quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Impactos do Pacto Ecológico Europeu nos setores produtivos no Brasil

Impactos do Pacto Ecológico Europeu nos setores produtivos no Brasil

Por Lucas Mastellaro Baruzzi*, Jeferson Manhaes** e Thiago Munhoz Agostinho***
[EcoDebate] Em meio aos esforços para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, a União Europeia (UE) avançou em passos largos na estruturação de um conjunto de incentivos e obrigações visando a proteção dos recursos naturais, reunidos no chamado Pacto Ecológico Europeu (o European Green Deal). O Pacto, que já vinha sendo discutido pela Comissão e pelo Parlamento Europeus, ganhou fôlego com o recém-aprovado Plano de Recuperação Econômica (o Recovery Fund), tendo agora o Pacto Ecológico um novo cronograma que antecipou a implementação de ações não só no campo do uso dos recursos naturais, mas também no aprimoramento do sistema tributário, dos serviços digitais e das políticas comerciais externas.
O Pacto Ecológico é fruto do Acordo de Paris, ratificado em 2016 pela União Europeia, e da Lei Europeia do Clima que, por sua vez, estabeleceu a meta de neutralidade de emissões de carbono até 2050 e, já para 2030, uma redução entre 50 a 55% das emissões (ano base 1990). Para conseguir cumprir tais as metas, diversos instrumentos integrantes do Pacto Ecológico serão lançados num curto prazo, entre 2020 e 2021.
Esse Pacto tem ambições ambientais que vão além das fronteiras europeias: ele tem por objetivo proteger a sua população de produtos estrangeiros que possam ser degradantes ao meio ambiente e à saúde. É também um pacto geoestratégico, ao reafirmar a liderança europeia na vanguarda da proteção ambiental. Exercendo uma espécie de “pré-sanção ambiental”, a UE vai impor a adoção de políticas e ações compatíveis às do Bloco como pré-requisito para as relações comerciais entre os países da UE e terceiros. O Pacto Ecológico terá um impacto direto na economia brasileira, dado que, em 2018, 66% do total de investimentos estrangeiros diretos foram provenientes da União Europeia. Além disso, o Bloco Europeu é o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
Segundo o World Resources Institute (WRI/CAIT), o Brasil figura entre os 10 maiores emissores de CO2, sendo a agricultura (no qual se inclui alterações no uso do solo e desflorestamento) o setor que mais contribui com emissões. Nesse contexto, certamente, o Brasil será pressionado para adotar ações claras para reduzir a emissão de CO2, sob pena de não acessar o mercado Europeu. Para além da agropecuária, para continuar sendo um importante ator econômico no cenário internacional, produtos intensivos em energia, como cimento e aço, terão que aumentar a utilização de fontes renováveis em sua produção, visando a progressiva transição para uma matriz energética mais limpa.
A título de compreender o alcance do Pacto, fazem parte do European Green Deal o estabelecimento de políticas setoriais, que incidirão dos produtos agropecuários aos aparelhos eletrônicos. Por exemplo, o programa Da Fazenda ao Garfo (From Farm To Fork), que se refere aos produtos agropecuários, cujo propósito é fortalecer os requisitos de sustentabilidade da cadeia de alimentos – englobando desde a produção, até o transporte, distribuição e consumo – de modo a assegurar que tenha um impacto ambiental neutro ou positivo com relação aos recursos naturais (solo, água, ar, fauna, bem-estar animal).
A medida vai de encontro, por exemplo, com estudo recém-publicado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na revista Science, segundo o qual cerca de 20% das exportações de soja e carne, pelo Brasil para a União Europeia, provém de áreas de desmatamento. Já o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira (Carbon Border Adjustment Mechanism – CBAM), por exemplo, estabelece que produtos manufaturados fora do Bloco Europeu paguem uma “taxa de carbono” ao ingressarem no Mercado Europeu caso não tenham incorporado ações para redução das emissões em seu processo produtivo ou adquirido créditos de carbono no mercado. A finalidade é evitar o que está sendo chamado de carbon leakage, ou “vazamento de carbono” e impedir uma competição desigual, tendo setores produtivos Europeus já se posicionado em apoio ao mecanismo – a exemplo da entidade setorial para tubos de aço (a European Steel Tube Association – ESTA).
Em que pese não ser possível ainda antever os reflexos do Pacto Europeu no âmbito do comércio internacional, bem como se processos contenciosos surgirão em face dos Acordos e Tratados internacionais existentes, tem ficado cada vez mais evidente a postura da União Europeia e de seus Estados-membros, mantendo o seu protagonismo “verde”, em exigir de todos a adoção de boas práticas, principalmente ambientais, em suas relações bilaterais e multilaterais. Vide, por exemplo, o Comunicado da Comissão Europeia sobre o European Green Deal, que é enfático ao afirmar que muitos parceiros internacionais não compartilham da mesma ambição que a UE e que a resposta aos desafios climáticos deve ser global. Em razão disso, afirma o Comunicado que o sistema de comércio internacional – por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), de acordos bilaterais e de fóruns multilaterais do G7 e G20 – será palco de forte atuação e influência europeia com relação aos temas da agenda do Pacto Europeu.
Especificamente com relação ao acordo UE-MERCOSUL, firmado em 2019 e cuja ratificação tem encontrado resistências, a questão ambiental desempenhará papel relevante para essa definição, ainda que não seja o único fator a determinar a conclusão ou não do Acordo. O acordo UE-Mercosul, quando e se ratificado, abrangerá 25% do comércio global e, aproximadamente, 1 bilhão de pessoas.
A preocupação também abrange investidores privados, como evidencia o recente episódio envolvendo entidades gestoras de fundos de investimento estrangeiros, que solicitaram ao Governo brasileiro esclarecimentos sobre sua política ambiental para proteção das florestas e, especificamente, da Amazônia.
Nota-se também, nesse movimento de adoção de standards socioambientais mais rigorosos, compromissos já divulgados por grandes grupos empresariais – a exemplo da Apple, que anunciou que a meta de emissões neutras de CO2 até 2030. Políticas sustentáveis atreladas a expressivos investimentos em utilização de materiais recicláveis, energia renovável, diminuição de desperdício de recursos e maior controle da cadeia de fornecedores vem sendo igualmente anunciadas por inúmeros setores produtivos, voltadas sempre à diminuição do impacto climático e ambiental e a manutenção do acesso a consumidores cada vez mais exigentes.
Independentemente do desfecho do acordo UE-MERCOSUL, o fato é que o Pacto Ecológico, por meio de seus instrumentos definidos unilateralmente, impactará sensivelmente os setores produtivos brasileiros exportadores para o Bloco Europeu e também as empresas multinacionais europeias com operações no Brasil, que terão que se adequar aos protocolos e diretivas da matriz.
Ao mesmo tempo em que parece ser inevitável que aspectos do Pacto Ecológico acabem sendo questionados junto à OMC, não há como se negar que é reflexo de uma tendência de que, progressivamente, cadeias produtivas inteiras terão que se adaptar para que produtos eletrônicos, proteínas animais, grãos, minérios, papel e celulose, dentre outros tantos produtos sejam produzidos de forma mais sustentável para acesso aos mercados – como no caso do Mercado Europeu. A adoção das boas práticas, tais como as previstas no Pacto Ecológico, será determinante e obrigatória para que as empresas e Países continuem inseridos na cooperação econômica multilateral e bilateral.
Evidentemente, o atendimento às diretrizes do Green Deal coloca-se como desafio adicional para a conclusão do acordo UE-Mercosul. No entanto, não se pode deixar de destacar a oportunidade igualmente apresentada ao Governo e ao setor produtivo brasileiro, no sentido de fortalecer sua agenda de sustentabilidade, bem como os mecanismos de cooperação internacional que visem a desenvolver pesquisa e tecnologia de ponta para lidar com as questões ambientais do futuro e o acesso a recursos naturais finitos. Além disso, o cumprimento das regras do Pacto e a introdução de mecanismos de “geocompliance da cadeia produtiva” garantirão uma parceria comercial crucial para a economia do país no futuro – mesmo apesar da difícil relação diplomática que o país mantém com o bloco atualmente.
*Lucas Mastellaro Baruzzi é advogado do escritório BFAP Advogados, cientista político, mestrando em Políticas Públicas no King’s College London, mestre em Direito pela USP, advogado (PUC-SP) e cientista político (USP) e atua com políticas públicas e relações governamentais
**Jeferson Manhaes é mestre em Relações Internacionais (Sorbonne), mestrando em Eco-Inovação (Paris-Saclay), especialista na intersecção entre Inovação e Sustentabilidade e seu impacto em policy, com longa experiência internacional, atua na co-criação de soluções que impactam tecnologia e meio-ambiente
***Thiago Munhoz Agostinho é advogado do BCBO – Buccioli Braz Oliveira Advogados Associados, especialista em Direito Tributário (FDUSP) e atua em temas regulatórios e possui grande experiência em serviços prestados a empresas, principalmente italianas, de grande, médio e pequeno porte
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/08/2020
CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE): 29 de agosto de 2020



Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE): 29 de agosto de 2020


 Polícia mata 49 animais que fugiram após morte de dono de zoo nos EUA |  Mundo | G1

Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE): 29 de agosto de 2020

Os chimpanzés, gorilas e orangotangos viveram milhares de anos em suas florestas, com vidas fantásticas, em entornos onde reina o equilíbrio, em espaços onde nunca lhes passou pela cabeça destruir a floresta, destruir o seu mundo. Eu diria que eles tiveram mais sucesso do que nós em relação a esta harmonia com o meio ambiente”
Jane Goodall (1934-) primatologista e ambientalista britânica
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves



[EcoDebate] O ser humano é uma das espécies mais novas da comunidade biótica. Existem milhões de formas de vida que ocupam a Terra há dezenas de milhões de anos. Espécies que viviam livres e soberanamente em seus territórios, disputando espaços, mas sem dominar todo o terreno. 

Contudo, os humanos construíram uma civilização poderosa que ocupou todos os cantos do Planeta e utiliza a riqueza da natureza e a abundância da biodiversidade em benefício próprio, com finalidade egoística. O ser humano é especista, pois discrimina, abusa, maltrata e mata as demais espécies vivas da Terra. Rejeitar o especismo significa se opor ao sofrimento animal, rejeitar a discriminação das espécies e evitar o predomínio do “imperialismo” humano.
especismo
O Dia Mundial pelo Fim do Especismo (DMFE) em 2020 ocorrerá no dia 29 de agosto. É uma oportunidade para denunciar o genocídio das espécies, o holocausto biológico, a aniquilação da biodiversidade, o ecocídio e a escravidão animal. É um momento para dar vez e voz aos seres sencientes que sofrem silenciosamente e dão a vida e o sangue para satisfazer o apetite humano e a ganância do consumismo. A luta contra o especismo é também contra a 6ª extinção em massa das espécies. Contra a dominação e a exploração da vida animal. 


O Relatório Planeta Vivo 2018, elaborado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), mostra que o avanço da produção e consumo da humanidade tem provocado uma degradação generalizada dos ecossistemas globais e gerado um ecocídio da vida selvagem do planeta: as populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, sofreram uma redução de 60% entre 1970 e 2014. No mesmo período a população humana praticamente dobrou de tamanho.


Relatório preparado pela Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) mostrou que uma em cada quatro espécies está em risco de extinção. A conclusão foi baseada no fato de que em torno de 25% das espécies de plantas e de animais estão vulneráveis. Isso significa que em torno de 1 milhão de espécies já enfrentam risco de extinção, muitas delas em décadas, a não ser que ações sejam tomadas para reduzir a intensidade de impulsionadores de perdas à biodiversidade. O relatório também examinou cinco fatores impulsionadores de mudanças “sem precedentes” na biodiversidade e em ecossistemas ao longo dos últimos 50 anos. São eles: mudanças no uso da terra e do mar; exploração direta de organismos; mudança climática, poluição e invasão de espécies estrangeiras.


Nenhuma ideologia humana é capaz de justificar o racismo, o sexismo, o escravismo ou a discriminação contra as espécies. Para evitar o especismo, o ecocídio e a aniquilação biológica, todas as pessoas, em suas diferentes identidades e inserções sociais, deveriam participar das atividades, no dia 29 de agosto, do DIA MUNDIAL CONTRA O ESPECISMO e da luta antiespecista.
Fim do Especismo
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.

Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Ministério do Meio Ambiente tenta reduzir meta de desmatamento na Amazônia aprovada pelo Congresso em 2019

Ministério do Meio Ambiente tenta reduzir meta de desmatamento na Amazônia aprovada pelo Congresso em 2019

Ministério do Meio Ambiente tenta reduzir meta de desmatamento na Amazônia
*Atualizado em 05/08/20
Em um ofício enviado no dia 10 de julho ao Ministério da Economia, o Ministério do Meio Ambiente propôs a redução da meta do desmatamento e incêndios ilegais na Amazônia, que era de 90% até 2023, número esse que foi aprovado pelo Senado no ano passado e faz parte do chamado Plano Plurianual (PPA), proposto pelo próprio governo federal.

A informação foi obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo e divulgada em reportagem hoje. O texto do documento, assinado pelo secretário-executivo da pasta, Luís Biagioni, a segunda maior autoridade do ministério, após Ricardo Salles, afirma que “verificou-se que a meta disposta no PPA 2020/2023 não poderia ser alcançada, no período proposto, dada a necessidade de implementação de todos os eixos do novo Plano, em especial, em razão da demanda da participação de tantos outros envolvidos no âmbito federal e estadual”.

Ainda segundo a nota, a sugestão do ministério do Meio Ambiente seria preservar apenas “um terço da área que foi desmatada na floresta entre agosto de 2018 e julho de 2019”, o equivalente a cerca de 390 mil hectares da Floresta Amazônica.

O ofício trata apenas da Amazônia e não cita metas para os demais biomas do Brasil, que também são incluídos na meta do Plano Plurianual do governo. A alegação é que não há dados suficientes para monitorar o desmatamento nessas áreas.

“Não é verdade o que o governo está dizendo. Há monitoramentos também do Cerrado, da Mata Atlântica e outros biomas do Brasil. Existem dados e é possível aplicar políticas”, rebate Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), rede de organizações da sociedade civil, que atua para o progresso do diálogo, das políticas públicas e processos de tomada de decisão sobre mudanças climáticas no país e globalmente

De acordo com a apuração feita pela equipe de jornalistas do Estadão, uma equipe técnica do Ministério da Economia teria rejeitado a proposta de redução da meta.

Todavia, hoje o ministério comandado por Paulo Guedes publicou a seguinte nota em sua página:
“O Ministério da Economia lembra que o Brasil já tem meta de redução de 100% do desmatamento ilegal até 2030, previsto na nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), a qual está mantida. O Ministério da Economia concorda com o pleito apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente de tornar a meta do Programa de Prevenção e Controle do Desmatamento e do Incêndio dos Biomas do PPA compatível com as metas definidas no Acordo de Paris. Desse modo, as metas intermediárias devem indicar os programas que serão utilizados nos próximo 4 anos para contribuir para zerar o desmatamento ilegal em 10 anos, e é isso que está sendo ajustado no PPA. O MMA propôs, ainda, que o Programa de Combate ao Desmatamento passe envolver os demais ministérios necessários ao enfrentamento do tema e o Ministério da Economia, também, concorda com a proposta”.

“O Plano Plurianual é previsto na Constituição e é extremamente importante porque é uma espécie de visão de médio prazo em que o país e seus órgãos estabelecem seus objetivos e metas a serem perseguidos durante sua gestão, além de ser um balizador para que a sociedade cobre o que está sendo feito”, explica Astrini.

“E nesse caso específico, da proposta de redução, o governo e o ministro não querem ser cobrados porque não têm nem interesse e nem capacidade de realizar qualquer ato de redução do desmatamento, pelo contrário, todas as medidas tomadas até agora foram ineficazes ou estimularam ainda mais a destruição florestal”, critica.

Sociedade civil é excluída de mais uma comissão

Não bastasse a proposta enviada pelo Ministério do Meio Ambiente, na segunda-feira (03/08), Ricardo Salles oficializou a retirada da sociedade civil da Comissão Executiva para Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa (Conaveg). A partir de agora, como já aconteceu com outras comissões e comitês que antes desse governo tinham membros da sociedade civil, esta também contará apenas com representantes “oficiais”.

“Assim como em outras áreas, dentro da ambiental você tem um grande acúmulo de conhecimento na sociedade civil, mas desde o início desse governo se deixou bem claro que as contribuições da sociedade civil e até mesmo da ciência não eram bem-vindas”, diz o secretário do OC.
Astrini salienta que, apesar da “agenda perversa na área ambiental”, o governo não pode fazer o que quer.

“Ele foi eleito para trabalhar pelo país, mas não foi eleito dono do Brasil. As organizaçãoes ambientais, indígenas e uma parte da sociedade civil estão atuando nesse momento para evitar que essas propostas do governo avancem como mudanças legislativas no Congresso, além disso a justiça está sendo usada para reverter medidas de retrocesso, que não necessitam de aval do Congresso, a famosa “passada de boiada, que o Salles disse na reunião ministerial“.

Vale lembrar que julho teve um aumento de quase 30% no número de queimadas na Amazônia e num único dia recorde dos últimos 15 anos, assim como novo recorde em alertas de desmatamento em junho e aumento de 25% no semestre.

Ou seja, os índices são péssimos e as previsões é que piorem ainda mais. Infelizmente.
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*Em nota divulgada hoje pelo jornal O Globo, há informação de que o Ministério do Meio Ambiente teria recuado da proposta e afirmado que manterá a meta definida até agora.

Foto: Ibama/Fotos Públicas

Caça não!!!!Mais de 100 entidades assinam manifesto pela revogação de decretos que facilitam acesso a armas de fogo


 

 

Mais de 100 entidades assinam manifesto pela revogação de decretos que facilitam acesso a armas de fogo



Mais de 100 entidades assinam manifesto pela revogação de decretos e portarias que facilitam acesso a armas de fogo
A imagem revoltante acima mostra um veado-catingueiro abatido em São Vicente do Sul, na região central do Rio Grande do Sul. Assim como ele, milhares de animais são mortos por caçadores no Brasil todos os anos. Para que atrocidades como essa não se tornem ainda mais comuns, 137 organizações da sociedade civil enviaram uma carta“Manifesto sobre Armas de fogo, Biodiversidade e Serviços ambientais” – aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, pedindo a revogação de decretos e portarias que facilitam o acesso a armas de fogo.

“Temos acompanhado com grande preocupação o aumento da compra e, consequentemente, da disseminação massiva do uso de armas de fogo em nosso país, sobretudo desde o início da atual gestão do Governo Federal”, diz a carta coletiva. “É de extrema gravidade o fato de o Governo haver revogado três portarias do Exército que permitiam a rastreabilidade de armas, dificultando, e até impossibilitando, a identificação dos perpetradores de delitos os mais diversos. Também vale mencionar que decretos geraram ampliação da validade de registro para 10 anos e renovação automática para os ativos, reduzindo a verificação de capacidade técnica e psicológica dos proprietários de armas”.

De acordo com as entidades, um dos principais beneficiados pela “política armamentista do governo” é o grupo de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs).

“O registro concedido pelo Exército e a consequente autorização de compra de armas e munições têm grande influência no aumento da caça ilegal a animais nativos do Brasil. Uma vez que as armas foram compradas e registradas, é quase impossível fiscalizar como serão utilizadas”, denunciam as organizações. “A diminuição da diversidade dos animais silvestres ocasionada pela caça acarreta em impactos diretos sobre a estabilidade climática, deficiências nos ciclos naturais e outros serviços ecossistêmicos dos quais depende a nossa economia”.

Entre os signatários do manifesto público estão o Observatório de Justiça e Conservação, WWF- Brasil, Rede de ONGs da Mata Atlântica, Observatório do Clima, Fórum Brasileiro de ONGs, Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Proteção Animal Mundial e Instituto Sou da Paz.
“Pedimos medidas urgentes por parte do parlamento brasileiro para que pautem e aprovem os Projetos de Decretos Legislativos que tratam do tema a fim de sustar esse processo de facilitação de acesso dos cidadãos (CACs) às armas e às munições que contribuem para a deterioração da segurança pública de nossa população e a destruição das condições de vida silvestre em nosso país”, conclamam as entidades.
Conforme mostramos aqui, em outras reportagens do Conexão Planeta, 73% dos brasileiros são contra o porte de armas e 93% da população é contra a caça de animais silvestres.


Gato-maracajá morto por caçador de javalis

Atualmente, no Brasil, somente está liberada a caça de controle a uma espécie animal exótica e invasora, o javali-europeu (Sus scrofa) e a seu híbrido, o porco-doméstico (javaporco).
Confira o texto do Manifesto sobre Armas de fogo, Biodiversidade e Serviços ambientais, na íntegra, com o nome de todos seus signatários aqui.

Leia também:
Em carta aberta, governadores de 13 estados e do Distrito Federal pedem revogação do decreto das armas


Em vídeo, artistas protestam contra a liberação da caça de animais no Bra
sil

Contra a caça de animais silvestres: por mais vida e paz em nossas florestas!

Fotos: ONG Rede de Proteção Ambiental e Animais – REPRAAS

Drone autônomo voa sozinho em florestas para aproveitamento e preservação

Logotipo do Site Inovação Tecnológica
Drone autônomo voa sozinho em florestas para aproveitamento e preservação
Com informações do InSAC - 21/08/2020


Drone autônomo que voa no meio de florestas consegue calcular quantidade de árvores e até a espessura de cada uma.

 Usando imagens aéreas para estimar erosão do solo - Florestal Brasil

Guarda-florestal robótico  
Pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e da Pensilvânia (EUA) desenvolveram um sistema computacional capaz de controlar um drone de forma autônoma no interior de florestas, permitindo que ele desvie de árvores e mapeie grandes territórios em poucos minutos.

"Além de termos a possibilidade de fazer um inventário florestal em uma área de cobertura muito maior, com a atuação do drone esse processo se torna muito mais rápido, seguro e preciso," explicou Guilherme Nardari, um dos responsáveis pelo desenvolvimento.

Pelos cálculos do pesquisador, com um veículo aéreo não tripulado (VANT) autônomo seria possível mapear uma floresta inteira de 400 mil metros quadrados em apenas 30 minutos. Se o mesmo trabalho fosse realizado por uma equipe de engenheiros florestais, por exemplo, o tempo saltaria para mais de um mês.

 Drone que voa sozinho no meio de florestas pode ser aliado contra o  desmatamento – in|SAC

Pela dificuldade da tarefa, os profissionais optam por avaliar pequenos trechos da floresta e fazer uma estimativa dos dados totais, gerando informações muito menos precisas e com menos detalhes.

Drone com voo autônomo
Com peso aproximado de três quilos e autonomia de voo de 20 minutos, o drone quadrimotor leva uma câmera, um computador de bordo, um controlador de voo e um sensor a laser, responsável por calcular em tempo real a distância entre o drone e as árvores ao seu redor.



Drones vão monitorar florestas - Canal Sustentável


Para evitar que o drone colida com algum objeto durante o voo, o sensor a laser dispara milhares de feixes de luz por segundo que, conforme se refletem nas árvores e voltam ao veículo, permitem calcular a distância delas para o Vant e também estimar a espessura de cada tronco ou galho.
Todos esses dados são interpretados por um algoritmo desenvolvido pela equipe que utiliza inteligência artificial para detectar árvores, mapear a região e guiar o drone na direção correta, fazendo com ele se esquive dos obstáculos.

Ao mesmo tempo, o algoritmo gera um mapa em 3D da floresta, revelando o número de árvores do local, o volume de madeira, a área coberta por vegetação, entre outros dados. Segundo os pesquisadores, o drone também é capaz de identificar folhagens no chão, permitindo avisar as autoridades sobre um risco maior de queimadas, que são muito comuns tanto no Brasil como nos EUA, onde o veículo está sendo testado.

O drone cria um mapa em 3D da floresta sobrevoada.

Cientistas usam drones para fazer inventário de florestas e estimar volume  de madeira - DroneShow e MundoGEO Connect


A utilização de um veículo aéreo não tripulado autônomo para monitorar e mapear florestas possibilitará uma série de aplicações, entre elas o combate ao desmatamento.
"Nós conseguiríamos avaliar o estado de conservação das florestas e detectar locais que precisam de reflorestamento, servindo de alerta para as autoridades ambientais caso alguma região apresente transformações suspeitas ao longo do tempo," afirma a professora Roseli Romero, membro da equipe.
Atualmente o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) realiza alguns levantamentos florestais por imagens de satélite, mas são estimativas que impossibilitam uma análise mais minuciosa da vegetação em áreas específicas.

Segundo Guilherme, o algoritmo desenvolvido para controlar o drone permite um mapeamento mais preciso e com informações mais detalhadas sobre a floresta, além de voos menos suscetíveis a interferências em comparação com outros modelos desenvolvidos por outras equipes.

Nos Estados Unidos, os cientistas parceiros no estudo criaram uma empresa e já começaram a oferecer alguns serviços de mapeamento com o drone para a iniciativa privada. Segundo Guilherme, há interesse em trazer a tecnologia para o Brasil, mas antes o sistema de controle do Vant precisaria passar por algumas adaptações, afinal, existem diferentes tipos de florestas no país, com obstáculos distintos, que podem dificultar as missões com o veículo aéreo.

A estimativa de custo para cada drone autônomo como esse é de R$ 60.000,00. "O valor não é alto se comparado ao retorno que ele pode trazer para a população em geral, com a preservação das florestas e do meio ambiente," disse Roseli.

Bibliografia:

Artigo: SLOAM: Semantic Lidar Odometry and Mapping for Forest Inventory
Autores: Steven W. Chen, Guilherme V. Nardari, Elijah S. Lee, Chao Qu, Xu Liu, Roseli Ap. Francelin Romero, Vijay Kumar
Revista: IEEE Robotics and Automation Letters
Vol.: 5 Issue: 2
DOI: 10.1109/LRA.2019.2963823