Li hoje na Folha o artigo de Gregorio Duvivier, Ódio Chapa-Branca, no qual o autor convida os brasileiros a fazerem um mea culpa de si mesmos pelas mazelas do nosso país que costumam atribuir aos outros.
Paradoxalmente, ele mesmo não faz em seu texto nenhum ato de penitência pessoal, senão que repete aquilo que alega denunciar. Pode?
Porém, não lhe basta ser hipócrita e contraditório: Sequestra para si a posição de bom brasileiro e impõe as condições de resgate a quem quiser se redimir: parar de comer carne, de andar de carro, reciclar o lixo, não receber como pessoa jurídica e lembrar-se de quem votou como vereador....
Deixar
de comer carne e de usar meu carro? Só vou fazer isto quando o Brasil
enfim se solidificar como uma nação socialista... Entenderam o que eu
quis dizer? ;)
Reciclar
o lixo? Quando eu for pago pra isto, eu faço. Até lá, contentem-se com
do jeito que está porque eu pago caro para o retirarem da porta da minha
casa, e não estou a fim de trabalhar de graça.
Além
disso, me socorram: Por quê alguém que abre um negócio por meio de
pessoa jurídica, atendendo às leis do país, deve receber de outra forma?
Por
último, eu realmente não me lembro de quem votei em vereador, e
tampouco para deputado estadual ou federal, porque o voto no Brasil,
sendo proporcional, não possui representatividade nenhuma, o que se
agrava com o fato de que as receitas tributárias estão concentradas em
mais de 80% em poder da União. Então, o vereador, depois de eleito, me
dá uma banana e vai procurar negociar com quem ele depende de verbas
para permanecer no poder. Simples assim.
Talvez
Duvivier tenha sido econômico: nosso país estaria melhor ainda sem os
maus brasileiros que não aprovam o auxílio-reclusão, o kit-gay, a
ideologia de gênero, o mensalão, as negociatas com meta-capitalistas, o
MST, as FARC, o desarmamento, a liberação do aborto e das drogas, a
maioridade penal só aos 18 anos e outras políticas esquerdistas que já
estejam sendo implementadas ou que venham a ser.
Confesso
que me incluo entre tais pessoas, mas tenho certa dificuldade em
admitir minha parcela de culpa sobre coisas em voga de que sou contra.
Ora, se eu condeno aqueles que defendem as políticas keynesianistas de
endividamento público, porque tenho de me ajoelhar no milho com eles? Se
eu condeno a maioridade penal aos 18 anos, devo vestir um suplício
porque um assassino de 17 anos e 364 dias de vida matou a sua namorada
de apenas 14 anos?
Em
sua sanha acusatória - ei, esperem aí, o texto não se propunha a falar
de auto-crítica? - o autor menciona um autoproclamado filósofo residente
nos Estados Unidos, sem citar seu nome, que justamente por todas estas
políticas atualmente em vigor, declarou: "O povo brasileiro é o povo
mais covarde, imbecil e subserviente do universo". Eis o líder dos maus
brasileiros que não fazem auto-crítica!
O termo que usou, "auto-proclamado", é porque o tal sujeito de quem fala - adivinhem que seja - tem debatido com os maiores colegas do mundo e proferido palestras em importantes e renomadas instituições privadas e governamentais que nenhum bacharel em filosofia jamais ousou sonhar em participar.
Ora, ora, Sr. Olavo de Carvalho: confesse que andou assando uma picanha...! Quem diria, hein?
Finalmente, não entendi porque o colunista decidiu intitular seu artigo de "Ódio chapa-branca". O termo "chapa-branca" é utilizado para se referir ao que pertence ao estado, ou ao que vem do estado. Estaria ele querendo dizer que nós pertencemos ao estado? Pelo que entendi, chapa-branquista é ele próprio.
O termo que usou, "auto-proclamado", é porque o tal sujeito de quem fala - adivinhem que seja - tem debatido com os maiores colegas do mundo e proferido palestras em importantes e renomadas instituições privadas e governamentais que nenhum bacharel em filosofia jamais ousou sonhar em participar.
Ora, ora, Sr. Olavo de Carvalho: confesse que andou assando uma picanha...! Quem diria, hein?
Finalmente, não entendi porque o colunista decidiu intitular seu artigo de "Ódio chapa-branca". O termo "chapa-branca" é utilizado para se referir ao que pertence ao estado, ou ao que vem do estado. Estaria ele querendo dizer que nós pertencemos ao estado? Pelo que entendi, chapa-branquista é ele próprio.
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A respeito desse tema sugiro que leiam o texto abaixo:
Jogos esquerdistas:
Obtenção de autoridade moral
De todas as estratégias da esquerda, seja durante a execução do framework completo como de qualquer uma de suas rotinas, aquela que é de prioridade número 1 de execução é a “Obtenção de Autoridade Moral”.
Tecnicamente, esta característica não está só presente em ideologias como marxismo, humanismo, positivismo e outras do tipo, como também em doutrinas que alguns classificam como “de direita”, como o nazismo e o fascismo.
Mas, como sabemos, essas duas ideologias são coletivistas, ao invés de individualistas. O pensamento de direita (ou conservador) é essencialmente individualista.
O mais importante no momento é definir por que a obtenção de autoridade moral é tão fundamental. Tanto que, sem a implementação desta estratégia, todas as outras perdem parte de seu efeito.
Existem contextos conservadores no qual a obtenção da autoridade moral existe. Por exemplo, muitos conservadores são católicos, e acreditam que o Papa não erra (a questão da infalibilidade papal). Isso dá, automaticamente, uma autoridade moral ao Papa.
Mas não é um problema tão crítico, por causa da sociedade laica.
Isso tudo se torna crítico quando vamos para o cenário político, em que a obtenção de autoridade moral de um grupo sobre o outro tende a fazer com que o primeiro seja ouvido, e o segundo, ignorado. Somente pela obtenção da autoridade moral.
Vamos a um exemplo bem simples. Imagine que você coma carne diariamente. E então apareça um vegetariano, afirmando que o ato de comer carne é indigno, vil e cruel.
Automaticamente, ele vai se colocar do lado dos animais, as criaturas “sofridas” por causa de seres cruéis (aqueles que comem carne).
Ele poderá usar imagens de animais sofridos em fazendas de criação de vitela para impressionar o público e jogá-los contra você.
Se obtiver sucesso, poderá até conciliar com outra estratégia, “A Retórica do Ódio” (da qual falarei em breve), e deixar todos com raiva de você.
E a partir daí ele terá conquistado a imagem de alguém que protege os animais contra os “malvados”.
Observe que ele poderá convencer a platéia de que os interesses deles são tão altruístas, mas tão altruístas, que ele defende não só os humanos, como também os animais.
E assim ele defenderia a criação de uma regra na qual os humanos poderiam viver em paz, e os animais também. Enfim, ele obtém a autoridade moral perante a plateia.
É claro que os animais que deixarem de viver em fazendas de criação estarão vulneráveis às leis da selva, podendo ser predados por outros animais, ao invés de servirem de alimentos aos humanos. Mas isso tudo é omitido do discurso do vegetariano.
Ele omite obviamente pois isso não é importante para a propaganda dele. O centro da propaganda é tentar convencer a platéia de que os interesses dele são mais nobres, e portanto alguém com autoridade moral sobre os demais.
Para compreender a questão da autoridade moral, é preciso saber a diferença entre autoridade jurídica e autoridade moral.
A autoridade jurídica é aquela imposta por obrigação. Por exemplo, um oficial da lei possui autoridade jurídica sobre o cidadão comum caso este esteja cometendo delitos. Já a autoridade moral não é imposta por obrigação, mas por aceite aparentemente espontâneo daqueles que se subordinarão a alguém.
No caso, a subordinação ocorre por que alguém possui mais conhecimentos (em uma organização, por exemplo), ou por que possui interesses mais nobres do que os demais (especialmente no debate político).
No exemplo do vegetariano, todo o discurso estaria planejado para mostrar que ele possui interesses mais nobres do que aqueles que comem carne.
Na questão de apresentar “nobrezas” de interesses, aí os socialistas (assim como os nazistas) são especialistas.
Por ambos serem coletivistas, é mais fácil para eles convencerem a platéia de que estão lutando por um “bem maior”, ao invés dos individualistas, que teriam a sua imagem vendida ao público como se fossem pessoas que só pensam em si mesmas. (Naturalmente, nem de longe isso é um fato, mas o que importa nessa estratégia é o convencimento da platéia, e não os fatos em si)
No caso desta estratégia em específico, há uma enorme quantidade de rotinas de argumentação e rotinas de frame. Em relação às rotinas de frame, em especial, muitas delas são especialmente desenhadas para atenter à estratégia de obtenção de autoridade moral.
Veja como exemplo as rotinas de frame Auto cético, Cético universal e Sou liberal.
Cada uma delas, se não refutada, garante a obtenção da autoridade moral para o esquerdista.