Trapalhada da Terracap faz Brasília perder R$ 12 bilhões
Quem
imagina que a construção do Estádio Nacional de Brasília Mané
Garrincha, inicialmente orçado em 600 milhões de reais e que consumiu
sabe-se lá já quantos bilhões, foi o principal projeto a levar a
Terracap para o fundo do poço, está equivocado.
Na
verdade, a estatal que cuida das terras da capital da República – hoje
conhecida como Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal – afundou
na lama por outro motivo. Quem quiser contar o prejuízo, vai somar mais
de 12 bilhões de reais, com a conversão do dólar no câmbio flutuante.
A
Terracap afundou na lama que ameaça engolir o próprio edifício sede da
estatal como uma insaciável areia movediça, por trapalhadas e cobiça dos
seus dirigentes. A crise de liquidez atende pelo nome de Cidade
Digital, para onde estavam direcionados investimentos de bilhões de
dólares.
Os
recursos previstos para esse empreendimento deveriam ter gerado um
campus de alta tecnologia liderado por grandes marcas multinacionais.
Entre elas, a IBM, Microsoft, Google, Samsung.
Mas
o assunto que deveria atrair dólares foi tratado pela Terracap como um
simples Pró-DF ou coisa menor. A Terracap não soube corrigir o péssimo
histórico que cerca aquela área e o desastroso plano de vender lotes aos
gringos para faturar muito.
Assim,
um grande complexo de empresas multinacionais saiu daqui para nunca
mais retornar. E os bilhões de dólares começam a desembarcar em
Hortolândia, cidade paulista de apenas 200 mil habitantes. Lá a IBM, que
deu uma banana para o Distrito Federal e seus grileiros de ocasião,
implantou o seu Global Command Center Brasil, onde circulam 18 mil
profissionais e estudantes.
O
CEO de uma dessas multinacionais não suportou ouvir a expressão
dividendos dias antes de assinar um bilionário contrato. Estranhou a
conversa do interlocutor. E reagiu dizendo que empresas societárias
pagam dividendos a quem lhes compra ações, e não a quem achaca com o
oferecimento de terrenos sem respaldo jurídico.
É
mais uma história de irresponsabilidade e ganância para compor os anais
do governo de Agnelo Queiroz. Após desfigurar o projeto original de
atrair investimentos que poderiam somar aos cofres da Terracap cinco
vezes mais aqueles investidos no Mané Garrincha, a direção da companhia
cruzou os braços e tenta, com a velha prática, arrecadar migalhas
vendendo áreas e imóveis de baixos valores, como uma mercearia de
periferia.
Essa sim é uma herança maldita que vai ficar para as próximas gerações. E presidências.
Mara Cristina Moscoso