quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Rio pode economizar R$ 156 mi em tratamento de água com restauração de florestas


Rio pode economizar R$ 156 mi em tratamento de água com restauração de florestas

Postado no dia: 17 de dezembro de 2018 Rio pode economizar R$ 156 mi em tratamento de água com restauração de florestas
Estudo mostra que investir no plantio de florestas reduz a quantidade de sedimentos nos rios, diminuindo os gastos da Cedae

A maior estação de tratamento de água do mundo, a ETA Guandu, no Rio de Janeiro, pode reduzir substancialmente seus gastos com investimentos em restauração florestal. Um estudo apresentado nesta quinta-feira (13) indica que plantar florestas pode resultar numa economia de R$ 156 milhões em 30 anos. A estação faz o tratamento da água que abastece 92% da população da região metropolitana do Rio.

O estudo “Infraestrutura Natural para Água no Sistema Guandu, no Rio de Janeiro” mostra que se produtores rurais, empresas, o estado e a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) incentivarem a preservação das áreas naturais remanescentes e o plantio de florestas em 3 mil hectares em áreas altamente degradadas – o que representa 1,4% da bacia –, a quantidade de terra, sujeira e sedimentos que chega nos rios reduziria em 33%. Com menor quantidade de sedimentos, a ETA Guandu deixaria de usar 4 milhões de toneladas de produtos químicos e 260 mil MWh em energia, gerando o retorno do investimento de 13%, compatível com os resultados financeiros de obras no setor.

“O estudo mostra que a restauração florestal torna o sistema de abastecimento do Rio mais resiliente e a economia mais eficiente”, diz Rafael Feltran-Barbieri, economista do WRI Brasil e um dos autores do estudo. “Como o Rio é bastante dependente de uma única estação de tratamento, mesmo que seja a maior do mundo, a floresta desempenha um papel ainda mais importante.”

Segundo Hendrik Mansur, especialista em conservação da TNC e também um autor do estudo, é preciso avançar na restauração florestal de áreas prioritárias na Região Hidrográfica do Guandu com o objetivo de aumentar os serviços ecossistêmicos e a segurança hídrica da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. “A ampliação dos arranjos institucionais já instalados com os mecanismos de governança e os instrumentos financeiros serão fundamentais para o ganho de escala na restauração”, afirma. 

Uma floresta restaurada precisa de tempo para “amadurecer” antes de atingir seu pleno potencial. Assim, o estudo também aponta para a importância de conservar a floresta existente, que já oferece diversos serviços ambientais, como a retenção dos sedimentos. “Conservar as florestas remanescentes e recuperar aquelas que foram derrubadas ao longo de anos são investimentos possíveis. Gestores dos serviços hídricos de todo o país devem considerar essa alternativa, benéfica para a sociedade e para o planeta”, afirma a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.
O estudo foi produzido pelo WRI Brasil, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e The Nature Conservancy (TNC), e contou com apoio de Fundação FEMSA, União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), Instituto BioAtlântica (IBio) e Natural Capital Coalition.

Infraestrutura Natural
O investimento em infraestrutura cinza – obras de transposição, reservatórios e canais – é a principal alternativa adotada pelo poder público no Brasil para enfrentar crises hídricas. O estudo mostra que o investimento em infraestrutura verde ou natural também deve ser considerado.

Infraestrutura Natural são ecossistemas manejados, restaurados ou conservados com capacidade de fornecer bens e serviços essenciais à produção material, saúde e bem-estar humano. Melhorar a qualidade da água está entre os mais preciosos serviços que a restauração da vegetação nativa pode oferecer, dado o papel de filtragem que as florestas exercem na retenção de sedimentos e assoreamento dos cursos d’água. 

A incorporação da infraestrutura natural – ou infraestrutura verde – nos planos de gestão hídrica pode aumentar a eficiência, o desempenho e a resiliência dos sistemas convencionais, reabilitando a paisagem a ofertar água de melhor qualidade às próprias estações de tratamento. Poupam energia, produtos químicos e desgastes de equipamento das estruturas construídas, economizando recursos financeiros e oferecendo co-benefícios ambientais.

Além disso, a restauração e conservação de florestas traz outros serviços ambientais que não foram valorados no estudo, mas são de vital importância para a economia da região, como a polinização, o turismo sustentável e a regulação climática.

Cantareira (SP) já foi analisada
O relatório do Rio de Janeiro faz parte de uma série de estudos sobre a importância de se considerar a infraestrutura natural nos planos de investimentos em abastecimento. O primeiro estudo, publicado em setembro, analisou o caso do Sistema Cantareira, em São Paulo, e mostrou resultados semelhantes: os paulistas poderiam economizar R$ 219 milhões em 30 anos com restauração florestal de 4 mil hectares e conservação de áreas verdes.


Informações adicionais

Sobre o WRI Brasil
O WRI Brasil é um instituto de pesquisa que transforma grandes ideias em ações para promover a proteção do meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano. Atua no desenvolvimento de pesquisas e implementação de soluções sustentáveis em mudanças climáticas, florestas e cidades. Alia excelência técnica à articulação política e trabalha em parceria com governos, empresas, academia e sociedade civil.
O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa com atuação em mais de 50 países. O WRI conta com o conhecimento de aproximadamente 700 profissionais em escritórios no Brasil, China, Estados Unidos, Europa, México, Índia, Indonésia e África.

Sobre a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.

Sobre a TNC
The Nature Conservancy (TNC) é uma organização global de conservação ambiental dedicada à preservação em grande escala das terras e água das quais a vida depende. Guiada pela ciência, a TNC cria soluções inovadoras e práticas para os desafios mais difíceis do mundo, para que a natureza e as pessoas possam prosperar juntos. Trabalhando em 72 países, a organização utiliza uma abordagem colaborativa, que envolve comunidades locais, governos, setor privado e outros parceiros. No Brasil, onde atua há mais de 25 anos, a TNC promove iniciativas nos principais biomas, com o objetivo de compatibilizar o desenvolvimento econômico e social dessas regiões com a conservação dos ecossistemas naturais. O trabalho da TNC concentra-se em ações ligadas à Agropecuária Sustentável, à Segurança Hídrica e à Infraestrutura Inteligente, além de Restauração Ecológica e Terras Indígenas. Saiba mais sobre a TNC em www.tnc.org.br.

Sobre a Aliança Latino-Americana de Fundos de Água
A Aliança Latino-americana de Fundos de Água é um acordo criado em 2011 entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Fundação FEMSA, o Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM)  e The Nature Conservancy (TNC), a fim de contribuir para a segurança hídrica da América Latina e do Caribe através da criação e fortalecimento dos Fundos de Água. A Aliança apoia os Fundos de Água através do conhecimento científico para alcançar e manter a segurançahídrica com soluções baseadas na natureza; da sistematização, da gestão e da disseminação do conhecimento; da capacitação e do suporte técnico; da promoção de um diálogo inclusivo entre atores relevantes da região, promovendo a ação coletiva; da participação ativa na concepção da governança da água e na mobilização de recursos de fontes públicas e privadas. Saiba mais em www.fundosdeagua.org

Educadores ambientais se mobilizam contra extinção de órgão gestor federal

Educadores ambientais se mobilizam contra extinção de órgão gestor federal

Medida pode ter efeito cascata, mesmo no Espírito Santo, que tem política e plano de ação próprios



Os educadores ambientais do Espírito Santo e de todo o país estão mobilizados para reverter a extinção do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), determinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em um de seus primeiros atos de governo, iniciado na última terça-feira (1).

“Os estados têm autonomia, têm política estadual, mas pode haver um efeito cascata e o enfraquecimento da educação ambiental em todo o país”, avalia Martha Tristão, membro da Rede de Educadores Ambientais do Espírito Santo (Recea) e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (Anped).

O caráter crítico e transformador da educação ambiental é o principal motivo para que ela seja mais um dos alvos de ataques por parte do governo federal recém-eleito, “um governo conservador, que não quer que a educação ambiental ou a educação de modo geral provoque nenhuma forma de reflexão crítica em relação aos contextos vividos por comunidades, por escolas, enfim, pelas culturas locais”, pondera Martha.

A Anped é uma das entidades mobilizadas para reverter a decisão de “excluir a educação ambiental da macropolítica, pois é isso que faz com que ela tenha força e tenha espaço”, diz a educadora capixaba. São vinte anos de políticas públicas ameaçados por uma caneta, lamenta, lembrando que a Política Nacional de Educação Ambiental foi criada em 1999.

A educação ambiental é uma das estratégias mais utilizadas no processo de sensibilização, conscientização e mudança de atitudes de crianças e adultos com relação à proteção do meio ambiente uma relação mais responsável com a natureza.

Um documento essencial para entender a importância política e filosófica das práticas de educação ambiental para a evolução da humanidade em direção à sustentabilidade é o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, lançado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, Rio 92 ou Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992.

A partir daí, o Brasil continuou sendo referência no assunto, inovando, por exemplo, no modelo interministerial de implantação, unindo as pastas de meio ambiente e educação, o que influenciou as ações interinstitucionais nos estados.

O Espírito Santo está muito avançado no setor, tendo aprovado um programa estadual de educação ambiental em 2018, nove anos após a publicação da sua Política Estadual, cuja gestão está compartilhada entre o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e a Secretaria de Estado de Educação (Sedu).

“Os novos secretários das duas pastas têm o compromisso de executar o programa estadual”, enfatiza a também educadora ambiental da Recea, Flavia Nascimento Ribeiro.

“Na verdade, a gente não deveria ter uma educação ambiental específica”, argumenta Flávia. “Se a educação desse conta de tudo o que a gente presencia nesse planeta, a gente não precisaria do adjetivo ambiental, inclusão, étnico-racial, direitos humanos ... Se a gente traz esses adjetivos é sinal de que são questões que precisam ser visibilizadas na sociedade”, diz.

Triplo A e a perda da soberania nacional.

Bolsonaro cita 'Triplo A' e diz que pediu para cancelar Conferência do Clima no Brasil em 2019

 Mapa da proposta do 'Triplo A', de acordo com o projeto do ambientalista colombiano Martín von Hildebrand. Tema, no entanto, não faz parte do Acordo de Paris Foto: Fundação Gaia Amazonas

Mapa da proposta do 'Triplo A', de acordo com o projeto do ambientalista colombiano Martín von Hildebrand. Tema, no entanto, não faz parte do Acordo de Paris Foto: Fundação Gaia Amazonas

Itamaraty anunciou que Brasil deixará de sediar a COP 25 no ano que vem devido a restrições orçamentárias e à transição de governo. Presidente eleito falou em perda de soberania.

Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília



Jair Bolsonaro anuncia mais três ministros do futuro governo
Jair Bolsonaro anuncia mais três ministros do futuro governo 

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (28) que recomendou ao futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não fosse realizada no ano que vem no Brasil a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 25. 

A Conferência do Clima da ONU discute mudanças climáticas no mundo e como as nações podem trabalhar para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, que provocam a elevação da temperatura no planeta.
Nesta quarta, o Ministério das Relações Exteriores divulgou nota segundo a qual, após "análise minuciosa dos requisitos" para sediar a COP 25, o governo brasileiro decidiu retirar a oferta para receber a conferência, em razão de restrições fiscais e orçamentárias e do processo de transição para a próxima administração.
“Houve participação minha nessa decisão. Nosso futuro ministro, eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil", afirmou Bolsonaro.
Antes de Bolsonaro responder, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, coordenador do gabinete de transição, tentou orientar a resposta do presidente eleito. "Nós não temos nada a ver com isso. Isso é uma decisão do Itamaraty", disse Onyx a Bolsonaro, em tom mais baixo. Mesmo assim, Bolsonaro respondeu dizendo que interferiu para que a conferência não acontecesse. 

Segundo Bolsonaro, o país que mais preserva o meio ambiente no mundo é o Brasil. "Mas não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil. Hoje, a economia está quase dando certo por causa do agronegócio, e eles estão sufocados por questões ambientais", declarou.

No começo de setembro, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris (assinado por 195 países com o objetivo de reduzir o aquecimento global) porque, no entendimento dele, o Brasil teria de abrir mão de 136 milhões de hectares na Amazônia e isso afetaria a soberania nacional.

Essa área, segundo sites de meio ambiente na internet, é apelidada de "Triplo A", uma proposta de corredor ecológico internacional que ligaria os Andes ao Atlântico. 

Durante entrevista nesta quarta, Bolsonaro falou do "Triplo A" ao responder uma pergunta sobre a desistência do Brasil de receber a COP 25. 

"Está em jogo o Triplo A nesse acordo. O que é o Triplo A? É uma grande faixa que pega dos Andes, Amazônia e Atlântico, 136 milhões de hectares, ali, então, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, e que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área", disse. 

"Quero deixar bem claro como futuro presidente que, se isso for o contrapeso, nós, com toda certeza, teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, eu não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos [pela realização da COP] que seriam, no meu entender bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento", declarou.
Anunciados três novos ministros: do Desenvolvimento Regional, do Turismo e da Cidadania
Anunciados três novos ministros: do Desenvolvimento Regional, do Turismo e da Cidadania

Decisão de não sediar a COP 25 pode ajudar a comprometer economicamente o país


Decisão de não sediar a COP 25 pode ajudar a comprometer economicamente o país

Por Amélia Gonzalez, G1

30/11/2018 09h05 Atualizado há um mês

Rio 92 — Foto: Luciana Whitaker/Folhapress/Arquivo
Rio 92 — Foto: Luciana Whitaker/Folhapress/Arquivo 

Do orgulho à vergonha. Esta é a sensação dos ambientalistas diante da decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro de não sediar a próxima Conferência do Clima, a COP 25. O Brasil tinha se colocado na lista entre os países que queriam abrir suas portas para o encontro, que debate internacionalmente um dos maiores desafios que a humanidade já tem e terá ainda com mais força daqui para a frente, que são as mudanças climáticas. Mas o Itamaraty retirou o nome do país da lista e Bolsonaro avisou: a decisão foi minha. E será com vergonha que os representantes brasileiros vão dar a notícia na reunião internacional do clima que vai começar na próxima segunda-feira (1), na Polônia, a COP 24.

Por que tínhamos orgulho? Porque durante os governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, havia um consenso de que a questão do meio ambiente é uma oportunidade, que dá voz ativa ao país, projeta o nome internacionalmente, dá importância onde se tem pouco espaço de crescimento, que são esses fóruns internacionais. Foi na Rio-92, evento que até mesmo quem não é ligado à área traz vivo na lembrança, que o mundo começou a debater sobre a necessidade de se baixar as emissões de carbono. 

Durante a COP-15, que aconteceu em Copenhague em 2009, em que se esperava que os líderes conseguissem um acordo climático global que só foi conseguido seis anos depois, o ex-presidente Lula e seu ministro do Meio Ambiente Carlos Minc eram aguardados pelos negociadores como figuras de prestígio na área, que poderiam ajudar a mediar os debates.

São cenas que contrastam com o que temos agora, momento de vergonha para os brasileiros na área ambiental.

Conversei com Marcio Astrini, Coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, antes de ele embarcar para a Polônia, na cidade de Katowice, onde vai acontecer a reunião a partir de segunda-feira. Para ele, o fato de não hospedarmos a próxima cúpula é o primeiro tijolo no muro da vergonha que o presidente eleito está construindo na área ambiental. 

“É a primeira medida concreta. Ao longo do tempo, se ele continuar a realizar esses retrocessos todos que prometeu durante a campanha, aí vai criar um comprometimento sério da imagem do Brasil nessa área. Porque o Brasil tem um vínculo muito forte na questão do meio ambiente e negócios da agropecuária no exterior. Quem compra os nossos produtos não quer que eles tenham vínculo com desmatamento, trabalho escravo e violência na terra porque isso mancha a própria imagem de quem está comprando. Essa sequencia de más notícias que ele vai dar na agenda ambiental no governo dele vai trazer essa consequência econômica”, disse Astrini. 

Os representantes brasileiros chegarão à Polônia com três notícias muito ruins na área ambiental do país. Além desta, de que não hospedará mais a COP 25, há também o aumento do desmatamento e a nomeação de um ministro na área de relações internacionais, Ernesto Araújo, que acha que o problema climático é uma invenção de marxistas que querem dominar o mundo e a mente das pessoas 

“É o conjunto de fatos, não é uma coisa só. O comprador não vai quebrar o contrato só por causa do aumento do desmatamento, ou só porque não vamos sediar mais a cúpula ou só por causa da indicação do ministro. Mas tudo isso vai destruindo o que o Brasil construiu como garantia ambiental para os seus negócios lá fora”, disse Marcio Astrini.

Fã ardoroso do presidente Donald Trump — que também já se autointitulou um cético do clima, nomeou pessoas com igual ojeriza às questões ambientais para administrar a pasta e retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris — Bolsonaro talvez não tenha percebido as diferenças fortes que há entre os dois países nesta área. O maior nó dos norte-americanos com relação às emissões é sua fonte de energia, portanto recai sobre o setor da indústria. Aqui no Brasil, nosso maior problema é o desmatamento. 

Trump enfrentou uma reação forte internamente, não só por parte da população, como dos Estados e das empresas, o que acabou esvaziando um pouco a decisão dele. Tanto que o todo-poderoso já está revendo a saída do Acordo. No Brasil, os estados não teriam esta reação, nem poderiam. A luta contra o desmatamento tem que partir do governo federal, porque os incentivos para o desmatamento também partem dele, na opinião de Astrini. 

“O nosso grande problema do clima é o desmatamento da Amazônia, é o que se precisa resolver para dar conta das promessas feitas no Acordo. A esperança nossa é que justamente o governo federal ajudasse, criando leis mais enérgicas, porque todas as leis deste campo são federais. Quando o governo federal retira a disposição dele de agir, os estados não têm condição de dizer que agirão sozinhos, mesmo que quisessem. O pior é que eles não querem. 

O atual governador do Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), há três anos fez um decreto liberando o uso de correntão. Grande parte do poder desses estados é constituído pelo desmatamento. Só no Pará, a indústria da madeira movimenta R$ 4, 5 bilhões. E 90% da exploração de madeira no Pará é ilegal”, disse Marcio Astrini. 

Não temos, como se vê, muita saída. Será um período em que os ambientalistas precisarão usar todas as suas ferramentas para exercer uma resistência a decisões de um governo que tem mandado mensagens claras, mesmo antes de tomar posse, de que o meio ambiente não é assunto com o qual ele vai querer se preocupar. Mesmo que isso nos traga, entre outras coisas, prejuízos econômicos. E nosso protagonismo internacional neste setor, que já foi motivo de orgulho, de agora em diante será objeto de vergonha. 

Durante a realização do evento lá na Polônia estarei a postos para passar as informações aos leitores. Sigamos em frente. 

https://g1.globo.com/natureza/blog/amelia-gonzalez/post/2018/11/30/decisao-de-nao-sediar-a-cop-25-pode-ajudar-a-comprometer-economicamente-o-pais.ghtml

Desmatamento no Cerrado emitiu 7 bi de gases do efeito estufa em 15 anos

Desmatamento no Cerrado emitiu 7 bi de gases do efeito estufa em 15 anos

08.12.2018Notícias
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O desmatamento e as queimadas no Cerrado geraram, entre 1990 e 2017, a emissão de 7 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes, que causam o efeito estufa – foram 159 milhões de toneladas só no ano passado, o que equivale a 17% do total de emissões por mudança do uso do solo no Brasil.

Os dados são baseados no SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, e foram lançados pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) na 24ª Conferência do Clima (COP 24), da ONU, que acontece na Polônia.

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, com 2 milhões de quilômetros quadrados, e dá origem a dois terços das bacias hidrográficas brasileiras. Mais da metade de sua vegetação nativa foi desmatada, e a maior parte do bioma (45%) abriga pastagens e atividades agrícolas – 12% da soja produzida no mundo sai do Cerrado.

“A agropecuária no Cerrado tem bastante espaço para crescer com sustentabilidade, de forma a aproveitar as áreas já abertas com eficiência, conservação de recursos hídricos e manutenção da vegetação nativa, inclusive a que poderia ser desmatada legalmente”, afirma a pesquisadora do IPAM Gabriela Russo, que coordenou o trabalho divulgado na COP 24. “Um caminho é implementar mecanismos de mercado, que remunerem os produtores rurais que tenham mais vegetação nativa do que rege a lei.”

Pelas regras do Código Florestal, existem 325 mil km2 de vegetação nativa que podem ser legalmente desmatados no Cerrado, o que geraria 3,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera. Há ainda 25,6 mil km2 de áreas públicas não destinadas no bio­ma, que não estão sujeitas a nenhuma categoria fundiária definida e podem, facilmente, ser alvo de desmatamento irregular e grilagem de terras. Se desmatadas, gerariam mais 200 milhões de toneladas.

“O Cerrado e sua população precisam de apoio. Conservar o que resta do bioma é bom para o clima, para a água que serve boa parte do Brasil, para a agricultura e para as pessoas que ali vivem”, diz a diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar.

Os últimos quatro anos foram os mais quentes já registrados – e o CO2 continua a subir

Os últimos quatro anos foram os mais quentes já registrados – e o CO2 continua a subir


Dados mostram que 2018 foi o quarto de uma série de anos excepcionalmente quentes e as concentrações atmosféricas de CO2 continuaram a subir.


temperatura 2018
Temperatura do ar a uma altura de dois metros para 2018, mostrada em relação à sua média de
 1981 a 2010. Fonte: Copernicus Climate Change Service, ECMWF

Por Silke Zollinger*

Dados divulgados pelo Copernicus Climate Change Service (C3S) mostram que 2018 foi o quarto de uma série de anos excepcionalmente quentes e junto com o Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS), o C3S relata que as concentrações atmosféricas de CO2 continuaram a subir.
O C3S e o CAMS são serviços do programa de observação da Terra da União Europeia, Copernicus, e são implementados pelo ECMWF. Seus dados fornecem a primeira imagem completa e global das temperaturas de 2018 e níveis de CO 2 . Os resultados estão de acordo com projeções anteriores da WMO e do Global Carbon Project (GCP) para 2018. O conjunto de dados de temperatura do Copernicus Climate Change Service mostra que a temperatura média global do ar na superfície foi 14,7 ° C, 0,2 ° C menor que em 2016. , o ano mais quente registrado. Os dados revelam que:

Os últimos quatro anos foram os quatro mais quentes já registrados, sendo 2018 o quarto mais quente, não muito abaixo da temperatura do terceiro ano mais quente de 2015.

* 2018 foi mais de 0,4 ° C mais quente que a média de 1981-2010.

* A temperatura média dos últimos 5 anos foi 1,1 ° C acima da média pré-industrial (definida pelo IPCC).

* A Europa viu temperaturas anuais inferiores a 0,1 ° C abaixo dos dois anos mais quentes registrados, 2014 e 2015.

Além disso, de acordo com medições por satélite das concentrações globais de CO 2 na atmosfera : O CO2 continuou a subir em 2018 e aumentou em 2,5 +/- 0,8 ppm / ano.

“O Copernicus Climate Change Service fornece dados de qualidade assegurados de indicadores climáticos como temperatura da superfície, cobertura de gelo marinho e variáveis hidrológicas como a precipitação”, diz Jean-Noël Thépaut, Chefe do Serviço Copernicus Climate Change (C3S). “Em 2018, voltamos a ver um ano muito quente, o quarto mais quente já registrado. Eventos climáticos dramáticos como o verão quente e seco em grandes partes da Europa ou o aumento da temperatura nas regiões árticas são sinais alarmantes para todos nós. Somente combinando nossos esforços, podemos fazer a diferença e preservar nosso planeta para as gerações futuras ”.

C3S fornece uma imagem antecipada das temperaturas globais de 2018

Os dados de temperatura do C3S para 2018 são o primeiro conjunto completo a ser publicado, incluindo anomalias anuais e campos com média global. O C3S pode fornecer a imagem global tão rapidamente porque é um programa operacional, processando diariamente milhões de observações terrestres, marítimas, aéreas e de satélite. Um modelo matemático é usado para reunir todas essas observações, de forma semelhante ao que é feito na previsão do tempo. O benefício para os usuários dos dados é que eles têm uma estimativa precisa das temperaturas a qualquer hora ou lugar que escolherem – mesmo em áreas pouco observadas, como as regiões polares.

Os dados do Copernicus C3S mostram que as temperaturas superficiais de 2018 foram mais de 0,4 ° C mais altas do que a média de longo prazo registrada no período de 1981-2010. O aquecimento mais pronunciado em comparação com a média de longo prazo ocorreu no Ártico, em particular no norte e no estreito de Bering entre EUA e Rússia e em torno do arquipélago de Svalbard. A maioria das áreas terrestres era mais quente que a média, especialmente na Europa, no Oriente Médio e no oeste dos EUA. Em contraste, o nordeste da América do Norte e algumas áreas centrais da Rússia e da Ásia Central experimentaram temperaturas anuais abaixo da média.

Além de um relativamente frio fevereiro e março, a Europa viu temperaturas acima da média durante todos os meses do ano. Começando no final da primavera e continuando até o outono, e em alguns lugares até mesmo no inverno, o norte e o centro da Europa vivenciaram condições climáticas que eram persistentemente mais quentes e mais secas do que a média.

Uma visão confiável de conjuntos de dados combinados

O método usado para o conjunto de dados de temperatura do C3S complementa o de outros conjuntos de dados que usam medições baseadas no solo durante um período de longo prazo. Os conjuntos de dados diferem principalmente em como eles representam as regiões polares e as temperaturas nos oceanos. A combinação de conjuntos de dados fornece a imagem mais completa possível. Esta análise mostra que a temperatura do ar na superfície global aumentou em média 0,1 ° C a cada cinco a seis anos desde meados da década de 1970 e que os últimos cinco anos foram aproximadamente 1,1 ° C acima das temperaturas da era pré-industrial.

A OMM combinará os diferentes tipos de conjuntos de dados de temperatura para a sua declaração sobre o estado do clima em 2018. Esta declaração será divulgada em março de 2019 e espera-se que confirme as conclusões do C3S.

As concentrações de CO2 continuam a aumentar

A análise de dados de satélite indica que as concentrações de dióxido de carbono continuaram a subir nos últimos anos, inclusive em 2018. O conjunto de dados é uma combinação de dois conjuntos de dados que foram gerados para C3S e CAMS.

Embora os relatórios da OMM e do Global Carbon Project (GCP) sejam baseados em observações de superfície, esse conjunto de dados de CO2 fornecido pela Copernicus é baseado em observações de satélite. A quantidade monitorada é a concentração média de CO2 para toda a coluna de ar acima de um determinado local, chamada XCO 2 . Como camadas atmosféricas mais altas, como a estratosfera, normalmente contêm menos CO 2 , os valores de XCO 2 são geralmente um pouco menores do que as concentrações de CO2 medidas perto da superfície da Terra. É por isso que os valores dos satélites XCO 2 são similares, mas não exatamente idênticos às estimativas baseadas em observações de superfície.

A taxa de crescimento média anual estimada do XCO 2 para 2018 é de 2,5 +/- 0,8 ppm / ano. Isso é maior do que a taxa de crescimento em 2017, que foi de 2,1 +/- 0,5 ppm / ano, mas menor que a de 3,0 +/- 0,4 ppm / ano em 2015. 2015 foi um ano com um forte evento climático El Niño, que resultou em uma absorção mais fraca do que o normal do CO2 atmosférico pela vegetação terrestre e grandes emissões de CO2 de incêndios florestais, por exemplo, na Indonésia.

Sobre os dados – Temperaturas
O mapa e os valores de dados citados são do conjunto de dados ERA-Interim do ECMWF Copernicus Climate Change Service. O gráfico é baseado no ERA-Interim e em outros quatro conjuntos de dados: JRA-55 produzido pela Agência Meteorológica do Japão (JMA), GISTEMP produzido pela NASA (National Aeronautics and Space Administration), HadCRUT4 produzido pelo Met Office Hadley Center em colaboração com a Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, e NOAAGlobalTemp produzido pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). Os conjuntos de dados ERA-Interim e JRA-55 são executados até o final de 2018; os outros conjuntos de dados estão atualmente disponíveis apenas até o final de novembro de 2018. Os dados foram acessados e processados conforme descrito em uma publicação revisada por pares (doi: 10.1002 / qj.2949).

Cada conjunto de dados mostrado no gráfico é alinhado para ter a mesma temperatura média para 1981–2010 que o ERA-Interim. Para o JRA-55 isto implica uma redução de temperatura de 0,1 ° C. Os outros conjuntos de dados são originalmente definidos apenas como valores relativos a períodos de referência. O HadCRUT4 é um conjunto de 100 realizações possíveis. A mediana e o alcance do conjunto são plotados. O conjunto não mostra a incerteza associada à cobertura geográfica limitada, que é substancial nas primeiras décadas.

1981-2010 é o mais recente período de referência de 30 anos definido pela OMM para calcular as médias climatológicas. É o primeiro período para o qual as observações por satélite de variáveis-chave, incluindo temperatura da superfície do mar e cobertura de gelo marinho, estão disponíveis para suportar reanálises meteorológicas globalmente completas, como a ERA-Interim.

A temperatura média climatológica para o período pré-industrial é de 0,63 ° C abaixo da média de 1981-2010. Isto segue o que é sugerido no relatório do IPCC “Aquecimento Global de 1.5 ° C”, que estima que o aumento do período pré-industrial (definido como 1850-1900) para o período de 20 anos de 1986-2005 seja de “0,63 ° C ( ± 0,06 ° C intervalo de 5 a 95% baseado apenas em incertezas observacionais) ”. A diferença de temperatura média anual entre os períodos 1981-2010 e 1986-2005 não é significativa para todos os conjuntos de dados apresentados aqui (-0,009 ° C a + 0,004 ° C).

Sobre os dados – Concentrações de dióxido de carbono

Apresentamos uma série temporal de médias globais mensais de dióxido de carbono atmosférico (CO2 ) derivado de sensores de satélite. Derivadas de satélite CO2 concentrações são representativos da média em coluna de CO2 proporção de mistura, também denotado XCO 2 . As médias anuais dadas no gráfico são derivadas calculando a média dos valores mensais.

Os dados para 2003-2017 são o produto consolidado de “ dados C3S XCO 2 derivados de sensores de satélite”, produzidos pelo Copernicus Climate Change Service. O registro de dados climáticos C3S de alta qualidade foi gerado pela fusão de um conjunto de conjuntos de dados de satélite individuais dos instrumentos de satélite SCIAMACHY / ENVISAT e TANSO-FTS / GOSAT, usando produtos gerados pela C3S e ESA GHG-CCI na Europa, NASA nos EUA e NIES no Japão. Este produto mesclado, que está disponível no formato Obs4MIPs (veja o site Obs4MIPs https://esgf-node.llnl.gov/projects/obs4mips/ ), é estendido a cada ano por um ano adicional e os dados do ano de 2018 estarão disponíveis no final de 2019 Para detalhes, ver Buchwitz et al., 2018 ( https://www.atmos-chem-phys.net/18/17355/2018/ e / ouhttps://doi.org/10.1007/s42423-018-0004-6 ).

Os dados para 2018 são o produto preliminar em tempo quase real dos “ dados CAMS XCO 2 derivados de sensores de satélite”, produzidos pelo Copernicus Atmosphere Monitoring Service. Este produto de dados foi gerado a partir de TANSO-FTS / GOSAT. Para detalhes, ver Heymann et al., 2015 ( https://www.atmos-meas-tech.net/8/2961/2015/amt-8-2961-2015.html ).

As médias anuais das taxas de crescimento do XCO 2 foram calculadas usando o método de Buchwitz et al., 2018 ( https://www.atmos-chem-phys.net/18/17355/2018/ ).
Silke Zollinger*

Copernicus Communication – Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/01/2019

"Os últimos quatro anos foram os mais quentes já registrados – e o CO2 continua a subir," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 8/01/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/01/08/os-ultimos-quatro-anos-foram-os-mais-quentes-ja-registrados-e-o-co2-continua-a-subir/.

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Folha de S. Paulo – Contrato do Ibama questionado por Bolsonaro gerou economia de 8%

Folha de S. Paulo – Contrato do Ibama questionado por Bolsonaro gerou economia de 8%


Documento que previa aluguel e manutenção de 393 camionetes adaptadas foi aprovado pelo TCU

Rubens Valente
BRASÍLIA

O contrato do Ibama para aluguel de veículos questionado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve uma economia de 8% em relação à contratação anterior. A frota à disposição do órgão aumentou de 360 para 393 carros. Além disso, o processo de contratação, concluído em dezembro, foi analisado e aprovado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

O contrato fechado em dezembro de 2018 prevê, para o exercício de 2019, o pagamento de R$ 28,7 milhões pelo aluguel de 393 camionetes adaptadas para enfrentar os rigores da fiscalização do órgão, muitas vezes em áreas de difícil acesso, na repressão a crimes contra o meio ambiente. O contrato para o ano de 2018 havia custado R$ 31 milhões, por 360 veículos, segundo os documentos públicos sobre a contratação.

Tanto Salles quanto Bolsonaro questionaram, em postagens em redes sociais no domingo (6), o valor do contrato. "Estamos em ritmo acelerado, desmontando rapidamente montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão comprovadas e expostas. A certeza é [esta]: havia todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o brasileiro sem a menor preocupação!", escreveu o presidente sobre o contrato. Logo depois, ele apagou a postagem no Twitter.

Após a repercussão, Suely Araújo, até então presidente do Ibama, pediu exoneração do cargo.

Em outubro passado, quando o Ibama iniciou a licitação para contratar a empresa fornecedora, o Sindiloc (Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores, Equipamentos e Bens Móveis do Estado do Paraná) protocolou uma representação no TCU. A área técnica do tribunal analisou cada ponto questionado e concluiu pela "improcedência da representação", que foi arquivada. A medida foi acompanhada pelo ministro relator, Weder de Oliveira, e aprovada pelos ministros.

O Sindiloc questionou a contratação única para todo o território nacional. No entender do sindicato, o melhor seria que o Ibama fizesse contratos regionais, o que poderia favorecer maior participação de competidores.

Os técnicos do TCU investigaram o alegado e concluíram que "não há indícios de que a realização do certame em um lote único traria prejuízo à competitividade do certame objeto desta representação, o que poderá ser avaliado com maior propriedade após o resultado da etapa de lances da licitação, sendo, por ora, improcedente a alegação do representante quanto a este ponto".

O sindicato do Paraná também indagou sobre a previsão da correção anual do valor do contrato com base na variação do IGP-DI (Índice Geral de Preços), que poderia "não retratar adequadamente as variações de mercado, notadamente no que se refere ao fornecimento de combustível, e ensejar a apresentação de propostas com sobrepreço em razão do risco a ser suportado pela empresa contratada".

A área técnica do TCU explicou que "a viabilidade de separação do combustível dos demais insumos da contratação, contudo, deve ser avaliada ao longo da execução contratual". "Por ora, entende-se que não há elementos suficientes que permitam concluir que a previsão resultará em prejuízo à Administração, notadamente na hipótese de o certame contar com a participação ativa de diversas empresas, conforme esperado pelo Ibama e admitido por esta Unidade Técnica", apontou a área técnica do TCU.

O Sindiloc também questionou outro aspecto do cálculo do pagamento de aluguel. A área técnica do TCU explicou: "Enquanto no edital anterior o valor da locação era fixo independentemente da quilometragem rodada pelo veículo, o novo edital prevê o pagamento de uma parcela fixa mais um valor adicional por quilômetro rodado, o que reduz os custos da Administração se os veículos rodarem menos do que a média estimada, tornando a alegação do representante improcedente quanto a este ponto". Também houve uma adequação do edital, cuja nova redação "atende ao solicitado na diligência e esclarece os pontos que suscitaram dúvidas desta Unidade Técnica".

Os veículos alugados, segundo nota técnica do Ibama, têm também uma série de adaptações para suportar os impactos da atividade da fiscalização ambiental, entre as quais "guincho elétrico na frente e reboque traseiro; estribo nas laterais; capota de proteção na caçamba; proteção do fundo e laterais da caçamba; dispositivo do capô 'santo-antônio' para melhor amarração de cargas e proteção do vidro traseiro; e proteção dianteira do tipo quebra-mato/para-choque de impulsão com proteção dos faróis".