Prezados,
Conforme
previsto, foi realizada no dia 24 de agosto, na Escola de Vargem Bonita a etapa
local da 5ª Conferencia das Cidades.
O evento
foi organizado pela SEDHAB com a colaboração da Administração Regional do Park
Way. Foi solicitado às Associações Comunitárias que ajudassem na divulgação do
evento.
Apesar do
inicio da reunião ter sido marcado para as 8 horas da manhã de um sábado, os
participantes eram numerosos. Segundo calculo feito pela Administração Regional
do Park Way mais de 140 pessoas compareceram ao evento.
Segundo
ainda a Administração Regional, a Conferência do Park
Way foi a que teve o maior numero de participantes, o que teria motivado,
inclusive, a vinda ao local do Secretário Magela, da SEDHAB.
Como
vocês sabem, nessa etapa local da Conferencia iriam ser discutidos três
tópicos: Habitação, Regularização Fundiária e Planejamento Urbano e
Desenvolvimento Territorial Sustentável. Ao se cadastrarem os participantes
deveriam escolher o tópico que gostariam de debater.
Logo na
entrada, ao me cadastrar, percebi a primeira irregularidade: Os organizadores
não estavam pedindo aos inscritos comprovante de residência para provar que eram moradores do Park Way.
Entendo
eu que esse "esquecimento" poderia facilitar a entrada no
recinto de votação de claques contratadas pelos empresários, a exemplo do que
ocorreu na ultima Conferencia das Cidades e na Conferencia da LUOS quando os
empresários contrataram pessoas para vaiar os moradores do Park Way que
defendiam a continuação da RA como um bairro exclusivamente residencial.
Com esse
receio, chamei a atenção do Administrador Regional e de um representante da
SEDHAB para o que eu considerava ser um
deslize da organização, mas nenhum dos dois deu a menor importância ao fato,
gerando nos participantes insegurança quanto à transparência do processo, a
ponto de ter havido , no decorrer dos trabalhos, questionamentos por parte dos
moradores.
Será que
a Administração Regional e a SEDHAB aprovam a contratação de claques para
desequilibrar as votações de forma a prejudicar os moradores???
Como
havia poucas pessoas interessadas no tópico Habitação, o mesmo se fundiu com
Regularização Fundiária e aqueles que queriam debater esses dois assuntos foram
encaminhados a uma das salas de aula da Escola de Vargem Bonita.
O nosso
grupo era o de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Territorial Sustentável. Fomos
agrupados no pátio da Escola. As pessoas inscritas nesse grupo puderam falar e
apresentar propostas dentro desse tema. Todas as propostas foram passadas a
limpo e resumidas para serem apresentadas ao final dos trabalhos à aprovação da
plenária.
Não resta
dúvida de que o trabalho foi árduo, num ambiente bastante quente,
principalmente no período da tarde, quando o sol adentrava o pátio,
parcialmente apenas protegido por uma cobertura de zinco.
Devido ao
grande numero de participantes e de propostas, o dia foi passando, o calor
aumentando, não houve pausa para o almoço e até os coffee breaks foram
encurtados numa tentativa de respeitar o horário fixado para o termino da
Conferencia, o que no final não foi possível. A reunião só terminou após
as 20 horas. Mais de 12 horas de duração!!!
Quando
acabaram as apresentações das propostas, todos os grupos se reuniram para a plenária quando seriam apresentadas e votadas todas as
propostas dos 3 tópicos debatidos.
Lamentavelmente
naquela altura muitos moradores já tinham ido embora, exaustos, esfomeados,
achando que tinham cumprido sua missão de defender o Park Way.
Os
representantes dos empresários, contudo não se retiraram, assim como os
representantes de chácaras irregulares. Formaram um bloco unido, coeso,
contrario as aspirações dos moradores que querem manter o Park Way como é
agora. Sem casas de festas e sem invasões.
Assim, nos
foi impossível, no fechamento das propostas, contra argumentar e/ou vetar
qualquer proposta apresentada pelos empresários, os quais, pela fusão com os
moradores irregulares e a partida dos moradores regulares, tinham se tornado
maioria.
Após a
aprovação das propostas começaram as votações para Delegados e para
Conselheiros do Conselho de Desenvolvimento Local. E essa foi a parte que eu
considero a mais irregular da Conferencia.
De acordo
com as regras pré-estabelecidas pela SEDHAB só poderiam votar e serem
votados os representantes de ONGS, do Poder Publico, do Setor de Pesquisa
Acadêmica, de Sindicatos, etc... Contudo, por não haver fiscalização da SEDHAB, os aliados dos empresários e dos
moradores irregulares se auto designaram representantes de ONGs, de Sindicatos,
de Associações, muitas das quais eu nunca ouvi falar. Não tinham de comprovar
tal filiação! Acho que se um empresário se declarasse representante oficial do
Papa a Sedhab aceitaria sua inscrição e de bom grado!
E a
escolha, que deveria ser feita através de votos, foi feita, naquela altura, por
uma plateia composta, na sua maioria, por aliados dos donos de casas de
festas, muitos dos quais não tinham sequer comprovado que moravam no Park
Way ou que representavam de fato algum segmento da sociedade civil.
Foi por
isso, pelo fato da votação ter ficado desequilibrada, que uma representante do
segmento de pesquisa acadêmica, a Cristina Costa Leite, moradora da quadra 17,
professora de geografia da UNB, com mestrado em gestão ambiental e doutorado em
educação perdeu a votação para Conselheira de Desenvolvimento Local para a dona
de uma escola irregular localizada no Park Way.
Espero
que a SEDHAB averigue as credenciais das pessoas que ganharam as eleições.
Comprove que a dona da escola tenha as credenciais necessárias a uma
representante do segmento de pesquisa acadêmica.
Mas mesmo
que isso seja feito com prudência e zelo, não validará as eleições, pois não
houve nenhum tipo de controle sobre os eleitores que não tiveram de comprovar
que eram realmente moradores do Park Way ou que eram representantes de ONGs, de
Conselhos ou de Sindicatos para votar.
Então,
embora a SEDHAB tenha afirmado que a 5ª Conferencia seria representativa dos moradores do Park Way o
resultado não foi representativo e os moradores voltaram para casa com a
sensação de terem sido mais uma vez enganados pelo Governo.
Atenciosamente,
Flavia
Ribeiro da Luz
Associação
Park Way Residencial
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