quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Seu Carnaval precisa de glitter e purpurina? Os rios e oceanos, não!

Seu Carnaval precisa de glitter e purpurina? Os rios e oceanos, não!


Eles são sinônimos de festa, alegria e de… Carnaval. Para alguns foliões e folionas, impossível fazer uma maquiagem bacana pra compor a fantasia e celebrar os dias de alegria, sem glitter e purpurina. Mas o que quase ninguém se dá conta é que esses pequenos artifícios que dão um super efeito na pele são feitos de micropartículas de plástico e metal.

Não se trata de demonizar os foliões, mas veja como são produzidos e quanto impacto essas micropartículas podem causar.

O glitter é feito não só de pedaços muito pequeninos de plástico, como também de micro folhas de alumínio, entre outros materiais tóxicos.  A purpurina metálica – a mais usada com esse fim – é um pó corante fino, geralmente impresso em dourado, prateado e bronze. Existe uma versão natural da purpurina, extraída de raízes, mas só em tom vermelho, por isso, desconhecida da maioria dos foliões.

Assim como os microplásticos que compõem os esfoliantes corporais (feitos à base de polietileno ou prolipropileno e vendidos até por marcas que se dizem ecológicas e sustentáveis!!), as micropartículas do gliter e da purpurina não se decompõem e, quando saem da pele no banho, vão parar nos mares e oceanos, poluindo a água e contribuindo para a morte de animais – peixes, tartarugas, golfinhos etc – que os confundem com comida (leia Lixo Plástico ameaça 99% das aves marinhas). Além disso, seu acúmulo prejudica a fotossíntese de algas.

Essas partículas de plástico – o tipo mais nocivo já que pode ser ingerido por qualquer animal, do mais diminuto ao maior – se somam a outras, utilizadas em diversos produtos e a outros tipos que se quebram e se esfarelam nas águas, representando cerca de 85% do plástico acumulado na natureza. Só nos oceanos, são cerca de oito milhões de toneladas lançadas a cada ano.

Mas não é só isso: a morte dos peixes e outros bichos impacta a vida de comunidades ribeirinhas que dependem da pesca para sobreviver já que a frequência e a qualidade da pesca é afetada. E ainda tem mais um detalhe: o impacto na saúde dos seres humanos. Caso os animais que ingerem plástico cheguem à mesa como alimento, a ingestão dessas partículas plásticas pode nos causar distúrbios e doenças.

A interdependência é um fato e não há como fugir dela. Tudo que fazemos causa impacto e, se não nos atinge imediatamente, em algum momento isso acabará acontecendo também.
O alerta para o impacto do uso do glitter e da purpurina no Carnaval foi feito recentemente pelo site Pedra Ambiental (de ecologia radical, de acordo com seu slogan) e causou na internet. Sites de estilo, moda e de marcas ecológicas de beleza trataram do assunto oferecendo opções naturais. Algumas nem tanto assim.

Em seu blog, a marca inglesa The Body Shop indicou uma solução caseira feita com sal de cozinha e corante alimentício. O jornal online Nexo também falou do assunto e indicou três alternativas, sendo que uma delas – uso de pó para decoração de bolos e outros confeitos – foi retirada da reportagem logo em seguida, pois contém polímeros: não é tóxico para quem ingere, mas polui os rios e os oceanos do mesmo jeito. As outras opções indicadas pelo site são um glitter biodegradável produzido por uma empresa britânica e um brilho feito de mica sintética, a base de minerais naturais, da Lush. Quem quiser saber mais, é só ler a reportagem.

Substituir os brilhos das maquiagens e fantasias de Carnaval pode não ser tão fácil. Mas não dá pra brincar e se divertir sabendo que, depois, sua alegria colocará em risco a vida de outros seres vivos. Animais ou humanos. E a sua também.

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Foto: Paulo Guereta/Flickr


Chega de crueldade e sofrimento: petição pede fim do uso de penas e plumas naturais nos desfiles de carnaval

Chega de crueldade e sofrimento: petição pede fim do uso de penas e plumas naturais nos desfiles de carnaval

Chega de crueldade e sofrimento: petição pede fim do uso de penas e plumas naturais nos desfiles de carnaval
No ano passado, falamos sobre esse mesmo assunto. Em 2019, a atriz Juliana Paes foi envolvida em uma polêmica, acusada de usar um adorno de cabeça com penas de uma ave rara da Indonésia. Ela negou e afirmou que a fantasia foi feita com material reciclado (leias mais aqui). 

Mas a questão continua, Carnaval após Carnaval: por que as escolas ainda utilizam produtos de origem natural quando há alternativas sintéticas?

Conforme já contamos antes, por causa de nosso carnaval, o Brasil é um dos maiores importadores mundiais de plumas e penas, que vêm, sobretudo, da África do Sul, China e Índia. Nesses lugares, as aves são criadas especificamente para esta finalidade. Gansos, pavões, patos, avestruzes e faisões são os animais que “fornecem esses produtos” para o mercado internacional.

Crueldade e sofrimento totalmente desnecessários. Já existem alternativas similares – mineral, vegetal ou sintéticas -, que substituem os produtos de origem animal.

Estima-se que 25 toneladas de plumas sejam usadas por ano, para atender a demanda da festa do Rio de Janeiro e de São Paulo. Vendidas por quilo, dependendo da qualidade, seu valor pode variar entre R$ 160 e R$1,2 mil.

As escolas de samba precisam ser mais transparentes para dar o exemplo. Este ano, a Portela, por exemplo, afirmou que suas fantasias foram feitas com plumas artificiais.

Em 2017, a paulistana Águia de Ouro também anunciou que se comprometeria a não mais usar penas ou plumas verdadeiras, de origem animal.

Novamente, ressaltamos: levar para a avenida questões importantes como a preservação ambiental, mas nos bastidores financiar a tortura de animais é, no mínimo, hipocrisia.

Desde 2016, há um abaixo-assinado no site Change.org que pede o comprometimento das Ligas das Escolas de Samba a “substitur as penas naturais pelas sintéticas, sem dor e sem exploração, para um carnaval mais ético, mais justo e mais alegre”.

Você já assinou? Eu já! Vamos lá, participe!

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Foto: Gabriel Nascimento/Riotur/Fotos Públicas

Dois filhotes de guepardo são os primeiros do mundo a nascer através de fertilização in vitro


Dois filhotes de guepardo são os primeiros do mundo a nascer através de fertilização in vitro



Dois filhotes de guepardo são os primeiros do mundo a nascer através de fertilização in vitro
Como contou o biólogo Fábio Paschoal, neste outro post aqui no Conexão Planeta, o guepardo (Acinonyx jubatus), o mamífero terrestre mais rápido do mundo*, estava perdendo a corrida contra a extinção. Na época, um estudo publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, mostrava que a população do felino, que era de 100 mil animais no final do século 19, tinha caído para 7.500 indivíduos.

Mas no último dia 19 de fevereiro, uma parceria entre diversas entidades de conservação conseguiu um avanço científico considerado espetacular. Dois guepardos nasceram, através do processo de fertilização in vitro e transferência de embriões, no Columbus Zoo and Aquarium, em Ohio, nos Estados Unidos.

Os filhotes são um macho e uma fêmea. O primeiro nasceu pesando aproximadamente 480 gramas e sua irmã, 350 gramas. Testes iniciais indicaram que ambos são saudáveis e se alimentando bem.
“Esses dois filhotes podem ser pequenos, mas representam uma grande conquista, com biólogos e zoólogos especialistas trabalhando juntos para criar essa maravilha científica”, celebrou Randy Junge, vice-presidente de saúde animal do zoológico de Columbus. “Essa conquista expande o conhecimento científico da reprodução de guepardos e pode se tornar uma parte importante do manejo populacional da espécie no futuro”.

Dois filhotes de guepardo são os primeiros do mundo a nascer através de fertilização in vitro
No processo in vitro, espermatozóides e óvulos são fertilizados em laboratório e depois incubados para criar embriões. Posteriormente, esses últimos são implantados no útero da mulher, onde podem se transformar em fetos. A fertilização in vitro tornou-se um processo mais comum em humanos, mas já conseguiu ser bem sucedida em espécies animais, como em leões e agora, no caso dos guepardos.

O macho e a fêmea nascidos no zoológico de Ohio são filhos biológicos da guepardo Kibibi, mas foram concebidos por Izzi. Kibibi recebeu aplicações de hormônio em novembro do ano passado. Após o procedimento, seus óvulos foram coletados e fertilizados com o esperma de Slash, um guepardo do Fossil Rim Wildlife Center, do Texas. Mais tarde, o embrião foi implantado em Izzi, que depois de três meses de gestação, deu à luz.

Os veterinários envolvidos no procedimento explicam que, depois de passarem dos oito anos de vida, as fêmeas da espécie têm suas chances de reprodução bastante reduzidas. Kibibi tem seis anos e meio e Izzi, três, por isso ela foi escolhida para ser a “barriga solidária”, por apresentar melhores condições físicas de manter a gestação até o final.

“O nascimento oferece à comunidade de conservação de guepardos outra ferramenta a ser usada no manejo da espécie, in situ e ex situ. Realmente abre as portas para muitas novas oportunidades que podem ajudar sua população mundial. Esta é uma grande vitória para os guepardos”, disse Jason Ahistus, curador do Fossil Rim Wildlife Center Carnivore.

O futuro dos guepardos

O sucesso do projeto envolveu a cooperação entre o centro de vida selvagem do Texas, o zoo de Ohio e também, o Smithsonian’s National Zoo e o Conservation Biology Institute, de Front Royal, na Virgínia.

De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), os guepardos são classificados como “vulneráveis” pela Lista Vermelha de Animais Ameaçados, que avalia as condições de sobrevivência de centenas de animais e plantas no planeta.

Entre as principais ameças enfrentadas por esses felinos estão a perda e fragmentação de habitats, conflitos com criadores de animais e caça, bem como turismo não regulamentado.
A tentativa de reprodução de guepardos usando fertilização in vitro já acontece há 15 anos. Outras duas tentativas foram feitas, mas falharam.


Cinco lições sobre as propostas de proteção à biodiversidade da ONU

por , especial para o Diálogo Chino –  

 


Marco global para Convenção sobre Diversidade Biológica está em negociação. Será que sai um novo acordo?

As negociações da ONU que buscam estabelecer as metas de proteção à biodiversidade e um novo marco global para a restauração e conservação ambiental ganharam o apelido de “a outra COP”, em referência às negociações anuais sobre mudanças climáticas. Mas o perfil político de cada uma das conferências é bem distinto.
 
Nos últimos dez meses, a perda da biodiversidade ganhou bastante destaque, desde a publicação de um relatório histórico por cientistas da Plataforma Intergovernamental de Ciência e Políticas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. O documento divulgou que um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção.

Também foi revelado que as empresas são mais dependentes da natureza do que imaginávamos: cerca de 44 trilhões de dólares de todo o valor econômico gerado no mundo – o equivalente a metade do PIB mundial – é moderada ou altamente dependente da natureza, segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial e da consultoria PwC.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) recentemente publicou as propostas iniciais para um novo marco e essa primeira versão, ou “esboço zero”, será discutida em uma série de encontros preparatórios para a Conferência das Partes (COP), que será sediada pela China na cidade de Kunming, entre os dias 15 e 28 de outubro. O primeiro desses encontros estava inicialmente programado para acontecer em Kunming, mas foi transferido como medidas de combate ao coronavírus – e agora será realizado entre os dias 24 e 29 de fevereiro em Roma, na Itália.

O China Dialogue conversou com especialistas sobre cinco questões que serviram de base para as propostas.
  1. Necessidade de expandir as áreas destinadas à proteção da natureza

Os parques nacionais e outras áreas protegidas cobrem 15% da terra e 10% do mar territorial. Esses números são amplamente reconhecidos como insuficientes. O “esboço zero” da proposta afirma que pelo menos 60% das áreas consideradas importantes devem ser protegidas até 2030, cobrindo pelo menos 30% das áreas terrestres e marinhas. Pelo menos 10% dessas áreas deve estar sob proteção estrita.

Os novos números foram bem recebidos pelos cientistas e pelos defensores ambientais, que já exigiam essa mudança. “Para nós, este é um bom começo. Mas não somos ingênuos, ainda esperamos muitas discussões políticas acaloradas sobre o tema”, disse Li Shuo, consultor sênior de clima e políticas energéticas para o Greenpeace China.

“Os gastos com a proteção da biodiversidade precisam ser muito mais pesados nas próximas décadas se quisermos chegar perto de alcançar as ambições do primeiro esboço da proposta”

O professor Callum Roberts, biólogo especializado em conservação marinha da Universidade de York, acredita que estabelecer políticas para áreas protegidas será uma empreitada complexa. “Essas questões exigem um equilíbrio delicado. Se o texto sobre as áreas protegidas for prescritivo demais, vai assustar alguns países. Pode ser que eles não queiram aderir e então não conseguiremos o acordo necessário. Por outro lado, não quero que as metas sejam extintas – é importante sermos ambiciosos nesse esboço”.

Para Brian O’Donnell, diretor da Campaign for Nature, as metas são boas, porém muito vagas. “Há preocupações sobre a terminologia – a proteção estrita abarca apenas 10% das áreas. E o restante? Como será feita a gestão para assegurar a conservação?”, perguntou ele.
  1. Necessidade de melhorar a implementação de forma significativa

Matt Walpole, diretor sênior dos programas de conservação na Fauna and Flora International, reforçou que a ausência de um foco específico nas questões de implementação é a principal causa do fracasso das tentativas anteriores de conter a perda da biodiversidade.

Ao contrário do Acordo de Paris, onde os governos trouxeram os seus planos de ação para serem debatidos durante as negociações, a CDB simplesmente acerta a terminologia do marco, depois incumbe aos governos colocar ações detalhadas em andamento.

“A dinâmica é parecida com a das discussões climáticas: os países em desenvolvimento buscam o apoio financeiro dos países mais desenvolvidos”

“Quando chegam a um acordo sobre o mecanismo, ainda não há nenhum compromisso com ações”, afirma ele. “Ficamos sem saber como fazer as mudanças, que não são explicitadas em nível de detalhe, e isso é algo que enfraquece a convenção de forma significativa”.

Linda Krueger, consultora sênior de políticas na The Nature Conservancy, disse que a implementação depende do envolvimento de toda a sociedade. “Não temos o engajamento dos stakeholders certos. Precisamos do envolvimento de todos os ministros de Energia, Transportes e Indústria na implementação do acordo, mas é muito provável que eles não estejam nem sabendo que isso tudo esteja acontecendo”.
  1. Necessidade crítica de um reforço financeiro

Essa questão é outra batata quente política para a CDB, disse Li. “A dinâmica é parecida com a das discussões climáticas: os países em desenvolvimento buscam o apoio financeiro dos países mais desenvolvidos. Na CDB, vemos que os países africanos são maioria nisso”, disse ele.

Roberts afirmou que mais dinheiro precisa ser injetado na biodiversidade. “Os gastos com a proteção da biodiversidade precisam ser muito mais pesados nas próximas décadas se quisermos chegar perto de alcançar as ambições do primeiro esboço da proposta”, declarou ele.

O’Donnell mencionou que o financiamento precisa vir de todos os setores, como governos, empresas e filantropia. No entanto, as discussões acerca dessa questão ainda estão tímidas, relatou ele. “O foco está mais forte nas discussões relacionadas às políticas, ciência e necessidades e prioridades locais. Mas a parte financeira é decisiva – se não houver um aumento dos financiamentos para as metas, elas não vão alcançar os objetivos.”
  1. Contabilização de efeitos do padrão de consumo

“30% Soluções baseadas na natureza somam 30% do esforço necessário para atingir as metas do Acordo de Paris”

O “esboço zero” da proposta reconhece que o consumo insustentável tem ligação com a perda da biodiversidade e afirma que “pessoas do mundo inteiro” devem buscar moderar o estilo de vida e o consumo para alcançar níveis sustentáveis até 2030. Mas ainda é preciso debater muito até onde o novo marco vai lidar com questões do tipo, incluindo temas como população, comércio e setores extrativos, prevê Li.

“Algumas dessas questões não estão refletidas no ‘esboço zero’, mas posso lhe assegurar que elas estão sendo bastante discutidas nas negociações. Esses impulsionadores indiretos estão um pouco além da alçada da CDB, mas contribuem muito para a perda da biodiversidade”, relata Li.
  1. Necessidade de enfrentar as questões de clima e de biodiversidade ao mesmo tempo

O “esboço zero” reconhece que a natureza desempenha um papel importante na mitigação das mudanças climáticas. O documento afirma que as soluções baseadas na natureza – como o sequestro de carbono nos solos, árvores e oceanos – somam cerca de 30% do esforço necessário para atingir as metas do Acordo de Paris. O’Donnell concorda, acrescentando que a coordenação dos dois objetivos é algo que faltou no passado.

Roberts também concorda, reconhecendo que ambos os desafios precisam ser enfrentados juntos para que tenham êxito individualmente. “A não ser que aumentemos muito o nível da nossa ambição climática, não conseguiremos deter a perda da biodiversidade. Além disso, se não expandirmos muito as áreas de preservação ambiental, não conseguiremos implementar soluções baseadas na natureza para mitigar as mudanças climáticas em uma escala grande o suficiente para fazer uma diferença real”.

Essas questões estão em processo de desenvolvimento até outubro. Muito comentaristas acreditam que a China é o local ideal para sediar a COP da biodiversidade, uma vez que o país já está implementando um conceito de “civilização ecológica”, usando para isso uma estratégia em que delimita linhas intransponíveis de proteção ecológica para equilibrar o crescimento econômico com a proteção ecológica e ambiental.

“Os chineses estão em uma posição única de ajudar a CDB a ampliar o seu foco, que historicamente tem sido muito estreito. São eles que podem introduzir alguns dos conceitos absolutamente necessários para alcançarmos a transformação de que precisamos”, disse Krueger.


Este artigo foi originalmente publicado no China Dialogue

Livro infantil de autor indígena aborda a importância das sementes crioulas

Por Cristiane Sampaio | Brasil de Fato


100 mil patos são “convocados” para combater gafanhotos




Um exército de patos foi “convocado” para lidar com uma possível invasão de gafanhotos na China. Por mais que possa parecer mentira à primeira vista, não estamos falando de nenhum filme de ficção científica, mas da realidade: enxames dos insetos infestam o Paquistão e agora ameaçam chegar ao país vizinho.

Gafanhotos

Apesar da notícia ter ganhando atenção na última semana, a infestação de gafanhotos já atingiu o Irã e países da África. Eles atacam áreas de cultivo e ameaçam a segurança alimentar, sendo inclusive uma das pragas migratórias mais antigas e conhecidas do mundo – basta lembrar que até o inseto é uma das “dez pragas do Egito” retratadas no livro bíblico.

“A praga de gafanhotos do deserto pode facilmente afetar 20% dos terrenos agriculturáveis do mundo, danificando potencialmente as agriculturas de subsistência de um décimo da população mundial”, afirma a FAO. A organização das Nações Unidas também detalha como este pequeno bichinho pode causar um estrago enorme:

“Dezenas de milhões de gafanhotos podem voar até 150 quilômetros por dia com o vento, cobrindo vastas áreas. Um gafanhoto do deserto adulto pode consumir aproximadamente seu próprio peso (cerca de 2 gramas) em alimentos frescos por dia: isso significa que mesmo um enxame muito pequeno irá ingerir, em um único dia, a mesma quantidade de comida de cerca de 35 mil pessoas”, explica a FAO.

Problema

Estima-se que 400 bilhões de gafanhotos se aproximam da fronteira com a China. Ciente dos fatos listados acima, é fácil entender que a preocupação do governo chinês é genuína. Tanto que, por meio do Ministério de Agricultura, a China enviou uma equipe de trabalho e suporte técnico ao Paquistão. 
Mas a medida de contenção mais inusitada foi a soltura de milhares de patos na fronteira entre os países. Segundo sites internacionais, não é a primeira vez que a China usa patos para controlar enxames de gafanhotos, mas só agora temos um vídeo com a  “tropa de patos” marchando. O objetivo é que eles possam enfrentar uma “possível emergência”. O vídeo foi publicado no Twitter, na semana passada, pela emissora estatal da Chin


VEJAM O VÌDEO!!! 


https://twitter.com/i/status/1230080286936879104

Desenvolvimento Sustentável: a Década da Ação é agora, artigo de Gustavo Loiola

Desenvolvimento Sustentável: a Década da Ação é agora, artigo de Gustavo Loiola


desenvolvimento sustentável
[EcoDebate] Desde o início do ano, um senso de urgência ganhou pauta em uma série de notícias e artigos que tenho acompanhado. A chamada Década da Ação, foi clamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma forma de acelerar o progresso global rumo ao desenvolvimento sustentável até 2030. Nesse contexto, entendo que é possível vislumbrar quatro principais desafios – oportunidades nessa jornada para os próximos 10 anos. São eles:

Mudanças Climáticas e o impacto nos mercados

As mudanças climáticas em nível global são uma das grandes barreiras para o atendimento da Agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Segundo o relatório “The Heat is On”, de 2019, cada país enfrenta problemas diversos relacionados a mudança do clima, com impacto direto em suas economias, e o efeito cascata causada por isso acaba afetando a vida de milhões de pessoas. Os desastres ambientais como furacões, derretimento de geleiras, e como vimos recentemente, queimadas e alto índice de chuvas, causam grandes destruições que impactam diretamente os indivíduos, aumentando a situação de vulnerabilidade em muitas famílias. Países pouco resilientes são os que mais sofrem com essas mudanças, e consequentemente os que mais demoram para se recuperar.

Por outro lado, países como o Brasil têm um grande impacto na produção agrícola que claramente tem relação direta com o clima. O pesquisador Marshal Burke, do Earth System Science da Universidade de Stanford, realizou um estudo que traz insights interessantes na relação das mudanças climáticas com a economia. Após estudar por cerca de 50 anos o impacto do aquecimento global no PIB, foi evidenciado que nos anos com climas mais quentes que a média, o crescimento econômico aumentou nos países mais frios e reduziu nos países mais quentes. Isso significa que, analisando a agricultura, por exemplo, os países mais frios têm períodos reduzidos de geminação devido aos invernos rigorosos, ao mesmo tempo que nas temperaturas elevadas a produção diminui de maneira acentuada. Logo, estes que são grandes importadores de alimentos passam a ter condições de produzir em seu próprio território, ao invés de comprar de países de matriz agrícola, como por exemplo o Brasil, que segundo o estudo teria tido um crescimento 20% maior se não fosse o aquecimento global.

Transição do mercado de investimentos para a sustentabilidade

O risco climático é um dos grandes fatores responsáveis pela transição do mercado financeiro. Recentemente, o presidente da BlackRock – maior gestora de ativos do mundo – em sua carta aos clientes, anunciou uma mudança estratégica de investimentos, para posicionar a sustentabilidade no cerne no negócio. Responsável pela administração de mais de USD 7trilhões, Larry Fink, discutiu alguns dados do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas da ONU e estudos da McKinsey, sobre as consequências socioeconômicas do risco climático físico e como impacta o sistema global que financia o crescimento econômico. Ele questionou, por exemplo, se as cidades serão capazes de suprir as necessidades de infra-estrutura à medida que o risco climático muda o mercado de títulos municipais; qual será o impacto na inflação, e por sua vez às taxas de juros, se o valor dos alimentos aumenta devido à seca ou às inundações; e como será possível modelar o crescimento econômico se os mercados emergentes vêem sua produtividade cair como resultado das temperaturas extremamente altas e outros impactos climáticos.

Esses questionamentos são importantes na medida em que os investidores estão cada vez mais cientes que risco climático é um risco de investimento. Empresas com estratégias sustentáveis, são consideradas de menor risco devido a diminuição das externalidades negativas, o cuidado com a sociedade, e a visão perene e de futuro. Organizações que “remam contra a maré”, estão fadadas a encontrar um certo ceticismo por parte dos mercados, o que consequentemente amplia o seu custo de capital.

Geração de valor para as partes interessadas

Sabemos que o modelo empresarial que tivemos até mais recentemente é inevitavelmente visto como grande responsável pelos problemas sociais, ambientais e econômicos, pois nesse mindset a prosperidade empresarial era construída as custas da sociedade e das comunidades que estão em seu entorno. Nesse modelo, enraizado desde a revolução industrial, o sucesso de uma organização sempre esteve relacionado a geração de mais dinheiro ou lucro, a curto prazo. Porém, essa chave virou. Nas últimas semanas no Forum Econômico Mundial em Davos, se discutiu muito a importância das empresas servirem aos seus stakeholders, ou seja, basearem a sua estratégia no desenvolvimento das partes interessadas e não apenas dos seus acionistas. É imperativo que as organizações entendam que o bem estar dos seus colaboradores, a satisfação dos clientes e da comunidade do entorno, o respeito ao meio ambiente e aos seus fornecedores, a transparência e a ética são essenciais para uma visão de prosperidade organizacional e visão a longo prazo.

Nova geração, novo mindset

Por fim, aliados a todas essas transformações, temos a voz das novas gerações. Segundo pesquisa feita pela Anistia Internacional com a Geração Z (18-25 anos), a mudança climática foi a questão mais importante enfrentada pelo planeta, citada por 41% dos jovens. No Brasil, a corrupção foi a mais citada, seguida pela instabilidade econômica, poluição e desigualdade de renda. Estamos em um momento de transição geracional, com a ascensão dos chamados Millenials dentro do ambiente corporativo e na tomada de decisão, bem como a chegada da Geração Z no mercado de trabalho. São estudantes, empreendedores, consumidores e investidores que tem uma nova forma de enxergar o mundo e se relacionam de maneira diferente com as empresas que consomem ou trabalham.

É importante estar atento a esse novo mindset de uma geração com poder de compra de mais de U$ 3,5 trilhões de dólares e que segundo análise da Bloomberg, ainda esse ano ultrapassa os Millenials compondo 32% da população mundial. Assim como os Millenials, a Geração Z é bastante conectada ao propósito das empresas e valorizam a autenticidade, transparência e sustentabilidade.

Entender o panorama atual que o planeta está e para onde estamos indo é o primeiro passo para que as organizações possam prosperar nesse futuro quase incerto. É necessário estar atento às transformações e oportunidades para responder de maneira ágil a esses desafios. Um bom roadmap é olhar para a os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e construir estratégias que estejam alinhadas a essas metas. Que tal ser parte da mudança?

*Gustavo Loiola é Mestre em Governança e Sustentabilidade e supervisor de Sustentabilidade e Relações Internacionais no ISAE Escola de Negócios, responsável por ações alinhadas com a Organização das Nações Unidas (ONU).

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/02/2020
Desenvolvimento Sustentável: a Década da Ação é agora, artigo de Gustavo Loiola, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/02/2020, https://www.ecodebate.com.br/2020/02/27/desenvolvimento-sustentavel-a-decada-da-acao-e-agora-artigo-de-gustavo-loiola/.


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Valor Econômico – As pegadas de carbono dos ricos / Artigo / Adair Turner

Valor Econômico – As pegadas de carbono dos ricos / Artigo / Adair Turner

Países devem assumir por emissões que seu consumo gera em outros países

A ativista ambiental Greta Thunberg acusa as economias desenvolvidas de praticar “contabilidade criativa do carbono”, por causa dos meios que usam para medir as emissões de gases de efeito estufa (GHG), nas reduções planejadas e alcançadas, por não considerarem os gases emitidos quando produtos importados são fabricados em outros países. Como observam, com razão, as autoridades chinesas, cerca de 15% das emissões de seu país são produzidas quando produtos são feitos na China, mas consumidos em outras economias, geralmente mais ricas.

A China e outras economias em desenvolvimento também estão instintivamente desconfiadas das propostas dos países desenvolvidos de combinar os preços do carbono doméstico com “tarifas de carbono” sobre produtos importados. Mas essas políticas podem ser a única maneira de os consumidores do mundo rico assumirem responsabilidade por sua pegada de carbono em outros países.

    As receitas com os impostos sobre as emissões de carbono cobrados dos produtores domésticos deveriam ser usadas para apoiar os investimentos em tecnologias de baixas emissões de carbono ou como um dividendo de carbono

O encargo sobre a “contabilidade criativa” seria injusto se implicasse uma dissimulação deliberada; o Reino Unido, por exemplo, publica um relatório sobre a pegada de carbono de fácil acesso. Mas os números certamente apoiam o ponto de vista de Thunberg. Em 2016, o Reino Unido emitiu 784 milhões de toneladas de GHGs numa base de consumo, em comparação a 468 milhões de toneladas numa base de produção. E entre 1997 e 2016 as emissões do Reino Unido baseadas no consumo caíram apenas 10%, comparado a um decréscimo de 35% nas emissões relacionadas à produção.

Do mesmo modo, as emissões totais da União Europeia baseadas no consumo estão cerca de 19% maiores que às relacionadas à produção. E embora a diferença de 8% dos EUA seja menor em termos percentuais, numa base de toneladas per capita ela é tão grande quanto.

A China é facilmente a maior contraparte a essa lacuna das economias desenvolvidas, com as emissões relacionadas ao consumo chegando a 8,5 bilhões de toneladas, versus 10 bilhões de toneladas com base na produção. E embora as emissões per capita da China já tenham superado as do Reino Unido, numa base relacionada à produção, serão necessários vários anos até que a pegada do consumo per capita do país supere a do Reino Unido.

Portanto, se o mundo desenvolvido estiver falando sério sobre limitar as mudanças climáticas, ele precisa assumir responsabilidade pelas emissões que seu consumo gera em outros países.

Há apenas duas maneiras de fazer isso. Uma é o mundo desenvolvido consumir menos. Estilos de vida mais responsáveis - comprar menos roupas, carros e produtos eletrônicos ou comer menos carne vermelha - certamente teriam papel importante para tornar possíveis economias que não emitem carbono, mas essas mudanças sozinhas não nos colocarão mais próximos das emissões zero. E os países desenvolvidos importando menos significaria exportações menores para as economias mais pobres, criando desafios ao desenvolvimento.

A alternativa é assegurar que os produtos importados sejam produzidos com baixas emissões de carbono, e eventualmente até emissões zero. A política ideal para se conseguir isso seria um acordo global para o preço do carbono, que encorajaria fabricantes de todos os países a adotarem tecnologias de baixa emissão de carbono ou carbono zero. Sem esse acordo, há agora pedidos crescentes na Europa e nos EUA por uma segunda melhor solução - preços do carbono doméstico impostos em determinados países, mais “ajustes de carbono de fronteira”, significando tarifas relacionadas ao carbono sobre importações de países que não impõem um preço de carbono equivalente aos seus fabricantes.

A reação imediata dos formuladores de políticas na China, Índia e muitos outros países em desenvolvimento poderá ser condenar essas políticas como mais protecionismo num mundo já desestabilizado pelas guerras de tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.

Mas na maior parte dos setores, a combinação de preços de carbono doméstico e tarifas de carbono de fronteira não representa ameaça à competitividade e às perspectivas de crescimento dos exportadores nas economias em desenvolvimento. Imagine que produtores de aço da Europa fossem submetidos a um novo imposto sobre a emissão de carbono de €50 (US$ 54) por tonelada de CO2 dentro da Europa, que também fosse aplicada às importações de aço da China ou outro país.

Neste caso, a posição competitiva relativa dos produtores europeus e estrangeiros de aço interessados em atender clientes europeus, não seria alterada em comparação ao ponto de partida sem a cobrança do imposto. E as siderúrgicas chinesas ou indianas, ou empresas de outros setores de emissões elevadas, estão tão bem posicionadas quanto suas contrapartes europeias ou americanas para adotar novas tecnologias que reduzam o conteúdo de carbono de suas exportações (e assim seus encargos com os impostos de carbono de fronteira).

De fato, os preços do carbono doméstico mais os ajustes de fronteira são uma rota alternativa para se chegar à igualdade de condições internacionais que, em condições ideais, seria garantida por meio de um preço de carbono global aplicado a todos os países. Mas há uma diferença fundamental: se as taxas sobre o carbono forem impostas na fronteira do país importador, em vez de dentro do país exportador, então o país importador precisa ficar com a receita tributária.

Este fato aumenta os incentivos para os países exportadores imporem impostos sobre carbono doméstico equivalentes, em vez de eles deixarem suas empresas pagar impostos nas fronteiras do país importador. Como resultado, os impostos sobre o carbono doméstico com ajustes de fronteira poderiam muito bem se mostrar um ponto de partida efetivo em direção aos preços globais de carbono, mesmo que um acordo internacional explícito sobre um regime global não seja firmado.

Além do mais, tal abordagem sugere uma maneira potencialmente atraente de encorajar uma aceitação mais ampla das tarifas de fronteira como legítimas, necessárias e não ameaçadoras. Certamente as receitas com os impostos sobre a emissão de carbono cobrados dos produtores domésticos deveriam ser usadas dentro da economia doméstica - seja para apoiar os investimentos em tecnologias de baixas emissões de carbono, seja como um “dividendo de carbono” devolvido aos cidadãos. Mas há um bom argumento a favor da canalização das receitas das tarifas sobre o carbono para programas de ajuda internacional elaborados para auxiliar economias em desenvolvimento a financiar sua transição para uma economia de emissão zero de carbono.

Negociadores dos países em desenvolvimento deverão defender essas transferências de receita, em vez de se oporem a uma política que os países desenvolvidos terão de implementar. Afinal, as economias mais ricas precisam não só reduzir suas emissões industriais, como também assumir a responsabilidade pelas emissões que o seu consumo está gerando em outras partes do mundo. (Tradução de Mário Zamarian)

Adair Turner, presidente da Energy Transitions Commission, foi presidente da Financial Services Authority do Reino Unido de 2008 a 2012. Copyright: Project Syndicate, 2020.

O Globo – Convenção quer 30% do planeta protegido em 10 anos

O Globo – Convenção quer 30% do planeta protegido em 10 anos

Países começaram a discutir ontem, em Roma, texto de tratado a ser assinado em outubro com metas para a biodiversidade

25 Feb 2020
RAFAEL GARCIA
SÃO PAULO

O primeiro esboço do tratado internacional sobre biodiversidade que será assinado em outubro propõe que a extensão de áreas protegidas terrestres e marinhas seja aumentada de 15% para 30% do planeta em 2030.

O chamado “esboço-zero” do tratado, que ainda deve sofrer muitas modificações até outubro, foi distribuído ontem a representantes dos 196 países da CDB (Convenção da Diversidade Biológica) que se encontram nesta semana em Roma, na Itália.

O texto provisório, que começa agora a ser modificado por diplomatas, foi construído em grande medida por cientistas com os quais a presidência da CDB se consultou.

Além de metas para aumentar as áreas protegidas, o documento preliminar propõe que os ecossistemas naturais da Terra não percam nem um hectare até 2030, quando computadas a remoção e a recuperação dessas superfícies.

Para 2050, a meta proposta é que as áreas naturais aumentem em um quinto. Isso significaria elevar de 47% para 56% a quantidade de ecossistemas naturais remanescentes no mundo.

Abrigando o bojo da maior floresta tropical do mundo e, também, país mais biodiverso, o Brasil é um dos atores cruciais nas negociações da CDB.

Os diplomatas que representam o Brasil na convenção neste ano terão, porém, o desafiode amorteceras pressões internacionais que o país vem sofrendo pela política ambiental no governo Bolsonaro.

O país deve argumentar, como fez em outras cúpulas da CDB, que não é justo o esforço de preservação recair majoritariamente sobre países tropicais, onde resta a maior parte da biodiversidade do planeta. O GLOBO apurou com diplomatas brasileiros que uma das principais restrições do país ao texto é que faltam referências claras a “meios de implementação”, incluindo recursos financeiros, para as metas a serem acordadas.

Se essa questão for endereçada, a balança de negociação pode ser equilibrada caso países desenvolvidos aceitem também a proposta brasileira para “repartição de benefícios” da biodiversidade, e “fim da biopirataria”. Isso significa, por exemplo, que medicamentos criados a partir de extratos naturais teriam de pagar royalties a países que preservam a biodiversidade de onde se originou o produto.

Essa é uma demanda histórica que nunca avançou, em grande medida por culpa dos Estados Unidos, que nunca ratificaram a CDB. Sem os EUA no tratado, a maior economia do mundo ficaria de fora da repartição de benefícios financeiros da biodiversidade. Ainda assim, o Brasil vê espaço para atendimento de parte de sua demanda.

O grupo de trabalho que elaborou o esboço-zero, ao entregá-lo para a presidência da CDB, pediu expressamente que a convenção busque um tratado “ambicioso” em outubro. Os tópicos mais importantes, porém, ainda estão em aberto, e dificilmente serão definidos já em Roma, o segundo de três encontros preliminares antes da cúpula da CDB em Kunming, na China.