Escrevi
um texto grande outro dia falando sobre, entre outras coisas, o minarquismo. Vou resumir aqui.
Minarquismo é um sistema de governo onde o Estado financia e administra
apenas um número bem reduzido de coisas; coisas essenciais e que não
podem ser desempenhadas pelo setor privado.
Entre os minarquistas há diferenças de grau. Alguns são radicais e não aceitam que o Estado coloque a mão em nada além de:
- Juízes, Tribunais e (talvez) Cartórios;
- Legisladores e Assembleias Legislativas;
- Força Policial, Força Militar, Delegacias e Quarteis;
- Manutenção de Ruas e Estradas;
- Administradores de verbas e regras para estes setores.
Outros minarquistas, como eu, são conservadores. Os conservadores são
avessos à mudanças abruptas e entendem que além do mercado livre e de um
Estado reduzido, também devemos pensar na dignidade daqueles que hoje
se encontram sem a mínima condição de se bancarem sozinhos.
Por isso, defendemos que o Estado, à princípio, continuaria financiando
educação e saúde. Mas de modo diferente. Gradualmente, o Estado deixaria
de financiar hospitais e escolas públicas, passando a pagar bolsas e
planos de saúde para os mais pobres em escolas e hospitais privados (à
escolha do indivíduo ou da família).
Isso reduziria gastos e responsabilidades administrativas do governo,
sem deixar os que dependem das coisas públicas hoje sem assistência.
Também daria oportunidade de escolha para as pessoas, reduziria a quase
zero a má gestão e corrupção e impediria que as escolas fossem usadas
para servirem de meio para doutrinação ideológica por parte do governo.
Como a mudança ocorreria de modo gradual, as escolas e hospitais
públicos que restassem passariam por reformas para descentralizá-las das
mãos do governo. No que se refere às escolas, uma parte delas seria
entregue à administração direta do corpo de professores de cada unidade
(com presidência de um diretor escolhido por esse corpo), cabendo ao
Estado apenas financiar, auditar e não permitir abusos ideológicos ou de
outros tipos. Outra parte seria entregue à gestão militar, que sabe dar
mais limites aos alunos e administrar com mais ordem e decência.
Quanto aos hospitais, o mesmo poderia ser feito. Uma parte seria
administrada pelo corpo de médicos e enfermeiros (com presidência de um
diretor escolhido por esse corpo) e outra passaria à gestão militar. O
Estado apenas cuidaria do financiamento, auditoria e impedimento de
abusos. Cada unidade escolar e hospitalar teria grande independência e
autonomia para tomar decisões. O currículo escolar, por exemplo, seria
escolhido pelo corpo de professores de cada unidade, em diálogo com os
pais e o grêmio estudantil também da unidade, sem intromissão do
governo.
O que tenho proposto é o seguinte: privatizar 50% das escolas e
hospitais e passar seus alunos e pacientes para o sistema de bolsas e
planos já mencionado. Passar 25% para a gestão militar e outros 25% para
a gestão autônoma de cada unidade.
Na medida em que a economia for melhorando, outras escolas e hospitais
vão sendo privatizados e o sistema vai passado para bolsas e planos de
saúde. E na medida em que as pessoas saem da pobreza, as bolsas vão
diminuindo.
Nem é necessário abolir a CLT (que está longe de representar o nosso
maior problema, conforme expliquei no outro texto). E a bolsa família
pode continuar por um tempo para quem está abaixo da linha da pobreza
(pois realmente faz diferença para essas pessoas).
Afora isso, o governo deve parar de financiar todas as outras coisas,
privatizando empresas estatais (ou terceirizando), abrindo o mercado em
todos os setores e cortando gastos desnecessários. Também deve cortar
burocracias e regulamentações desnecessárias, que atrapalham o
surgimento e a manutenção de empresas, e inviabiliza a existência de
concorrência.
Tais medidas aumentariam o número de empresas, pois
haveria mais competição e liberdade de empreender. Por exemplo, não
haveria uma empresa estatal de entrega de cartas, mas várias privadas.
Não haveria uma empresa estatal de coleta de lixo, mas várias privadas.
Qualquer pessoa em dia com os documentos do carro, sem antecedentes
criminais e mentalmente saudável poderia usar seu carro para oferecer
serviços de transporte, não necessitando de qualquer outro requisito.
Com os cortes e mais o dinheiro arrecado dos impostos sobre as novas
empresas privadas, o governo poderia dobrar o salário de médicos,
enfermeiros, professores e policiais, sem dificuldade, além de investir
em melhores equipamentos e instalações.
Tem dúvidas? Acha que não seria uma economia tão estrondosa? Pois então
preste a atenção. Seriam cortados os gastos estatais com:
- Fundo Partidário,
- 25 dos 37 Ministérios Federais;
- 15 das 25 Secretarias do Estado (no caso do Estado Rio de Janeiro);
- 15 das 26 Secretarias Municipais (no caso da cidade do Rio de Janeiro);
- Todas as propagandas de empresas estatais;
- Carnaval;
- Artistas;
- Shows;
- Turnês;
- Filmes e Documentários;
- Comlurb (empresa de coleta de lixo);
- Correios;
- BNDES;
- Banco do Brasil;
- Caixa Econômica Federal;
- Petrobras;
- Eletrobras;
- Agências Reguladoras (tais como a Anatel);
- INSS (seria substituído por vários bancos e empresas de previdência
que se cadastrariam em um órgão do governo, caso cumprissem requisitos
básicos, para oferecer aposentadoria e demais direitos ao cidadão);
- Presídios;
- Portos;
- Museus;
- Zoológicos;
- Institutos de Artes;
- Institutos de Ciências;
- Diversos Fundos Especiais;
- Diversas empresas estatais.
Hoje, só de impostos federais pagamos quase 2 trilhões de reais por ano.
Se fossem feitos esses cortes e as mudanças já mencionadas na gestão de
escolas e hospitais públicos, economizaríamos no mínimo (sendo muito
pessimista) 50% desses gastos, além da economia dos gastos nas esferas
estadual e municipal.
No mínimo, algo em torno de 1,5 trilhão de reais. É
dinheiro de sobra para pagar todas as dívidas de nossos governos,
dobrar o salário das categorias já mencionadas e ainda reduzir os
impostos de cidadãos e empresas.
Pagando menos impostos e com menos burocracias e regulamentações
estatais, a sociedade teria mais condição de empreender, gerando mais
empregos e, por consequência, mais concorrência, que, por sua vez,
melhora a qualidade dos serviços e produtos, torna-os mais comuns e
reduz o preço. O aumento do número de empresas, por conseguinte, reduz a
relação desempregados-empresas, o que gera concorrência por
funcionários e, com isso, tende a elevar os salários.
O Estado reduzido e limitado não traz risco de retirar a liberdade
individual e se tornar totalitário, evitando assim o surgimento de
autoritarismo. E isso tudo, lembrando, sem a necessidade de retirar dos
mais pobres a assistência e sem abolir a CLT.
A tendência desse Estado é reduzir e se limitar cada vez mais até chegar
ao ponto do estritamente necessário. Isso é minarquia ou minarquismo.
O oposto desse sistema é o estatismo. O estatismo é o sistema que prevê
um Estado gigante, com milhares de áreas de atuação, financiando,
gerindo, regulando e burocratizando centenas de empresas e setores. Esse
sistema é o que facilita a má gestão, a irresponsabilidade, os déficits
públicos, o desvio de verba pública, a corrupção e o totalitarismo.
Quanto o maior o Estado, mais esses problemas tendem a aumentar. É desse
mal que padece o nosso Brasil. O estatismo é o nosso grande inimigo.
Você está sendo assaltado, extorquido, explorado, oprimido, pisoteado,
desrespeitado por um Estado-monstro.