Estão jogando com o seu futuroby fernaslm |
Por
alguns dias, confesso, tive a esperança de que algo tivesse mudado para
melhor quando o governo anunciou, em plena maré montante eleitoral, que
vai aumentar as contas de luz.
“Existe, afinal, um limite para essa disposição temerária do PT de destruir qualquer coisa por um voto a mais”.
E mesmo levando em conta o que este fato deixava subentendido – isto é,
que a crise de energia que vem vindo é iminente e muito mais profunda
do que foi até agora admitido – senti-me aliviado. "Finalmente estão pensando primeiro no país", pensei.
Ilusão de noiva!
A
horda que não hesitou em quebrar a Petrobras e a indústria do álcool
juntas, destruir a indústria nacional e desmontar uma rede profissional
de comércio internacional para fazer agradinhos a trogloditas e atirar
no lixo a credibilidade financeira destruída pelos “coronéis eletrônicos” hoje associados ao PT e reconquistada com sangue, suor e lágrimas continua, no seu tradicional estilo “Depois da eleição, o dilúvio!”,
fazendo contas de chegar para comprar o eleitorado ainda que seja à
custa de matar o futuro do Brasil desde que essa morte só se torne
visível para a massa menos informada quando for tarde demais.
Pois
a verdade que agora está clara é que o PT só aceitou anunciar o aumento
da energia agora para evitar, primeiro, o mergulho imediato do sistema
elétrico num estado de “inadimplência setorial” que poderia
paralisá-lo ainda antes da Copa e, segundo, para jogar para depois da
eleição o racionamento de energia de emergência que todos os produtores e
distribuidores de energia do pais estão pedindo "para já" como último recurso para salvar o país do risco de uma catástrofe.
A matéria com os números dessa equação apresentada pelo Valor de hoje é inequívoca.
Apesar
do governo ter mantido ligadas todas as usinas térmicas do país durante
todo o período de chuvas para economizar água dos reservatórios das
hidrelétricas, o déficit de produção de energia saltou de 1,7%
em fevereiro para 6% em março. O número é um recorde e a expectativa
otimista é de que as hidrelétricas produzam 5% a menos de energia em
média, por mês, durante o ano todo. A pessimista põe esse buraco em 8%.
Para
atender todos os contratos firmados com distribuidoras e consumidores
as geradoras estão tendo de comprar a diferença no mercado de curto
prazo onde essa demanda jogou o preço para R$ 822 o MW/hora, o limite
legal a que ele pode chegar. O custo extra para as geradoras não será
menor que R$ 20 bilhões, enquanto o rombo das distribuidoras chegará a
outros R$ 25 bilhões, fora os custos extras com combustíveis. E mesmo
assim não haverá energia que chegue.
O
volume de liquidação dessas compras de energia extra no primeiro
trimestre de 2014 alcançou R$ 13,64 bilhões, o equivalente ao total das
liquidações nesse mercado durante todo o ano de 2013. E ha rumores de
que grandes companhias ficaram inadimplentes nesses pagamentos. Uma
delas teria entrado em default de R$ 230 milhões.
Como
esse quadro de inadimplência em cadeia de todo o setor elétrico já está
configurado ha um bom tempo e o Tesouro Nacional está exaurido pelas
outras estrepolias eleitoreiras do PT, o governo forçou oito bancos
privados a se juntarem a dois bancos públicos e constituir um "empréstimo"
de R$ 11,2 bilhões para a Camara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), uma entidade que não produz caixa e, portanto, não esta
tecnicamente qualificada para contrair empréstimos, tudo para levar essa
canoa furada um pouco mais adiante. O anuncio antecipado do aumento das
tarifas foi a "promissória" que nós, consumidores, assinamos por esse "empréstimo". Mesmo assim, três dos cinco diretores dessa entidade pediram demissão ao se verem enredados nesse jogo absurdo.
R$ 4,7 bilhões desse "empréstimo"
foram consumidos apenas no primeiro acerto das contas do trimestre
pelas geradoras e distribuidoras que não conseguiram zerar suas compras
de energia extra. Esta é, portanto, uma conta que não fecha nem com toda
a dívida que vamos herdar para levá-la até onde chegou por enquanto.
Eis ao que nos reduziu a brilhante dobradinha feita entre "a gerentona" que mandou no setor elétrico ao longo de todo o governo Lula e o debilóide "socialista" que usa a Fiesp como trampolim para "baixar as contas de luz em 20%" na marra...
É
em razão de tudo isso que 16 entre 16 dos principais responsáveis pelas
empresas de geração e distribuição de energia do país recomendaram
formalmente, anteontem, que o governo decrete um "racionamento já" com a meta de reduzir o consumo ao menos nesses 6% de déficit mensal que estão acabando de destruir as contas já arrebentadas do setor.
Em
resumo, o PT continua jogando com o futuro do país para comprar votos.
Ou melhor, a esta altura ele já aleijou a Nação com uma crise de energia
que vai do petróleo e do álcool à hidro-eletricidade, pela qual todos
nós pagaremos sabe-se lá por quantos anos de desaceleração forçada por
falta de "combustível" e sob o peso de quais "juros".
Talvez seja por isso que ao “Fora Dilma!” resiste a seguir-se o “Volta Lula!”,
como seria de se esperar. É possível que até o insaciável apetite de
poder dessas feras tenha se aplacado, tal é o tamanho da encrenca que
eles fabricaram e sabem que vem vindo por aí.