terça-feira, 4 de outubro de 2016

Transplante de corpo: Será mesmo possível?


26/09/2016


Com informações da BBC

Transplante de corpo: Será mesmo possível?
O Dr. Sergio Canavero já se tornou famoso pelas suas alegações, mas muitos de seus colegas dizem que o transplante de corpo ainda é ficção científica. [Imagem: Divulgação]
Trocar de corpo
Um cirurgião italiano que diz ser capaz de realizar um inédito transplante de corpo - ou de cabeça - afirma que já poderia fazer a operação no ano que vem.


Sergio Canavero explica que o transplante consiste em manter apenas a cabeça do paciente, e plugar nela o corpo de um doador com morte cerebral - em vez de receber apenas um órgão, como coração ou rim, o paciente recebe o transplante do corpo inteiro.



"Não estamos a uma década ou a anos (do transplante). Eu espero ter tudo pronto para começar a trabalhar no final de 2017. Mas é claro que a realização depende da disponibilidade de um doador. O último transplante facial demorou diversos meses para ser feito por falta de um doador adequado. Mas a tecnologia estará disponível," afirmou ele.




Apesar do imenso risco envolvendo a cirurgia, o médico italiano diz ter muitas pessoas se oferecendo como cobaias - dispostas a, na prática, trocar seu corpo por um mais saudável.
Ele diz que, por conta da tecnologia disponível, países como Reino Unido, Alemanha e França seriam os mais indicados para realizar o transplante de cabeça.



Como funcionaria o transplante de corpo
Canavero diz que o transplante requereria a mão de obra de 150 médicos e enfermeiros, duraria 36 horas e custaria o equivalente a R$ 42 milhões. O primeiro passo seria congelar o corpo do paciente para preservar as células do cérebro, drenar o cérebro e substituir o sangue por uma solução cirúrgica.



A partir daí, o pescoço do paciente e do doador seriam cortados para que as artérias e veias importantes fossem envoltas com tubos feitos de uma combinação de silicone e plástico - esses tubos seriam comprimidos para impedir o fluxo de sangue e depois afrouxados para facilitar a circulação quando a cabeça fosse reconectada.



Uma parte ainda mais delicada é o corte da medula espinhal, algo que seria feito com um bisturi especial, feito de diamantes, por causa de sua força. A cabeça, então, seria movida para o novo corpo e as medulas, conectadas com um tipo especial de cola.



Os desafios seriam enormes, a começar pelo perigo da rejeição do corpo pela cabeça, das dificuldades em reabilitar o paciente após a cirurgia e, sobretudo, da incerteza sobre como será possível integrar a espinha - por exemplo, até hoje a medicina não consegue reparar danos à medula, geralmente causados por acidentes, que deixam as pessoas tetraplégicas.



Céticos
Canavero deposita suas esperanças em uma substância comum para reconectar a medula espinhal - um polímero inorgânico chamado polietilenoglicol.



"Agora temos uma substância que faz o milagre de renovar uma medula espinhal cortada. Os resultados que temos são espetaculares. Fizemos um teste com um cachorro e ele se recuperou em duas semanas. Ele conseguia correr," afirmou.



A maioria dos especialistas médicos classifica a proposta de Canavero como "ficção científica" e acha que um transplante de cabeça é impossível - além de potencialmente trazer dilemas éticos e submeter pacientes a procedimentos que podem ser muito dolorosos.



O neurocientista Jerry Silver, da Universidade Case Western Reserve (EUA), afirmou à revista New Scientist que os artigos científicos publicados pela equipe de Canavero "não dão suporte para se prosseguir rumo a testes da tecnologia em humanos".



"O cachorro é um relato de caso, e você não consegue aprender muito de um único animal, sem controles", acrescentou Silver, referindo-se à falta de animais de controle no experimento, que não recebessem a "substância que faz milagre" de Canavero para comparação dos resultados.




Loucuras realizadas
Outros especialistas, porém, destacam que diversas descobertas científicas já foram classificadas de "loucura" antes de serem concretizadas - além de terem permitido outros avanços científicos em paralelo à sua concretização.



Canavero, por sua vez, diz já ter testes em macacos para usar como base e que o procedimento tem "90% de chances de sucesso".


"Isso quer dizer que o paciente acorda sem danos e já começa a andar dentro de um mês ou depois de fisioterapia", explica. "Estamos dando esperanças às pessoas que têm sido decepcionadas pela medicina ocidental".

Colírio previne doença ocular causada pela diabetes


28/09/2016

Com informações da Agência Fapesp

Colírio previne doença ocular causada pela diabetes
Formulação farmacêutica permeia barreiras oculares e leva princípio ativo à retina. O colírio já está disponível para licenciamento por empresas farmacêuticas. [Imagem: Leandro Negro/FAPESP]







Retinopatia Diabética
Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um colírio capaz de prevenir e tratar a retinopatia diabética, complicação que pode comprometer a visão de pessoas com diabetes.



Essa condição decorre de alterações neurais e vasculares na retina geradas pelo efeito tóxico de altas taxas de glicemia (glicose no soro) e constitui uma das maiores causas de redução visual na idade produtiva podendo, inclusive, levar à perda irreversível da visão.
O principal diferencial do novo colírio é o fato de que sua formulação farmacêutica permeia as barreiras oculares e leva o princípio ativo até a retina.



"Atualmente, as opções terapêuticas disponíveis para o tratamento da retinopatia diabética são invasivas, como fotocoagulação com laser, injeções intravítreas ou mesmo cirurgia. O uso do colírio facilitaria a administração do fármaco sem os riscos do procedimento intraocular ou dos danos irreversíveis da fotocoagulação a laser na retina," explicou a pesquisadora Jacqueline Mendonça de Faria.



Colírio preventivo
O colírio pode ser aplicado nas fases precoces da doença - precedendo a sua detecção clínica e atuando essencialmente como neuroprotetor da retina - e também no tratamento de outras doenças, como o glaucoma.



"Este colírio poderá ser aplicado na prevenção, já que atua nos mecanismos precoces da retinopatia diabética e de outras doenças isquêmicas da retina como estresse oxidativo e nitrosativo", disse Jacqueline.



A composição está disponível para licenciamento. Já foi testada experimentalmente em animais de laboratório com resultados promissores, sem efeitos adversos. No entanto, ainda há necessidade de experimentos envolvendo seres humanos.

Técnica petrolífera pode afetar reprodução e sistema nervoso


04/10/2016


Redação do Diário da Saúde

Fraturamento hidráulico e saúde
Os resultados negativos foram observados mesmo em camundongos expostos à dose mais baixa dos produtos químicos usados no fraturamento hidráulico. [Imagem: University of Missouri]




Fraturamento hidráulico

Duas equipes, trabalhando de forma independente, anunciaram ter encontrado ligações entre problemas de saúde e uma prática crescente na exploração de petróleo e gás natural.
Pesquisadores da Universidade de Missouri (EUA) anunciaram ter encontrado uma conexão entre a exposição a substâncias químicas liberadas durante o fraturamento hidráulico e problemas reprodutivos e de desenvolvimento.




O fraturamento hidráulico é uma técnica de exploração de petróleo e gás que injeta uma solução de substâncias químicas sob alta pressão para quebrar as rochas e liberar maiores quantidades de gás e petróleo.


Apesar de permitir a exploração de reservas mais pobres ou poços no final da vida útil, a técnica tem forte impacto ambiental, incluindo a contaminação dos lençóis subterrâneos, poluição do ar e sonora, migração para a superfície dos gases e produtos químicos empregados, contaminação da superfície devido a derramamentos da solução usada e possíveis efeitos nocivos à saúde.


A exposição às substâncias químicas liberadas durante o fraturamento hidráulico foram documentadas em camundongos, mas os cientistas acreditam que a exposição a esses produtos químicos também pode representar uma ameaça ao feto e ao desenvolvimento humano.



BTEX
Outra equipe, da Universidade do Texas em Arlington, publicou simultaneamente um estudo que mostra níveis altamente variáveis no ambiente de BTEX - benzeno, tolueno, etilbenzeno, e compostos de xileno - dentro e em torno dos locais de perfuração por fraturamento hidráulico na região Eagle Ford, no sul do Texas, onde é explorado xisto.
Compostos BTEX em altas concentrações podem ser cancerígenos e ter efeitos nocivos sobre o sistema nervoso.



"Pesquisadores já haviam demonstrado que os compostos químicos conhecidos como disruptores endócrinos imitam ou bloqueiam os hormônios - os mensageiros químicos que regulam a respiração, reprodução, metabolismo, crescimento e outras funções biológicas," disse a professora Susan Nagel, responsável pelo primeiro estudo.



"A evidência deste estudo indica que a exposição durante o desenvolvimento aos químicos de perfuração e fraturamento pode representar uma ameaça à fertilidade nos camundongos e potencialmente das pessoas. Os resultados negativos foram observados mesmo em camundongos expostos à dose mais baixa dos produtos químicos, que foi menor do que as concentrações encontradas em águas subterrâneas em alguns locais com derrames de petróleo e de águas residuais de gás."

Trabalho em grupo atrapalha memorização


26/09/2016

Redação do Diário da Saúde

Trabalho em grupo atrapalha memorização
Estranhamente, conhecer um assunto aumenta as falsas memórias sobre ele. Mas se o objetivo é aprender e lembrar, exercitar-se logo depois pode ser a chave do sucesso.[Imagem: Cortesia Branka Milivojevic/Radboud University]



 
Memória grupal
Trabalhar em equipe parece ser o objetivo de todos os tipos de treinamentos, profissionalizantes ou educativos, mas a colaboração em um grupo pode na verdade ser prejudicial se o objetivo for registrar informações.



A memória resultante de ações em grupo é importante em diversas situações, de comitês de seleção para emprego, até em tribunais, onde os jurados trabalham juntos para recordar evidências antes de chegar a um veredito. Nas escolas e nas universidades, os estudantes também costumam trabalhar em conjunto para rever a matéria do curso antes dos exames.



Mas um estudo comparativo entre grupos e igual número de pessoas trabalhando individualmente - um grupo de quatro pessoas versus quatro indivíduos isolados, por exemplo - mostrou que aqueles que trabalham sozinhos gravam muito mais informações.
Também se constatou que o trabalho em grupo é mais prejudicial para grupos maiores do que para grupos menores. Outra conclusão é que amigos e membros da família são mais eficazes em trabalhar em conjunto do que estranhos.


Inibição colaborativa
Os pesquisadores já até cunharam um termo para o efeito: inibição colaborativa.
Eles sugerem que a inibição colaborativa ocorre porque o trabalho em grupo atrapalha as estratégias individuais de memorização.


"Os membros do grupo desenvolvem suas próprias estratégias preferidas de memorização para recordar informações. Por exemplo, a pessoa A pode preferir recordar a informação na ordem em que foi aprendida, mas a pessoa B pode preferir recuperá-la na ordem inversa. E a lembrança é maior quando as pessoas podem usar as suas próprias estratégias de recuperação.


"Durante o trabalho em grupo, os membros ouvem os outros lembrando informações por meio das suas próprias estratégias de recuperação, o que atrapalha suas estratégias preferenciais. Isto resulta em que cada membro fica abaixo do seu desempenho normal, e o grupo como um todo perde.



Os indivíduos que trabalham sozinhos podem usar as suas estratégias de memorização preferenciais sem essa ruptura, de forma que eles se lembram mais," explicou o professor Craig Thorley, da Universidade de Liverpool (Reino Unido), que fez o estudo em colaboração com colegas da Universidade de Ontário (Canadá).



Os resultados foram publicados na revista Psychological Bulletin.

Restrição calórica é benéfica para o cérebro

29/09/2016


Com informações da Agência Fapesp

Restrição calórica beneficia o cérebro
Cortar 40% das calorias protege os neurônios de danos causados pelo excesso de cálcio associado a doenças como Alzheimer, além de aumentar a resiliência das células ao estresse oxidativo. [Imagem: Wikimedia Commmons/MethoxyRoxy]
Calorias e cérebro
Já se sabia que uma alimentação com poucas calorias ajuda a viver mais e que a restrição calórica melhora a memória e a capacidade de aprender.


Agora, novos resultados confirmam que a restrição calórica pode ser fisiologicamente benéfica para o cérebro.



Os experimentos indicam que cortar 40% das calorias protege os neurônios de danos causados pelo excesso de cálcio, por sua vez associado a doenças como Alzheimer, além de aumentar a resiliência das células ao estresse oxidativo.


"Mais do que promover as vantagens de comer pouco, nosso objetivo é compreender os mecanismos que fazem com que não exagerar na ingestão de calorias seja melhor para a saúde. Isso pode apontar novos alvos para o desenvolvimento de drogas contra diversas enfermidades", comentou o pesquisador Ignácio Amigo, da rede pesquisas brasileira Redoxoma (Processos Redox em Biomedicina).


Proteção dos neurônios
Por meio de experimentos em células e em animais de laboratório, Amigo observou que uma redução de 40% nas calorias da dieta aumenta a capacidade da mitocôndria (organela responsável pela produção de energia da célula) de captar cálcio em algumas situações nas quais o nível desse mineral no meio celular encontra-se patologicamente elevado.


No cérebro, isso pode ajudar a evitar a morte de neurônios associada a doenças como Alzheimer, Parkinson, epilepsia e acidente vascular cerebral (AVC), entre outras.


Conforme explicou o pesquisador, o cálcio é uma molécula que participa do processo de comunicação entre os neurônios. Porém, doenças como o Alzheimer podem causar uma superativação dos receptores para o neurotransmissor glutamato nos neurônios, resultando em uma entrada excessiva de íons de cálcio na célula. Essa condição é conhecida como excitotoxicidade e pode causar danos e até mesmo a morte dos neurônios.


A equipe agora pretende estudar as proteínas que tiveram sua atividade alterada pela restrição calórica, já que isto as torna potenciais alvos a serem explorados no tratamento das doenças em que há perda neuronal por excitotoxicidade.

Aparentar quem você não é no mundo virtual gera estresse real

30/09/2016


Com informações da New Scientist

Persona virtual
As redes sociais nos levam a projetar para o exterior o nosso melhor lado, o que faz com que pareçamos alguém que não somos fora do mundo virtual.

Várias pesquisas têm sugerido que ajustamos as nossas interações on-line para esconder aspectos da nossa personalidade que não gostamos - ou não queremos compartilhar. Em outras palavras, nós agimos como um curador dos nossos egos digitais, procurando destacar apenas nossas melhores partes.

O problema é que essa máscara de um "ser melhor" vem com um custo.

Quando a sua auto-apresentação diverge muito de quem você realmente é, isso gera estresse e leva a sentimentos de desconexão social.


Polimento
Rachel Grieve e Jarrah Watkinson, da Universidade da Tasmânia (Austrália), afirmam que o impacto dessas emoções negativas decorrentes do "polimento" da nossa identidade para apresentação nas redes sociais é maior do que se pensava.
Eles constataram que, quanto mais o verdadeiro eu das pessoas diverge da "persona" que elas apresentam online, menos elas se sentem socialmente conectadas e mais estresse elas relatam.


Ou seja, tentar ser nas redes sociais alguém que você não é na vida real carrega uma carga emocional e mental similar à que você experimentaria se tentasse fingir o tempo todo no mundo real.