O equivalente a quase mil campos de futebol foi desmatado na Amazônia, por dia, nos três primeiros meses de 2023
A destruição da Amazônia continua em ritmo desenfreado. A devastação da maior floresta tropical do mundo triplicou em março e fez o primeiro trimestre de 2023 fechar com a segunda maior área desmatada em pelo menos 16 anos, só ficando atrás do registrado nos primeiros três meses de 2021. Os dados são do levantamento divulgado nesta quinta-feira (20/04) pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
De acordo com o monitoramento feito por imagens de satélite, foram derrubados 867 km² de vegetação da Amazônia no mês que passou, área que equivale a perda de quase mil campos de futebol por dia de mata nativa.
Um dado alarmante é que o desmatamento cresceu em praticamente toda a região. Oito dos nove estados que compõem a Amazônia Legal apresentaram aumento nas taxas de deflorestamento em março, com exceção do Amapá.
O Amazonas foi o grande “campeão” no ranking do desmatamento, com uma alta assustadora de 767%. Em março de 2022 havia sido registrado 12 km² de devastação, e no mês passado, esse número saltou para 104 km². Isso representa 30% de toda a área desmatada na Amazônia nos 30 dias do mês que passou.
Segundo o Amazon, o sul do estado é onde o desmatamento foi mais acelerado, em municípios próximos à divisa com o Acre e com Rondônia, na região chamada de Amacro.
“Quando analisamos as categorias de territórios onde está ocorrendo o desmatamento na Amazônia, o Amazonas também tem sido destaque negativo em relação aos assentamentos e às terras indígenas. Em março, seis dos 10 assentamentos e quatro das 10 terras indígenas mais desmatados na região ficam no estado”, destaca Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Depois do Amazonas, o Pará é o segundo estado que mais desmatou, com um aumento de 176% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na sequência aparecem Mato Grosso (51%), Roraima (115%) e Rondônia (450%), onde a destruição da floresta em março foi seis vezes mais alta do que a observada em março de 2022.
“Os governos federal e dos estados precisam agir em conjunto para evitar que a devastação siga avançando, principalmente em áreas protegidas e florestas públicas não destinadas. Há casos graves como o da unidade de conservação APA Triunfo do Xingu, no Pará, que perdeu uma área de floresta equivalente a 500 campos de futebol apenas em março. Será preciso também não deixar impune os casos de desmatamentos ilegais e apropriação de terras públicas”, alerta o pesquisador Carlos Souza Jr., do Imazon.
Gráfico mostra o avanço do desmatamento na Amazônia
*O Imazon é um instituto nacional de pesquisa, sem fins lucrativos, composto por pesquisadores brasileiros, fundado em Belém há 29 anos. Através do sofisticado Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), a organização realiza, há mais de uma década, o trabalho de monitoramento e divulgação de dados sobre o desmatamento e degradação da Amazônia Legal, fornecendo mensalmente alertas independentes e transparentes para orientar mudanças de comportamento que resultem em reduções significativas da destruição das florestas em prol de um desenvolvimento sustentável
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Foto de abertura: Christian Braga/Greenpeace (floresta atingida pelo fogo em Porto Velho, Rondônia, em 2022)