo que o mundo todo esteja sendo afetado pela pandemia do CORONAVÍRUS, com níveis maiores ou menores de restrições quanto `as atividades presenciais, diversas eventos, alguns presenciais e a maioria virtuais estarão sendo realizado não apenas nesta quinta feira, 22 de Abril, mas também ao longo deste mês, incluindo uma Reunião Virtual nos dias 22 e 23 deste mês, aberta ao público em geral, por iniciativa do Presidente dos EUA Joe Biden, para a qual foram convidados 40 Chefes de Estado e de Governo, que representam mais de 80% do PIB mundial e também mais de 80% das emissões de gases de efeitos estufa, para discutirem as questões do Clima e suas consequências, incluindo o aquecimento global.

Este evento, por iniciativa do Presidente Biden, marca uma mudança radical da política ambiental, tanto interna quanto internacional dos EUA, após o desastre que foi a administração Trump, principalmente em relação ao meio ambiente e ao combate a COVID-19, quando o mesmo retirou a maior economia do mundo, maior PIB e segundo maior poluidor do planeta do Acordo de Paris, afrouxou as regras e normas ambientais internas, sucateou os organismos de fiscalização Ambiental, trazendo sérias consequências para aquele país e para o resto do mundo, modelo este seguido “ipsis litteris” (semelhante) pelo Governo Bolsonaro, o que representa um desastre ambiental de consequências de longo prazo.

Segundo analistas internacionais, de vários países e meios de comunicação, esta iniciativa e compromisso do Governo Biden, marcam também um reposicionamento e a volta dos EUA ao cenário internacional com uma liderança forte por parte dos EUA para encaminhar os desafios e cumprimento do Acordo de Paris, principalmente em relação `a próxima Reunião do Clima, a COP-16, sob a coordenação da ONU a ter lugar em novembro próximo em Glasgow, na Inglaterra.

Tanto as ações, eventos a serem realizados no DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA, quanto o Encontro virtual de chefes de Estado e Governo, convocados por Biden para discutir a questão do Clima, estão e estarão inseridas tanto no contexto dos termos do Acordo de Paris quanto no espírito, conteúdo e compromissos assumidos por ampla maioria dos países membros da ONU, incluindo o Brasil, quando a Assembleia Geral daquela organização internacional aprovou a criação da DÉCADA DE RESTAURAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS e, ao mesmo tempo, complementares aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e suas metas, enfim, o que se percebe é que, com a eleição e inicio do Governo Biden, a pauta ECOLÓGICA/AMBIENTAL ganha mais espaço e pressionará todos os países a respeitarem tanto os termos dos acordos e tratados internacionais relativos ao meio ambiente e as resoluções das Assembleias Gerais da ONU, quanto, realmente, passarem dos compromissos e discussões nos foruns internacionais e inúmeras “cartas de intenções”, como tem feito o Brasil, para ações concretas, políticas públicas de defesa do meio ambiente de curto, médio e longo prazos. Blá-Blá-Blá e discursos demagógicos não salvam o planeta e nem restauram a terra, apenas estimulam os criminosos ambientais a seguirem IMPUNEMENTE em sua sanha destruidora, como vem ocorrendo e se agravando no atual governo no Brasil.

O pano de fundo nessas discussões é a questão dos limites da soberania nacional em temas, problemas e desafios ambientais que afetam diversos países, continentes ou o mundo/planeta todo. Por exemplo, a questão dos rios e bacias hidrográficas internacionais, o uso de combustíveis fósseis que tantos males tem causado ao planeta e aos seus habitantes, o desmatamento acelerado das florestas tropicais, as queimadas de biomas importantes, como as que aconteceram no ano passado no Pantanal, na Amazônia e no Cerrado, a degradação das savanas que abrangem diversos países, a poluição dos oceanos, o aquecimento da terra e outras mazelas mais.

No caso da Amazônia, é mister que o Brasil entenda que por mais que tenha a soberania territorial e política sobre a maior parte daquela região (bioma), a Amazônia não é exclusivamente brasileira, a mesma é compartilhado por mais 8 países sul americanos e, em decorrência, o desmatamento, as queimadas, a degradação dos solos, a poluição, principalmente decorrente de garimpos e atividades mineradoras, agropecuárias e madeireira, boa parte de forma clandestina, ilegal e criminosa, enfim, tudo o que acontece por lá e também no bioma cerrado afetam o clima e o regime de chuvas e, desta forma, provocam degradação e danos ambientais não apenas no Brasil mas também em todo o planeta, razão pela qual não podemos imaginar que a Amazônia seja apenas um tema, um assunto ou uma questão de interesse exclusivo do Brasil.

Algumas pessoas podem estar se perguntando, porque instituir o tema “RESTAURAÇÃO DA TERRA” no dia internacional em que se comemora o DIA DA TERRA ou o estabelecimento de uma DÉCADA DE RECUPERAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS, esta última a ser observada entre 2021 e 2030? Afinal o que isto representa para a população mundial, para a economia internacional ou a economia de cada país e a vida em escala global?

Dentre os vários aspectos que justificam esta preocupação, podemos mencionar que, em 2019, dados estatísticos demonstraram que o custo da degradação Ambiental por ano nos diversos biomas mundiais eram de US$ 6,3 trilhões de dólares ou R$ 35,2 trilhões de reais, isto representa 7,2% do PIB mundial naquele ano e afetava 3,2 bilhões de pessoas ou 41,6% da população mundial.

Os objetivos do DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA e da Década de restauração/recuperação dos sistemas degradados, serão, senão a única, pelo menos uma das mais importantes formas para se combater as mudanças climáticas e suas metas são: restaurar/recuperar até 2030 em torno de 350 milhões de ha de solos degradados, reduzir drasticamente o desmatamento mundial, principalmente das florestas tropicais, com destaque para a Amazônia, maior Floresta tropical do Planeta e atingir a meta de um aquecimento de no máximo 1,5 graus centígrados a mais do que em relação ao início do período industrial, combater a poluição dos oceanos, defender e proteger a biodiversidades, principalmente as espécies vegetais e animais em processo de extinção, controlar e combater as queimadas, que geram poluição do ar e destroem a biodiversidade, dentre outros.

No entanto, mesmo que aparente um objetivo pouco expressivo, a recuperação das áreas degradadas ou seja, a recuperação desses 350 milhões de ha, pode gerar US$ 9 trilhões de dólares para a economia mundial e também remover entre 13 e 26 gigatons de gases tóxicos que estão “presos” na atmosfera e contribuindo para o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Além de lutar pela restauração dos biomas degradados mundo afora, é fundamental que consigamos acabar ou reduzir drasticamente os fatores e causas que estão provocando esta degradação, dentre as quais podemos destacar o desmatamento, a destruição das florestas que, segundo a FAO atinge 7,3 milhões de ha por ano, que entre os anos de 2000 e 2021 atingirá 153,3 milhões de ha, boa parte dos quais se transformam dentro de pouco tempo em áreas degradadas.

No mundo existem mais de 2,0 bilhões de ha de áreas degradadas, das quais mais de 100 milhões no Brasil, sendo que já identificadas mais de 50 milhões de pastagens degradadas, além do fato de que na Amazônia caminham ,lado a lado o desmatamento, as queimadas, a extração ilegal de madeiras, o garimpo e mineração também ilegais, a invasão impune de terras indígenas e de reservas ambientais, a grilagem de terras públicas e privadas e a especulação imobiliária que acabam contribuindo para a formação de mais de 33,7 milhões de ha de áreas degradadas.

Segundo estudo realizado sobre os custos de recuperação de áreas degradadas em Rondônia, o valor médio, em 2018, era de R$30 mil por ha, assim, o custo para recuperar 12 milhões de ha de áreas degradadas assumido pelo Brasil no Acordo de Paris seria de de R$360 bilhões de reais até 2030 ou R$3,6 bilhões de investimentos só neste projeto, compromisso anualmente, o que não esta acontecendo e a manter-se o sucateamento das políticas e órgãos ambientais tanto do Governo Federal quanto de governos estaduais e municipais, não acontecerá mesmo.

Se considerarmos o total das áreas degradadas, que aumentam na proporção direta do desmatamento da Amazônia, do Cerrado e dos demais biomas, que atualmente é de 100 milhões de ha de terras degradadas, este custo (atual) é de R$3,0 trilhões de reais e dentro de mais esta década, se nada for feito, além de discursos e cartas de intenção pelos governos federal e estaduais, até 2030 teremos mais de 150 milhões de áreas degradadas e os custos e prejuízos serão incalculáveis.

Isto, além de um sério prejuízo econômico, financeiro, ambiental e também afeta negativamente a imagem do Brasil no contexto internacional. Devemos ter em conta que cada ha de Floresta consegue sugar/sequestrar 26 toneladas de gases de efeito estufa, ou seja, as áreas desmatadas, ao lado das áreas degradadas no Brasil geram um impacto imenso no aquecimento do planeta, pois ao serem derrubadas as árvores liberam carbono estocado em suas raízes na atmosfera, além da poluição decorrente das queimadas e, ao mesmo tempo, deixam de exercer o papel de sugarem/sequestrarem carbono e outros gases de efeito estufa que estão “presos” na atmosfera, causando as mudanças climáticas e seus efeitos nefastos.

Além do desmatamento, das queimadas e das áreas degradadas existem diversas outras causas ou fatores que contribuem para a deterioração da saúde do planeta que serão abordadas em outras ocasiões, para não tornar este artigo extenso demais.

Dentre esses podemos destacar a poluição dos oceanos e demais cursos d’água, onde a questão da poluição por plásticos demanda uma ação urgente; o desperdício de água, de diversas materiais e, pior, de alimentos que chegam a mais de 60 milhões de toneladas por ano, enquanto quase um bilhão de pessoas passam fome; a falta de saneamento básico na maioria das cidades principalmente nos países do terceiro mundo (com renda baixa e média) afetando a qualidade de vida de mais de 50% da humanidade, quase quatro bilhões de pessoas, que vivem ou sobrevivem em condições sub-humanas de vida, sobre quem recaem as consequências da degradação ambiental

Dentro de pouco mais de seis semanas, em 05 de Junho próximo, estará sendo comemorado o DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE quando estará será oficialmente lançada pela ONU a DÉCADA DE RESTAURAÇÃO DOS SISTEMAS/BIOMAS DEGRADADOS e ao longo deste ano e dos demais até 2030, diversos eventos e datas “comemorativas” de aspectos ambientais estarão sendo relembradas, ocasiões que devem ser usadas para discutirmos a gravidade das questões ambientais nas localidades, nos estados, países e planeta.

Enfim, a pauta ambiental/ecológica devera estar muito mais presente nas discussões publicas e na definição de políticas publicas de estado, de longo prazo e na alocação de recursos orçamentários federais, estaduais e municipais. Se assim não acontecer estaremos condenados a ser um país e não pária nas relações internacionais, estaremos caminhando na contramão da história.

Podemos dizer que o tema central das discussões e da luta ambientalista a partir de agora, de forma mais enfática e efetiva , terão dois focos principais e interligados: as mudanças do clima e como podemos e devemos fazer para combater este perigo iminente e como podemos evitar a degradação ambiental em geral.

A resposta é apenas uma JUNTOS PODEMOS RESTAURAR A TERRA, curar, sarar, cuidar melhor do planeta, da MÃE TERRA, reduzir as mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida para a grande maioria dos excluídos em todos os países, regiões e continentes.

Existem diversas maneiras de agirmos, tanto no plano individual, local quanto nas dimensões regionais, sub-regionais, nacionais e internacionais, desde ações simples como plantar uma árvores, reciclar nosso lixo, reduzirmos o desperdício, promover a educação ambiental, passarmos a usar fontes alternativas de energia, como a solar, eólica e outras formas, enfim, basta despertar a nossa consciência ecológica, nossa responsabilidade quanto ao futuro do planeta e passarmos das intenções para a prática, de preferência de forma coletiva e organizada, cujos resultados são mais visíveis, efetivos e duradouros.

Kathleen Rogers, Presidente da “Earth Day Org”, recentemente disse de forma clara “ Estamos a beira de um precipício, se não agirmos agora, de forma efetiva, para reduzir as emissões de carbono e de outros gases que provocam o efeito estufa, a poluição em geral, principalmente do ar, e a degradação ambiental em geral, não haverá caminho de volta”. Isto demonstra uma verdade e um sentimento que de há muito vem sendo enfatizados pela comunidade científica e pelos ambientalistas em diversos países, inclusive no Brasil. Pena que a grande maioria dos governantes não ouvem essas vozes ou apenas fingem que as ouvem.

Esses são os principais recados neste DIA INTERNACIONAL DA MÃE TERRA, em 2021!

JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email profjuacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/04/2021

 

Agropecuária impulsiona emissões de gases de efeito estufa no Nordeste

 

Agropecuária impulsiona emissões de gases de efeito estufa no Nordeste

 

Agropecuária impulsiona emissões de gases de efeito estufa no Nordeste

Rebanho bovino e alta demanda por energia nas capitais estão entre as principais fontes de gases de efeito estufa na região Nordeste, mostra mapeamento municipal inédito do Observatório do Clima

Por Isis Diniz, OC

A abertura de novas áreas para a pecuária e o cultivo de soja é um dos principais obstáculos à redução das emissões de gases de efeito estufa no Nordeste do país. A região emitiu 250,2 milhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e) em 2018, o correspondente a 13% do total nacional, de acordo com a primeira edição do SEEG Municípios, uma iniciativa do Observatório do Clima. O cálculo leva em conta o CO2 e outros gases ligados ao aquecimento global, como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).

No quadro geral, as emissões do Nordeste diminuíram se comparadas com o total registrado no ano de 2000, quando a região emitiu 301,6 milhões de toneladas de CO2e. Contudo, é possível identificar aumento das emissões ao se analisar as contribuições de cada setor. Em 2000, a agropecuária foi responsável pela emissão de 59,3 milhões de toneladas de CO2e no Nordeste. Já em 2018, as emissões do setor atingiram 69,5 milhões de toneladas de CO2e.

Outros setores que liberaram, no mesmo período, mais gases de efeitos estufa na região foram o de energia (de 30 milhões de toneladas para 70 milhões de toneladas); o de processos industriais (de 5 milhões de toneladas para 5,4 milhões de toneladas); e o de resíduos (de 10,5 milhões de toneladas para 22,3 milhões de toneladas). A única categoria que registrou diminuição das emissões no Nordeste, comparando os anos de 2000 e 2018, é a de mudanças de uso da terra. A queda foi de 195,6 milhões de toneladas de CO2e em para 81,9 milhões de toneladas de CO2e.

Em aproximadamente 65,2% dos 1.794 municípios da região, o principal fator das emissões é o setor agropecuário, especialmente nos Estados do Maranhão e da Bahia. Mudanças de uso da terra, decorrentes principalmente do desmatamento, são responsáveis pela maior parte das emissões em 20,3% dos municípios nordestinos.

“Dentro da agropecuária, a fermentação entérica é o principal emissor em 67,3% dos municípios da região Nordeste”, informa Renata Potenza, coordenadora de projetos do Imaflora, organização responsável por compilar as informações sobre o setor. Ela se refere ao processo de digestão do rebanho bovino, durante o qual os animais liberam gás metano via eructação – o popular “arroto” do boi.

Açailândia, no extremo oeste do Maranhão, destaca-se no levantamento. Do total de 2 milhões de toneladas brutas de CO2e liberadas pelo município em 2018, aproximadamente 86,2% correspondem ao setor agropecuário e a alterações no uso da terra. Açailândia integra uma região conhecida como “Matopiba” – acrônimo formado pelas iniciais de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

“Essa região é marcada pela rápida conversão do Cerrado em áreas de produção agrícola e pecuária, com ênfase para commodities de exportação, como a soja”, explica Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), uma das entidades que participaram do levantamento.

“O plantio de soja e outras culturas agrícolas ganhou força, nos últimos anos, em municípios localizados no oeste da Bahia”, diz Zimbres. É o caso das cidades baianas de Correntina e São Desidério, que aparecem entre os 50 maiores produtores agrícolas do país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contudo, entre os 15 municípios mais emissores no Nordeste, destacam-se aqueles que têm no setor de energia sua principal fonte de emissões – devido especialmente ao consumo de combustíveis fósseis, como diesel e gasolina, nos transportes. Não surpreende que municípios mais populosos ou próximos de áreas litorâneas despontem nessa lista, como as capitais São Luís (MA), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Recife (PE), Aracaju (SE) e João Pessoa (PB). Somadas, as capitais – incluindo Natal (RN), Teresina (PI) e Maceió (AL) – emitiram 22,1 milhões de toneladas brutas de CO2e em 2018.

O campeão de emissões no Nordeste, porém, é São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Com uma população de apenas 48 mil habitantes, o município é sede de duas termelétricas fósseis que funcionam a partir da queima de carvão mineral. A cidade cearense emitiu 4,5 milhões de toneladas de CO2e em 2018 – mais que o dobro do que foi emitido entre 2000 e 2011, período anterior à construção das termelétricas.

“Situação parecida ocorre em São Francisco do Conde, na Bahia”, alerta Felipe Barcellos e Silva, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema). “O município faz parte da região metropolitana de Salvador e é um dos que mais emitem carbono no Nordeste.”

A razão, dia Barcellos, é que a cidade abriga a Usina Termelétrica Celso Furtado, movida a gás natural – um combustível fóssil – e a Refinaria Landulpho Alves, a primeira refinaria nacional de petróleo, criada em setembro de 1950. “Assim como queimadas florestais, refinarias de petróleo têm grande participação na emissão de poluentes”, comenta Barcellos.

Não só de emissões é feito o levantamento do Observatório do Clima. As análises também levam em conta ações de remoção de gases de efeito estufa colocadas em prática nos municípios. “É possível remover CO2 da atmosfera a partir de alterações de cobertura e uso da terra”, afirma Zimbres, do Ipam. “Isso pode ser feito por meio do manejo de áreas protegidas, como terras indígenas, ou de florestas secundárias, formadas em áreas degradadas”, explica a pesquisadora.

Mesmo municípios com altas taxas de desmatamento, como Açailândia, Bom Jardim e Barra do Corda – todos no Maranhão – conseguem remover volumes consideráveis de carbono da atmosfera, reduzindo as chamadas emissões líquidas. Juntas, essas cidades contabilizaram uma remoção de 2,1 toneladas de CO2e em 2018. Ao todo, o Nordeste contribuiu com a remoção de 63,3 milhões de toneladas de CO2e, o equivalente a 21,7% do total de gases removidos no país em 2018.

O levantamento também mapeou o impacto do tratamento de resíduos líquidos e sólidos nas emissões. Cidades grandes e populosas do Nordeste também são aquelas onde o tratamento de resíduos é uma fonte relevante de gases de efeito estufa – ainda que essa categoria responda por apenas 4% das emissões brutas do Brasil.

“As capitais e os municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes são responsáveis por cerca de 30% de todas as emissões do setor de resíduos”, ressalta assinala Íris Coluna, engenheira ambiental do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade. De acordo com ela, a região Nordeste responde por 24% das emissões desse setor, ficando atrás apenas do Sudeste.

Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Recife (PE) estão entre os dez municípios brasileiros que mais emitem gases de efeito estufa pela disposição final de resíduos sólidos em aterros sanitários – controlados ou lixões. “Cerca de 77% dos municípios do Nordeste têm como principal fonte de emissão, dentro do setor de resíduos, a disposição final do lixo”, sublinha Coluna.

Para ela, um dos méritos do SEEG Municípios é disponibilizar dados locais para que cada cidade possa elaborar suas próprias estratégias de redução de emissões. “Ter acesso a esse tipo de informação é importante, porque permite que o município compreenda sua realidade ambiental e enfrente os problemas de maneira mais efetiva.”

Na visão do engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador-geral do SEEG, o levantamento fornece informações para que gestores municipais e outros atores sociais possam se concentrar exclusivamente na elaboração de planos e políticas públicas.

“Até hoje, menos de 5% dos municípios brasileiros tinham algum inventário de emissões de gases de efeito estufa. Como os dados são disponibilizados de forma aberta e gratuita, significam também uma enorme economia de recursos públicos, que podem ser direcionados em ações para reduzir emissões”, observa Azevedo.

Os dados completos estão disponíveis na plataforma seeg.eco.br.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/04/2021

Nepal comemora aumento recorde da população de rinocerontes

 

CONEXãO PLANETA



Nepal comemora aumento recorde da população de rinocerontes

Nepal comemora aumento recorde da população de rinocerontes

Maior entre todas as espécies de rinocerontes, o Rhinocerus unicornis é encontrado em regiões da Índia e do Nepal. A principal diferença dele é apresentar apenas um chifre. No começo do século passado, eles foram praticamente extintos, restando na natureza aproximadamente apenas 200 animais.

Todavia, esta é uma das histórias de conservação que merecem ser divulgadas e celebradas. Graças ao trabalho conjunto de organizações e governo, foi possível proteger o rinoceronte-indiano e números apontam que sua população conseguiu se recuperar.

Recentemente autoridades do Nepal divulgaram novos dados que comprovam que os rinocerontes estão prosperando e já podem ser vistos em maiores números nos santuários de vida selvagem do país. De acordo com o último censo divulgado, houve um aumento de 100 indivíduos nos últimos cinco anos. Eram 645 em 2015 e este ano foram contabilizados 752, um aumento de 16%.

Na verdade, o censo é realizado a cada cinco anos e deveria ter sido feito em 2020, mas por causa da pandemia foi adiado para 2021.

As estimativas da população são baseadas em informações individuais dos rinocerontes, com base em observação relacionadas a sexo, faixa etária e características físicas exclusivas. Durante o censo, são coletados ainda dados sobre as condições do habitat, as espécies invasoras na área e as atividades humanas na região.

Cerca de 90% dos rinocerontes-indianos do Nepal vivem no Parque Nacional de Chitwan, que também é habitat de tigres, elefantes e leopardos.

“Esta conquista é mais um marco na jornada de conservação do Nepal, mostrando o impacto dos esforços conjuntos de todas as partes interessadas e fornecendo o impulso tão necessário para a comunidade conservacionista global”, diz Ghana Gurung, representante do WWF-Nepal.

Ameaçados pela demanda do mercado asiático

Graça aos bons números das últimas décadas, a espécie Rhinocerus unicornis passou de ameaçada para vulnerável à extinção na classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que monitora as condições de sobrevivência de milhares de animais e plantas no mundo.

Nos últimos anos, milhares de rinocerontes foram mortos cruelmente na África. Caçadores tiram a vida desses animais para arrancar seus chifres e vender o marfim ao mercado asiático, que abastece a crença de que ele possui “poderes medicinais”.  O quilo do chifre é vendido por até 50 mil dólares.

Existem cinco espécies de rinocerontes, três na Ásia e duas na África subsaariana: de java, de sumatra, indiano, negro e branco. Este último, é dividido em duas subespécies, o branco do norte e o branco do sul.

O rinoceronte-indiano pode chegar a pesar mais de 2 toneladas e medir até 3,5 metros de comprimento.

Nepal comemora aumento recorde da população de rinocerontes

*Com informações do WWF

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Fotos: Aditya Pal/Wikimedia Commons (abertura) e © Ola Jennersten/WWF-Sweden

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