Jornais e
jornalistas vão raspando pelas beiradas. Nada mais adianta, senão a
renúncia de Dilma e a erradicação do PT. A República está podre. Com
este governo e este partido no poder, não há saída. A única saída é
constitucional: impeachment, embora o blogueiro prefira a renúncia de
Dilma. Mas não se pode esperar grandeza onde a polícia rasteja no
esgoto:
Em um dos
primeiros testemunhos prestados sob o regime de delação premiada pelo
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ao Ministério Público e ao
juiz Sérgio Moro, ele deixou registrado que o esquema de corrupção
montado entre partidos (PT, PP, PMDB, no caso da estatal) e empreiteiras
não se resumia à companhia, se espraiara pelos canteiros de grandes
obras — usinas hidrelétricas, aeroportos etc.
Agora que
as investigações sobre a roubalheira na Petrobras estão mais avançadas,
alguns dos mesmos protagonistas do escândalo na estatal passam a falar
também da corrupção em outros grandes projetos patrocinados pelo Estado.
Noticiou-se,
primeiro, que a hidrelétrica Belo Monte gerara propinas para PT e PMDB —
provavelmente lavados como doações “legais” — de 1% do valor do
contrato fechado com a Camargo Corrêa. Cada legenda teria levado R$ 51,2
milhões, para a empreiteira ganhar o negócio, segundo o presidente da
empresa, Dalton Avancini.
Agora, é a
Ferrovia Norte-Sul, obra que se eterniza. O mesmo Avancini, em
confissão também sob as normas da delação premiada, relatou a atuação do
“clube de empreiteiras”, o mesmo do petrolão, para dividir entre si
trechos da obra e o pagamento de propinas: 1% para cada um dos mesmos PT
e PMDB; 5%, no caso de aditivos, muito usados para superfaturar ainda
mais os contratos.
A
história dessa ferrovia, ainda longe de ser completada, é um monumento à
incúria do poder público. Lançada no governo Sayney (1985-1990), o
projeto ganhou manchetes de denúncias em 87, quando a “Folha de S.Paulo”
revelou o conluio entre empreiteiras para dividir 18 lotes da obra.
Estavam lá a Camargo, a Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Jr., entre
outras. Ou seja, as de sempre.
Muito
tempo depois, em 2012, no governo Dilma, um ex-presidente da Valec,
estatal responsável pela construção de ferrovias, José Francisco das
Neves, o Juquinha, chegou a ser preso pela Polícia Federal, numa
operação de sugestivo nome: Trem Pagador. Juquinha tinha a proteção do
PR, “dono” do Ministério dos Transportes desde Lula.
A
ampliação do mesmo esquema de corrupção do petrolão a segmentos do PAC
tem lógica: afinal, por que o PT e aliados (PMDB, PP...) que
patrocinaram o assalto à Petrobras não fariam o mesmo em Belo Monte, na
Norte-Sul e assim por diante? Até porque o outro lado, as empreiteiras
contratadas, também é o mesmo.
Assim, a
matriz da alta corrupção no Brasil envolvendo grandes obras públicas
começa a ser desvendada a partir do petrolão. O PT não inventou o
assalto aos cofres públicos, é certo, mas foi com ele que a roubalheira
atingiria escala industrial, ficaria sistêmica. Como o PT se rendeu ao
fisiologismo na montagem dos ministérios de Lula e Dilma e da base
parlamentar, o que era artesanal virou ampla e veloz linha de montagem.