26/09/2016
O Dr. Sergio Canavero já se tornou famoso pelas suas alegações, mas muitos de seus colegas dizem que o transplante de corpo ainda é ficção científica. [Imagem: Divulgação] |
Trocar de corpo
Um cirurgião italiano que diz ser capaz de realizar um inédito transplante de corpo - ou de cabeça - afirma que já poderia fazer a operação no ano que vem.
Sergio Canavero explica que o transplante consiste em manter apenas a cabeça do paciente, e plugar nela o corpo de um doador com morte cerebral - em vez de receber apenas um órgão, como coração ou rim, o paciente recebe o transplante do corpo inteiro.
"Não estamos a uma década ou a anos (do transplante). Eu espero ter tudo pronto para começar a trabalhar no final de 2017. Mas é claro que a realização depende da disponibilidade de um doador. O último transplante facial demorou diversos meses para ser feito por falta de um doador adequado. Mas a tecnologia estará disponível," afirmou ele.
Apesar do imenso risco envolvendo a cirurgia, o médico italiano diz ter muitas pessoas se oferecendo como cobaias - dispostas a, na prática, trocar seu corpo por um mais saudável.
Ele diz que, por conta da tecnologia disponível, países como Reino Unido, Alemanha e França seriam os mais indicados para realizar o transplante de cabeça.
Como funcionaria o transplante de corpo
Canavero diz que o transplante requereria a mão de obra de 150 médicos e enfermeiros, duraria 36 horas e custaria o equivalente a R$ 42 milhões. O primeiro passo seria congelar o corpo do paciente para preservar as células do cérebro, drenar o cérebro e substituir o sangue por uma solução cirúrgica.
A partir daí, o pescoço do paciente e do doador seriam cortados para que as artérias e veias importantes fossem envoltas com tubos feitos de uma combinação de silicone e plástico - esses tubos seriam comprimidos para impedir o fluxo de sangue e depois afrouxados para facilitar a circulação quando a cabeça fosse reconectada.
Uma parte ainda mais delicada é o corte da medula espinhal, algo que seria feito com um bisturi especial, feito de diamantes, por causa de sua força. A cabeça, então, seria movida para o novo corpo e as medulas, conectadas com um tipo especial de cola.
Os desafios seriam enormes, a começar pelo perigo da rejeição do corpo pela cabeça, das dificuldades em reabilitar o paciente após a cirurgia e, sobretudo, da incerteza sobre como será possível integrar a espinha - por exemplo, até hoje a medicina não consegue reparar danos à medula, geralmente causados por acidentes, que deixam as pessoas tetraplégicas.
Céticos
Canavero deposita suas esperanças em uma substância comum para reconectar a medula espinhal - um polímero inorgânico chamado polietilenoglicol.
"Agora temos uma substância que faz o milagre de renovar uma medula espinhal cortada. Os resultados que temos são espetaculares. Fizemos um teste com um cachorro e ele se recuperou em duas semanas. Ele conseguia correr," afirmou.
A maioria dos especialistas médicos classifica a proposta de Canavero como "ficção científica" e acha que um transplante de cabeça é impossível - além de potencialmente trazer dilemas éticos e submeter pacientes a procedimentos que podem ser muito dolorosos.
O neurocientista Jerry Silver, da Universidade Case Western Reserve (EUA), afirmou à revista New Scientist que os artigos científicos publicados pela equipe de Canavero "não dão suporte para se prosseguir rumo a testes da tecnologia em humanos".
"O cachorro é um relato de caso, e você não consegue aprender muito de um único animal, sem controles", acrescentou Silver, referindo-se à falta de animais de controle no experimento, que não recebessem a "substância que faz milagre" de Canavero para comparação dos resultados.
Loucuras realizadas
Outros especialistas, porém, destacam que diversas descobertas científicas já foram classificadas de "loucura" antes de serem concretizadas - além de terem permitido outros avanços científicos em paralelo à sua concretização.
Canavero, por sua vez, diz já ter testes em macacos para usar como base e que o procedimento tem "90% de chances de sucesso".
"Isso quer dizer que o paciente acorda sem danos e já começa a andar dentro de um mês ou depois de fisioterapia", explica. "Estamos dando esperanças às pessoas que têm sido decepcionadas pela medicina ocidental".
Um cirurgião italiano que diz ser capaz de realizar um inédito transplante de corpo - ou de cabeça - afirma que já poderia fazer a operação no ano que vem.
Sergio Canavero explica que o transplante consiste em manter apenas a cabeça do paciente, e plugar nela o corpo de um doador com morte cerebral - em vez de receber apenas um órgão, como coração ou rim, o paciente recebe o transplante do corpo inteiro.
"Não estamos a uma década ou a anos (do transplante). Eu espero ter tudo pronto para começar a trabalhar no final de 2017. Mas é claro que a realização depende da disponibilidade de um doador. O último transplante facial demorou diversos meses para ser feito por falta de um doador adequado. Mas a tecnologia estará disponível," afirmou ele.
Apesar do imenso risco envolvendo a cirurgia, o médico italiano diz ter muitas pessoas se oferecendo como cobaias - dispostas a, na prática, trocar seu corpo por um mais saudável.
Ele diz que, por conta da tecnologia disponível, países como Reino Unido, Alemanha e França seriam os mais indicados para realizar o transplante de cabeça.
Como funcionaria o transplante de corpo
Canavero diz que o transplante requereria a mão de obra de 150 médicos e enfermeiros, duraria 36 horas e custaria o equivalente a R$ 42 milhões. O primeiro passo seria congelar o corpo do paciente para preservar as células do cérebro, drenar o cérebro e substituir o sangue por uma solução cirúrgica.
A partir daí, o pescoço do paciente e do doador seriam cortados para que as artérias e veias importantes fossem envoltas com tubos feitos de uma combinação de silicone e plástico - esses tubos seriam comprimidos para impedir o fluxo de sangue e depois afrouxados para facilitar a circulação quando a cabeça fosse reconectada.
Uma parte ainda mais delicada é o corte da medula espinhal, algo que seria feito com um bisturi especial, feito de diamantes, por causa de sua força. A cabeça, então, seria movida para o novo corpo e as medulas, conectadas com um tipo especial de cola.
Os desafios seriam enormes, a começar pelo perigo da rejeição do corpo pela cabeça, das dificuldades em reabilitar o paciente após a cirurgia e, sobretudo, da incerteza sobre como será possível integrar a espinha - por exemplo, até hoje a medicina não consegue reparar danos à medula, geralmente causados por acidentes, que deixam as pessoas tetraplégicas.
Céticos
Canavero deposita suas esperanças em uma substância comum para reconectar a medula espinhal - um polímero inorgânico chamado polietilenoglicol.
"Agora temos uma substância que faz o milagre de renovar uma medula espinhal cortada. Os resultados que temos são espetaculares. Fizemos um teste com um cachorro e ele se recuperou em duas semanas. Ele conseguia correr," afirmou.
A maioria dos especialistas médicos classifica a proposta de Canavero como "ficção científica" e acha que um transplante de cabeça é impossível - além de potencialmente trazer dilemas éticos e submeter pacientes a procedimentos que podem ser muito dolorosos.
O neurocientista Jerry Silver, da Universidade Case Western Reserve (EUA), afirmou à revista New Scientist que os artigos científicos publicados pela equipe de Canavero "não dão suporte para se prosseguir rumo a testes da tecnologia em humanos".
"O cachorro é um relato de caso, e você não consegue aprender muito de um único animal, sem controles", acrescentou Silver, referindo-se à falta de animais de controle no experimento, que não recebessem a "substância que faz milagre" de Canavero para comparação dos resultados.
Loucuras realizadas
Outros especialistas, porém, destacam que diversas descobertas científicas já foram classificadas de "loucura" antes de serem concretizadas - além de terem permitido outros avanços científicos em paralelo à sua concretização.
Canavero, por sua vez, diz já ter testes em macacos para usar como base e que o procedimento tem "90% de chances de sucesso".
"Isso quer dizer que o paciente acorda sem danos e já começa a andar dentro de um mês ou depois de fisioterapia", explica. "Estamos dando esperanças às pessoas que têm sido decepcionadas pela medicina ocidental".