Pesquisadores descrevem nova espécie de primata da floresta
amazônica. Embora recém-descoberto, o animal já pode estar correndo
risco de extinção pela perda de seu hábitat devido ao desmatamento.
Publicado em 05/05/2015
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Atualizado em 05/05/2015
Zogue-zogue-rabo-de-fogo (‘Callicebus miltoni’), o mais novo
primata do Brasil, foi encontrado na Amazônia. (foto: Júlio César
Dalponte)
A recente descoberta de um primata na Amazônia, o zogue-zogue-rabo-de-fogo (Callicebus miltoni),
demonstra que ainda há muito para se conhecer sobre a região. O animal
foi primeiro avistado no estado de Mato Grosso em 2011. Agora,
pesquisadores do Instituto para a Conservação dos Carnívoros
Neotropicais (Pró-Carnívoros), do Instituto de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá e do Museu Paraense Emílio Goeldi publicaram a
descrição completa da espécie na revista científica Papéis Avulsos de Zoologia.
Durante uma expedição científica pelo interior da Amazônia em 2011, pesquisadores avistaram um primata do gênero Callicebus,
típico da floresta amazônica e da mata atlântica. Mas o exemplar
apresentava algumas peculiaridades visíveis, o que sugeria se tratar de
uma nova espécie.
“A característica mais marcante da espécie é sua cauda avermelhada, cor de tijolo, por isso o nome ‘rabo de fogo’. Essa mesma coloração é encontrada ainda na região ventral do animal até a altura do pescoço”, descreve Felipe Ennes Silva, biólogo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá que participou da descoberta.
Para confirmar que era uma nova espécie, foram realizadas comparações de coloração da pelagem e de medidas do corpo e do crânio do animal com as de outras espécies do gênero.
“O padrão de coloração peculiar já foi suficiente para constatarmos que se tratava de uma espécie nova”, conta Silva. “Posteriormente, uma análise molecular comparando o material genético de C. miltoni com o de espécies vizinhas também confirmou sua singularidade.”
O zogue-zogue-rabo-de-fogo ocorre em uma área de cerca de 4.921.540 hectares que vai do norte do Mato Grosso ao sul do Amazonas, entre os rios Aripuanã e Roosevelt.
Embora os pesquisadores ainda não tenham dados de campo a respeito do comportamento da espécie, os animais desse gênero costumam viver em pequenos grupos, de dois a seis indivíduos, que geralmente têm um filhote por ano (esses grupos, em geral, apresentam apenas uma fêmea reprodutiva).
Os Callicebus têm cerca de 30 centímetros de comprimento, possuem hábitos arborícolas e diurnos e a sua alimentação consiste principalmente de frutos.
“A região onde essa espécie se encontra sofre uma grande pressão do desmatamento causado por motivos diversos, como o corte seletivo de árvores para fins comerciais”, destaca o biólogo. “Obras para a construção de estradas e hidrelétricas na área também devem influenciar o status de conservação dessa espécie em longo prazo. Somente nos rios Aripuanã e Roosevelt, sete hidrelétricas estão previstas para serem implementadas nos próximos anos”, alerta.
O pesquisador ressalta a importância da realização de expedições científicas para se obter cada vez mais conhecimento sobre a nossa biodiversidade e, assim, permitir a elaboração de medidas de conservação. “Os primatas neotropicais estão entre os grupos de nossa fauna de que mais temos informações e ainda estamos nos surpreendendo com novos dados provenientes de trabalhos de campo”, comenta. “Se considerarmos grupos menos estudados, chegaremos à conclusão de que temos uma tarefa gigante pela frente, de proporções realmente amazônicas”, encerra o biólogo.
Everton Lopes
Ciência Hoje On-line
Silva: “A característica mais marcante da espécie é sua cauda avermelhada, cor de tijolo, por isso o nome ‘rabo de fogo’”
“A característica mais marcante da espécie é sua cauda avermelhada, cor de tijolo, por isso o nome ‘rabo de fogo’. Essa mesma coloração é encontrada ainda na região ventral do animal até a altura do pescoço”, descreve Felipe Ennes Silva, biólogo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá que participou da descoberta.
Para confirmar que era uma nova espécie, foram realizadas comparações de coloração da pelagem e de medidas do corpo e do crânio do animal com as de outras espécies do gênero.
“O padrão de coloração peculiar já foi suficiente para constatarmos que se tratava de uma espécie nova”, conta Silva. “Posteriormente, uma análise molecular comparando o material genético de C. miltoni com o de espécies vizinhas também confirmou sua singularidade.”
O zogue-zogue-rabo-de-fogo ocorre em uma área de cerca de 4.921.540 hectares que vai do norte do Mato Grosso ao sul do Amazonas, entre os rios Aripuanã e Roosevelt.
Embora os pesquisadores ainda não tenham dados de campo a respeito do comportamento da espécie, os animais desse gênero costumam viver em pequenos grupos, de dois a seis indivíduos, que geralmente têm um filhote por ano (esses grupos, em geral, apresentam apenas uma fêmea reprodutiva).
Os Callicebus têm cerca de 30 centímetros de comprimento, possuem hábitos arborícolas e diurnos e a sua alimentação consiste principalmente de frutos.
Já ameaçado
Apesar de recém-descoberto, o zogue-zogue-rabo-de-fogo já pode estar correndo risco de extinção. De acordo com Silva, a perda de hábitat é fator crítico para a manutenção da espécie.
Silva: “A região onde essa espécie se encontra sofre uma grande pressão do
desmatamento causado por motivos diversos, como o corte seletivo de
árvores para fins comerciais”
“A região onde essa espécie se encontra sofre uma grande pressão do desmatamento causado por motivos diversos, como o corte seletivo de árvores para fins comerciais”, destaca o biólogo. “Obras para a construção de estradas e hidrelétricas na área também devem influenciar o status de conservação dessa espécie em longo prazo. Somente nos rios Aripuanã e Roosevelt, sete hidrelétricas estão previstas para serem implementadas nos próximos anos”, alerta.
O pesquisador ressalta a importância da realização de expedições científicas para se obter cada vez mais conhecimento sobre a nossa biodiversidade e, assim, permitir a elaboração de medidas de conservação. “Os primatas neotropicais estão entre os grupos de nossa fauna de que mais temos informações e ainda estamos nos surpreendendo com novos dados provenientes de trabalhos de campo”, comenta. “Se considerarmos grupos menos estudados, chegaremos à conclusão de que temos uma tarefa gigante pela frente, de proporções realmente amazônicas”, encerra o biólogo.
Everton Lopes
Ciência Hoje On-line
Ney S. Monteiro
O PSDB prometeu votar a favor da reforma da Previdência, SE E QUANDO o PT votar pela aprovação.
A vigarice do PT e do governo é cobrar responsabilidade da oposição enquanto o PT vota contra e faz média com os parasitas dos "movimentos sociais".