BLOG DIREITAS JÁ
Resolvi
expor aqui as razões pelas quais eu me tornei de direita (ou
conservador político, reacionário, coxinha… O que vocês preferirem). Vou
fazer isso porque algumas pessoas não entendem a minha posição política
e não poucas acham que eu me tornei de direita por mera modinha, sem
ter qualquer base razoável para isso, mas apenas baseado em bordões,
frases de efeito e ideias estereotipadas.
Espero com este texto possa
sanar algumas dúvidas e deixar claro para todos a minha posição.
Sobre a organização do texto, uma vez que ele ficou bem maior do que
eu pensava que ficaria, resolvi dividi-lo em duas partes. Além disso,
ele é subdividido em oito capítulos breves, que vão revelando aos poucos
o passo a passo da minha transformação política, e uma conclusão. Vamos
começar.
Capítulo 1: Como era o meu pensamento?
Até os meus 17 anos de idade eu não tinha o menor interesse em
política. Minha visão sobre o assunto era a visão comum à maioria dos
brasileiros.
Ela se resumia no seguinte conjunto de ideias:
(1) só existem dois tipos de políticos: os honestos e os desonestos. No Brasil, os desonestos são a maioria;
(2) os desonestos são aqueles que desviam verbas para encher os
próprios bolsos e enriquecerem. Os honestos são aqueles que querem
beneficiar o povão com coisas públicas;
Em outras palavras, eu acreditava que para o Brasil mudar apenas
precisávamos de políticos honestos. Mais nada. Afinal, políticos
honestos não roubariam dinheiro, mas, em vez disso, iriam criar e
ampliar um monte de coisas públicas, beneficiando as pessoas pobres.
Simples assim! “Se isso não acontece no Brasil”, pensava eu, “é porque
há muita corrupção”.
A partir desses dois pensamentos acríticos eu concluía quase inconscientemente:
(3) que a raiz de todos os problemas do Brasil é, indiscutivelmente, a corrupção;
(4) que quem luta por coisas públicas é honesto e a favor dos pobres;
(5) que um governo bom é o que faz muitas coisas públicas;
(6) que qualquer manifestação de pessoas pobres contra pessoas ricas
e/ou a favor de coisas públicas é sempre algo bom, pois parte de gente
honesta;
(7) que grandes empresários são o pior tipo de gente que pode existir
(junto com os políticos corruptos). Afinal, eles são donos de grandes
riquezas privadas, e o privado é ruim, o público é que é legal;
(8) que privatização é algo muito ruim;
(9) que o capitalismo é algo ruim;
(10) que os EUA são o pior inimigo do mundo;
(11) que o governo FHC não foi bom, pois privatizou empresas;
(12) e que o comunismo, embora tenha dado alguns “pequenos problemas”
(mas “nada” tão grave e horrendo, como foram o nazismo, a ditadura
militar brasileira ou as guerras feitas pelos norte-americanos), ele tem
muitos princípios bons que podem ser usados no capitalismo para ajudar
os pobres. Assim, ser marxista é algo bom; e só empresários e políticos
corruptos são antimarxistas.
Pois bem. Essa era minha visão até os 17 anos de idade. E é válido
ressaltar que eu achava política uma chatice. Quando alguém dizia a
palavra política, geralmente me vinha à mente a visão de esquemas de
corrupção revelados pelo “Fantástico”, na Rede Globo, ou de propagandas
partidárias.
Ou seja, eu era um prisioneiro do “senso comum”, da opinião
medíocre, da unanimidade. Minhas crenças faziam parte de um saco de
crenças que todo mundo que não entende e não tem interesse em política
compartilha com alegria, achando-se muito inteligente.
Capítulo 2: Como e quando minha visão começou a mudar?
As coisas começaram a mudar quando eu estava no 3° ano do ensino
médio. Eu me preparava para o vestibular e contraí uma preocupação: o
atual ambiente acadêmico costuma a ser hostil ao cristianismo e aos
cristãos. Como eu não queria ter embates com professores e alunos sobre
minha fé sem que ter como responder racionalmente, passei a estudar
sobre o assunto. Acabei descobrindo a apologética, um ramo da teologia
que se ocupa em explicar, embasar e defender o teísmo e o cristianismo
de maneira racional, baseando-se em campos de estudo como: filosofia,
lógica, ciências naturais, história, arqueologia, literatura, filologia,
princípios interpretativos básicos e etc.
Naquele momento, um novo mundo se abriu diante dos meus olhos. Eu
percebi que, embora a maior parte das pessoas não saiba (mesmo os
cristãos), há milhares de sites e livros que tratam de temas
apologéticos, respondendo com tranquilidade todas as críticas lançadas
por acadêmicos antirreligiosos ao teísmo e ao cristianismo;
críticas
essas que são tolamente alardeadas pelas grandes mídias, a fim de
vilipendiar a religião, causar polêmicas e ganhar audiência. Os livros
apologéticos que descobri, aliás, são de autores renomados em suas
faculdades, com títulos de doutorado e pós-doutorado nas mais diversas
áreas de estudo.
O interesse que ganhei pela área apologética dura até hoje. Eu
passaria os dois anos seguintes àquela descoberta em intenso estudo
individual. Ora, seria justamente este estudo que me introduziria também
à política. Como? Vamos ver.
Os três sites que eu mais lia sobre apologética eram “Quebrando o
encanto do neoateísmo”, “Luciano Ayan” e “Teísmo”. Os três sites tinham
como objetivo não só apresentar argumentos racionais para o
cristianismo, mas atacar argumentos falhos e desonestos de neoateus.
Quem são os neoateus? Peço muita atenção do leitor agora. Neoateus
são ateus antirreligiosos e militantes. Eles não apenas descreem de
Deus, mas também odeiam a religião, são hostis aos religiosos e passam a
maior parte de seu tempo livre tentando “desconverter” pessoas e
lançando ofensas diversas contra crentes, crenças e símbolos religiosos.
Para eles, todas as religiões são nocivas e precisam ser extintas da
terra. E eles lutam diariamente por isso.
O problema dos neoateus não é só a agressividade e o desrespeito à
liberdade religiosa. Além disso, eles também são desonestos
intelectualmente. Eles não estudam nada do que dizem renomados
intelectuais religiosos, lançam argumentos falaciosos e mentiras, fazem
interpretações absurdas da Bíblia (a fim de forçar contradições) e põem
na conta das religiões todos os males do mundo.
Se o leitor é ateu, mas não se sente representado por este tipo de
gente, não é necessário ficar chateado comigo. Há uma diferença grande
(ou melhor, enorme) entre um ateu e um neoateu. Um ateu é aquele cara
que simplesmente não acredita em Deus, mas que não se importa se outras
pessoas acreditam. Desde que a crença das outras pessoas não interfira
na sua vida, ele não vê problema na existência de religiões.
Ele até
consegue ver bons ensinamentos em cada uma delas e apenas condena
fanatismos. Um ateu às vezes até se esquece de que é ateu. Isso é algo
que não ocupa muito a sua mente, assim como uma pessoa que não acredita
em alienígenas não costuma a se ocupar muito pensando nesse fato.
Pois bem, os três sites do qual eu falava criticavam radicalmente
neoateus apenas, e não meros ateus. Para os autores desses sites, os
neoateus não eram sequer considerados dignos de respeito, em função de
sua postura suja; eram tratados como desonestos e picaretas
intelectuais, e ninguém deveria se ocupar em convertê-los, mas em
desmascará-los diante daqueles que pretendiam enganar com suas mentiras.
Ora, não demorou muito para que os autores desses três sites (que
mantinham uma boa correspondência entre si) começassem a perceber que o
neoateísmo estava fortemente relacionado a doutrinas políticas de
esquerda, como o marxismo, o humanismo social, o anticlericalismo
revolucionário, o globalismo, os diversos socialismos, o feminismo
radical, o gayzismo e etc.
Como se dá essa relação? Vamos entender.
A esquerda política, desde seu surgimento, sempre pregou uma visão
otimista do ser humano, na qual ou ele é bom por natureza (tendo sido
corrompido por fatores sociais), ou ele é moralmente perfectível (isto
é, que é capaz de caminhar para a perfeição ou algo bem próximo disso).
Daí decorre a crença esquerdista de que o ser humano é plenamente capaz
de transformar o mundo, através da destruição dos fatores sociais que
causam a crueldade, a injustiça e a exploração, e, em última instância,
da própria sociedade hoje existente, a fim de se construir outra.
E como
fazer isso? Ora, colocando as pessoas certas no governo, dando muito
poder a essas pessoas e destruindo os grupos inimigos que impedem a ação
desse governo iluminado. Essa é a receita de todas as revoluções de
esquerda desde a revolução francesa, mãe de todas.
O neoateísmo tem muitas ideias semelhantes ao pensamento
revolucionário de esquerda. Ele não entende a natureza do homem como a
principal culpada pelos males do mundo, mas acredita que a crença em
Deus é a responsável por criar injustiças, guerras e crueldades. Ele
também enxerga o homem como um ser perfectível, que pode mudar o mundo
se destruir todas as religiões.
Finalmente, pelo fato de negar a Deus, o neoateísmo tende a
substituir Deus por outra autoridade (ou mais de uma), e a substituir a
esperança da vida eterna no paraíso pela esperança de um paraíso efêmero
aqui na terra. Por estas semelhanças, muitos neoateus acabam por aderir
a doutrinas da esquerda política, passando a usar sua fúria
antirreligiosa a favor do esquerdismo.
Seu objetivo pessoal é conseguir
formar um governo de esquerda antirreligioso que destrua a religião e
crie o paraíso ateu desejado.
Por outro lado, a esquerda sempre teve muita influencia do pensamento
ateísta e do pensamento antirreligioso. Não que todo o esquerdista seja
ateu, porém quanto mais uma pessoa se torna esquerdista, mais ela tende
a se afastar da religião. Afinal, para o esquerdista radical, não há
espaço para um paraíso que não seja aqui na terra, nem para uma
autoridade maior que o seu partido, seus líderes revolucionários e seu
ideal de justiça social.
Assim, muitos esquerdistas acabam se tornando ateístas, e logo
adiante, neoateus,
associando a crença em Deus a um dos fatores que
oprimem a sociedade. Aliás, os criadores do comunismo, Marx e Engels,
afirmavam que a religião era uma das ilusões criadas pelo cenário
econômico de exploração.
A religião era, portanto, um ópio para as
classes exploradas, bem como um mecanismo de manobra de massas utilizado
pelas classes exploradoras.
Ademais, devemos ressaltar que tanto esquerdistas radicais, quanto
neoateus, estão muito interessados em criar uma cultura onde a liberdade
sexual sem limites seja vista como normal, saudável, bela e aceitável
por todos. Ou seja, eles não querem só ter liberdade para fazer o que
quiserem em matéria de sexo, mas querem destruir o direito de qualquer
pessoa achar errado aquilo que fazem. Essa é uma das razões pelas quais
esquerdistas radicais e neoateus odeiam a moral judaico-cristã. Há
outras também.
Capítulo 3: Tonando-me um antirrevolucionário
Quando entendi essa relação íntima entre neoateísmo e esquerdismo,
comecei a perceber que política não se resumia apenas a “honestos x
desonestos”. Ela envolvia um conflito de visões de mundo também; visões
estas que permanecem bem vivas hoje e que fazem muita diferença na
prática.
Foi ali que eu compreendi o que estava em jogo na política e qual era
o meu papel naquilo tudo. Eu não poderia votar em um partido ou um
indivíduo que acreditasse na ideia de que o ser humano é bom por
natureza e capaz de transformar o mundo. Essa é uma ideia ridícula. Há
milênios o ser humano tem se mostrado incapaz de erradicar a injustiça e
a maldade. E isso ocorre por um motivo simples: todos são, em maior ou
menor grau, imperfeitos. Assim, todo aquele que se levanta para tentar
erradicar a injustiça, tende também a cometer injustiças.
Desde a idade mais tenra, já nos vemos contando mentirinhas aos
nossos pais, brigando com o coleguinha, desejando o que não é nosso,
fazendo pirraça, não querendo limites, fazendo vingançazinhas. Não somos
uma tábua rasa. Nascemos inclinados à imperfeição. Isso pode ser
atestado, tanto por meio da observação do nosso cotidiano e dos exemplos
da história, como pela ciência.
A ciência reconhece que o ser humano
compartilha com os animais uma série de instintos. Esses instintos
naturais não são morais e podem facilmente se transformar em atos
cruéis. O instinto sexual, o instinto de bando, o instinto gregário e
outros são exemplos de inerências que nos impelem a fazer coisas
erradas.
A diferença entre homens e animais é que os primeiros apresentam
razão, podendo refletir sobre seus atos e fazer escolhas. Mas isso não é
um motivo para crermos em sua perfectibilidade. Ao contrário, a razão
faz do homem um ser muito mais cruel e perigoso do que os animais, pois
com ela o mesmo pode avaliar o prazer que o mal pode lhe proporcionar e
maquinar o mal contra a sua própria espécie. Do ponto de vista da
ciência, somos tão animais como os animais irracionais, o que significa
que a selvageria está em nós e isso não pode ser mudado.
Do ponto de vista da Bíblia, o ser humano sempre foi visto como
pecador. Ou seja, o homem passou a ser inclinado à imperfeição por
natureza após sua raça ter escolhido cometer o primeiro pecado. A sua
obrigação desde então é se esforçar individualmente para não fazer o mal
e, a nível político, criar leis que tornem mais difícil a propagação do
mal. Mas esse mal não tem como ser extinto.
Ainda que o mal não fosse algo natural, mas social, isso não prova
que o homem é capaz de se descorromper socialmente para poder
descorromper a outros. A história evidencia que isso não é possível. E a
própria lógica também. Para descorromper a outros, uma pessoa deveria
se descorromper totalmente primeiro. Se você não consegue se
descorromper nem a si mesmo, como ajudará os outros?
Portanto, a ideia esquerdista de encher alguns homens de poder para
mudar a sociedade e destruir supostos inimigos é totalmente utópica e
perigosa.
Dar muito poder a homens é pedir para fazer deles pessoas mais
cruéis e autoritárias. É dar ao Estado o aval para administrar mal,
roubar verba pública, perseguir dissidentes e causar enormes genocídios.
Até Montesquieu, que não acreditava que o homem fosse naturalmente
inclinado ao mal, sabia que o poder corrompe.
Ele diz em um de seus
livros que: “Todo o homem que tem poder é levado a abusar dele; vai até
encontrar limites”. Isso é algo lógico! Qualquer pessoa de bom senso
entende isso. Eu jamais poderia, então, endossar a crença no homem.
A partir daquele ponto, através de leituras e mais leituras, minha
atenção foi sendo chamada para os problemas que regimes baseados nessas
ideias causaram em diversos países. Era lógico sendo provado na prática!
Em todo lugar em que muito poder foi colocado nas mãos do Estado, a fim
de que este mudasse a sociedade, o que aconteceu foi uma série de
desgraças.
Os males do comunismo eram os que mais saltavam aos olhos. Tanto na
URSS, como na China, no Camboja, na Coréia do Norte, no Vietnã, em Cuba e
etc., o regime comunista gerou grotescas ditaduras, genocídios por
repressão, inanição forçada e desastres econômicos. Pela primeira vez
tive acesso à informação de que os regimes comunistas pelo mundo geraram
mais de 100 milhões de mortos. Pela primeira vez eu fiquei sabendo
sobre o genocídio de Holodomor, na Ucrânia, entre 1930 e 1932, e do
genocídio chinês, entre 1956 e 1962, e do genocídio cambojano, em 1975
(este último matando um quarto da população!). Qualquer pessoa honesta e
com um mínimo de senso das proporções conseguiria perceber que o
comunismo foi um mal tão ruim ou até pior que o nazismo.
Não obstante, observei que os esquerdistas se agarravam tanto a suas
crenças que não sentiam qualquer embaraço ao elogiar e se guiar pelas
ideias de Marx. E mesmo aqueles que não eram comunistas, permaneciam
defendendo a maioria das ideias de Marx,
disseminando ódio entre
classes, lutando para formar um Estado cheio de poder, atacando religião
e religiosos, simpatizando com ditadores de esquerda, defendendo os
antigos regimes comunistas, militando contra a liberdade de expressão de
conservadores, colocando sua fé em líderes revolucionários, orientando
suas ações em prol de futuro utópico imaginado por eles e etc.
Em vista disso tudo me tornei anticomunista, antimarxista,
antirrevolucionário e totalmente contrário a governos que pretendem
inchar o Estado com enormes poderes políticos e econômicos. Se eu era de
direita? Ainda não. Eu apenas era um cético da esquerda e do pensamento
revolucionário. O direitismo ainda viria posteriormente.
Capítulo 4: Adesão ao liberalismo econômico
Embora eu tivesse entendido o tamanho do mal que representava a
crença no homem propagada pela esquerda, eu não sabia bem o que defendia
a direita, tampouco tinha noção do que um governo deveria fazer na
prática para administrar um país, estado ou cidade.
Nessa parte,
curiosamente, eu ainda estava bastante preso a muito senso comum. Eu
ainda achava que privatizações eram ruins, não sabia fazer distinção
entre um governo de direita e um de esquerda moderada, e tinha aquela
visão distorcida de que a direita é a favor de ditaduras (desde que não
sejam comunistas).
Meu pensamento sobre a direita poderia ser resumido assim: “Se ser de
direita é concordar e desejar uma ditadura militar, definitivamente não
sou de direita. E se a extrema direita é o nazismo, então prefiro me
distanciar dessa posição. Sou de centro”.
Ocorre que minha opinião não era baseada no que os autores de direita
diziam, mas apenas em senso comum. Eu não conhecia nenhum autor de
direita. Simplesmente não sabia o que a direita defendia. Na medida em
que entendi isso e tive mais contato com direitistas, passei a ler os
autores de direita. E isso fez toda a diferença!
Comecei entendendo mais sobre a economia. Pela primeira vez soube
qual era a versão direitista sobre as privatizações. Longe de ser uma
defesa dos milionários e um ataque aos pobres que não tem dinheiro para
pagar coisas privadas,
as privatizações pretendem sanar dificuldades
inerentes ao setor público e melhorar a condição de toda a sociedade.
Como? Vamos analisar os problemas do setor público.
Empresas públicas não precisam se preocupar com o risco de ir à
falência ou com a competição para estar entre as maiores empresas. Sua
situação é estável, pois seu dinheiro é público, nunca acaba. Aliás, se
uma empresa pública contrai muitas dívidas, quem paga somos nós. Se uma
empresa pública vai mal, ela é beneficiada com mais dinheiro do governo.
Isso cria uma tendência, tanto de seus administradores como de seus
funcionários de se acomodarem, não fazendo um bom trabalho ou não dando o
melhor de si. A estabilidade dos funcionários públicos apenas reforça
isso. Além do mais, o governo não tem capacidade para gerir tantas
empresas e mais os problemas do país. Desta forma, é comum que os
serviços públicos sejam inferiores aos privados e que deem muitos
déficits públicos.
O resultado é que o povo não é bem atendido pelos serviços públicos e
ainda é obrigado a pagar altos impostos para manter essas empresas.
Como se não bastasse, as empresas públicas deficitárias também geram
inflação de moeda. A inflação é um modo que o governo tem de saldar suas
dívidas injetando mais dinheiro no mercado.
Para o governo é bom, para o
povo não, pois só os primeiros a utilizarem o novo dinheiro criado se
beneficiam. Quando o dinheiro chega ao povo, todos os preços já
aumentaram para equilibrar a nova quantidade de dinheiro na economia.
Mas as empresas privadas e o povo em geral continuam recebendo os mesmos
salários. Então, se você ganhava R$ 1.000,00 por mês e comprava carne
por R$ 15,00, continua a ganhar R$ 1.000,00 por mês, mas agora compra
carne por R$ 20,00.
Serviços públicos ruins, impostos, inflação… Como se já não fosse
muito, quanto mais empresas públicas se têm, mais a estrutura pública se
torna grande e complexa de ser administrada e mais dinheiro vai para as
mãos do governo. Isso aumenta a dificuldade de fiscalização, as chances
de desvios ou gastos desnecessários, esquemas de corrupção e o pior: o
poder do governo. Um governo com muito dinheiro e que tem tentáculos em
tudo quanto é setor, se torna mais poderoso. O risco de ele se tornar
totalitário e ditatorial, tanto econômica como politicamente, é muito
grande.
É claro que isso não quer dizer que nada possa ser público ou que uma
empresa pública não possa ser relativamente bem gerida. Mas a tendência
é o setor público ser inferior. Os riscos de um país ter esses
problemas quando possui muita coisa pública são bem grandes e os
exemplos da história comprovam que (para ser claro) geralmente isso dá
merda!
Agora, empresas privadas não possuem esses problemas. Uma empresa
privada, precisa estar constantemente preocupada em não falir e ficar
bem na concorrência entre as outras empresas. Se não fizer isso, ela não
terá dinheiro público (ou, pelo menos não deveria ter) para resolver a
situação. O dinheiro das empresas privadas é finito. Assim, tanto
administração como os funcionários são instados a trabalharem bem.
Quanto mais concorrência há, mais as empresas tendem a buscar melhoras
nos serviços, agilidade e maneiras de diminuir preços. Isso é óbvio!
Que o setor privado também tem problemas isso é evidente! Mas são
problemas muito menores e mais facilmente contornados. A regra geral é
que o setor privado tende a ser mais eficiente e menos perigoso.
E o que
o Estado pode fazer para permitir esse cenário de maior eficiência?
Basicamente reduzir dificuldades burocráticas e financeiras para que as
pessoas abram, mantenham e desenvolvam empresas. Fazendo isso, muitas
empresas surgem e se desenvolvem, gerando empregos e concorrência. A
concorrência tende a sufocar a manutenção perpétua de monopólios,
fazendo com que a luta por maior eficiência seja maior.
O resultado é
que o povo tem mais empregos, melhores serviços, preços mais baixos,
menos impostos, menos inflação.
Isso não ocorre da noite para o dia. Uma economia, para se dinamizar,
demora muitos anos. É por isso que trabalhistas odeiam o setor privado,
o livre mercado, os baixos impostos e a pouca burocracia estatal. Por
que tudo isso leva a um vagaroso e penoso desenvolvimento econômico.
Sobretudo se o país em que isso for implantado não apresentar uma boa
industrialização.
É neste ínterim que entendemos como a privatização é um processo que
só demonstra resultados em longo prazo. No início, uma empresa
privatizada pode gerar cortes de funcionários e até mesmo aumento no
valor dos produtos. Isso ocorre porque os resultados negativos da má
gestão pública precisam ser equilibrados. A empresa privada não dispõe
mais do dinheiro eterno que a empresa pública dispunha. Mas em longo
prazo, se (e somente se) o governo abrir o mercado e incentivar a
competição, a empresa privatizada equilibrará o orçamento e lutará para
ser mais eficiente, gerando o cenário que já comentei.
Vê-se, portanto, que apenas a privatização não é suficiente. O
governo precisa garantir o surgimento de concorrência. No princípio eu
não percebi isso. Achava que bastava privatizar era o suficiente. Com
mais leitura eu entenderia posteriormente que a abertura do mercado e o
incentivo máximo a competição são essenciais para que o processo de
privatização seja positivo. Se o governo não incentiva a concorrência,
vão surgir os monopólios privados, que são tão nocivos quanto os
monopólios públicos
É importante salientar que hoje eu acho aceitável a manutenção de uma
ou outra empresa pública, contanto que ela não seja um monopólio no
ramo em que atua, podendo ser comparada a concorrentes privadas, e que
não haja a estabilidade empregatícia. Isso diminui consideravelmente os
problemas que podem ser causados pela empresa por ser pública.
Mas voltando à questão do setor privado, quando compreendi a verdade
de que a privatização sozinha não é o suficiente, aí entendi como que o
intervencionismo estatal na economia é um dos maiores responsáveis por
monopólios privados. Quando o governo dificulta a vida das empresas
privadas, apenas as empresas mais ricas e poderosas conseguirão
permanecer lá no alto da competição.
As empresas menores ou não terão
chances de crescer e galgar os primeiros lugares, ou desaparecerão.
Isso significa que a grandes empresas ficam protegidas dentro de um
governo intervencionista. Elas aceitam pagar altos impostos e lidar com
grande burocracia porque, em contrapartida, vão continuar no topo para
sempre.
É por isso que o Olavo de Carvalho afirma que apenas os pequenos
e médios empresários desejam o livre mercado, isto é, o capitalismo
mais puro. Os grandes, os mega, aqueles que já construíram um império e
estão sólidos, estes querem mais um governo interventor, a fim de não
precisar lidar com uma concorrência constante.
Por mais irônico que
pareça, os grandes capitalistas atuais são anticapitalistas.
O governo intervencionista, por sua vez, aceita que essas empresas
continuem no alto porque fecham conchavos com elas, tanto para que as
mesmas financiem suas campanhas políticas, quanto para que juntos eles
possam desviar verbas. Além disso, um governo que detém seus empresários
privados nas mãos é tão poderoso quanto um governo que tem muitas
empresas públicas. O leitor compreende?
Aqui aprendi algo importante. Quem defende o livre comércio? A
direita. Quem defende o intervencionismo estatal? A esquerda.
Então,
pelo menos economicamente, o fascismo e o nazismo pertencem a qual
espectro? Exatamente, leitor: essas doutrinas pregam aquilo que a
esquerda prega em matéria de economia.
Elas falam em forte controle do
Estado sobre as empresas privadas, usando o discurso de “reestruturar a
sociedade”. Mas na prática esse intervencionismo é um casamento entre
grandes empresas e o governo. E o livre mercado não defende isso. Nunca
defendeu. O nome já diz: “livre” mercado. Se você coloca o governo na
equação e tira a concorrência da jogada, isso não é liberdade de
mercado.
Ora, o nazismo alemão era um socialismo. E agiu estendendo seus
tentáculos por todo o setor privado. O criador do fascismo italiano,
Mussolini, era um tinha sido um marxista que entendeu que o Estado nunca
seria superado e que ele precisava ser mais pragmático para mudar a
sociedade. Sua frase síntese do fascismo era “Tudo no Estado, nada fora
do Estado, nada contra o Estado”; e isso é rigorosamente a mesma coisa
que a ditadura socialista do proletariado propunha (só que dizendo que
isso era um estágio “temporário”).
Então, compreendi que, chamar essas
doutrinas de direitistas é uma tolice sem tamanho. Pelo menos no aspecto
econômico. O mesmo se poderia dizer da ditadura militar brasileira,
extremamente intervencionista.
Em suma, entendi que a direita defende uma economia mais livre e que a mesma é muito superior às economias intervencionistas.Descobri neste
ponto também que há alguns rankings anuais interessantes que indicam o
grau de liberdade econômica de um país, a facilidade de se fazer
negócios e a competitividade empresarial. São, por assim dizer,
medidores de capitalismo. E invariavelmente os países mais bem colocados
nos tais rankings são os que oferecem maior qualidade de vida para o
povo. E os piores colocados são os países mais injustos,
antidemocráticos e pobres. Coincidência?
Claro que não! Em outras
palavras, o capitalismo não era, então, o monstro que pintavam!
Capítulo 5: Adesão ao conservadorismo político
Quando alguém percebe como o capitalismo foi um dos responsáveis, em
longo prazo, pela melhora na qualidade de vida de muitos países, existe
uma tendência a enxergá-lo com otimismo demasiado. Foi assim com o Adam
Smith (que merece ser desculpado, pois o capitalismo ainda estava
surgindo) e é assim até hoje com diversos direitistas. Não foi muito
diferente comigo, embora eu não tenha chegado a me tornar um extremista.
Dentro da direita, assim como na esquerda, existem graduações no que
tange o pensamento econômico. Eu vejo quatro tipos na direita: os
conservadores políticos, os liberais econômicos, os libertários e os
anarco-capitalistas. O que os diferencia é o nível de
ceticismo/confiança em relação ao livre mercado.
Os conservadores geralmente são adeptos da liberdade econômica, mas
reconhecem que ela tem muitas limitações e que gera muitos problemas se
não andar de mãos dadas com uma boa base moral, espiritual e cultural na
sociedade, um respeito pelo o que o passado nos ensina, pelas tradições
e instituições milenares e pela dignidade do ser humano e, finalmente,
um bom conjunto de leis democráticas e não tirânicas. O liberalismo
econômico não deve suprimir essas coisas em hipótese nenhuma, pois o
princípio da revolução é justamente esse: destruir tudo o que levou
tempo para construir e colocar o destino da sociedade nas mãos de um
futuro que não conhecemos, desprezando as lições do passado.
Os liberais econômicos já pensam mais na liberdade econômica do que
nessas outras questões, tendendo a ignorá-las ou reduzir sua
importância. Acreditam que só o livre mercado já é capaz de resolver
quase todos os problemas causados pelo estatismo da esquerda. Sustentam
também que a liberdade é o bem mais importante que existe e deve ser
colocado em um pedestal. O liberal extremo é um libertário. E o
libertário extremo é um anarco-capitalista. Um anarco-capitalista
acredita tanto no livre mercado que acha possível criar uma sociedade
sem estado, apenas baseada nas leis que já vimos de competição
econômica.
Nesse cenário, tudo seria privado e competiria entre si. Até
mesmo (pasmem!) a polícia e a justiça. Não haveria governo e impostos.
Quando descobri isso, entendi que essa é a verdadeira
“extrema-direita”. E aí comecei a analisar um pouco do pensamento
conservador.
O conservadorismo, a meu ver, é muito mais sensato que o
mero liberalismo, pois ele não cai no mesmo otimismo no homem e
idealismo utópico que as revoluções de esquerda.
Ao contrário, mantendo o
ceticismo em relação a um mundo perfeito, ele leva o conservador a
aprender as lições do passado e daquilo que precisa ser conservado (como
a família, a moral, as tradições, as instituições milenares, a
hierarquia, o Estado, a educação familiar e individual, a
espiritualidade, a dignidade humana e a visão realista do ser humano
como um ser inclinado ao mal e imperfeito). Isso impede que o
conservador deposite confiança em projetos mirabolantes e idealismos
utópicos.
Para o conservador, a mudança é boa, mas deve ocorrer de modo muito
pensado, geralmente gradual e respeitando os limites da realidade.
Destruir a sociedade como conhecemos para construir outra, totalmente
distinta, é algo que nunca dá certo. Todos os movimentos revolucionários
como a Revolução Francesa, a Revolução Russa, o Stalinismo, o Nazismo, o
Fascismo, o Maoísmo e etc. geraram apenas destruição, crueldades,
miséria, violência, abuso de poder e genocídios.
A premissa básica de toda a revolução é esta: destruir esta
sociedade, com seus maiores inimigos (sejam burgueses, ou negros, ou
judeus, ou gays, ou cristãos, ou religiosos, ou a moral, ou uma cultura,
ou um sistema e etc.) e construir outra no lugar, com novas regras,
crenças, moral, cultura, religião e heróis revolucionários. Todo o
sistema que se propõe a fazer isso pisa no passado e põe sua confiança
em um futuro idealizado.
E isso é algo totalmente contrário ao
pensamento conservador.
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Comentário sobre A ciência reconhece que o ser humano
compartilha com os animais uma série de instintos
Se alguem do PT fosse convidado a ir na minha casa, o que acho pouco provável, diria que minhas duas cachorrinhas são coxinhas, capitalistas e reacionárias pois uma sempre tira a comida da outra, não deixa a outra beber agua e muito menos sentar no meu colo.Não querem repartir nada! Iriam chama-las de zelite reacionária, pois, como ambas são pretas não poderiam dizer que fazem parte da zelite branca.Eu, contudo, as vejo como irmãs PTRALHAS.
Anônimo.