Esta
semana, entre os dias 10 e 12 de maio, acontece no auditório do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em
Brasília (DF), o Workshop Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas 2016.
O evento, fechado para técnicos e convidados, tem como missão
aprofundar a discussão de como fortalecer os mosaicos de áreas
protegidas no Brasil, instrumentos de gestão voltado à conservação da
natureza e ao desenvolvimento sustentável.
Na programação,
constam mesas-redondas, painéis, grupos de trabalho, rodadas de debates e
plenária para aprovação de uma agenda conjunta para 2016/2017. Entre os
temas que serão tratados estão governança, gestão integrada e
participativa, valorização sociocultural, sustentabilidade, articulação e
cooperação com mecanismos de gestão compartilhada.
Também está
previsto o Intercâmbio de Mosaicos e um Encontro da Rede Mosaico de
Áreas Protegidas (REMAP), a organização que busca reunir essas
iniciativas em núcleos regionais – e que é uma das realizadoras do
workshop. Cerca de 120 pessoas, técnicos e especialistas de todo o País,
vão participar das atividades durante os três dias.
A Rede de
Mosaicos de Áreas Protegidas (Remap), o WWF-Brasil, o Instituto de
Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), o Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (IMAZON), o ICMBio e a Secretaria de Biodiversidade
e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (SBF/MMA) se uniram e
preparam a realização deste evento.
O que são
Mosaicos
são, na prática, um grupo de áreas protegidas adjacentes, próximas ou
sobrepostas, que se unem para facilitar a gestão integrada e
participativa do território em que estão inseridas. Elas fazem isso
buscando encontrar soluções para problemas comuns, dividir experiências e
partilhar recursos – otimizando custos e esforços e fortalecendo a
conservação e sustentabilidade de sua região.
Eles surgiram como
figuras jurídicas em 2000, no decreto que criou o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC). Atualmente, existem 22 mosaicos
reconhecidos oficialmente em nosso País – e existem articulações locais
que buscam o reconhecimento de cerca de mais 15 deles.
Serviço: O quê? Workshop Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas 2016 Quando? Entre os dias 10 e 12 de maio Onde? No auditório do ICMBio, situado à EQSW 103/104, Bloco “D” Térreo, Complexo Administrativo Setor Sudoeste- Brasília (DF)
O Ibama deu um
esporro no Latino com o seu macaco Twelves, mas, não creio que vá
adiantar muita coisa. Estas pessoas gostam de fazer mídia com estes
animais..... Lamentável!!!!!
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ONU critica imagens postadas por Paris Hilton, James Rodriguez e Khloe Kardashian
RIO - Fotos de celebridades com macacos no Snapchat e no Instagram estão
atrapalhando os esforços para evitar o tráfico de grandes primatas e,
desta forma, interferindo na luta contra a extinção de certas espécies,
de acordo com um representante da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo uma pesquisa da Parceria pela Sobrevivência dos Grandes Primatas
(Grasp, na sigla em inglês), ligada à ONU, o tráfico de orangotangos,
chimpanzés, gorilas e chimpanzés-pigmeus está crescendo
assustadoramente.
A principal causa do crescimento é um aumento do número de circos na
China. Mas um número cada vez maior está indo parar nos jardins privados
e recepções de restaurantes frequentados por ricos e famosos no Golfo
Pérsico, onde servem de atração para visitantes. Para a Grasp,
celebridades que tiram fotos com os animais estão, indiretamente,
apoiando o tráfico.
"As imagens de Paris Hilton, do jogador James Rodriguez e de muitos
outros segurando e dando colo para bebes orangotangos, prisioneiros em
zoológicos privados em Dubai, são extremamente danosos para os esforços
de conservação, e a Grasp pede que as celebridades evitem essas fotos",
disse o coordenador do programa, Doug Cess, ao jornal britânico "The
Guardian".
Fotos
de Paris Hilton com uma bebê orangotango no zoológico privado Saif
Belhasas, em Dubai, começaram a circular em 2014. Em dezembro de 2015, o
craque do Real Madrid James Rodiguez postou uma foto sua com outro
orangotango em Dubai. Khloe Kardashian, irmã de Kylie Jenner e Kim
Kardashian, também tirou uma foto com um bebe macaco vestido de criança
em Dubai.
"Essas fotos são vistas por centenas de milhares de fãs e mandam a
mensagem que possar com grandes macacos está liberado se forem
bonitinhos. Todos esses macacos foram obtidos por meios ilegais e terão
vidas miseráveis quando ficarem grandes e fortes demais para ficarem no
colo. Não só é ilegal, ajuda a destruição de espécies que já estão em
perigo", diz Cress.
Como primatas grandes não podem ser facilmente capturados e
transportados, contrabandistas preferem roubar bebês na natureza. Para
cada bebê pego, uma média de dez morreu defendendo o grupo, diz uma
pesquisa do grupo. Pelo menos 490 foram mortos desde janeiro de 2014.
Para os defensores dos animais, coelhos, raposas e martas são animais
fofos que pertencem à natureza e devem ser protegidos. Para algumas
celebridades, no entanto, os animais são a matéria-prima de luxuosos
casacos de pele.
Afinal, vale a pena matar cruelmente cerca de 30 coelhos para fazer
uma estola de R$20 mil? Para Danielle Simões, ativista do Move
Institute, que defende os direitos animais, não.
“A extração de peles é uma prática altamente cruel. Milhares de
animais ficam confinados em pequenos espaços para que suas peles sejam
arrancadas enquanto estiverem vivos. Em decorrência do estresse, grande
parte deles comete canibalismo”.
Segundo a ativista, as peles são extraídas de maneira dolorosa.
“Os animais são mortos em geral por asfixiamento, estrangulamento,
eletrocussão, envenenamento, inalação de gases ou afogamento”.
Mas muitas famosas investem um bom dinheiro em casacos de grifes
feitos com animais mortos. A empresária Kim Kardashian nunca escondeu
seu amor por peles, e ensina a filha, North West, a usá-las também
Foto: AgNews/Thinkstock
A socialite Val Marchiori já foi flagrada com diferentes casacos de pele. Um deles, da marca Dior, foi feito com raposas.
De acordo com Danielle, matar animais para produzir roupas é
desnecessário pois há alternativas sintéticas para todos os tipos de
pele
De acordo com Danielle, além das raposas, jacarés e cobras também são abatidos para a produção de acessórios.
“No caso das cobras píton, que já estão em perigo de extinção,
mangueiras de água são colocadas na boca para que o animal fique inchado
e o couro é extraído enquanto as cobras ainda estão vivas”.
Foto: Getty Images/ Thinkstock
A atriz Eva Mendes usou uma estola de raposa no tapete vermelho e causou polêmica.
De acordo com a ONG In Defense of Animals, é preciso matar quarenta raposas para produzir apenas um casaco
A cantora Lady Gaga foi flagrada com um casaco de martas tingido de
pink e recebeu críticas e protestos. Pouco tempo depois, usou novamente
um casaco de pele e usou o Twitter para provocar os ativistas, dizendo
que a peça era mesmo de origem animal e da grife Hermès.
Para produzir um casaco é preciso sacrificar cerca de 60 martas.
Estamos
em plena era dos efeitos do aquecimento global. Na última década, as
marés altas passaram a submergir pequenas ilhas no Pacífico.
Cinco ilhas recife desapareceram
das Ilhas Salomão do Pacífico e mais seis foram severamente danificadas
devido ao aumento dos níveis do mar e erosão costeira, de acordo com
uma nova pesquisa.
Ao
estudar a relação entre o aumento do nível do mar e exposição às ondas,
uma equipe de pesquisadores australianos descobriu que a subida das
águas estão tomando parte significativa das ilhas.
Concentrando-se em
duas áreas com a maior densidade de ilhas de recife expostos às merés,
dois pesquisadores, Isabel e Roviana, examinaram 33 ilhas usando imagens
aéreas e de satélite entre 1947-2014.
Os resultados confirmam
relatos vindos de cientistas e moradores sobre mudanças da linha
costeira das ilhas ao longo da última década. "As linhas de máré altas
destruiram aldeias que existiram pelo menos desde 1935, levando a
deslocalizações da comunidade", diz o estudo.
O estudo também
adverte que Taro, a capital da província de Choiseul, deverá tornar-se a
primeira capital da província no mundo a mudar seus moradores e
serviços devido à ameaça da subida do nível do mar.
"Isso
proporciona um pouco de uma visão sobre o futuro", afirma o pesquisador
sênior da Universidade de Queensland e principal autor, Simon Albert, em
entrevista à AFP.
"Há estas tendências globais que estão
acontecendo, mas as respostas locais pode ser muito, muito localizada."
Dez casas de uma das ilhas muito corroídas foram arrastados para o mar
entre 2011 e 2014.
As cinco ilhas que desapareceram foram todas
de vegetação, ilhas de recife, com áreas de até cinco hectares (12
acres), que não foram habitadas, mas ocasionalmente usadas por
pescadores.
"Elas não eram apenas pequenas ilhas de areia", Albert assinalou.
Taxas de aumento do nível do mar nas Ilhas Salomão nas últimas duas
décadas têm sido entre as mais elevados no mundo, de acordo com o
estudo.
Enquanto a densidade populacional é baixa nas ilhas,
áreas costeiras de baixa altitude possuem muitos moradores e as partes
das ilhas de recifes estão se tornando cada vez mais densamente
povoadas.
O estudo salientou que era de importância crítica obter
uma compreensão da relação entre o aumento dos níveis projetados para o
mar, outras mudanças climáticas globais, tais como ondas, e as mudanças
tectônica locais, para que o impacto social da erosão possa ser
minimizado.
Melchior Mataki, do Conselho Nacional de Desastres
das Ilhas Salomão pede o apoio dos parceiros de desenvolvimento e
mecanismos financeiros internacionais e afirma que "este apoio deve
incluir estudos científicos conduzidos a nível nacional para informar o
planejamento de adaptação para enfrentar os impactos das mudanças
climáticas nas Ilhas Salomão", disse à ABC News.
No mês passado,
o governo das Ilhas Salomão juntou 11 outras nações pequenas ilhas do
Pacífico na assinatura do acordo climático de Paris, em Nova York.
O ICMBio, por intermédio da APA do Planalto Central e a Prefeitura de Planaltina de
Goiás começam a planejar ações integradas de fiscalização ambiental, na região
do Rio Maranhão.
O ICMBio, por intermédio da APA do Planalto Central, deu
inicio a um importante processo de articulação técnica com a Prefeitura de
Planaltina de Goias, para implantação de ações de fiscalização ambiental integradas
na região, a partir da uma recente reunião realizada na referida Prefeitura do
estado de Goiás, da qual participaram, além dos agentes de fiscalização da APA/ICMBIO,
representantes das Secretarias de Meio Ambiente, Educação, Agricultura e
Turismo do Município, como também da Guarda Civil Municipal e da Policia
Militar de Goias.
Essa primeira atividade técnica foi efetivada nesse
Município, não só visando acelerar a elaboração de um Programa de Proteção
Ambiental Integrada, para a região da APA do Planalto Central no município, haja
visto que cerca de 35% da área rural dessa cidade, está situada em regiões
dessa Unidade de Conservação Federal, mas também para promover uma maior
integração entre os órgãos públicos da região, que atuam nessas áreas rurais e
com o meio ambiente nessa cidade.
Poucas pessoas sabem, mas mais de 30% do território da
APA do Planalto Central encontra-se situada no Estado de Goias, onde
estão as regiões
mais preservadas dessa importante Unidade de Conservação. Além disso,
nesse Município de Goias localiza-se uma das maiores áreas de florestas
do Cerrado, que
circundam as Serras da Bacia do Rio Maranhão, com grandes extensões de
matas
ainda intactas e onde ocorrem muitas das nascentes que alimentam o Rio
Tocantins.
Por isso, estão sendo planejadas algumas expedições conjuntas
e operações de fiscalização ambiental na região, além de atividades de educação
ambiental nas escolas rurais locais e de mobilização social junto as comunidades
locais. Da mesma forma, foram acordadas algumas iniciativas para o
fortalecimento da gestão ambiental no município, como a retomada do seu Conselho
Municipal do Meio Ambiente e a participação do Município no Conselho Gestor da
APA. Já as primeiras ações integradas de proteção ambiental estão previstas
para começarem ainda nesse próximo mês de junho.
Confira concorrentes da edição 2016 do concurso da 'National Geographic' que premia melhores fotos de viagem.
Da BBC
Luz e névoa na China,
noite gelada na Lapônia, icebergs na Antártida, leões brincando na
África, formações rochosas nos EUA, vulcões em erupção no Oceano Índico.
A edição 2016 do concurso National Geographic Travel Photographer of
the Year, que premia melhores fotografias de viagem pelo mundo, está com
inscrições abertas até 27 de maio.
Confira alguns dos competidores na categoria natureza. A julgar pela
qualidade das imagens, o páreo será duro. O vencedor receberá uma viagem
para um safári fotográfico de ursos polares.
"Fotografei esses leões na contraluz para captar a poeira iluminada e
toda a ação", diz Jaco Marx. "Os leões na verdade estavam brincando e
isso deu margem a uma interação fotográfica." (Foto: Jaco Marx)
O concurso de Fotografias de Viagem da National Geographic, ainda com
inscrições abertas, já soma milhares de concorrentes, como esta foto de
uma formação rochosa e uma árvore solitária no Parque Nacional Arches,
em Moab, Utah (EUA) (Foto: Manish Mamtani)
O
concurso aceitará inscrições até 27 de maio. O vencedor receberá uma
viagem para um safári fotográfico de ursos polares. A imagem é Thierry
Bornier é apenas uma das imagens na categoria Natureza, e mostra uma
combinação de luz e névoa em Guizhou, China (Foto: Thierry Bornier)
Uma
noite gelada no topo de um morro na Lapônia perto da fronteira com a
Rússia, está no registro de Pierre Destribats (Foto: Pierre Destribats)
'Em
dezembro passado naveguei para a Antártida, e esse foi um dos primeiros
icebergs que vimos ao entrar na zona polar', diz o fotógrafo Massimo
Rumi (Foto: Massimo Rumi)
Katsuyoshi Nakahara inscreveu esse registro dessa cerejeira em Minobu, no Japão (Foto: Katsuyoshi Nakahara)
BBC Uma longa viagem de carro e uma longa caminhada valeram a pena para
Kenji Yamamura, que registrou essa imagem de formações rochosas em
Utah, nos EUA (Foto: Kenji Yamamura)
BBC Um vulcão na ilha francesa de Reunião, no Oceano Índico,
proporcionou em sua última erupção uma imagem espetacular para Gaby
Barathieu (Foto: Gaby Barathieu)
'Fiz
essa foto em julho de 2014 em Trollstigem, Noruega. Parado sozinho na
névoa, estava esperando a vista ficar mais clara', diz Christoph
Schaarshmidt (Foto: Christoph Schaarshmidt)
Christoph Schaarshmidt inscreveu essa imagem registrada em Yulara, na Austrália (Foto: Christoph Schaarshmidt)
Uma
incrível supercélula (tipo de tempestade) se forma sobre a cidade de
Blackhawk, na Dakota do Sul (EUA), na imagem de James Smart (Foto: James
Smart)
Doris Landertinger submeteu essa foto feita em Swakopmung, na Namíbia (Foto: Doris Landertinger)
Essa foto foi tirada por Johannes Ohl pouco após o nascer do Sol nas
dunas do chamado Vale da Morte, na Califórnia (Foto: Johannes Ohl)
Registro de Reynold Dewantara durante erupção do monte Bromo, na ilha de Java, na Indonésia (Foto: Reynold Dewantara)
'Durante
uma tempestade de neve eu decidi ir ao cânion Bryce para aproveitar a
neve fresca. A visibilidade era quase zero, mas sabia que esta seria
minha foto', diz a fotógrafa Yvonne Baur (Foto: Yvonne Baur)
Ricardo SenraEnviado especial da BBC Brasil a Brasília
9 maio 2016
Autor de uma
proposta de emenda constitucional cujo texto elimina a necessidade de
licenciamento ambiental para obras, o senador Acir Gurgacz (PDT-RO)
reconheceu, em entrevista à BBC Brasil, que terá "benefícios econômicos"
particulares com a medida.
Os principais benefícios viriam da
conclusão de obras de manutenção da BR-319, que corta a floresta
amazônica e liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM), onde uma empresa do pai
do senador realiza transporte comercial de passageiros.
Construída
durante a ditadura militar, a rodovia atravessa 28 unidades de
conservação em áreas de floresta e foi alvo de uma série de paralisações
e embargos ambientais nos últimos anos.
"Nós temos uma batalha
jurídica de mais ou menos uns dez anos para poder ter autorização para
manutenção da rodovia", disse Gurgacz, em seu gabinete em Brasília. "Os
ambientalistas querem ter isso como troféu: não dar autorização",
afirmou. "Há uma tendência de radicalizar as questões ambientais."
Gurgacz
disse que luta pela regularização da estrada, confirmou que a Eucatur
explora comercialmente o local, mas argumentou que a empresa não será a
única beneficiada pela PEC 65, que altera o artigo sobre meio ambiente
na Constituição.
"(Os críticos) São pessoas mal informadas que não
têm interesse em ver a estrada trabalhando. A estrada serve a todos,
não a uma empresa", disse. "Outras empresas também têm essa autorização
para fazer (transporte de passageiros). Várias empresas se
beneficiariam."
A proposta do senador de emenda na Constituição
foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no
último dia 27, quando todas as atenções se voltavam à votação do parecer
da comissão do impeachment na Casa.
Ao fim da entrevista, quando
se despedia do repórter, Gurgacz afirmou: "Vamos ter benefícios
econômicos, sim, mas o benefício principal é para o povo. A estrada é de
todos."
O artigo 6º do Código de Ética e Decoro Parlamentar do
Senado diz que parlamentares devem se declarar "impossibilitados de
votar a matéria" ou apresentar documento que "explicite razões pelas
quais entenda como legítima sua participação na discussão", sempre que
houver conflito com interesses patrimoniais – o que não foi feito pelo
senador.
O caso da PEC 65 vai além: ela foi redigida e apresentada
pelo próprio senador, que minimiza o interesse em entrevista à BBC
Brasil. "Em termos de negócio, é um percentual tão pequeno para a
empresa do grupo que isso não deve ser levado em consideração."
Questionado, ele não precisou que percentual seria. "Zero vírgula zero alguma coisa."
Para Biviany Rojas, advogada do Instituto Socioambiental (ISA), "está configurado conflito de interesses".
"Esta
é uma discussão da natureza e não de quantidade ou intensidade",
avalia. "O código indica conflito de interesses entre a atividade
econômica que exerce o parlamentar e a matéria que ele coloca em
votação. Se isso implica em uma porção maior ou menor do lucro não faz
diferença, a relação de lucro ou benefício patrimonial está
caracterizada."
Negócios
O
relatório sobre a última paralisação da BR-319 pelo Ibama apontou
irregularidades como falta de licença ambiental adequada, supressão de
Área de Preservação Permanente (APP), intervenções de rios, alargamento
de pista e alojamentos para trabalhadores que desrespeitavam "condições
mínimas de segurança e salubridade".
A reportagem conversou com Ivaneide Bandeira, diretora da associação Kanindé, que atua na região da estrada em Rondônia.
"A
liberação da estrada é a principal bandeira política do senador e de
sua família aqui em Rondônia", disse. "Ela foi construída na ditadura,
quando ainda não existia legislação ambiental. Atravessa floresta
fechada e muitas áreas indígenas e de povos tradicionais."
Terceiro
parlamentar mais rico do Senado, segundo dados do Tribunal Superior
Eleitoral, Acir Gurgacz é sócio de duas construtoras, uma mineradora,
dois frigoríficos, uma faculdade e diversos veículos de comunicação,
além de proprietário de 32 imóveis – entre lotes rurais, glebas,
terrenos e apartamentos.
Com
patrimônio declarado de R$ 10,9 milhões, Acir também informou à Justiça
que possui 11 veículos, incluindo dois aviões e um trio elétrico.
A
fortuna vem de berço. O pai do senador, Assis Gurgacz, declarou
patrimônio de R$ 86 milhões à Justiça, quando se candidatou a vaga de
suplente do filho nas eleições de 2014.
A candidatura foi
impugnada porque Gurgacz pai foi considerado ficha-suja pelo TSE, após
ser condenado em primeira instância por suposto desvio de R$ 1 milhão de
verba pública em contratos da firma que explora táxi aéreo, um dos
braços da mesma Eucatur. O empresário nega todas as acusações.
No
ano 2000, quando se elegeu prefeito de Ji-Paraná (RO), Acir Gurgacz
abriu mão da diretoria da Eucatur, declarada pela família à Justiça pelo
valor de R$ 37 milhões.
Levantamento feito pela BBC Brasil
identificou ao menos 12 autos de infração do Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) contra empresas do
senador e de sua família, desde os anos 1990.
'Fábrica de Marianas'
O
projeto de emenda na Constituição gerou notas de repúdio do Ministério
Público Federal (MPF) e de ONGs como Greenpeace e ISA, além de críticas
do Ibama, órgão de fiscalização ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
Em entrevista à BBC Brasil, o diretor de
licenciamento ambiental do Ibama, Thomaz Toledo, disse que a PEC, como
foi aprovada na comissão do Senado, reduz o poder do órgão de garantir
que o empreendedor cumpra pré-requisitos ambientais necessários para a
obra.
"É fato que o texto que está lá acaba com o licenciamento
ambiental", diz Toledo, explicando que o licenciamento existe para
"reduzir impactos não só sobre recursos ambientais, mas também sobre a
população que mora próximo aos empreendimentos".
"O órgão (Ibama)
deixaria de fazer todo este esforço e se tornaria só um órgão de
remediação. A gente apenas correria atrás do prejuízo", completa o
diretor do Ibama.
Em documento enviado ao Senado, procuradores do
MPF disseram que a PEC significaria descaso com a população atingida
pelas obras.
"A proposta aprovada retira totalmente do Poder
Judiciário e do próprio órgão licenciador qualquer controle efetivo
sobre o cumprimento das condicionantes socioambientais. Sua consequência
direta é o favorecimento da corrupção", diz o Ministério Público
Federal.
Para Mauricio Guetta, advogado do Instituto
Socioambiental, a proposta do senador "fere cláusulas pétreas da
Constituição", impede o Judiciário "de exercer o controle de legalidade,
sua missão constitucional" e "viola o direito fundamental do acesso à
Justiça, como os artigos 225 e 23 da Constituição".
Marcio
Astrini, da área de Políticas Públicas do Greenpeace, diz que "a
proposta não é apenas inconstitucional", mas "imoral e insana".
"Se entrar em vigor, funcionará como uma fábrica de tragédias, a exemplo do que ocorreu em Mariana."
Se aprovada, a PEC vale tanto para novas obras quanto para obras em andamento.
'Mal entendido' e 'radicalismo'
Em
consulta pública no site do Senado, o projeto aprovado pela CCJ do
Senado tinha, até a conclusão desta reportagem, 165 votos favoráveis e
18.931 votos contrários
Após a repercussão negativa, Gurgacz disse
que seu texto "talvez não esteja muito claro" e culpou a consultoria
que redigiu a emenda constitucional para ele (sem citar nomes).
Gurgacz ressaltou à BBC Brasil que nunca quis
eliminar a necessidade de licenciamento ambiental. Também disse que, por
outro lado, "deixar a população sem ter acesso a uma obra importante
por questões ambientais é radicalismo demais".
"A consultoria
entendia que era uma coisa automática, mas não é. Tem que se escrever
que tem que ter a licença ambiental", disse. "Nós temos que fazer esse
conserto no nosso projeto. Eu imagino fazer no plenário, se possível."
"Nossa
intenção é: faz o estudo, pega-se a licença (ambiental), inicia-se a
obra e depois não paralisa mais. Se houver algum problema no caminho, se
resolve o problema ambiental sem parar a obra", afirmou.
Para
autoridades e ambientalistas, entretanto, ainda assim o projeto seria
inconstitucional, porque proíbe que pessoas, entidades ou órgãos do
governo possam ter direito a apelar para a Justiça em caso de
irregularidades.
O senador rebate. "(Paralisar obras) é falta de
compromisso com o país. Obras importantes para a população não podem ser
paralisadas. Questões ambientais têm que resolver, mas não pode
paralisar. Não tem lógica", disse.
O senador classificou as
associações entre o projeto que muda a legislação ambiental e possíveis
tragédias como a de Mariana como "covardia".
"É uma maldade muito
grande com o trabalho da gente", disse. "A gente quer melhorar o nosso
país, a qualidade de vida, baixar o custo Brasil. Para isso tem que
investir em infraestrutura e não se investe em infraestrutura senão
construindo rodovias, ferrovias, hidrovias."
Após a aprovação na CCJ, a polêmica proposta de emenda constitucional agora aguarda votação nos plenários do Senado e da Câmara.