Meio ambiente: Quando mudar pode deixar as coisas piores do que já estão
Com informações da New Scientist - 23/07/2018
Faca de muitos gumes
Todos conhecem as questões ambientais e sua urgência, e muitos já concordam em fazer sua parte.
Infelizmente, aderir à última moda no movimento ambientalista nem sempre é o caminho adequado para salvar o planeta.
Por exemplo, cortar a carne e os laticínios da sua dieta é uma abordagem válida para reduzir sua pegada ambiental, mas afastar-se do mundo animal não parece ser a melhor opção quando se trata do seu guarda-roupa.
Acontece que as alternativas para as peles e o couro podem simplesmente redirecionar os danos para as criaturas marinhas, porque essas alternativas são feitas de outro ecovilão: o plástico. Os indícios ainda são iniciais, mas apontam que, para o vestuário, alguns tecidos animais podem ser a escolha menos prejudicial para o meio ambiente.
Já se demonstrou também que trocar as sacolas plásticas descartáveis por uma sacola de algodão reutilizável só passa a fazer diferença depois que você a usar 131 vezes. Isso se deve à grande carga ambiental do algodão, que também é o grande responsável pela pegada ambiental das roupas, sem contar seu histórico devastador no uso de agrotóxicos.
Os biocombustíveis também têm sido largamente aclamados como uma alternativa ambientalmente correta aos derivados do petróleo, mas os dados mostram que cultivar plantas para transformá-las em combustível para carros leva ao desmatamento e ao aumento das emissões de carbono.
Trocamos as lâmpadas incandescentes, que gastavam muita energia, por lâmpadas fluorescentes compactas, mas nunca houve um estudo sobre o ciclo de vida dessa substituição, o que deveria ter incluído reciclar seu material eletrônico - o que já sabemos é que "democratizamos" o perigoso mercúrio por todo o planeta.
Também tentamos eliminar os gases usados em geladeiras e ar-condicionados que destroem a camada de ozônio, mas a emenda saiu pior do que o soneto, e os gases que salvaram camada de ozônio agora são acusados de ameaçar o clima, sem contar que também provocam chuva ácida.
Apenas análises iniciais sobre as propostas de geoengenharia, por sua vez, mostram que a geoengenharia climática vai afetar sobretudo os países mais pobres e pode ser um beco sem saída, já que não poderia ser interrompida.
Então o que devemos fazer? Continuar procurando alternativas. Dá trabalho, mas, a longo prazo, é a única escolha que vale a pena fazer.