terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A riqueza dos campos de altitude


História evolutiva da vegetação na área serrana da região Sul ressalta importância de ecossistema não florestal
GILBERTO STAM | ED. 239 | JANEIRO 2016

© EDUARDO CESAR
Paisagens do alto da serra: gramíneas, arbustos, araucárias e despenhadeiros abruptos
Paisagens do alto da serra: gramíneas, arbustos, araucárias e despenhadeiros abruptos
Os campos de altitude da Serra Geral, no sul do Brasil, são encontrados sobre platôs cada vez mais altos à medida que avançam para a borda leste, onde a serra de repente despenca em imensos cânions. Vegetação campestre e arbustos predominam nessa área de invernos frios e solo raso, salpicada por afloramentos rochosos, pequenas manchas florestais e regiões encharcadas e ricas em matéria orgânica (turfeiras).



A aparente monotonia dos campos, que alguns chamam de “mar de grama”, esconde uma rica biodiversidade vegetal, com quase 300 espécies exclusivas da região, muitas delas pouco estudadas até recentemente. “A taxa de endemismo é de 25%, muito maior do que a encontrada na Floresta Atlântica da região”, diz o botânico João Iganci, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).




Embora muitas plantas dali também existam em outras regiões de altitude, tanto tropicais quanto temperadas, é esse endemismo que torna especiais os campos do Sul. “O número total de espécies também é alto e comparável a outros centros de biodiversidade, considerando que a área é pequena.”




Iganci, especialista na vegetação dos Campos de Cima da Serra, como são conhecidos na região, faz parte de um grupo da UFRGS e da Universidade Federal de Goiás (UFG) liderado pela geneticista Loreta Freitas, também da UFRGS, que busca compreender a história evolutiva das espécies da região e localizar áreas prioritárias para conservação. Os pesquisadores dividiram a Serra Geral em quatro regiões (ver mapa), sempre a partir de 900 metros acima do nível do mar, onde a floresta típica da Mata Atlântica dá lugar aos campos e às matas com araucária. A primeira etapa foi mapear a distribuição das espécies usando como indicador três gêneros típicos da região, todos eles com uma abundância de espécies endêmicas (índice de endemismo): Petunia, Calibrachoa e Adesmia.




O estudo, parte do doutorado do biólogo Michel Barros, demonstrou que a Área 1, no cume da serra, abriga a maior diversidade, com 13 espécies, seguida pela Área 2, a oeste, com 10 espécies.




© ILSE BOLDRINI / UFRGS
Gramínea Elyonurus
Gramínea Elyonurus




Altos índices de endemismo geralmente ocorrem em ecossistemas antigos e estáveis, já que demora muito tempo para novas espécies surgirem. Parece que foi isso mesmo que aconteceu nos campos de altitude sulinos, de acordo com simulações do clima desde 21 mil anos atrás, quando o planeta atingiu sua temperatura mais baixa desde o último ciclo glacial.




Os resultados indicam que a Área 1, seguida pela 2, manteve um clima mais estável, confirmando a pista dada pela biodiversidade. “No último máximo glacial o clima era mais frio e seco, propício para o desenvolvimento dos campos, o que permitiu que espécies desse ambiente avançassem sobre áreas mais úmidas e quentes, onde antes predominavam florestas”, conta Loreta.




 “Ao migrar para regiões para as quais não estavam adaptadas, as espécies campestres se diversificavam, dando origem a novas espécies e linhagens.” Durante esse período, houve expansão dos campos em direção a locais de menor altitude, ao norte. Mas, com o aquecimento gradual e aumento da umidade, as florestas voltaram a se expandir e ocupar regiões de campos que, por sua vez, se tornaram restritos às regiões mais altas, onde estão hoje.




As florestas com araucária – que dividem o mesmo ambiente, formando mosaicos com os campos – também tiveram um papel importante. “Ao longo do tempo, ocorreu uma competição constante entre campo e essas florestas, com uma alternância entre ambientes dependendo das condições climáticas”, diz Iganci.




Essa dinâmica, que ainda hoje existe, pode ter sido responsável pela separação de determinadas populações que acabaram formando novas espécies. “Esse parece ter sido o caso de algumas petúnias polinizadas por abelhas”, diz Loreta. “Essas abelhas não conseguiam atravessar as florestas com araucária, que assim provocavam um bloqueio no fluxo gênico entre populações.”





© ILSE BOLDRINI
Cravo-do-campo (Trichocline macrocephala)
Cravo-do-campo (Trichocline macrocephala)





Os pesquisadores observaram também que a biodiversidade fica menor nas direções oeste e norte, conforme diminui a altitude e a umidade que vem do mar. “Os resultados para biodiversidade se referem apenas aos grupos estudados, mas são espécies altamente representativas da região”, diz Loreta.




 “Também observamos uma forte correlação da biodiversidade com o clima e a altitude.” Além de indicar áreas prioritárias e ajudar a entender a origem da biodiversidade da região, o estudo contribui para revelar uma riqueza antes desconhecida.




“Até pouco tempo atrás os Campos de Cima da Serra vinham sendo completamente negligenciados em estudos que levam em conta os aspectos ecológicos, evolutivos e conservacionistas”, diz Iganci. O pesquisador, que fez várias viagens de coleta nos últimos 10 anos, alerta para a degradação do ecossistema e identifica sua principal ameaça: o avanço da silvicultura, que consiste em plantações de pinheiro e eucalipto.





Percepção campestre
O estudo contraria a ênfase dada às florestas que limita os esforços de preservação de campos no mundo todo. Um grupo de especialistas em ecossistemas campestres do Brasil, Estados Unidos, França, Bélgica e África do Sul tenta mudar essa percepção ressaltando, dentro e fora da comunidade científica, a alta biodiversidade dos campos, que devem ser vistos como ecossistemas antigos, cuja história evolutiva de milhões de anos tem íntima relação com o fogo e a presença de animais herbívoros.


Muitas plantas apresentam adaptações como caules subterrâneos e são capazes de brotar rapidamente após a queima e com órgãos subterrâneos como tubérculos, rizomas e bulbos, que armazenam água e amido em local protegido.




© 4 JEFERSON FREGONEZI / UFRGS
Petúnia Calibrachoa sellowiana
Petúnia Calibrachoa sellowiana
“A diversidade de plantas e também de outros grupos dos ambientes de campo e de savana no Brasil pode ser considerada equivalente àquela das florestas”, diz o ecólogo Gerhard Overbeck, especialista em vegetação campestre, também da UFRGS.




 “Temos de levar em conta também a área ocupada por esses ecossistemas. O Pampa, por exemplo, ocupa pouco mais de 2% do Brasil, mas contém mais de 2.150 espécies de plantas apenas em ambientes de campo”, completa. Segundo ele, em algumas regiões campestres no sul do Brasil é possível encontrar mais de 50 espécies de plantas por metro quadrado, incluindo um grande número de espécies de gramíneas.




Muitas plantas de ambientes campestres têm um longo ciclo de vida, como algumas do gênero Vellozia, que ocorrem nos campos rupestres no Brasil Central, que demoram 100 anos para chegar à idade reprodutiva e podem viver até 500 anos. O problema é que os sinais de antiguidade no campo são mais difíceis de visualizar que o perímetro das árvores ou o acúmulo de matéria orgânica nas florestas.





Valorização humana
Os campos também prestam importantes serviços ecológicos. “Esses ecossistemas são fundamentais na regulação do ciclo hidrológico, pois além de a vegetação reter muito menos água das chuvas do que o dossel das florestas, as abundantes raízes finas funcionam como uma esponja que libera a água aos poucos para os rios e aquíferos”, diz a engenheira florestal especialista em Cerrado Giselda Durigan, do Instituto Florestal do Estado de São Paulo, em Assis.




Além disso, o solo abriga tubérculos, bulbos e rizomas, adaptações das plantas que ajudam a reter água na estação seca e permitem que elas resistam ao fogo e à herbivoria, desafios comuns nesses ambientes. “Essas estruturas contribuem para o sequestro de carbono, embora isso ainda não esteja quantificado”, diz Giselda. “Os solos são complexos e levam muito tempo para se formar. Se degradados, a recuperação é dificílima.”
© VALÉRIO PILLAR / UFRGS





Plantio de Pinus em campo
Plantio de Pinus em campo
A falta de conhecimento sobre a ecologia dos campos tem levado a políticas de conservação equivocadas, como o incentivo à silvicultura, com resultados desastrosos para a biodiversidade e para os serviços ecológicos. “As árvores fazem sombra, impedindo o crescimento das plantas herbáceas ávidas por sol e reduzindo a biodiversidade”, diz Giselda.




“Além disso, fazem com que 20% a 30% da água da chuva evapore antes de chegar ao solo.” Outro exemplo de proteção às avessas é a proibição da “sapecada”, queima provocada pelos pecuaristas serranos para manejo do pasto e proibida em 1992 pelo Código Florestal Estadual do Rio Grande do Sul. Giselda afirma que o fogo, assim como o gado (desde que não sejam excessivos), evita o adensamento das árvores, ajudando a manter estável a estrutura e a diversidade da vegetação campestre. Além disso, a variedade de gramíneas natural desses ambientes pode tornar a carne mais saudável do que a de animais confinados.




060-063_Campos de altitude_239O grupo internacional de especialistas, do qual fazem parte Giselda e Gerhard, publicou em 2015 um artigo no qual propõe o conceito de “campos antigos” (old growth grasslands, em inglês), um adjetivo em geral aplicado a florestas maduras.




Os autores chamam a atenção para características específicas de ecossistemas de campo de savana que exigem estratégias de conservação distintas. Ao ampliar a compreensão desses ambientes, eles também esperam contribuir para inserir os campos na pauta do movimento ambientalista, lançando um novo olhar sobre esses ecossistemas que ajude a enxergar as riquezas escondidas no “mar de grama”.
 




Artigos científicos
Veldman, J. W. et al. Toward an old-growth concept for grasslands, savannas, and woodlands. Frontiers in Ecology and Environment. v. 13, n. 3, p. 154-62. abr. 2015.
Barros, M. J. F. et al. Environmental drivers of diversity in Subtropical Highland Grasslands. Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics. v. 17, n. 5, p. 360-8. out. 2015.

Campos cultivados perdem diversidade na Alemanha


Intensificação do uso da terra, mesmo leve, diminui variedade do ecossistema 


MARIA GUIMARÃES | Edição Online 16:04 2 de dezembro de 2016

© RENATE DODELL/FLICKR
Campos no Parque Nacional Hainich, na região central da Alemanha
Campos no Parque Nacional Hainich, na região central da Alemanha


Na queda-de-braço entre agropecuária e conservação, um enigma é encontrar a medida de quanto se pode alterar um ambiente natural sem destruir suas propriedades ecológicas.


A resposta pode ser desanimadora para muitos: uma intensificação de uso da terra entre pequena e moderada já é suficiente para derrubar a diversidade de um ecossistema. 



Pelo menos em campos na Alemanha, segundo indica um grupo liderado pelo ecólogo alemão Wolfgang Weisser, da Universidade Técnica de Munique (TUM), em artigo publicado no site da revista Nature em 30/11.




“Temos que superar essa guerra crônica”, afirma o ecólogo brasileiro Thomas Lewinsohn, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coautor do estudo junto com Leonardo Ré Jorge, em estágio de pós-doutorado em seu laboratório. “Não há que optar entre produção e conservação, os dois são igualmente desejáveis e necessários.” Essa conjunção se chama sustentabilidade, ele lembra.



O estudo foi feito em três regiões da Alemanha, em cada uma das quais foram estudadas, ao longo dos últimos 10 anos, 50 áreas de campo usadas para pastagem. Classificadas conforme o manejo e a intensidade do uso, parâmetros que levam em conta a densidade de gado (vacas ou ovelhas) no pasto, a frequência e a intensidade de fertilização e o corte regular do pasto para rebrota, essas áreas foram avaliadas quanto à abundância de uma diversidade de organismos de todos os tipos: 4 mil espécies que incluem plantas, animais, fungos, bactérias, habitantes do subsolo, da superfície ou do ar.



Lewinsohn e Jorge contribuíram para a análise dos dados, que inclui modelos ecológicos complexos nos quais o professor da Unicamp é especialista (ver Pesquisa FAPESP nº 248).



Os resultados indicam que o uso intensivo da terra leva à perda das espécies mais raras em todas as áreas. Os campos retêm os organismos mais generalistas, com hábitos muito variados, por isso disseminados. O resultado é uma região empobrecida, com biodiversidade uniforme e reduzida – menor diversidade-β, no jargão da área.



 “Não basta ter algumas áreas menos usadas ou ilhas preservadas”, explica Lewinsohn.


“Haverá perda de biodiversidade.” Isso vale tanto para os organismos acima do solo como os subterrâneos. Estes podem parecer insignificantes, mas têm efeitos importantes para as plantas. Um exemplo são as micorrizas, fungos associados às raízes de alguns tipos de plantas que ajudam na fixação de nutrientes do solo, como nitrogênio.



© ASTRID ECKERT
Lewinsohn com o reitor da TUM, ao receber título de embaixador da universidade
Lewinsohn com o reitor da TUM, ao receber título de embaixador da universidade


O que ainda não é possível saber é se os níveis de uso que permitiriam a manutenção do ecossistema seriam economicamente viáveis. “Na Europa a agropecuária recebe muito subsídio, o que dificulta essas contas”, diz o brasileiro. Também resta investigar se os resultados valem para outros tipos de ecossistemas ou para ambientes semelhantes em outros países.



O Brasil, por exemplo, é rico em ecossistemas campestres, que muitas vezes são usados como pastos em várias regiões: no Pantanal, nas áreas originárias de Cerrado no Sudeste, no Pampa, em áreas de altitude (ver Pesquisa FAPESP nº 239), mas não há estudos do porte do conduzido pelos alemães. “É urgentemente necessário fazer experimentos desse tipo no Brasil, estudando o espectro biológico de maneira ampla, intensiva e no longo prazo”, defende Lewinsohn.



Não por acaso, o pesquisador estava em Munique no momento da publicação do artigo na Nature. Tinha ido receber o título de “Embaixador da TUM” em solenidade realizada no dia 27/11. Ele e mais oito pesquisadores de vários países, incluindo o engenheiro Edson Bim, também da Unicamp, foram selecionados como reconhecimento aos colaboradores que contribuíram de forma excepcional para o avanço da pesquisa e da inovação realizadas pela universidade.



A solenidade incluiu um concerto para o qual é necessário sortear convites, tal a demanda, como parte de três dias em que aconteceram reuniões com o reitor (em almoço com direito a salsichão e cerveja), vice-reitores e conversas com jovens pesquisadores. Sendo um embaixador, Lewinsohn já tem ingresso garantido para outro concerto disputado: o que comemorará os 150 anos da TUM em 2018, no estádio olímpico da cidade.


Artigo científico


 
GOSSNER, M. M. et al. Land-use intensification causes multitrophic homogenization of grassland communities. Nature. on-line, 30 nov 2016.

Os Efeitos Danosos Da Caça Ilegal

terça-feira, 29 de novembro de 2016


Proibida no País desde os anos 1960, a atividade reduziu a população de várias espécies de animais e elevou o risco de desequilíbrio ambiental



O período entre os anos 1930 e 1960 é chamado de “época da fantasia” em muitas partes da Amazônia. “Fantasia” eram as peles de felinos exportadas para o mercado da moda norte-americano e europeu. Só a venda de pele das espécies mais exploradas – que incluíam jacarés, peixes-boi, veados, porcos-do-mato, capivaras e ariranhas – movimentou cerca de US$ 500 milhões (em valores atuais) durante o auge desse comércio.


De 1904 a 1969, algo em torno de 23 milhões de animais silvestres de ao menos 20 espécies foram mortos para suprir o consumo de couros e peles. Esses dados, apresentados em um artigo publicado em outubro na revista Science Advances, referem-se apenas ao que ocorreu nos estados de Rondônia, Acre, Roraima e Amazonas.


O biólogo André Antunes, primeiro autor desse trabalho, calculou o número de animais abatidos no período ao combinar as informações disponíveis nos registros comerciais e portuários com as anotadas nos chamados manifestos de carga, relações detalhadas dos materiais transportados pelos navios que partiam do interior da Amazônia para o porto de Manaus.




Veja o texto na íntegra: Revista Fapesp

Fonte: EcoDebate

Índia inaugura a maior usina solar do mundo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


Até 2020, a Índia quer abastecer 60 milhões de residências a partir da energia fotovoltaica.

Os indianos estão levando a sério o projeto de expandir significativamente a produção nacional de energia fotovoltaica. Recentemente a Índia inaugurou a maior usina solar do mundo. A estrutura tem capacidade instalada para 648 MW, superando a Usina Topaz, na Califórnia, com capacidade de 550 MW.
O objetivo da Índia é chegar a 2022 produzindo 20 GW de energia limpa proveniente do sol. Por isso, o país tem grandes projetos para serem colocados em prática já nos próximos anos. Um dos mais ambiciosos é uma planta 4 GW que deve ser construída em sete anos.
A fazenda solar inaugurada agora está localizada na região sul do país, em Kamuthi. São 2,5 milhões de módulos solares, que cobrem uma área de dez quilômetros quadrados. A estimativa é de que a estrutura gere energia suficiente para alimentar 150 mil casas.


Para aumentar a eficiência de todo o sistema, a usina conta com um sistema automatizado e alimentado pelos próprios painéis solares que limpa diariamente as placas, para que operem sempre no auge de sua capacidade.
Até o momento a Índia soma dez gigawatts de capacidade solar instalada. Quando o objetivo total for alcançado, o país conseguirá abastecer 60 milhões de residências a partir da energia fotovoltaica.
Fonte: Ciclo Vivo

Teresina plantou 320 mil árvores em 3 anos e planeja mais 500 milTeresina plantou 320 mil árvores em 3 anos e planeja mais 500 mil

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


A meta agora é, entre 2017 e 2020, plantar, doar e distribuir 500 mil mudas frutíferas e nativas.




O Projeto Teresina Mais Verde, que tem o objetivo de fomentar a arborização da cidade piauiense, superou a meta para 2016 estabelecida pela administração municipal. Desde que foi implantado, em abril de 2013, já foram plantadas, doadas ou distribuídas quase 320 mil mudas. A meta agora é, entre 2017 e 2020, plantar, doar e distribuir 500 mil mudas, entre espécies frutíferas, como cajueiro e mangueira, e nativas, como ipê e caneleiro.




Em 2013, quando o projeto foi colocado em prática, o objetivo da Prefeitura de Teresina era chegar ao número de 300 mil mudas até o fim de 2016. “Em junho deste ano, batemos a meta. No último relatório, fechado no dia 16 de novembro, verificamos que já superamos esse número em 17.472 mudas”, destaca Eduardo Freitas, coordenador municipal de arborização.



Desse total de 317.472, 28.385 foram plantadas ou transplantadas, 151.641 foram distribuídas de forma gerenciada e 137.446 foram doadas também de forma gerenciada. “Ao que tudo indica, a população aderiu ao Teresina Mais Verde”, comenta Eduardo Freitas.



Além do interesse da população, o coordenador de arborização da Prefeitura de Teresina chama atenção para outros fatores que contribuíram para que a meta estabelecida há três tenha sido superada. “Uma dessas iniciativas é o Caminhão do Verde, que começou a funcionar em novembro de 2015 e já visitou mais de 100 bairros. Por causa dele, são distribuídas de 500 a 1000 mudas por semana na capital”, observa Eduardo Freitas.



A doação e a distribuição de mudas também teve um papel importante. A doação é feita pela Prefeitura a partir de três viveiros, localizados nas zonas Norte, Sul e Leste, onde qualquer teresinense pode solicitar até 10 mudas. “A distribuição gerenciada é mais voltada para entidades e associações que queiram mais de 10 mudas. Nesse caso, é só mandar um ofício à Coordenação de Arborização solicitando”, complementa Eduardo Freitas.



Para os próximos anos, a meta estabelecida pela administração municipal é ainda mais arrojada. “O objetivo é dar continuidade. Queremos que, entre 2017 e 2020, sejam plantadas, doadas ou distribuídas mais 500 mil mudas”, finaliza.


Fonte: Ciclo Vivo

Estudo coordenado pela Fiocruz mapeia mudanças no clima do Mato Grosso do Sul

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


No Mato Grosso do Sul, a porção norte do estado poderá apresentar um aumento de até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos próximos 25 anos.



Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita sobre o Mato Grosso do Sul, que identificou a vulnerabilidade à mudança do clima nos 79 municípios do estado. Coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo é uma das atividades realizadas no âmbito do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, feito em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.



Os resultados da pesquisa foram compartilhados durante o Seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorreu nesta quarta-feira (30/11) em Campo Grande (MS). Para o coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri, este trabalho possibilitará aos gestores avaliar, por meio de mapas e gráficos, qual parte do território está mais e menos vulnerável às alterações do clima e os mais aptos a se recuperarem de possíveis impactos climáticos.



 “O Mato Grosso do Sul é o único representante da região centro-oeste a participar do estudo. Além dele, foram escolhidos mais cinco estados para serem avaliados: Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Paraná e Pernambuco. Também foi desenvolvida uma ferramenta, um software, que ajuda a quantificar a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas, conforme cada município”, ressalta o pesquisador da Fiocruz Minas.


Dias mais secos


A pesquisa feita sobre os municípios sul-mato-grossenses indica que a porção sul do estado poderá ser a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD. Na cidade de Japorá, por exemplo, o aumento no número de dias seguidos sem chuva poderá chegar a 12,6%, seguida por Sete Quedas (12,2%) e Tacuru (11,5%).


O município de Novo Horizonte do Sul apresentou o CDD mais elevado do estado, com um aumento de 15,2% para os períodos de estiagem. Esta situação é diferente em cidades localizadas na parte central, como Rochedo e Corguinho. Nelas, os dias seguidos sem chuvas permanecerão os mesmos em comparação com o período atual.



Mais calor e menos chuvas
Em relação à temperatura máxima, Corguinho poderá ter um incremento de até 5,8°C para os próximos 25 anos. Os municípios da porção norte serão os mais afetados, assim como algumas cidades localizadas na parte leste do estado. Em Paranaíba e Aparecida do Taboado o aumento pode chegar a 5,7°C para o período de 2041 a 2070.



O Alto do Taquari pode ser uma das regiões mais impactadas pela redução do volume de chuvas. Em Coxim e Rio Verde do Mato Grosso, por exemplo, a precipitação poderá diminuir 19,3%. Na parte leste do estado, a pluviosidade pode reduzir até 17,6%, como é o caso do município de Selvíria.


Campo Grande apresenta uma elevação de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8,3% na precipitação. Em relação ao número de dias seguidos sem chuva, a capital pode ter uma diminuição de 5,4%.



Mudança do clima no Pantanal
As projeções feitas no estudo indicam possíveis consequências para o Pantanal. Por ser um bioma úmido, que depende do ciclo de cheias e secas, o aumento da estiagem pode impactar no ciclo de inundações e na diminuição da biodiversidade, por causa das alterações no processo reprodutivo de plantas e animais.


As mudanças do clima também podem provocar transformações em fenômenos naturais recorrentes no Pantanal, como o período das cheias dos rios. Por causa das alterações no volume de chuvas e elevação da temperatura, podem ocorrer eventos extremos, como secas e alagamentos. Estes fenômenos climáticos poderiam impactar no Pantanal, a perda do potencial de pesca e, em outras partes do estado, a redução da produção agrícola, afetando diretamente a segurança alimentar das populações que vivem nessa região. Outro impacto que pode ser apontado nesse cenário futuro é o aumento de doenças, devido à proliferação de vetores.




Vulnerabilidade dos municípios
As pesquisas realizadas sobre o estado consideram informações de cada município relacionadas a fenômenos extremos, a exemplo de tempestades, e doenças vinculadas ao clima, entre elas, dengue, leptospirose e leishmaniose. Dados sobre a população, envolvendo saúde e condições socioeconômicas e a capacidade dos municípios para lidarem com as mudanças climáticas também são utilizados.





As informações coletadas são associadas a três elementos – exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa da população, considerando dois cenários de clima futuro: um com redução nas emissões de gases do efeito estufa e menor aquecimento global, e outro que considera o aumento contínuo dessas emissões com maior impacto no clima. A partir da combinação e análise desses dados, é possível calcular o Índice Municipal de Vulnerabilidade (IMV) e outros indicadores.



As projeções feitas na pesquisa indicaram que os municípios mais vulneráveis à mudança do clima seriam Rio Verde do Mato Grosso, Rio Negro e Sonora e os menos vulneráveis seriam Jateí, Naviraí e Chapadão do Sul. As cidades mais expostas às alterações climáticas foram Maracaju, Três Lagoas e Coxim, em virtude de desmatamentos, variações bruscas de temperatura e ocorrência de eventos extremo, como secas e enxurradas. Em relação à sensibilidade, que indica a intensidade com a qual os municípios são suscetíveis aos impactos do clima, Juti, Taquarassu e Paranhos seriam os mais impactados.



O estudo apontou que Campo Grande, Chapadão do Sul e Costa Rica foram considerados os municípios mais adaptados para lidar com as mudanças clima, devido à existência de infraestrutura de saúde, como leitos hospitalares, plano de contingência de desastres e atuação da Defesa civil. Coronel Sapucaia e Novo Horizonte do Sul seriam os menos adaptados.


Fonte: EcoDebate

Pequim anuncia alerta laranja por poluição

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016


Quando se declara o alerta laranja, ficam suspensas as atividades escolares ao ar livre e as indústrias são obrigadas a reduzir ou interromper sua produção.


As autoridades de Pequim anunciaram nesta quinta-feira (1) a ativação do alerta laranja por poluição - o segundo mais alto - a partir da meia-noite (14h de Brasília) e para os próximos três dias.

O alerta laranja, o segundo em uma classificação de quatro (vermelho, laranja, amarelo e azul), representa uma densidade de mais de 150 microgramas por metros cúbicos de ar de partículas PM 2,5, as mais prejudiciais para a saúde, durante três dias consecutivos.

Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelecer um limite máximo recomendado de 25 microgramas, os medidores de poluição de Pequim marcam atualmente um nível de 34.

Os alertas laranja e vermelho devem ser emitidos pelo menos 24 horas antes que a poluição alcance os picos máximos.

Quando se declara o alerta laranja, ficam suspensas as atividades escolares ao ar livre e as indústrias são obrigadas a reduzir ou interromper sua produção, além de restrições em obras públicas e nas atividades de construção.

Também há limitações ao trânsito de veículos e se recomenda à população que não saia de casa se não for imprescindível, especialmente crianças e idosos.


A previsão é que uma frente fria chegue à capital da China no próximo domingo pela tarde e disperse a poluição, segundo as autoridades meteorológicas locais.

Fonte: G1

Áreas protegidas ou áreas que ninguém quer?


Por Rafael Loyola
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Não adianta proteger apenas áreas que foram desprezadas pela agricultura e outras
 atividades econômicas. Foto: Creative Commons

O Brasil tem uma das maiores redes de áreas protegidas do mundo, com Unidades de Conservação estabelecidas em diversas categorias e esferas de gestão. Toda essa proteção estende-se por cerca de 17% do território brasileiro e tem por finalidade proteger o imenso patrimônio natural do país. Intuitivamente, toda e qualquer nova unidade de conservação criada significa mais um ponto no placar dos conservacionistas. Mas, se não for bem assim?
Globalmente, e no Brasil não parece ser diferente, áreas destinadas à conservação têm uma natureza residual. 


Por residual, me refiro literalmente ao que sobrou e não pôde ser utilizado para agricultura, pecuária, mineração, pesca e assim por diante. Alguns estudos científicos já demostraram que áreas protegidas possuem solos inférteis, terrenos muito acidentados e pouca (ou nenhuma) vocação para o uso econômico. 



Em outros casos, os limites dos parques coincidem perfeitamente com os limites de áreas de pesca de arrasto ou de espinhel, evidenciando que os parques tiveram seus contornos ajustados para permitir a pesca em seu entorno. Há ainda áreas protegidas em locais remotos, como parques marinhos enormes, mas bem distantes da plataforma continental,  onde está a maior e mais ameaçada biodiversidade marinha; ou em áreas inacessíveis em florestas tropicais, e portanto, ainda sem uso econômico.


Mas isso é um problema? Muita gente acha que ter unidades de conservação residuais no Brasil não é um problema, posto que cada vez temos mais áreas sendo protegidas. Mas essa é uma maneira simplista de medir o avanço que estamos fazendo com a conservação da natureza. Pensar apenas na área total sob proteção faria sentido desde que a criação de uma determinada unidade de conservação impedisse a transformação da área em outra coisa; por exemplo, uma monocultura de soja. 



Além disso, seria preciso garantir que dentro da unidade de conservação a biodiversidade que mais precisa de proteção estaria de fato protegida. E quem precisa de mais proteção são espécies e ecossistemas ameaçados por desmatamento, queimadas, mudanças climáticas, mineração, exploração de petróleo e gás, sobrepesca, etc.


"conservamos locais que, analisando friamente, talvez nem precisassem de proteção, uma vez que não seriam convertidos em qualquer outra coisa. Resultado: locais com baixa vulnerabilidade são protegidos e locais que serão riscados do mapa para sempre são liberados para uso."
Eu sei... pode soar um pouco estranho, mas a chave para entender a ideia é fazer uma pergunta simples: o que teria acontecido com essa área (e, consequentemente, com a biodiversidade lá existente) caso ela não houvesse sido protegida? Se sua resposta for: “Nada! Ela estaria do mesmo jeito”, então essa proteção não deveria ser efusivamente comemorada como mais um gol no placar da conservação. 



Em muitos casos – mais do que você imagina – essas áreas estariam muito bem obrigado daqui a 20-30 anos caso não houvessem sido protegidas; pensem no interior da floresta amazônica!



Veja que em ambas as situações, não se trata apenas de proteger o que está dentro das unidades de conservação, mas de fazer a diferença, salvando o que seria perdido, caso essas unidades não houvessem sido criadas. 



Note, também, que não estou falando de números e estatísticas. Para quem pensa em números ou área total protegida, qualquer nova unidade de conservação é lucro. Estou falando de “impacto positivo”, de fazer a diferença com ações de conservação.



Em áreas como a medicina, educação e desenvolvimento social, esse impacto positivo é formalmente definido como “o que teria acontecido caso uma determinada intervenção não houvesse sido implementada ou uma intervenção diferente houvesse sido feita”. Em conservação esse impacto positivo ainda é raramente estimado, mas isso vem mudando. Um exemplo é que no ano passado a conceituada revista cientifica inglesa “Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences” publicou um volume especial sobre avaliação do impacto positivo de ações de conservação no mundo.



O fato é que, com recursos escassos destinados à conservação e muita dificuldade política para implementar ações em locais com vocação para outros usos, principalmente atividades econômicas, corre-se o risco de se optar pelo caminho mais fácil. Esse caminho é o de proteger áreas residuais, que não foram usadas para outros fins e, portanto, poderiam ser transformadas em unidades de conservação. Pior, a biodiversidade perdida em áreas não protegidas normalmente só ocorre ali, onde nunca mais serão encontradas.



A consequência de não se avaliar o impacto positivo da criação de áreas protegidas no mundo e nas unidades de conservação no Brasil é clara: embora tenhamos dobrado a área total protegida no planeta nos últimos 10 anos, nunca tivemos tantas espécies ameaçadas de extinção sem proteção alguma. Isso parece um contrasenso. Parece! Mas isso é esperado porque não direcionamos, necessariamente, nossos esforços para a proteção de ambientes e espécies que estão sumindo devido à exploração humana. Ao contrário, conservamos locais que, analisando friamente, talvez nem precisassem de proteção, uma vez que não seriam convertidos em qualquer outra coisa. Resultado: locais com baixa vulnerabilidade são protegidos e locais que serão riscados do mapa para sempre são liberados para uso.



Enquanto nossos objetivos conservacionistas forem o de aumentar a área total protegida do país e não o de proteger aquilo que pode desaparecer para sempre, o placar continuará a favor da extinção e contra a biodiversidade. O assunto é polêmico, sem dúvida. Espero retomá-lo em outras colunas, pois há muito o que conversar. Ainda assim, está na hora de perguntarmos “o que aconteceria com essas áreas caso elas não houvessem sido convertidas em unidades de conservação?” ou, de maneira mais simples, “nossas unidades de conservação fazem a diferença?”

Cidades brasileiras buscam soluções para preservar áreas verdes





Pagamento por serviços ambientais é alternativa para evitar devastação


Parque Flamboyant (Foto: Divulgação/Ascom/Amma)Parque Flamboyant, em Goiânia. Cidade tem quase 90% de arborização (Foto: Divulgação/Amma)
 
 
A conciliação entre desenvolvimento urbano e preservação da natureza sempre foi um desafio mundial. Com a divulgação de informações sobre o aquecimento global, entretanto, as preocupações relativas à destruição de florestas ficaram muito maiores e as cidades cada vez mais são pressionadas a encontrarem soluções sustentáveis. Segundo o Censo 2010, o Brasil tem uma média de arborização nos municípios de 68% em relação ao número de domicílios. No país, entretanto, coexistem exemplos bem-sucedidos e casos em que a natureza fica relegada a segundo plano.


De acordo com a especialista em Gestão Ambiental da ONG The Nature Conservancy Giovana Baggio, o pagamento por serviços ambientais é uma das principais soluções para permitir a criação e a manutenção de áreas verdes nas cidades.


Este benefício pode vir, por exemplo, na forma de descontos no IPTU - como ocorre em Curitiba, entre outras cidades - para proprietários particulares que mantenham vegetação original. Já em nível governamental, o ICMS ecológico beneficia com mais recursos os estados que mantêm mais Unidades de Conservação.  "Mecanismos como estes evitam que a preservação dependa exclusivamente de políticas locais", explica Giovana. Em casos assim, o Brasil possui cidades nos dois extremos.


Goiânia, por exemplo, possui regulamentações muito fortes no sentido de manter e ampliar suas áreas verdes. O percentual de arborização em relação ao número de domicílios é de quase 90%, o maior do país entre os municípios com 1 milhão de habitantes ou mais.

A capital de Goiás conta com 94 m² de área verde por habitante, o segundo maior índice do mundo, atrás apenas de Edmonton, no Canadá. Segundo o diretor de Áreas e Unidades de Conservação da Agência Municipal de Meio Ambiente Antonio Esteves, o Plano Diretor da cidade prevê restrições mais rígidas que as impostas pelo Código Florestal.

Além disso, desde 2007, quando novos loteamentos são realizados, pelo menos 7,5% da área com vegetação do terreno passam, automaticamente, para o poder público. Por conta dessa medida, o número de áreas verdes públicas vem crescendo nos últimos anos. Entre 2005 e 2013, saltou de 86 para 219.

De acordo com Antonio, a preocupação em evitar o desmatamento já era grande em Goiânia mesmo antes do aumento da consciência ambiental. “O clima aqui é muito agressivo, com a umidade chegando a níveis em torno de 20%, por isso, sempre se procurou manter a arborização, para amenizar os efeitos dessas condições”, justifica.

Belém, por sua vez, tem o menor nível entre as grandes cidades do Brasil: 22,4% dos domicílios estão em áreas arborizadas. Para o secretário de Meio Ambiente da capital do Pará Cláudio Alves, pelo menos nos últimos 12 anos a cidade não teve os recursos técnicos necessários para a manutenção e ampliação de sua vegetação.


Agora, para mudar essa situação, a ideia é plantar 3 mil novas árvores por mês. Esse procedimento vem sendo realizado com sucesso desde março de 2013. Outra ação planejada é a ampliação do Parque Ecológico de Belém - atualmente com 45 hectares - em pelo menos 10 vezes.


Alguns relatórios indicam níveis ideais padronizados de arborização por habitante. De acordo com uma das fundadoras da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Maria do Carmo Sanchotene, entretanto, o ideal é que haja estudos mais específicos para determinar as necessidades de cada município. “Os números podem variar, por exemplo, de acordo com a proximidade do mar ou o tamanho da área rural no entorno da cidade", explica.

Florestas urbanas são um respiro em meio ao caos de grandes cidades


13/07/2013 07h22 - Atualizado em 22/02/2014 07h19

Além de refúgios naturais, as reservas são importantes na preservação da fauna e da flora características de regiões de grande desmatamento


Elas protegem vegetação e animais, e ainda agregam qualidade de vida aos centros urbanos.  Como grandes heroínas, se sustentam bravamente na contramão do crescimento das grandes cidades. As florestas urbanas são como refúgios que nos fazem lembrar um pouco de como é saudável viver e respeitar a natureza.

Além de serem extremamente importantes na preservação do patrimônio biológico do país, as florestas urbanas são também responsáveis por amenizar os efeitos poluentes das grandes cidades. A purificação do ar e da água, bem como a manutenção do clima, são alguns dos benefícios destas reservas ambientais alojadas no coração de grandes metrópoles.

Conheça nesta reportagem algumas das principais florestas urbanas do Brasil:

Parque Tenente Siqueira Campos (Trianon)
Passeio de conexão com a natureza no Parque Trianon (Foto: Divulgação / Parque Trianon)Conexão com a natureza no Parque Trianon
(Foto: Divulgação/Parque Trianon)
Em meio a tantos prédios na Avenida Paulista, é um alívio ver e sentir o tesouro natural guardado pelo Parque Trianon. Sua flora remanescente de Mata Atlântica e fauna composta basicamente de animais alados, como pássaros, borboletas e morcegos, são como um refúgio para os que querem fugir por alguns instantes do caos urbano. Além da natureza, também se destacam no parque as esculturas “Fauno”, de Victor Brecheret e “Aretusa’, de Francisco Leopoldo Silva.


Com a intenção de promover a saúde e o lazer, o Parque Trianon possui uma extensa programação de atividades de ginástica chinesa, como Tai Chi Chuan, e de apresentações musicais gratuitas.

Segundo a administração do parque, trilhas sem guias ou monitores não são indicadas. Animais domésticos são permitidos desde que em suas guias, lembrando que todo dono é responsável pelo seu animal e por aquilo que ele produz. Além disso, não é permitida a circulação com bicicletas, patins ou skates.

Área: 48.600 m²
Acesso: Rua Peixoto Gomide, 949 (Altura do nº 1700 da Avenida Paulista).
Horário de funcionamento: diariamente das 6h às 18h
Atividades:
Rádio Taissô: de segunda a sexta-feira das 7h às 7h30
Lian Gong: terça e quinta-feira das 16h às 17h, e domingo das 9h às 10h
Tai Chi Chuan: de quarta a sexta, das 7h30 às 8h30
Pratica de exercícios terapêuticos chineses: terça e quinta-feira de 7h30 às 8h, e das 8h às 8h30
Domingo: programação musical às 11h. (Horário sujeito à alteração)
Informações sobre outras atividades: (11) 3253-4973 / (11) 3289-2160
Jardim Botânico Adolpho Ducke
Localizado na Zona Leste de Manaus, o Jardim Botânico Adolpho Ducke guarda o maior fragmento de floresta urbana preservada do Brasil. Sua flora é composta por espécies típicas da Floresta Amazônica, como a magnífica árvore Angelim-pedra de 40 metros de altura e 400 anos.  A fauna é extremamente rica e plural. Visitantes interessados em conhecer o parque podem ter oportunidade de encontrar a ave de rapina mais poderosa do mundo, o gavião-real.

A principal missão do parque é disseminar o conhecimento sobre a Floresta Amazônica. Por isso, as trilhas promovidas no local são de cunho científico e sempre acompanhadas por especialistas. As coleções botânicas, como de bromélias e orquídeas, são outro grande atrativo turístico responsável por gerar e disseminar o conhecimento sobre a natureza da região.

Além do espetáculo da natureza selvagem, o jardim dispõe, ainda, de atrações culturais e educativas. Na exposição permanente "O que se encontra no Encontro das Águas", onde os visitantes podem aprender sobre peixes, vegetação e a dinâmica das águas do encontro dos rios Negro e Solimões.

Área: 10 mil hectares
Horário de visitação: de terça a domingo, das 8h às 12h e das 13h às 16h30. Entrada gratuita.
Via de acesso: Avenida Uirapuru, bairro Cidade de Deus, Manaus/AM.
Programação mensal disponível no site do Jardim Botânico Adolpho Ducke
Parque Estadual Pedra Branca
Parque  Estadual Pedra Branca  (Foto: Divulgação / Luiza Reis)Parque Estadual Pedra Branca
(Foto: Divulgação / Luiza Reis)
Situado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o Parque Estadual da Pedra Branca abriga uma das maiores florestas urbanas do país. Sua flora é típica de Mata Atlântica e guarda espécies raras, endêmicas e até resquícios históricos de plantações de café. A fauna local, extremamente rica, é composta por diversos animais inclusive de espécies ameaçadas como o macaco-prego, o porco-do-mato e a preguiça. Répteis como serpentes e lagartos, e mais de 180 espécies de aves, também podem ser encontrados no local.

O parque dispõe de diversos percursos de trilhas e caminhadas com vários níveis de dificuldade. Visitas livres ou guiadas são possíveis.

Área: 12.394 hectares
Horário de visitação: de terça a domingo, das 8h às 17h.
Acesso:
Núcleo Pau-da-Fome:  Estrada do Pau-da-Fome, 4003, Jacarepaguá, Rio de Janeiro – RJ
Núcleo Camorim: Estrada do Camorim, 2118 – Camorim, Jacarepaguá, Rio de Janeiro – RJ
Parque Nacional da Tijuca

Composto pela maior floresta urbana do mundo plantada pelo homem, o Parque Nacional da Tijuca preserva uma extensa área de Mata Atlântica e cerca de 328 espécies de fauna no coração da cidade do Rio de Janeiro.
Parque Nacionalda Tijuca  (Foto: Divulgação / Ruy Salaverry)Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro
(Foto: Divulgação/Ruy Salaverry)
Trilhas, contemplação de paisagens em mirantes, banhos de cachoeira, passeios de bicicleta pelas áreas asfaltadas e escalada são algumas das atividades possíveis. A escalada pode ser praticada na Agulhinha da Gávea, na Pedra da Gávea, na Pedra Bonita e no Pico da Tijuca (na Floresta) desde que o termo de conhecimento de riscos seja assinado e entregue às autoridades do parque.

Nos dias mais quentes, o banho na Cachoeira das Almas, na Floresta da Tijuca, ou na Cachoeira do Horto, na Serra da Carioca, são uma ótima opção para os visitantes. Os organizadores pedem que não sejam utilizados quaisquer produtos químicos, como repelentes e bronzeadores, para preservar ao máximo as águas.

A visitação nos três setores abertos do Parque (Floresta da Tijuca, Serra da Carioca e Pedra Bonita/Pedra da Gávea) é gratuita, com exceção da subida ao Corcovado (na Serra da Carioca), onde é possível ver o Cristo Redentor.

Área: 3.900 hectares
Horário de visitação: todos os dias, das 8h às 17h (até 18h no horário de verão)
Acesso:
Entrada na Praça Afonso Vizeu, no Alto da Boa Vista
Acesso pela Estrada do Alto, tanto vindo da Tijuca (pela Avenida Edson Passos) quanto da Barra da Tijuca e do Itanhangá (pela Estrada das Furnas).
De ônibus: linhas 301, 333, 308, 309 e 345
A Cachoeira das Almas, local liberado para banho nesse setor, fica a aproximados três quilômetros da entrada do parque

Setor Serra da Carioca
Funcionamento: todos os dias, das 8h às 17h (até 18h no horário de verão)
Corcovado: 8h às 19h (até 20h no horário de verão)
Até o dia 1º de agosto de 2013, o Corcovado vai funcionar em horário especial, e estará aberto para visitação noturna, podendo chegar a ficar 24h aberto.
Parque Estadual da Cantareira

O Parque Estadual da Cantareira abriga uma das maiores áreas remanescente de Mata Atlântica do mundo. Situada na Zona Norte de São Paulo, a reserva resguarda mais de 200 espécies de animais, algumas delas ameaçadas de extinção, como o gato-do-mato e a jaguatirica.

Além de admirar a riqueza de sua fauna, visitantes também terão a oportunidade de contemplar sua natureza rara e exuberante, tendo a possibilidade de encontrar a única espécie de pinheiro nativa do Brasil e samambaias gigantes.

O parque possui quatro núcleos abertos à visitação: Pedra Grande, Engordador, Águas Claras e Cabuçu.Trilhas que passam por rios e cachoeiras são as principais atividades promovidas no local. No núcleo Engordador é permitida e possível a pratica de moutain bike.

Área: 7.916 hectares
Horário de Visitação: sábados, domingos e feriados a partir das 8h. No período de férias o parque fica aberto de terça a domingo às 8h. A entrada custa R$ 6,00
Via de acesso:
Pedra Grande: Rua do Horto, n° 1799.
Engordador: Avenida Coronel Sezefredo Fagundes altura do n° 19.100.
Águas Claras: Avenida Senador José Hermínio de Moraes s/n.
Cabuçu: Avenida Pedro de Souza Lopes, n° 7903.
Parque Cinturão verde

A cidade de Cianorte, no Paraná, é contemplada pela natureza de uma das maiores florestas urbanas do país. O Parque Cinturão Verde preserva uma riquíssima biodiversidade florestal e centenas de espécies de animais silvestres, muitos deles em extinção.

Visitas monitoradas e educativas promovidas pelo Parque Cinturão Verde são o único meio de  interagir e observar a fauna e da flora local. No passeio, os principais destaques são a Trilha das Perobas, com espécies centenárias, e o bosque de árvores frutíferas, em que os visitantes podem comer frutos do pé enquanto observam a natureza. O ´parque também promove oficinas de educação ambiental e de fotografia. A programação atualizada de oficinas pode ser acessada no site da prefeitura de Cianorte.

Área: 423 hectares

Horário de Visitação: O parque permite apenas visitas monitoradas em grupos de 30 pessoas. São agendados um horário pela manhã e outro pela tarde, geralmente às 9h e às 14h30. Para marcar uma visita ligue para (44) 3631-6463

Via de acesso: Tomar a BR323, pegar a Avenida Maranhão e seguir até o Parque Manduí.

CARTA ABERTA

 

Brasília, 02 de dezembro de 2016
À Presidente do IBAMA
C/C: Sociedade Brasileira, Imprensa especializada                                                               

Considerando a divulgação pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apresentado no dia 30/11/2016 sobre o aumento, em um ano, da taxa de desmatamento da Amazônia em 29%, nós, chefes, gestores de núcleos e responsáveis pela Fiscalização do IBAMA nos Estados, reunidos em Brasília, vimos por meio desta Carta Aberta, alertar que:

Após 4 quatro anos de luta no controle das taxas de desmatamento na Amazônia, avaliamos que o aumento nos dois últimos anos é um reflexo da falta de prioridade que a agenda ambiental tem no Brasil com os sucessivos cortes de investimentos, enfraquecimentos legais, e ausência de concursos para recomposição do quadro de servidores do IBAMA, bem como nomeações de Gestores Estaduais cuja experiência não se fez na carreira ambiental, tampouco possuem qualquer comprometimento com a causa.

Como gestores responsáveis diretamente pela execução das atividades de combate ao desmatamento, alertamos que sem a adoção de medidas governamentais concretas, o quadro que se desenha para o próximo ano é o de continuidade do aumento do índice, situação que tira do Brasil o seu protagonismo no controle da emissão de gases de efeito estufa.

Anualmente, o contingente operacional empregado na Amazônia é reforçado por equipes de outros Estados e com isto há um prejuízo no funcionamento das Superintendências em matérias de fauna, pesca, qualidade ambiental, comércio exterior e as ações de proteção dos demais Biomas que têm índices de degradação ainda piores.

Ademais, lamentavelmente o contingenciamento orçamentário destinado ao órgão interrompeu o planejamento de 2016 e comprometeu as ações de fiscalização, resultando na retirada das equipes que atuam no combate aos crimes ambientais in loco, e permitindo assim o avanço do desmatamento. 

Entendemos que muitas medidas são necessárias para a manutenção do controle do desmatamento na Amazônia, mas as principais fogem a governança da direção do IBAMA, que mesmo com todos os esforços ainda concorre com pressões advindas de outros setores que objetivam seus respectivos interesses econômicos e privados em detrimento do bem de uso comum de um povo e ainda um bem fundamental à sadia qualidade de vida, maculando a Constituição Federal de 1988.

Dentre as medidas necessárias destacamos as seguintes:

1) Reforço do orçamento para as atividades de fiscalização que vem sofrendo redução nos últimos anos: no ano de 2016 o IBAMA já arrecadou com taxas e multas mais de 436 milhões tendo de despesas discricionárias em torno de 250 milhões/ano, ou seja, o IBAMA é um órgão superavitário não justificando a redução e contingenciamento do seu orçamento.

2) Recomposição do quadro de fiscais por meio da realização de concurso público: o último concurso foi realizado em 2009 e houve uma redução significativa de fiscais sendo que atualmente 36% dos fiscais já atingiram o tempo de serviço necessário para aposentadoria.

3) Valorização do servidor que atua na fiscalização com atendimento dos pleitos estruturantes: atualmente, os agentes de fiscalização são designados por uma Portaria e não possuem quaisquer direitos diferenciados ou mesmo uma carreira específica regulamentada, dentre outros.

Alertamos que tais medidas são necessárias, mas não suficientes, a preservação da Floresta Amazônica depende ainda do envolvimento de toda a sociedade, que pode contribuir com o consumo responsável, buscando informações do mercado produtor e evitando os grandes fornecedores de produtos de origem vegetal e animal que são responsáveis direta e indiretamente por grandes áreas desmatadas na Amazônia.

Lembramos que escolhemos defender o meio ambiente por amor à causa e conscientes da importância para as presentes e futuras gerações brasileiras e mundiais. Todavia, não venceremos esta luta sem instrumentos, infraestrutura e valorização. Continuaremos nossa luta dentro de nossas capacidades.

CHEFIAS DE FISCALIZAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS DOS ESTADOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

10 cidades no mundo com projetos “verdes” inspiradores



Veja soluções inovadoras para desafios tão comuns às grandes metrópoles, como a poluição, a gestão do lixo, o desperdício de energia e o caos dos transportes