sexta-feira, 20 de junho de 2014

PF faz a 1ª apreensão de DOC, droga mais potente que o LSD




A PF (Polícia Federal) fez a 1ª apreensão de uma nova droga, chamada DOC, em São Paulo. Os 28 mil pontos da droga, uma mistura de anfetamina e cloro e que seria 30 vezes mais forte que o LSD, está avaliado em R$ 5 milhões, segundo a PF. Um estudante de direito de 23 anos foi preso. 
 
Ele disse que receberia R$ 15 mil para trazer a droga de Bruxelas, na Bélgica, para o litoral de São Paulo.

Lula enxerga elite branca no reflexo do espelho



Josias de Souza

A política convive com uma regra antiga: personalize o seu adversário. O mal, quando tratado como mera abstração, é impalpável. Mas dê-lhe uma cara com um par de chifres e você terá um inimigo nítido. Durante muitos anos, Lula foi vítima dessa técnica. O rótulo de ‘esquerdista radical’ custou-lhe três eleições presidenciais. Para prevalecer em 2002, teve aparar a barba, vestir Armani e beijar a cruz. Renegou numa carta aos brasileiros tudo o que sempre defendera.


Desde então, Lula passou de alvo do feitiço a feiticeiro. Hoje, utiliza o mesmo método contra seus rivais. Pós-graduado nas artes da mistificação, ele estava atrás de um nome para o fantasma da mudança, que ameaça a reeleição de Dilma Rousseff. Dias atrás, encontrou. Chamou-o de “elites”. Pronto! Qualquer criança de cinco anos sabe que o problema do Brasil são as elites. O governo é maravilhoso, o povo é extraordinário. Corruptas e gananciosas, as elites é que não valem nada. Urge derrotá-las.


O PT realiza neste sábado (21), em Brasília, a convenção que aclamará Dilma como candidata ideal para assegurar aos brasileiros mais quatro anos de felicidade. O ponto alto da cerimônia será um novo encontro de Lula com o microfone. Desse contato resultará o terceiro pronunciamento do grande líder desde que a “elite branca” do Itaquerão mandou Dilma “tomar no cu”. Será mais uma oportunidade para esconjurar o inimigo.


O demônio exime o exorcista do exame de todo o mal. A começar pelo mais doloroso: o auto-exame. A coisa vinha funcionando bem. Em 2006 e 2010, bastou transferir para o neoliberalismo da elite tucana a culpa pelas ações, omissões e crimes do poder petista. Enquando o país se divertia com as reações atabalhoadas do PSDB, o marqueteiro João Santana cuidava da propaganda redentora. As pesquisas informam que o desafio de 2014 talvez seja maior.


O governo de Dilma nunca foi tão mal avaliado. Segundo o último Ibope, divulgado nesta quinta-feira (19), a taxa de aprovação do governo da madame caiu de 36% para 31% entre março e junho. Na outra ponta, subiu de 27% para 33% o percentual dos que consideram a administração federal ruim ou péssimo. Em novembro de 2013, os brasileiros que avaliavam a atual gestão como ótima ou boa somavam 43%. Quer dizer: a popularidade do governo despencou 12 pontos em sete meses.


Tomada pelo potencial eleitoral, Dilma ainda é uma candidata de 39%. Não é preciso ser um gênio para intuir que os dois índices —avaliação do governo e intenção de votos— tendem a cruzar em algum momento do processo eleitoral. Mergulhando-se no mar de números colecionados pelo Ibope, percebe-se que o mago João Santana terá de molhar a camisa para impedir que o percentual de votos caia, encontrando-se com a popularidade do governo no ponto mais baixo da curva.


O Ibope recolheu a opinião dos eleitores sobre o desempenho do governo em oito áreas específicas. Em todas elas, sem exceção, a taxa de desaprovação é maior que o índice de aprovação. Na Educação, 67% desaprovam a ação governamental e 30% aprovam. Na Saúde, 78% desaprovam e apenas 19% aprovam. Na segurança, a desaprovação é de 75% e a aprovação de 21%. No meio ambiente, 52% de desaprovação, contra 37% de aprovação.


Na política de combate à fome e à pobreza, principal logomarca do petismo, a desaprovação é de 53% e a aprovação de 41%. No combate ao desemprego: 57% de desaprovação e 37% de aprovação. No essencial, que é a economia, os índices tóxicos se repetem. 


O combate à inflação é reprovado por 71% dos entrevistados e aprovado por apenas 21%. Na política de juros, a desaprovação é de 70% e a aprovação de 21%. Na área dos impostos, a desaprovação vai à casa dos 77% e a aprovação é de escassos 15%.


O Ibope informa que o mau humor do brasileiro içou a taxa de rejeição a Dilma Rousseff para as alturas. Hoje, declaram que não votariam nela “de jeito nenhum” 43% dos eleitores. Verificou-se que é menor a rejeição aos antagonistas Aécio Neves (32%) e Eduardo Campos (33%). 


Nesse contexto, o velho hábito de Lula de apontar o dedo indicador para as “classes dominantes”, elegendo-as como demônio para o qual transferir as culpas do PT, talvez já não seja a melhor arma eleitoral. É possível que não sirva nem mesmo para desconversar.


Lula ainda não se deu conta —ou talvez já tenha notado e apenas finge que não vê—, mas o fenômeno mais eloquente da atual quadra sucessória é o surgimento de nichos de contestação à margem do PT e de toda a engrenagem sócio-sindical que se move sob o comando do partido. As ruas voltaram para casa. Mas o sentimento de mudança explodiu em junho de 2013 continua ardendo no asfalto.


Tudo leva a crer que o ministro Gilberto Carvalho, o Gilbertinho, tem razão quando diz que os nomes feios que a presidente evoca não brotam apenas dos lábios da “elite branca”. Se as pesquisas carregam alguma novidade é a seguinte: o Brasil está virando uma espécie de Itaquerão hipertrofiado. A tese de que o problema são as elites já fez longa carreira no país do PT. Mas pode estar com os dias contados.


Só os petistas ainda não notaram que a elite agora são eles. Os 800 mil industriais que, segundo o então presidente da Fiesp Mário Amato, fugiriam do país se Lula fosse eleito em 1989, foram domesticados pelo “bolsa-empresário”, pelas isenções tributárias e pelo prêmio à sonegação embutido no Refis eterno. O empresariado reclama de Dilma porque já não se satisfaz com tudo. Exige algo mais.


A integração do indivíduo num grupo é, quase sempre, um processo de aviltamento. Por vezes, o sujeito tem que se violentar para entrar no todo. Mas Lula não parece desconfortável com sua nova condição. Ele hoje dá palestras milionárias, é protegido por seguranças, move-se em carro oficial e só voa de jatinho. 


Deve dar boas gargalhadas ao verificar, na hora de escovar os dentes e pentear os cabelos toda manhã, que a elite branca agora mora no espelho do banheiro da cobertura de São Bernardo.

Aliança do PSDB com PSB em SP não afetará Aécio, diz auxiliar de Alckmin



A aliança confirmada nesta sexta-feira (20) entre PSB e PSDB em São Paulo fez com que auxiliares do governador Geraldo Alckmin (PSDB) declarassem que a união no Estado não prejudicará a campanha do presidenciável tucano, Aécio Neves. 


"O governador Geraldo Alckmin vai fazer campanha com Aécio Neves, o candidato de seu partido", afirmou o chefe da Casa Civil do Bandeirantes, Edson Aparecido. 


A fala ocorreu logo após o presidente estadual do PSDB, Duarte Nogueira, desconversar sobre o possível enfraquecimento do palanque de Aécio, já que o PSB tem Eduardo Campos como pré-candidato ao Planalto. 

Alckmin não compareceu pessoalmente ao evento mas enviou quatro dos seus principais interlocutores e uma carta na qual confirmou a entrega da vaga de vice em sua chapa ao PSB. 




Pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, faz passagem relâmpago pela convenção do partido em SP
Eduardo Campos faz passagem relâmpago pela convenção do PSB em SP


No texto, o tucano cortejou a ex-senadora Marina Silva, vice de Campos, e a deputada Luiza Erundina. Ambas reprovam a aliança e comandam um movimento de resistência à adesão aos tucanos em diversos Estados. 


Cotado para ser o vice de Alckmin, o deputado Márcio França, afirmou que o nome do PSB para estar ao lado do governador só será definido na próxima semana. 


Com o partido na vice, o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, que negociava o posto, agora recebe oferta para compor com os tucanos no Senado. A vaga teria que ser negociada, no entanto, por Kassab e seu padrinho político, o ex-governador José Serra (PSDB), que estuda disputar o cargo. 




Inglaterra eliminada é 'fim de um sonho', diz jornal; ingleses aprovam festa da Copa



Jornal The Telegraph destaca o sofrimento dos torcedores ingleses nesta CopaOs sites dos jornais ingleses destacaram nesta sexta-feira (20) a eliminação prematura da Inglaterra da Copa do Mundo, confirmada após a vitória da Costa Rica sobre a Itália. "O sonho acabou", destacou o jornal "The Telegraph", que entrevistou vários torcedores britânicos após a partida.


"Acho que outros times querem vencer a Copa mais do que a Inglaterra", disse o eletricista Michael Clarke, de Birmingham, entrevistado na praia de Copacabana, no Rio, após o jogo vencido pelos costarriquenhos. Segundo o torcedor, apesar da eliminação valeu a pena vir ao Brasil ver a Copa do Mundo ao vivo. "Tivemos momentos brilhantes aqui. Tem sido uma grande festa e os brasileiros estão nos tratando muito bem." (leia reportagem original, em inglês)

Outro torcedor a única vez que houve uma Copa do Mundo no Brasil em toda a minha vida por isso tem sido um privilégio estar aqui", afirmou ao jornal. "Nós tivemos grandes momentos e é uma vergonha que a seleção da Inglaterra coloque um freio nisso."

O jornal destacou ainda que se a Inglaterra não ganhar o último jogo, contra a Costa Rica, será a pior atuação de uma seleção inglesa em toda a história das Copas.O Huffington Post também destacou que a eliminação foi a mais precoce desde 1958. Já o Guardian mostrou a reação de internautas ingleses no Twitter durante o jogo entre Costa Rica e Itália. 
Guardian e Huffington Post destacaram a eliminação da Inglaterra

Presidiário é morto a tiros em frente a penitenciária



A vítima havia recebido o benefício do "saídão" e foi alvejada no momento em que deixava o CPP
 


estela.monteiro@jornaldebrasilia.com.br



Um presidiário foi morto na manhã desta sexta-feira (20) no estacionamento em frente ao Centro de Progressão Penitenciária. 

A vítima acabara de receber o benefício do “saídão”. Samuel Silva Diamantino, 34 anos, era interno do regime semiaberto, com trabalho externo. Por volta das 6h50 da manhã, enquanto os presos saíam para o benefício, ele foi atingido com vários disparos de arma de fogo e morreu no local. A 8ª Delegacia de Polícia investiga o crime.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

PSB deve confirmar Delgado para o governo de Minas



O ambientalista Apolo Heringer, porta-voz do Rede Sustentabilidade em Minas, decidiu nesta sexta-feira (20) retirar seu nome da disputa pela indicação do PSB para a candidatura ao governo do Estado. A decisão abre caminho para a convenção do diretório mineiro socialista, marcada para este sábado, confirmar o presidente da legenda, deputado federal Júlio Delgado, como candidato da legenda. 
 
 Por meio de nota, os integrantes do Rede em Minas afirmaram que a candidatura do deputado "sinaliza um caminhar com cartas marcadas" em um eventual segundo turno e "abriram mão" de trabalhar com o PSB nas eleições majoritárias no Estado. 


Delgado é aliado do senador Aécio Neves (MG), que disputará a Presidência pelo PSDB, e chegou a afirmar que o PSB apoiaria o candidato tucano ao governo de Minas, o ex-ministro Pimenta da Veiga, mas decidiu lançar o próprio nome após Heringer lançar a própria pré-candidatura.

A decisão do ambientalista de não disputar os votos com Delgado foi tomada após reunião com integrantes do Rede na tarde desta sexta. "Essa convenção não é para apurar votos. É um processo sem transparência e sem debate de ideias", disparou Heringer. "Pedimos por escrito para participarmos da organização do congresso. Quando escolheram os delegados municipais, também pedimos os nomes e e-mails deles. Nada foi atendido", acrescentou.


A nota divulgada após o encontro critica o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que foi eleito duas vezes com apoio de Aécio e também declarou apoio aos tucanos, e acusa os socialistas mineiros de ficarem "a reboque da conjunção de forças que não quer largar a Cidade Administrativa (sede do governo), que hoje se volta mais para uma candidatura nacional e a sobrevivência de seus mandatos parlamentares". 


O presidente nacional do PSB, o ex-governador Eduardo Campos (PE), também participará da corrida presidencial de outubro.



O texto se refere também a uma parcela do PSB, que é aliado do PSDB em Minas desde a primeira eleição de Aécio para o Executivo estadual, em 2002, que ainda defende o apoio aos tucanos. Essa posição é defendida principalmente por parlamentares, que temem não ser reeleitos. "Há forças contrárias (à candidatura própria) muito grandes e a nossa é a do argumento", observou um dos dirigentes do PSB mineiro.


O Estado tentou falar várias vezes com Júlio Delgado, mas ele não atendeu as ligações nem retornou os recados. Mas o secretário-geral do diretório nacional socialista, Carlos Siqueira - que apoia a candidatura de Delgado -, confirmou que haverá candidatura própria em Minas para garantir um palanque para Campos no segundo maior colégio eleitoral do País. 


A direção nacional do partido tem poder para mudar qualquer decisão tomada na convenção estadual. "Tem poder, mas não cogitamos essa possibilidade porque estamos seguros que há uma maioria suficiente para garantir a candidatura própria", salientou Siqueira, que afirmou "respeitar" a decisão de Heringer de retirar seu nome da disputa. "Assim como respeitamos a pré-candidatura dele, que é legítima", concluiu.

Fonte: Estadão Conteúdo  Jornal de Brasilia

Falcão: PT enfrentará 'maior bloco de força' já reunido

Na véspera da convenção nacional do PT, o presidente nacional da legenda, deputado estadual Rui Falcão, avaliou que o pleito de 2014 deve ser a eleição "mais difícil" para o partido, que tentará reeleger a presidente Dilma Rousseff. O dirigente previu ainda uma disputa polarizada entre PT e PSDB e admitiu que, no quadro atual, o pleito não deve ser resolvido no primeiro turno. 

O Partido dos Trabalhadores realiza neste sábado, 21, convenção nacional para sacramentar o nome de Dilma na disputa pelo Palácio do Planalto. A partir desta data, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - principal cabo eleitoral da petista - não deve viajar mais ao exterior e terá agenda focada exclusivamente no projeto nacional do PT. Em encontro com jornalistas após reunião do diretório do partido nesta sexta-feira, Falcão deu o tom das críticas que devem prevalecer no encontro de amanhã e marcar a campanha. Ele, no entanto, não quis antecipar o slogan que estará estampado no material de divulgação que estará exposto na convenção.


Para o dirigente, formou-se nesta disputa eleitoral um bloco "de forças muito poderoso" contra o PT, que inclui o "grande capital" e partidos que governam Estados importantes como São Paulo e Minas Gerais (em referência ao PSDB do pré-candidato Aécio Neves), além de parte da imprensa. "Esse é o maior bloco de força que já se reuniu no País para tentar nos derrubar", declarou. "Que investiu contra a Copa do Mundo, que torceu pela volta da inflação, que distribui notícias de mau agouro para criar expectativa negativa na economia", disse. 


Falcão ressaltou que, mesmo com essa oposição, Dilma continua na liderança das pesquisas de intenção de voto. Citou o apoio ao PT do movimento sindical, de comunidades de combate ao racismo, de sem terras e do empresariado de produção como armas para a campanha e ressaltou a aliança construída em torno do nome de Dilma. A coligação encabeçada pela atual presidente deve ter o suporte de PMDB, PP, PSD, PCdoB, PTB, PRB, PDT e possivelmente do PR. "Acredito que estamos preparados para enfrentar a eleição apresentando propostas", disse. 


A convenção de amanhã deverá ter quatro discursos: do vice-presidente Michel Temer (PMDB), do próprio Falcão, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma. 


Tom.
Para o presidente nacional do PT, o "tom da campanha" contra o partido ficou claro na quinta-feira da semana passada, quando a presidente Dilma foi alvo de xingamentos por parte do público que compareceu ao jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo. "Um grupo de grande poder econômico xinga a presidente na frente de famílias e crianças, destilando ódio e tentando pautar com isso ganho eleitoral", definiu o dirigente. 


"Houve quem disse que a presidente colheu o que plantou, meio que aprovando a baixaria contra ela", acrescentou, referindo-se aos dois principais adversários de Dilma, o senador Aécio Neves (PSDB) e o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. 


Sem dar detalhes, Rui Falcão disse ainda que o PT vai apresentar ao eleitorado um "novo ciclo de desenvolvimento econômico, mudanças e avanços" para o País, que a polarização da disputa "já está dada" e que o partido vai fazer o comparativo de dois projetos - o iniciado no primeiro mandato de Lula e o dos oito anos de governo do PSDB. 


Referindo-se aos tucanos, Falcão disse que eles encampam um projeto que "fala em aumentar a produtividade pela redução de empregos diretos e que não está satisfeito com política de valorização do salário mínimo". Perguntado sobre Campos, que tenta se colocar no debate eleitoral como uma terceira via, Falcão lembrou que ele enfrenta problemas dentro da sua própria aliança e que sua candidatura "ainda não ganhou uma dimensão maior" como ele esperava.


Fonte: Estadao Conteudo

Lava Jato: Ecoglobal desmente versão da Petrobras



Uma semana após a Petrobras romper o contrato com a Ecoglobal no valor de R$ 443,8 milhões, a empresa, citada nas denúncias da Operação Lava Jato, apresentou à Justiça Federal do Paraná sua defesa desmentindo a versão da estatal sobre a rescisão. No documento, a Ecoglobal diz que recebeu aporte de fundos de investimentos de ex-funcionários da estatal que abandonaram o negócio após as denúncias, "fugindo de algo gravíssimo que lhes envolvia". 
 
 No documento, a Ecoglobal diz ainda estar em situação pré-falimentar e oferece a quebra dos sigilos fiscal e bancário. A defesa, em nome do sócio majoritário Vladmir Silveira, foi apresentada na 13ª Vara Federal do Paraná. A empresa desmente a versão da Petrobras e diz que a estatal tinha conhecimento de toda sua estrutura de capital. A empresa sugere ainda que a estatal tenta "impingir ao Juízo e à opinião pública" seu envolvimento em situações ilegais.


A Petrobras justificou a rescisão do contrato após as suspeitas de envolvimento com o esquema de corrupção denunciado pela Polícia Federal. Segundo a estatal, a empresa faltou com "clareza e transparência" em relação à sua composição societária e que isso acarretaria "transtornos operacionais" e prejuízos financeiros e à curva de produção da empresa. 


De acordo com a versão apresentada à Justiça, após fechar o contrato com a estatal, em agosto de 2013, a Ecoglobal buscou no mercado investimentos e capitalização para executar as obrigações com a Petrobras, tendo recebido propostas de investimento de empresas e fundos estrangeiros. Uma das propostas teria sido feita em nome das empresas Quality Holding Investimentos e Tino Real Participações que, segundo a PF, seriam controladas por Alberto Youssef.


Os sócios da Ecoglobal dizem que jamais tiveram conhecimento dos eventuais proprietários das investidoras. Após a negociação, a empresa teria recebido nova proposta dos fundos Mare Investimentos e Mantiq Investimentos. Eles teriam oferecido aportes no valor entre R$ 74,4 milhões e R$ 80,5 milhões pela companhia "mediante aquisição de ações e debêntures, e aporte de capital, a serem efetivados pelos Fundos de Investimentos e Participações Brasil Petróleo administrados pela Caixa Econômica Federal". 


Entre os executivos dos fundos citados estão Rodolfo Landim e Nelson Guitti, funcionários de carreira da Petrobras que ocuparam cargos executivos. "Landim foi diretor da Petrobras no mesmo período de Paulo Roberto Costa", ressalta o documento. De acordo com a defesa, "por força do prestígio pessoal dos gestores (...) curiosamente tudo passou a correr bem e naturalmente". 


O contrato teria sido fechado em março deste ano, cerca de 15 dias antes de ser deflagrada a operação Lava Jato que prendeu o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Após a operação, Vladmir Silveira, sócio da Ecoglobal foi levado a prestar depoimento pela PF sobre a venda de participações da empresa. Ele também foi intimado a depor na Comissão Interna de Apuração da Petrobras sobre as denúncias envolvendo o ex-diretor de abastecimento. 


Segundo sua defesa, após as denúncias, os investidores "inexplicavelmente e sem qualquer aviso, fugindo de algo gravíssimo que lhes envolvia diretamente, desapareceram da Ecoglobal e da Petrobras, descumprindo inteiramente os compromissos assumidos".


Silveira afirmou "desconhecimento" sobre o ex-diretor e suas relações com Alberto Youssef. Ele omitiu da PF a negociação com os fundos de investimento de propriedade de ex-diretores da Petrobras. Segundo Silveira, o fato não foi revelado por que o contrato tinha cláusula de confidencialidade e também "por não lhe ter sido perguntado pela autoridade policial".


Fonte: Estadao Conteudo  Jornal de Brasília

Para Berzoini, vaias a Dilma foram movimento organizado

O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, disse nesta sexta-feira, 20, que não concorda com as declarações de seu colega de Esplanada, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para quem as ofensas gritadas contra a presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo não vieram apenas da "elite branca".


"Não concordo. Acho que existe um quadro no Brasil de disputa política, uma ampla disputa e que nós temos que entender que em alguns momentos as ações são preparadas para ter um determinado resultado. Eu pessoalmente acho que o que aconteceu lá foi um movimento de um setor que se organizou para fazer aquilo", disse Berzoini, logo depois de deixar a reunião do diretório nacional do PT em Brasília.


Na quinta-feira passada, parte do público que acompanhou a partida entre Brasil e Croácia na Arena Corinthians, em São Paulo, xingou a presidente Dilma Rousseff. A avaliação do ministro da Secretaria Geral da Presidência causou mal-estar no PT. 


Apesar de discordar de Carvalho, Berzoini disse que a avaliação do colega é "respeitável" e que "qualquer governo tem muitas opiniões".

Rejeição.
Berzoini disse ainda que a rejeição da presidente Dilma medida nas últimas pesquisas não batem com levantamentos internos do PT. "O partido tem as suas pesquisas, trabalha com elas e não necessariamente coincidem com aquelas que são divulgadas", disse. 


"A rejeição não coincide com a as pesquisas que eu tenho conhecimento".

Na pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira, 43% dos eleitores afirmaram que não votariam em Dilma em nenhuma hipótese. Mas essa não é a taxa de rejeição tradicionalmente medida pelo instituto. 


Nesse caso, o Ibope pergunta apenas "em quem você não votaria de jeito nenhum", sem citar nomes de candidatos e sem "forçar" um posicionamento do eleitor sobre cada um dos principais concorrentes. Comparações entre potencial de voto e taxa de rejeição são, portanto, indevidas.


Fonte: Estadão Conteúdo  Jornal de Brasilia

Descontentes, correligionários enquadram Campos por poupar Lula




Publicado: 20 de junho de 2014 às 12:07



Marina SIlva Eduardo Campos
As exigências de Marina Silva também também entrou na pauta dos instatisfeitos


O presidenciável Eduardo Campos (PSB) não ouviu exatamente o que queria de líderes da legenda na reunião de ontem (19), na casa em que está vivendo em São Paulo. 


Dirigentes não estão nada satisfeitos com a estratégia de Campos de preservar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das críticas ao governo do PT. Na avaliação deste grupo, não dá para separar Lula da presidente Dilma Rousseff.


A ala dos descontentes ainda pedem mudanças nas concessões feitas à Marina Silva, pré-candidata a vice na chapa de Campos. Um dos dirigentes chegou a dizer, na mesma reunião, que Marina tem feito exigências demais e estaria mais atrapalhando do que ajudando Campos, as posições dela afastam potenciais aliados.

Campos discordou das opiniões dos insatisfeitos. Disse que separar Lula de Dilma faz parte da estratégia para buscar eleitores à esquerda descontentes com o atual governo. 

No tocante a Marina, afirmou que ela continua a ser um impulso para torna-lo conhecido.

PERFIL-Conhecida como exigente e durona, Dilma reforçou essa "fama" na Presidência


sexta-feira, 20 de junho de 2014 16:38 BRT



Por Alexandre Caverni
SÃO PAULO (Reuters) -

Durona, centralizadora e exigente são características da presidente Dilma Rousseff presentes no imaginário da população, que também coincidem com o que se sussurra entre as paredes do Palácio do Planalto.

    Essa imagem, construída ao longo dos anos no ministério do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro como titular da pasta de Minas e Energia e depois como ministra-chefe da Casa Civil, foi reforçada nos últimos anos por meio de relatos, geralmente anônimos por razões óbvias.

    Por outro lado, a fama de gestora e técnica eficiente, bastante usada durante a campanha que a levou em 2010 ao Palácio do Planalto sem nunca antes ter disputado uma eleição, perdeu força no período como presidente diante dos fracos resultados da economia.

Ainda que a taxa de desemprego esteja em níveis bastante baixos, a inflação tem permanecido relativamente alta e o crescimento do país é um dos piores do período republicano.

    E antes mesmo da economia desacelerar mais fortemente, o mau humor crescente da população com os problemas do país derrubaram a popularidade de Dilma.

    Depois de atingir em março de 2013, segundo o Datafolha, um pico de 65 por cento na avaliação ótima e boa do governo --melhor do que Lula em seu primeiro mandato--, ela despencou para 30 por cento apenas três meses depois, na esteira das gigantescas manifestações populares de junho do ano passado.

    Agora, a menos de quatro meses da eleição na qual tenta obter um segundo mandato na Presidência, Dilma tem caído também nas intenções de voto mostradas pelas pesquisas eleitorais.

    Mas o começo de seu governo foi diferente. Impulsionada principalmente pela saída de ministros envolvidos em denúncias de corrupção, e pela intolerância com "malfeitos", como dizia Dilma, ela viu sua popularidade e a de seu governo crescerem degrau a degrau.

    O que ficou conhecido como faxina, ainda que a expressão tenha sido rejeitada por Dilma várias vezes, reforçou a fama de boa administradora.
 
 O comportamento inicial mais inflexível com sua base parlamentar nas negociações políticas também ajudou a fortalecer Dilma junto a uma camada da população descontente com os políticos em geral.



    Mas justamente sua falta de experiência política à frente de um cargo executivo eletivo acabou colaborando para esgarçar ao longo do tempo sua base de apoio no Congresso.

    Essa falta de traquejo político, no entanto, está longe de significar falta de interesse pela política. Como disse o senador Jorge Viana (PT-AC), "ela foi política desde jovem, ela colocou a vida em risco por isso".

    Dilma participou da luta armada contra a ditadura que governou o país por 21 anos, participando de uma das muitas organizações de esquerda quando estudante.
    Mas o segundo ex-marido, Carlos Araújo, disse que Dilma "nunca pegou numa arma e nunca deu um tiro".

    Presa, sofreu torturas "extremamente cruéis", segundo o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel, seu amigo desde a juventude.

    É muito raro ela se referir publicamente a esse período, mas os recentes xingamentos de que foi alvo na abertura da Copa do Mundo em São Paulo levaram-na a abrir uma exceção.

    No dia seguinte, num evento oficial no Distrito Federal, Dilma disse que em sua vida tinha enfrentado agressões que chegaram "ao limite físico" e que não seriam ataques verbais que a abateriam ou a fariam se atemorizar.

    "Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada disso me tirou do meu rumo, nada me tirou dos meus compromissos."
   
    DE OLHO EM TUDO

    Dilma voltou à vida de estudante depois da prisão e, com a abertura política, ajudou a fundar o PDT no Rio Grande do Sul e participou das gestões de Alceu Collares na Prefeitura de Porto Alegre e no governo do Estado, tornando-se a primeira mulher a comandar as finanças de uma capital no país.

    Quando foi convidada por Lula para o Ministério de Minas e Energia já tinha cuidado da área no Estado do Rio Grande do Sul e já era filiada ao PT há dois anos.

    Com a saída do governo do poderoso José Dirceu, por conta do escândalo do mensalão, Dilma assumiu a Casa Civil, onde foi apelidada pelo presidente de "mãe do PAC", o Programa de Aceleração do Crescimento.

    Mas seu bom desempenho como ministra não seria suficiente para catapultá-la à disputa presidencial se Dirceu e depois dele o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, envolvido em outro escândalo, não tivessem caído.

    Sem nunca ter disputado um cargo eletivo e sem ter, nem de longe, o carisma de seu padrinho, Dilma foi para a disputa, e venceu, impulsionada pela imensa popularidade do presidente. Antes de ser candidata, porém, teve outra batalha física em sua vida, precisou superar um câncer no sistema linfático.

    Seu período na Presidência tem sido marcado pelas características conhecidas de centralizadora, durona e exigente.

    Um exemplo mostra como Dilma, 66 anos, pode ser centralizadora até nos pequenos detalhes. Segundo um auxiliar seu, a cada cerimônia no Palácio do Planalto ela exige ver pelo menos três versões do painel com slogan e propaganda do programa ou projeto que será lançando. A impressão só é autorizada depois que a presidente decide qual a cor e imagem serão usadas na peça publicitária.

    Outro episódio reforça a ideia da pressão que a presidente pode causar.
    Durante uma apresentação interna sobre saúde, auxiliares colocaram um vídeo ao vivo de um centro médico em funcionamento. Dilma notou que um dos pacientes estava esperando havia muito tempo, e parou a reunião.

    “Ligue para eles e descubra por que essa mulher está esperando”, ordenou a presidente, de acordo com uma pessoa presente. Todos na sala, então, viram pela tela um funcionário em pânico atender o telefone e começar a se desculpar.

    “Eles vão achar agora que você está sempre observando, presidente”, disse rindo o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Dilma assentiu com uma aparente satisfação.

    Para o líder do governo na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (RS), "há um exagero" na fama de durona, especialmente porque se compara o estilo de Dilma com o de Lula. Outro petista, que preferiu não ser identificado, disse que a presidente "nunca teve nenhuma atitude deselegante" com ele, sendo "sempre afável".

    De qualquer modo, auxiliares dizem que as manifestações do ano passado ajudaram a mudar um pouco a postura da presidente, que se abriu mais aos políticos e aos movimentos sociais, além de retomar uma participação mais ativa na Internet.

    "Essa será a nova Dilma num segundo mandato, muito mais aberta", disse um desses auxiliares, confiante na reeleição.


(Reportagem adicional de Brian Winter, Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello)

PRÉVIA-PT oficializa candidatura de Dilma e aposta novamente no debate "nós contra eles"



sexta-feira, 20 de junho de 2014 17:16 BRT


  


Por Maria Carolina Marcello


BRASÍLIA (Reuters) - O PT realiza no sábado convenção nacional para lançar oficialmente a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição, dando a largada para uma campanha que deve apostar mais uma vez nas comparações entre os governos petistas e tucanos e recheada de um discurso de maior participação dos aliados.


A candidatura de Dilma, que deve ser formalizada por aclamação, não enfrenta o melhor dos mundos. A popularidade da presidente e de seu governo mantinha-se em altos patamares até sofrer uma forte queda na época dos protestos que tomaram as ruas em diversas cidades do país em junho do ano passado.

A presidente chegou a recuperar parte do terreno perdido, mas muito longe do nível pré-manifestações. Pesa ainda o baixo desempenho econômico, que pode atrapalhar os planos do PT de comandar o país por mais quatro anos. A inflação tem se mantido em níveis elevados enquanto a economia brasileira não tem demonstrado reação para crescer.


Dilma passou também por apuros com seus aliados, tensão que culminou com a ameaça de rompimento do principal partido de sua coligação, o PMDB. Essa crise foi debelada, pelo menos parcialmente, garantindo a homologação do presidente de honra da sigla e vice-presidente da República, Michel Temer, para compor novamente a chapa com Dilma, mas boa parcela dos peemedebistas não trabalharão para a reeleição.


Dada a conjuntura, petistas preocupam-se agora em combater as críticas da oposição confrontando de maneira "didática" os 12 anos das gestões de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os oito anos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).


"Nós queremos fazer uma campanha de comparação. Vamos fazê-la criteriosa e detalhadamente", disse o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), citando a geração de emprego e a educação como pontos importantes nesse debate comparativo.


O vice-líder do governo na Câmara José Guimarães (PT-PE) vai na mesma linha e afirma que a tarefa é "organizar uma campanha pedagógica para mostrar o que significam esses 12 anos de governo do PT".


Em outra frente, para angariar o empenho dos aliados na reeleição de Dilma, a promessa é de construção da campanha e seu conteúdo programático, além de um eventual segundo mandato, de forma conjunta. Foi esse o tom dado por petistas ouvidos pela Reuters e pela própria presidente durante convenções partidárias de siglas que compõem sua aliança.


"Em uma coligação com tantos partidos, nós precisamos ter mais tinta gasta na questão programática para fechar as alianças políticas... Deveríamos apostar mais na questão programática, de melhorias sociais, de modelo de desenvolvimento do país", avaliou o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (AC).


Na opinião do deputado Cândido Vaccarezza (SP), que já liderou a bancada governista na Câmara durante a gestão de Dilma, "o partido que tem a candidatura à Presidência tem que ceder; atrair e abrir a discussão para espaço no governo na forma de programa de governo".


Petistas vislumbram ainda outra frente de batalha contra a presidente além da campanha de seus adversários oficiais na corrida presidencial: o mau humor generalizado no país e em grande parte direcionado a presidente, sendo os recentes xingamentos na abertura da Copa do Mundo um exemplo disso.


"É lamentável, mas acho que há um ambiente que beira à esquizofrenia e vai ocupar um bom espaço desta campanha", avaliou Viana.


“Ela vai ter que enfrentar uma oposição esquizofrênica, que perdeu as últimas eleições achando que ganharia”, acrescentou, referindo-se a 2006, quando a oposição acreditava que o escândalo do mensalão impediria a reeleição de Lula, e 2010, quando a inexperiência eleitoral de Dilma era vista por essa mesma oposição como um importante fator para derrotá-la.


DUELO DE TITÃS


Para a campanha, Dilma terá a seu lado, mais uma vez, um potente cabo eleitoral: Lula, que passou os últimos anos afastado da Presidência, mas não longe dela, já que foi um dos mais importantes conselheiros da presidente, e muito menos da política, atuando intensamente junto ao PT e aos partidos aliados, além de ter participado ativamente das eleições municipais de 2012, especialmente em São Paulo.


“O Lula será o eleitor  mais importante desta eleição... ele continua forte”, aposta Viana.


Como o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, dá sinais de que irá usar o ex-presidente tucano Fernando Henrique mais do que o fizeram seus colegas de partidos que tentaram chegar ao Palácio do Planalto, a campanha de 2014 poderá ter uma sensação de déjà vu.


“As duas figuras centrais desse embate, os estandartes das duas campanhas serão Lula e FHC”, prevê Guimarães.


Os aliados de Dilma veem outro trunfo para ser explorado a favor de sua reeleição. Em tempos de pouca empatia da população pelos políticos, a ideia é reforçar seu perfil de gestora – apesar do questionável desempenho da economia – e sua rigidez contra irregularidades.


Foi durante a “faxina” no primeiro ano de seu mandato, quando vários ministros acusados de envolvimento com irregularidades saíram do governo, que a presidente alcançou alguns de seus melhores níveis de popularidade.

“Acho que o país não está precisando de alguém que seja um ativista político. A política está em xeque. O desafio vai ser do ponto de vista de gestão”, avalia o vice-presidente do Senado.


EUA usam 'diplomacia de documentos' para aplacar tensão com Brasil, diz pesquisador americano


Atualizado em  20 de junho, 2014 -
Reaproximação: Joe Biden se encontrou com Dilma Rousseff em passagem pelo Brasil durante a Copa


O anúncio de que os Estados Unidos irão abrir o acesso a documentos referentes ao regime militar no Brasil é encarado pelo pesquisador americano Peter Kornbluh como exemplo do que ele chama de “diplomacia dos documentos”.

Segundo o especialista, ao comunicar a decisão à presidente Dilma Rousseff nesta semana, em visita a Brasília, o vice-presidente americano, Joe Biden, deu um passo para tentar melhorar as relações bilaterais, afetadas pelas revelações sobre o alcance da espionagem americana, no ano passado.
"O governo (do presidente Barack) Obama e o vice-presidente Biden estão usando o que chamo de 'diplomacia dos documentos' como maneira de começar a resolver as tensões que atualmente são um problema para as relações Estados Unidos-Brasil", disse Kornbluh à BBC Brasil.

"O esforço (do governo americano) para ajudar a Comissão da Verdade é um gesto diplomático significativo", afirma.

Diretor de documentação do National Security Archive (Arquivo Nacional de Segurança), organização ligada à Universidade George Washington, Kornbluh é uma das maiores autoridades quando se trata do acesso a arquivos confidenciais americanos.

Usando a Lei de Acesso à Informação dos EUA, sua organização é responsável por pressionar o governo americano a liberar milhares de documentos secretos e, nos últimos 20 anos, vem trabalhando ao lado de comissões da verdade em diversos países da América Latina, entre eles o Brasil.

A Comissão Nacional da Verdade foi criada no Brasil há cerca de dois anos e deve produzir um relatório final sobre suas realizações até dezembro. O órgão investiga sérias violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, mas o foco principal está nos delitos da ditadura militar (1964 a 1985).

"Temos uma certa especialização em saber como o governo americano pode ser convencido a fazer o trabalho de reunir esses documentos, revisá-los e fornecê-los às comissões da verdade", afirma.


Arquivo Pessoal
Organização liderada por Kornbluh colabora com várias comissões da verdade

Repressão

Segundo Kornbluh, os Estados Unidos já usaram esse tipo de diplomacia com outros países, como Chile, Equador, Peru e Guatemala.

Desde que iniciou seus trabalhos, em 2012, a Comissão da Verdade do Brasil pedia que os Estados Unidos liberassem documentos sigilosos relativos aos 21 anos do regime militar (de 1964 a 1985).

São arquivos do Departamento de Defesa, Departamento de Estado e da CIA (agência de inteligência americana) que podem conter detalhes sobre a repressão durante o regime.

Documentos já tornados públicos nos últimos anos mostram o envolvimento dos Estados Unidos com o regime militar brasileiro.

Mas a expectativa é de que os arquivos inéditos possam incluir relatórios sobre infraestrutura, unidades das forças de segurança brasileira, detalhes operacionais e outras informações que levem a novas revelações sobre a repressão.

Segundo Joe Biden, parte dos arquivos já foi entregue ao governo brasileiro.
"Não podemos ter certeza ainda sobre quais documentos serão liberados", afirma Kornbluh. 

"A importância das declarações de Biden no Brasil é que mostram que o governo Obama tornou prioridade revisar e retirar a classificação de Altamente Secreto que atualmente impede o acesso a esses importantes arquivos."

Visita

O vide-presidente Joe Biden é a mais recente autoridade americana a visitar o Brasil. Em março, a secretária-assistente de Estado para América Latina, Roberta Jacobson, e o secretário do Tesouro, Jack Lew, também estiveram no país.


As visitas ocorrem depois que o escândalo de espionagem revelado pelo ex-técnico de inteligência da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden levou a presidente Dilma Rousseff a cancelar a visita de Estado que faria a Washington no ano passado.

Segundo revelações feitas por Snowden, a presidente e a Petrobras estavam entre os alvos da espionagem americana.

Em seu encontro com Dilma nesta semana, o vice-presidente americano afirmou que seu país fez mudanças em sua política de vigilância.

Biden também aproveitou a passagem pelo Brasil para assistir à estreia da seleção americana na Copa do Mundo, na segunda-feira, em Natal, em partida contra Gana.

Fifa gastou US$ 27 mi em filme que retrata Blatter como herói (podia ter destinado esse montante em medidas que impeçam a extinção do FULECO)

Atualizado em  19 de junho, 2014 - 11:37


O ator inlgês Tim Roth faz o papel de Sepp Blatter


Um filme sobre a história da Fifa que custou US$ 32 milhões, e em que o presidente Sepp Blatter é um dos heróis, será lançado na Sérvia, mas planos para um lançamento mundial não foram anunciados. O que está acontecendo?

Sepp Blatter está feliz de ter sido representado pelo ator inlgês Tim Roth. "Nesse caso o elenco foi bem escolhido", disse o presidente da Fifa quando ele encontrou o ator em um hotel. "Nós temos coisas em comum, vamos dizer, qualidades".

Roth, estrela dos filmes Cães de Aluguel e Pulp Fiction: Tempos de Violência, representa o administrador suíço em United Passions. O filme conta como a Fifa cresceu desde sua criação por um dedicado grupo de pessoas determinadas em Paris, em 1904, para se tornar responsável por uma indústria de bilhões de dólares. 


O ator francês Gerard Depardieu faz o papel do presidente de longa data Jules Rimet, creditado por criar a Copa do Mundo, em 1930. O neozolandês Sam Neill é o antecessor imediato de Blatter, o brasileiro João Havelange.


A Fifa, que pagou US$ 27 milhões dos US$ 32 milhões do filme, diz que o filme é "aberto, autocrítico e muito agradável", já que lida com esforços para combater a corrupção. No entanto, foi insinuado que Blatter exigiu mudanças no roteiro.


Foi observado que o dinheiro investido equivale ao financiamento de um ano para o programa "Goal" da Fifa, que apóia o futebol em nações mais pobres.

O filme teve sua estreia no Festival de Cinema de Cannes no mês passado, com a Fifa enfrentando acusações de que o filme é um projeto vaidoso que mostra Blatter e Havelange como visionários de grande tino comercial.

"Tudo o que eu fiz até agora foi para o bem do futebol", diz o personagem de Blatter no trailer oficial do filme.

Há ecos não intencionais de problemas de imagem atuais da Fifa. Um oficial uruguaio é retratado dizendo à Jules Rimet: "Você precisa de dinheiro, (e nós) precisamos do campeonato mundial."

Marca danificada

A Fifa foi ignorou acusações de suborno relacionadas à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022. Blatter respondeu chamando partes da mídia britânica de "racista".




O franês Gerard Depardieu faz Jules Rimet 

Desde então, Greg Dyke, presidente da Associação de Futebol da Inglaterra, tem pedido a renúncia de Blatter, que está na presidência da Fifa desde que Havelange deixou o cargo, em 1998. "Entre o público britânico, a marca Fifa está severamente danificada", ele disse. "Eu suspeito que o sentimento seja o mesmo em boa parte da Europa."


A Fifa é hoje uma marca de peso, emprestando seu nome à jogos de computador, figurinhas de futebol, livros e outros artigos de merchandising. Será que o United Passions pode melhorar sua imagem? 


"É um trailer horrível", diz o especialista em relações públicas Mark Borkowski. "De certa forma, mostra o nível a que a reputação da Fifa chegou."


"Esse filme, como a própria Fifa, é terrível", disse o comediante inlgês John Oliver em seu programa americano Last Week Tonight. "Quem faz um filme em que os heróis são executivos?" 


"Com a aprovação da Fifa, e Blatter ajudando a promover", escreve Ryan Rosenblatt, com muita ironia, no site de esportes da SB Nation, "eu tenho certeza que United Passions mostrará uma visão justa, e verdadeira sobre a entidade internacional que governa o futebol." 


O trailer, que gerou mais de 57 mil visualizações no YouTube, é quase tudo o que as pessoas podem ver atualmente de United Passions. O filme está programado para ser lançado na Sérvia nesta quinta-feira, seguindo o lançamento em Portugal na semana passada. A Fifa está prometendo que o filme será exibido em diversos países, incluindo a Rússia. 


Das três estrelas do filme, apenas Derpardieu estava presente na estreia em Cannes. Roth, que não quis falar com a BBC, já havia dito ao jornal britânico The Times que "foi um trabalho difícil". "Eu me perguntava, 'Onde está a corrupção nesse roteiro?'"
O diretor Frederic Auburtin disse ter inserido "partes irônicas".

Filmes como promoções



O brasileiro João Havelange é representado prelo neozolandês Sam Neill


O distanciamento que alguns buscam do filme e o lançamento limitado poderiam ser sinais de que o filme seria constrangedor?


"A hagiografia (biografia enaltecedora) tem sido uma habilidade consumada no mundo da escrita de esporte, com escritores fantasmas ou cronistas oficiais domados que retratam a vida de super estrelas", diz Alan Tomlinson, autor de Fifa: Os Homens, os mitos e o dinheiro. "Mas nenhuma comissão, nenhum projeto vaidoso de comissionamento hagiográfico, rivalizou o projeto de Sepp Blatter." 


"United Passions será exibido em um nicho do leste europeu, bem longe da ação. Até mesmo Blatter deve suspeitar que é melhor colocar este risível projeto de filme de lado."
Organizações, e até mesmo países, já promoveram seus interesses usando filmes.


O épico Austrália, dirigido por Baz Luhrmann, estrelado por Nicole Kidman e Hugh Jackman, foi em parte financiado pelo governo australiano e seu lançamento foi sincronizado para coincidir com uma campanha de marketing turístico do país na Europa, Ásia e América do Norte. 


O serviço de trem Eurostar ofereceu financiamento para o filme de 2008 do diretor inglês Shane Meadows, Somers Town, que fala sobre jovens vivendo próximo a estação de St Pancras em Londres, observou a revista Creative Review, que disse que isso coloca a operadora de trem "como uma marca que pode crescer como patrona do cinema britânico". 



O lançamento em 1988 de Mac and Me, sobre um alienígena que fica amigo de um menino em uma cadeira de rodas, foi pago pelo McDonald's.

 O site americano especializado em cinema Rotten Tomatoes chamou o filme de "um comercial de longa-metragem velado do McDonalds e da Coca-Cola". 

Macbeth, dirigido por Roman Polanski em 1971, foi financiado pela revista Playboy. "O filme fez a marca parecer mais luxuosa", diz Sheldon Hall, historiador de cinema da Universidade de Sheffield Hallam, na Inglaterra. "As pessoas riam quando apareciam na tela as palavras 'Hugh Hefner apresenta....' abrindo uma adaptação de Shakespeare. Porém, era na verdade um filme sério." 

E nos anos 1960, as Nações Unidas financiaram parte do filme The Poppy is Also a Flower, um filme de ação que mostra o trabalho de agentes combatendo o comércio de ópio no Irã. Seu elenco incluiu Omar Sharif, Yul Brynner, Rita Hayworth e Anthony Quayle.

Caso diferente

"United Passions é mais incomum", diz Hall. "Normalmente, se você vai dramatizar a história de seu organização, as pessoas estão ou mortas ou fora da entidade. Eu não consigo pensar em um exemplo diretamente comparável." 

A Fifa diz que está promovendo "comunicação direta com fãs", para criar "compreensão" sobre seu trabalho. "É esperado que este filme, embora de ficção e portanto não totalmente baseado em fatos reais, irá contribuir para este objetivo", adiciona.


Mark Borkowski acha que o filme "pode funcionar" e que muitos críticos avaliaram o filme de uma "perspectiva europeia limitada".

"Há vários países pequenos, de que você pode nunca ter ouvido falar, que são membros (da Fifa) e, ao contrário da Grã-Bretanha, alguns deles veneram seu trabalho para desenvolver o futebol", diz ele.

"O filme é uma maneira de tentar influenciar globalmente opiniões e lançar memes mundo afora. O filme continuará existindo por muito tempo, mesmo depois de a Fifa passar por seus julgamentos e atribulações atuais. "