Banco Central
A decisão surpreende porque o mercado esperava uma sinalização de elevação da taxa de juros, e não a alta em si
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini
(Pedro Ladeira/AFP/VEJA)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central retomou
o aperto monetário finalizado há 16 meses e elevou a taxa Selic a 11,25%
ao ano. A decisão é válida até o próximo encontro, em 2 e 3 de
dezembro, que também é o último do ano. Trata-se da maior taxa de juros
desde outubro de 2011 e da primeira alta desde abril deste ano.
A decisão surpreende porque o mercado esperava uma sinalização de
elevação da taxa de juros, e não a alta em si. Na última reunião, em
setembro, o BC sinalizou a manutenção da Selic. Na ata, a autoridade
monetária informara que, com a manutenção da Selic, a inflação tenderia a
entrar em trajetória de convergência para a meta de 4,5% em
2016. Pesquisa da
Reuters havia mostrado que todos os 43 analistas consultados esperavam a manutenção da Selic.
O BC iniciou a trajetória de subida em abril do ano passado, quando a
taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo
de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a
maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011.
Segundo o comunicado divulgado pelo BC, a alta dos preços motivou a
elevação. "Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros
fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia
tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista
disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de
modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais
benigno para a inflação em 2015 e 2016", informa o texto.
A decisão não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic para
11,25% ao ano os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini
(Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos
Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela
manutenção da taxa Selic em 11% os diretores Altamir Lopes, Luiz Awazu
Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.
Inflação — A inflação segue preocupando o governo e o
mercado, principalmente após ter estourado novamente o teto da meta em
setembro, acumulando
6,75% em doze meses. Outro fator que deve contribuir para do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o
reajuste dos preços dos combustíveis,
que estão represados e devem ter alta em novembro.
O Boletim Focus,
feito com base em pesquisa com o mercado financeiro e divulgado
semanalmente pelo BC, já mostra uma projeção da Selic em 11,5% em 2015.
Expectativas — A decisão vem três dias depois da
reeleição da presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato,
justamente em um momento em que os agentes econômicos, descontentes com
os rumos da economia, buscam sinais de mudança na condução da política
econômica.
"É uma surpresa para o mercado, mas é surpresa boa. É sinal
de que é decisão para restabelecer a confiança no compromisso com a
redução da inflação ao longo do tempo", disse o economista-chefe da INVX
Global Partners, Eduardo Velho.
A expectativa é que o aperto monetário continue nas próximas
reuniões.
"Decisão de hoje é sinalização de alteração na condução da
política monetária. O Copom não deve parar por aí, deve ser o reinício
de um ciclo de aperto monetário", disse o economista-chefe do Espírito
Santo Investiment Bank, Jankiel Santos.
O economista-chefe do Banco J.Safra, Carlos Kawal, disse que o BC
pode inclusive intensificar o ritmo de aperto nas próximas reuniões. "É
possível aumentar o ritmo de alta para 0,5 ponto porcentual em dezembro,
0,5 ponto porcentual em janeiro e 0,25 ponto porcentual na reunião
seguinte", disse. A decisão também pode sinalizar que o governo irá usar
também a política fiscal para conter a inflação, disse Eduardo Velho.
Já segundo o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, a
elevação é um sinal de que o órgão busca "recuperar a credibilidade da
política monetária após o embate eleitoral", numa sinalização ao mercado
de uma maior rigor da política monetária.
"A decisão visa frear a
inflação que, ao contrário do que o Bando Central esperava, mostra
resistência, e tem ainda como e objetivo de recuperar a credibilidade da
política monetária para recobrar as expectativas positivas após os
embates", disse.
Ai, ai, que preguiça!
Ainda bem
que o Banco Central, que é autônomo, claro!, não eleva os juros antes da
eleição, mas os eleva três dias depois do segundo turno. Eu gosto é
disto: coragem e independência!
“Mas você acha desnecessário elevar a
taxa, Reinaldo?” Tenho a impressão de que o país não está, assim, com
excesso de demanda a pressionar os preços; acho que o descontrole está
em outros lugares, mas vá lá. Considerando o conjunto da obra, acho que a
decisão faz parte do, como é mesmo?, choque de credibilidade, não é?
Como o segredo de aborrecer é dizer tudo, acho que os mercados reagirão
bem à notícia.
Só espero que não haja gente por aí a dizer que, ao
elevar os juros, o BC deu prova de sua autonomia. Dado que as
dificuldades de agora são as mesmas do mês passado, eu sentencio: não
foi autônomo no mês passado nem agora. Ponto parágrafo.
Agora em
11,25%, a Selic é a mais alta desde outubro de 2011, e esta é a primeira
elevação desde abril deste ano, quando o processo eleitoral já estava
nas ruas.
É claro que faria essas observações com menos, digamos,
energia se uma das peças de resistência da campanha da candidatura Dilma
Rousseff não tivesse sido o suposto amor incondicional de Armínio Fraga
por juros estratosféricos. Segundo o PT, ele os elevou quando no Banco
Central por gosto, não por necessidade.
O PT, claro!, faz tudo por
necessidade. Ou dito de outro modo: quando tucanos elevam juros, são
pessoas perversas, malvadas, pérfidas mesmo. Quando isso acontece em
governo petista, a elevação vem embalada por ternura e amor ao povo.
A elevação
de agora não estava sugerida na ata de setembro, segundo a qual os 11%
já seriam suficientes para elevar, aos poucos, a inflação para o centro
da meta. O que mudou de lá pra cá? O humor do mercado financeiro, a
desconfiança razoável de que Dilma não vai fazer a coisa certa, o clima
de “a vaca foi pro brejo” que há por aí. Aí, então, chegou a hora de o
BC demonstrar a sua autonomia e elevar os juros… Não sei se entendem a
ironia.
A decisão
não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano
os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente),
Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton
Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da
taxa Selic em 11% os diretores Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da
Silva e Luiz Edson Feltrim.
Atenção,
gente, aumentou a taxa de juros!!! Mas saibam que foi para o bem dos
pobres. Se o governo fosse tucano, seria para o bem dos banqueiros e da
dona “Zelite”.
Por Reinaldo Azevedo