terça-feira, 30 de outubro de 2018

Florestas para água. Rodada de debates.

Nova York processa a gigante do petróleo Exxon por enganar investidores sobre clima



Nova York processa a gigante do petróleo Exxon por enganar investidores sobre clima


A procuradora-geral do Estado de Nova York, Barbara Underwood, impetrou na justiça esta semana uma ação contra a Exxon Mobil. A maior empresa de petróleo do mundo é acusada de enganar acionistas ao minimizar o risco do combate à mudança climática para seu negócio.
É mais um revés para a petroleira, que é investigada nos Estados Unidos por ter negado durante décadas a ligação entre petróleo e mudança do clima, que já era conhecida pelos cientistas da empresa desde os anos 1970.
Segundo um comunicado da procuradoria, a Exxon passou anos dizendo aos investidores que estava computando o custo cada vez mais alto das regulações climáticas em seu planejamento e na valoração de seus ativos. No entanto, prossegue a nota, a empresa “fez muito menos do que alegou, enganando os investidores sobre a verdadeira exposição financeira da companhia a regulações e políticas adotadas para mitigar os efeitos adversos da mudança do clima”.
A Exxon, por exemplo, vendia suas ações como um investimento seguro, tentando atrair investidores de longo prazo como fundos de pensão e empresas de seguro de vida. Segundo Underwood, a empresa “construiu uma fachada para convencer os investidores de que estava administrando os riscos da regulação climática quando, de fato, estava intencional e sistematicamente subestimando-os ou ignorando-os”.
A matemática do clima é implacável com as empresas de combustíveis fósseis. Se quiser evitar que o aquecimento global chegue a 2oC, como determina o Acordo de Paris, a humanidade não poderá emitir mais do que 500 bilhões de toneladas de gás carbônico daqui até o final dos tempos. Como a queima de combustíveis fósseis é a maior fonte de emissões do planeta, isso significa que a maior parte das reservas de hidrocarbonetos do mundo terá de ficar no subsolo, o que tem impacto direto sobre o futuro de empresas como a Exxon, a Shell e a brasileira Petrobras.
Neste mês, o IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, publicou um relatório que torna a realidade das petroleiras ainda mais dura: se a humanidade quiser evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5oC, terá de cortar 45% das emissões nos próximos 12 anos. Não há como fazer isso mantendo o ritmo atual de extração e uso de petróleo.
“A ação contra a Exxon tende a acender a luz amarela no mundo todo sobre o risco financeiro de continuar a investir em petróleo”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “O Brasil, que faz uma aposta arriscada nesse setor ao dar subsídios de centenas de bilhões de reais para a exploração do pré-sal até 2040, deveria prestar atenção a esse alerta e acelerar mudanças na Petrobras no sentido de uma economia de baixo carbono.”
Foto: ©Rex Curry/Greenpeace

Cientistas pedem proibição de agrotóxico que compromete saúde mental de crianças e aumenta risco de autismo


Cientistas pedem proibição de agrotóxico que compromete saúde mental de crianças e aumenta risco de autismo


“Temos evidências claras de dezenas de estudos em seres humanos de que a exposição de mulheres grávidas a níveis muito baixos de pesticidas organofosforados colocam crianças e fetos em risco de problemas de desenvolvimento que podem durar a vida inteira”, denuncia Irva Hertz-Picciotto, pesquisadora do UC Davis Environmental Health Sciences Centre e autora principal de um artigo que acaba de ser divulgado na publicação científica Plos Medicine.


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“É hora de proibir não apenas o clorpirifós, mas todos os organofosforados”, ressalta a cientista.
A classe de pesticidas chamada de organofosforado (organophosphate – OP – , em inglês) foi desenvolvida nas décadas de 1930 e 1940, originalmente como um agente de gás nervoso humano, mas depois adaptado, em doses menores, para ser utilizado como inseticida.
O novo estudo revela é que o uso indiscrimado deste tipo de agrotóxico compromete a saúde mental de crianças do mundo inteiro, sobretudo, em países em desenvolvimento. Testes comprovam que a exposição a essa substância química, mesmo em doses baixas, acarreta em redução de QI e de memória e pode aumentar os riscos do déficit de atenção, assim como, aquele de ocorrência de autismo.
E não é só. Em doses mais altas, os pesquisadores afirmam que os organofosforados podem levar à morte.
O grupo de cientistas americano é enfático em salientar a necessidade da proibição urgente desses agrotóxicos.
Só na Europa, estima-se que mais de 10 mil toneladas de organofosforados sejam empregados na lavoura por ano e um volume ainda maior nos Estados Unidos. Todavia, muitos desses produtos já foram banidos nesses lugares, entre eles, o terbufó, o qual foi associado com o aparecimento de leucemia, câncer de pulmão e linfoma de non-Hodgkin. Na Europa, os principais fabricantes de organofosforados são Bayer-Monsanto, Syngenta e DuPont.
Em seu site, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pelo controle e liberação de agrotóxicos no Brasil, afirma que apenas os organofosforados com ingredientes ativos F15 – Forato, M10 – Metamidofós e T21 – Triclorfom não têm seu uso permitido no país.

Veneno no prato e no ar

Em julho deste ano, noticiamos aqui, no Conexão Planeta, a publicação de um relatório, feito pela Human Rights Watch que denunciava as falhas para proteger as populações de comunidades rurais brasileiras expostas à dispersão de pesticidas.
De julho de 2017 a abril de 2018, a organização entrevistou 73 pessoas afetadas pela utilização de agrotóxicos em sete zonas rurais, nas cinco regiões do Brasil, incluindo comunidades indígenas e quilombolas e escolas rurais.
Segundo o relatório, em todos estes lugares os entrevistados descreveram sintomas relacionados com a intoxicação aguda por agrotóxicos após verem pulverização dos mesmos nas proximidades ou sentirem o cheiro deles recentemente aplicados em plantações próximas. Os sintomas incluíram sudorese, frequência cardíaca elevada e vômitos, além de náusea, dor de cabeça e tontura.
O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Por ano, o setor comercializa algo em torno de US$ 10 bilhões. Em 2014, a estimativa era de que cerca de 7,5 quilos de pesticidas foram usados, por pessoa, no país. Entre as dez substâncias mais utilizadas por aqui, quatro são proibidas na Europa.
Se já não fosse o suficiente, há um projeto de lei tramitando em Brasília, o chamada #PLdoVeneno, que quer facilitar ainda mais o registro dos agrotóxicos. A sociedade civil está mobilizada para tentar barrar este absurdo, mas no final de junho, os integrantes da Comissão Especial que julga o PL 6299/2002 se reuniram a portas fechadas e aprovaram o texto, que será agora discutido no plenário.
De acordo com as Nações Unidas, 200 mil pessoas morrem anualmente devido à intoxicação por agrotóxicos – 99% dos casos acontecem em países pobres.
Foto: domínio público/pixabay

Aquecimento Global: Estresse térmico reduzirá a produtividade no trabalho

Aquecimento Global: Estresse térmico reduzirá a produtividade no trabalho


O estresse térmico afeta a saúde dos trabalhadores e reduz a produtividade do trabalho, alterando o ambiente de trabalho ambiental, levando a perdas econômicas.

Institute of Atmospheric Physics, Chinese Academy of Sciences*
Quantificar o impacto do estresse térmico na produtividade do trabalho continua sendo um problema para a pesquisa científica e a formulação de políticas.
Nos últimos anos, pesquisas baseadas em estudos de ciências sociais foram bem aplicadas para quantificar o impacto do estresse térmico na capacidade de trabalho. No entanto, os inquéritos anteriores foram principalmente para países desenvolvidos. O número de amostras era geralmente muito pequeno (centenas ou até dezenas) e não era adequado para identificar as diferenças regionais em todo o mundo. O padrão mundial de perda de produtividade relacionada ao calor (WPL) permaneceu incerto.
Recentemente, YU Shuang, XIA Jiangjiang e YAN Zhongwei do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências, juntamente com colegas da China e do Reino Unido, sintetizaram 4363 respostas a uma pesquisa global online em 2016, a mais ampla pesquisa global sobre o efeito de estresse térmico na WPL atualmente disponível, a fim de quantificar os efeitos do estresse térmico na produtividade do trabalho em diferentes países para o ano.
Os resultados da pesquisa mostram que o WPL relacionado ao calor no ano foi de 6,6 dias para os países em desenvolvimento e de 3,5 dias para os países desenvolvidos. O WPL relacionado ao calor tem correlação negativa significativa com o PIB per capita (cc = -0,63), indicando que o WPL é inversamente proporcional ao nível de desenvolvimento. Eles identificaram as regiões de vulnerabilidade a ondas de calor que poderiam ter sido negligenciadas no passado, especialmente as regiões do Cinturão Econômico da Rota da Seda, como a Ásia Central e o norte da Europa, devido à adaptabilidade relativamente baixa ao calor. A onda de calor é um dos mais graves desastres meteorológicos em termos de perdas econômicas na região do Cinturão e da Estrada.

Um padrão mundial de perda de produtividade relacionada ao calor (em dias) para 2016, com base em uma pesquisa on-line com 4043 amostras válidas. (Imagem de YU Shuang)
Um padrão mundial de perda de produtividade relacionada ao calor (em dias) para 2016, com base em uma pesquisa on-line com 4043 amostras válidas. (Imagem de YU Shuang)

Eles ainda estimaram o WPL para o futuro nos cenários de Representative Concentration Pathways (RCPs) (trajetória de concentração de gases de efeito estufa adotada pelo IPCC e visa representar as diferentes mudanças de concentração atmosférica e os futuros climáticos). Quando o aquecimento global atinge 1,5, 2, 3 e 4 ° C, respectivamente, a média de WPL será 9 (19), 12 (31), 22 (61) e 33 (94) dias para países desenvolvidos (em desenvolvimento). Países do Sudeste Asiático em um mundo de aquecimento a 1,5 ° C sofreriam a mesma perda que os países desenvolvidos teriam em um mundo aquecido a 4 ° C. Isso mostra, quantitativamente, a grave situação que os países em desenvolvimento enfrentariam sob o aquecimento global.
“As ondas de calor certamente impactam mais seriamente os países em desenvolvimento em geral, mas nosso estudo estimou quantitativamente quanta onda de calor reduziria a produtividade e identificaria as regiões mais vulneráveis do mundo”. YU Shuang disse: “Nossos resultados chamam a atenção para a necessidade de adaptação ao aumento das ondas de calor, melhorando a infra-estrutura de proteção, especialmente para as regiões em desenvolvimento”
Referência:
Loss of work productivity in a warming world: Differences between developed and developing countries
Yu Shuang et al
Journal of Cleaner Production
Volume 208, 20 January 2019, Pages 1219-1225
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.10.067

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2018
"Aquecimento Global: Estresse térmico reduzirá a produtividade no trabalho," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/10/29/aquecimento-global-estresse-termico-reduzira-a-produtividade-no-trabalho/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Projeto Pró-Espécies realiza Análise de Efetividade das Medidas de Conservação para Espécies Ameaçadas

Projeto Pró-Espécies realiza Análise de Efetividade das Medidas de Conservação para Espécies Ameaçadas


26 Outubro 2018   |   0 Comments
Por Mariana G. Menezes

Brasília, 26 de outubro de 2018
. A Estratégia Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção – Pró-Espécies realizou, de 15 a 19 de outubro, a 2º Oficina de Análise de Efetividade dos Instrumentos de Conservação para a Fauna e Flora. Em setembro deste ano também foi realizada a oficina de Invertebrados Terrestres e Aquáticos Continentais. A reunião, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, contou com a participação de especialistas em flora e fauna de órgãos ambientais e pesquisadores acadêmicos.
 
A apresentação da metodologia de análise teve como objetivo validar, refinar e alinhar esforços para gerar uma visão estratégica nas ações de conservação de espécies ameaçadas de extinção que ainda carecem de instrumentos para sua proteção. 

A Estratégia Nacional considerou instrumentos de conservação e sua efetividade para a proteção das espécies e seus habitat, como Unidades de Conservação e outras áreas protegidas, Planos de Ação Nacional (PANs), regulamentação relacionada às cavernas, medidas de ordenamento pesqueiro, convenções internacionais, etc. 
Os especialistas, além de aplicarem a metodologia para avaliação dos níveis de proteção das espécies, contribuíram com considerações para dar mais enfoque e robustez aos indicadores utilizados na metodologia, considerando as particularidades de cada grupo taxonômico.

Após a aplicação e o aprimoramento da metodologia espera-se um maior entendimento das necessidades de cada espécie ameaçada de extinção, indicando as urgências e prioridades de ação para a conservação. O projeto Pró-Espécies tem como meta estabelecida que, até 2022, todas as espécies criticamente em perigo estejam cobertas por algum instrumento de conservação.


Sobre o projeto Pró-Espécies

A Estratégia Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies – Todos contra a extinção) é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA), financiada pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund). Coordenada pelo Departamento de Conservação e Manejo de Espécies (DESP/MMA), é implementada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) sendo o WWF-Brasil a agência executora dos recursos. 

O projeto Pró-Espécies tem como objetivo adotar ações de prevenção, conservação, manejo e gestão para minimizar as ameaças e o risco de extinção de espécies integrando união, estados e municípios na implementação de políticas públicas em pelo menos 12 áreas-chave de 13 estados (MA, BA, PA, AM, TO, GO, SC, PR, RS, MG, SP, RJ e ES), que totalizam 9 milhões de hectares. 

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e órgãos estaduais de Meio Ambiente dos estados supracitados são parceiros do projeto.

El País (Espanha) – Una nueva amenaza se ciñe sobre la Amazonia

El País (Espanha) – Una nueva amenaza se ciñe sobre la Amazonia


Marina Rossi

Son tiempos especialmente convulsos en estas tierras de la selva amazónica que atraviesa en una camioneta Almir Narayamoga Suruí, rumbo a Siete de Septiembre, una reserva indígena protegida. Es allí donde vive su pueblo, los Suruí Paiter. “Tenemos miedo”, dice Suruí, de 44 años, cuando se le menciona al candidato Jair Bolsonaro, favorito a la presidencia de Brasil.

Durante la campaña, el ultraderechista ha proclamado reiteradamente que acabará con “el activismo ambiental” y con la “industria de demarcación de tierras indígenas”. Las declaraciones resultan desoladoras en un país que dejó de registrar oficialmente las tierras de los pueblos originarios hace unos pocos años, y donde los asesinatos de activistas se han multiplicado. “Sus palabras de odio pueden representar un retroceso para nosotros”, sentencia.

Las aldeas de Siete de Septiembre —en tierras entre los Estados de Rondônia, en el noroeste, y Mato Grosso, centro-oeste— son un campo de batalla del pulso formidable entre los intereses indígenas y medioambientales y los del sector agrario-ganadero. Aquí los habitantes originarios ya perciben señales de retrocesos en la disputa para preservar su territorio, que está cada vez más rodeado por invasores. Hace un mes, el área fue objeto de una operación de la Policía Federal con el Instituto Brasileño de Medio Ambiente (Ibama) contra la explotación ilegal de madera. Según la policía, troncos de madera noble, como caoba y lapacho, eran talados y cortados en aserraderos próximos a las reservas indígenas de los Suruí Patier, y también en una reserva vecina. Un equipo de EL PAÍS visitó la región esta semana y vio varios aserraderos en la zona funcionando a todo gas.

La madera robada de allí era transportada a un depósito donde los troncos son regularizados con documentación falsa. La operación policial había alejado a los madereros temporalmente. Pero regresaron; siempre vuelven. “Yo no pensé que sería tan rápido”, lamenta Almir Suruí, en medio de una pila inmensa de troncos talados. Muchos campamentos de ladrones de madera ni siquiera fueron desmantelados, y el rastro de basura y ropa en medio del bosque evidencia la presencia reciente de quienes explotan la selva.

La zona de Siete de Septiembre es el punto del territorio que suman Rondônia y Mato Grosso donde más ha crecido recientemente la deforestación ilegal. En los últimos tres años, la devastación aumentó un 77% en la reserva, según el Instituto de Conservación y Desarrollo Sostenible de la Amazonia. Además de la explotación maderera, hay registros de invasiones y actividades ligadas a la búsqueda de oro y diamantes.

“La actividad [de explotación] es intensa, compensa financieramente. El beneficio es muy alto y el riesgo es bajo, porque los organismos ambientales están faltos de recursos”, afirma una fuente vinculada a las tareas gubernamentales de fiscalización del medio ambiente. En los últimos cinco años, el presupuesto del Ministerio de Medio Ambiente, el Instituto Chico Mendes para la Biodiversidad y otros organismos fiscalizadores cayó 1.300 millones de reales (300 millones de euros), según un estudio de la ONG Cuentas Abiertas WWF-Brasil.

Sin dinero para fiscalizar y castigar, el futuro para la Amazonia se antoja muy preocupante. No se aplican las leyes que consideran delito la tala en tierras protegidas. “La extracción de madera va a aumentar drásticamente porque quien es atrapado es tratado como un trabajador y no como un traficante de madera. Pero tiene un beneficio tan alto como el tráfico, y recibe apoyo político”, afirma la misma fuente. Al ganar en la primera vuelta, Bolsonaro ya dejó claras sus intenciones: “Vamos a acabar con la industria de multas del Ibama”. Y prometió fusionar los ministerios de Medio Ambiente y Agricultura. Ahora dice que está abierto a negociar.

Acuerdo del clima

Aunque cambie de postura si gana, sus palabras golpean de lleno el ya incierto derecho de los indígenas. Arildo Gapane Suruí, de 29 años y uno de los líderes, teme las amenazas: “Con esas palabras, respalda las acciones de quienes tienen intereses sobre la Amazonia”. “Los intereses van a aumentar y las amenazas también, y ¿ante qué órgano vamos a denunciar esas acciones, si quiere cerrarlos?”, se pregunta.

Las tierras de los Suruí Patier estás rodeadas por pastos de ganado punteados por muchas iglesias, la inmensa mayoría evangélicas. Reproducen sobre el terreno la alianza en el Congreso entre los grupos conocidos como de la biblia y del buey, los diputados que defienden intereses religiosos y de los ruralistas. La liberalización de las armas que defiende el grupo de la bala —con el que forman la triple B, el ala más conservadora de la Cámara— podría elevar aún más la tensión. Con poca representatividad en el Congreso de Brasilia, los intereses de quienes defienden la selva son dejados de lado.

En los últimos 30 años, la deforestación en la Amazonia sumó un área equivalente a la de Suecia. Solo entre agosto de 2017 y el mismo mes de este año, la tala aumentó en un 40%, impulsada por invasiones, caza, pesca y la toma de tierras públicas. El estrago no fue mayor porque raramente el derribo masivo de árboles ocurre en territorios indígenas, que pertenecen por ley al Gobierno Federal. Esas áreas suelen ser vigiladas también por órganos de protección al medio ambiente y encuentran en la cultura nativa, basada en plantío y caza de subsistencia, una agresión ambiental menor. Más vírgenes y ricos en minerales, esos territorios están fuertemente codiciados.

Datos del Instituto Nacional de Investigaciones Espaciales sugieren que la deforestación se ha acelerado en la precampaña: en julio, agosto y septiembre creció un 61% en la región frente al mismo trimestre del año pasado. Thiago Mendes, secretario de Cambio del Clima y Bosques del Ministerio de Medio Ambiente, lo confirma: “Hay una percepción de que la imposición de multas puede poner en riesgo votos o financiación de campaña o dificultar alianzas políticas futuras”, dice. “Por eso, a veces el poder público local disminuye un poco la fiscalización en esos períodos, y la deforestación acaba aumentando”.

El nuevo presidente no puede cerrar los ojos. Brasil, como signatario del Acuerdo de París, firmó el compromiso de reducir la emisión de gases de efecto invernadero en un 37% para 2025. El país es el séptimo mayor emisor. “Lo que los árboles que están dentro de las áreas indígenas quitan de CO2 contribuye con un volumen de reducción de emisión muy significativo”, apunta Mendes.

Le Monde (França) – Elections au Brésil : le bulldozer comme programme écologique pour Jair Bolsonaro

MEIO AMBIENTE E ENERGIA


Le Monde (França) – Elections au Brésil : le bulldozer comme programme écologique pour Jair Bolsonaro


27/10/2018

Par Charlotte Chabas

« Explosion de la déforestation », « facilitation de l’utilisation des pesticides », « élimination des licences environnementales », « dénigrement des militants écologistes »… C’est une mise en garde inédite, publiée par une trentaine de réseaux et organisations de la société civile brésilienne, à quelques jours du second tour de l’élection présidentielle. Dans ce « manifeste », ils estiment que plusieurs propositions des candidats « mettent en danger des décennies d’avancées en matière de protection de l’environnement ».

Dans leur viseur, sans jamais le nommer, il y a surtout un homme. Le favori du scrutin de dimanche 28 octobre, arrivé en tête du premier tour avec 46,1 % des voix. Dire que Jair Bolsonaro, du Parti social-libéral (PSL), inquiète les défenseurs de l’environnement est un euphémisme. Car ce militaire n’a pas manqué de montrer le peu de cas qu’il fait des préoccupations environnementales.

« Moins de Brasilia, plus de Brésil »

Le programme de Jair Bolsonaro est aussi succinct que mouvant – il n’a cessé d’affirmer des choses puis de se dédire. Il est construit sur « une méfiance de tout ce qui relève de l’administration et de la régulation et pourrait constituer un frein pour le développement du pays », résume Laurent Vidal, professeur d’histoire du Brésil et des Amériques à l’université de La Rochelle. « Moins de Brasilia, plus de Brésil » est d’ailleurs l’un des slogans de campagne du candidat du PSL. Le mois dernier, en déplacement à Porto Velho, le candidat s’est ainsi insurgé : « Vous voulez détruire un arbre déjà mort et ça vous prend dix ans pour obtenir l’autorisation. »

Jair Bolsonaro entend réduire drastiquement le pouvoir des grandes agences publiques environnementales, qu’il juge sclérosantes. Parmi elles, l’Institut brésilien de l’environnement et des ressources naturelles renouvelables (Ibama), qui délivre notamment les permis miniers et forestiers, risque de se voir dépossédée de tout pouvoir. En outre, les procédures pour délivrer des permis devraient être accélérées, avec un « délai maximum de trois mois », a promis le candidat d’extrême droite.

La présidente de l’Ibama, Suely Araujo, a rétorqué que « l’implantation de projets à fort impact environnemental sans l’analyse nécessaire représenterait un retour en arrière de quatre décennies ». Un constat qui réjouit le candidat, qui dit vouloir en finir avec « l’industrie des amendes ».

Le ministère de l’écologie au « secteur productif »

Surtout, l’une des promesses de campagne les plus controversées du grand favori de la présidentielle est de fusionner les ministères de l’agriculture et de l’environnement. Un procédé largement dénoncé par ses adversaires politiques, qui voient dans la manœuvre un cadeau aux lobbyistes de l’agro-business. « La fusion de ces deux ministères enlève beaucoup de problèmes à la classe productrice du secteur », a justifié le candidat.

Dans leur manifeste, les associations écologistes expliquent craindre une « subordination des prérogatives environnementales au secteur agricole », qui « générerait des conflits d’intérêts insurmontables et mettrait en péril quatre décennies de progrès en matière de protection de l’environnement ». Le lobby de l’agro-négoce, la bancada ruralista, s’était déjà fait remarquer dernièrement pour avoir lancé une proposition de loi visant à faciliter l’usage et la mise sur le marché de nombreux pesticides et désherbants. En cas de victoire de Jair Bolsonaro, le texte devrait rapidement passer au vote du Congrès.

« Que ce soit bien clair : le futur ministre sera issu du secteur productif. Nous n’aurons plus de bagarres à ce niveau-là », a ainsi affirmé Jair Bolsonaro durant la campagne. Depuis, son conseiller en matière d’agriculture a pourtant laissé entendre mercredi 24 octobre que le candidat du PSL pourrait revenir sur ce choix.

Le programme de M. Bolsonaro peut encore évoluer mais le changement de ton est loin d’être anecdotique, dans ce pays observé de près par les organisations internationales. Car le Brésil n’est pas un pays comme les autres en matière d’environnement. Il abrite les trois cinquièmes de la surface de l’Amazonie, la plus grande forêt tropicale au monde et le plus important réservoir d’espèces, considérée comme l’une des meilleures défenses naturelles contre le réchauffement climatique grâce à ses arbres qui absorbent une gigantesque quantité de dioxyde de carbone.

En finir avec l’« activisme écologiste chiite »

Mais le terme de « poumon de la planète » est vivement rejeté par Jair Bolsonaro, qui y voit là une tentative d’ingérence de la part des puissances internationales. Le favori du scrutin présidentiel entend bien rester sur cette ligne, et son adversaire au second tour, le candidat du Parti des travailleurs, Fernando Haddad, a mis en garde : « S’il est élu, ce sera le début de la fin pour l’Amazonie. »

En février, le candidat d’extrême droite avait affirmé : « Si j’assume le pouvoir, l’Indien n’aura plus un centimètre de terre », sans que l’on sache s’il s’adresse aux démarcations de terres indigènes à venir ou existantes. « L’Indien ne veut pas de terre, il veut de la dignité », a ajouté le candidat d’extrême droite.

Les réserves indigènes représentent environ 13 % du territoire brésilien. Elles sont une des meilleures protections contre la déforestation. A en croire Jair Bolsonaro, qui a multiplié les sorties racistes, elles seraient un frein au développement économique du pays. Le credo du candidat d’extrême droite est d’en finir avec l’« activisme écologiste chiite ». Dans son vocabulaire, « chiite », vidé de son sens religieux, est synonyme de radicalisme.

Jair Bolsonaro a évoqué la reprise de certaines études pour la construction de centrales hydroélectriques en Amazonie, qui impliquent la construction de barrages, avec un fort impact sur les cours d’eau et le déplacement de populations. Un dossier sensible, qui a provoqué par le passé des mobilisations populaires d’ampleur et de violents affrontements entre policiers et membres de tribus indiennes. Symbole de ces crispations : le projet de Belo Monte, centrale en cours de construction, avec un barrage qui sera le troisième plus grand au monde.

Pour obtenir gain de cause quant à ses plans amazoniens, Jair Bolsonaro a un levier : une possible sortie de l’accord de Paris sur le climat. Début septembre, le candidat avait menacé de quitter ce cadre de régulation si la « souveraineté nationale » était engagée. Comme Donald Trump aux Etats-Unis.

Depuis, le candidat a nuancé sa position. « Si on m’écrit noir sur blanc » qu’il n’est pas question de « triple A, pas plus que de l’indépendance d’une quelconque terre indienne, je maintiens [le Brésil dans] l’accord de Paris », a déclaré le représentant de l’extrême droite jeudi lors d’une conférence de presse à Rio de Janeiro. Le triple A est un projet de couloir écologique transnational allant des Andes à l’océan Atlantique en traversant l’Amazonie. Il prévoit la création d’une vaste zone de protection environnementale reliant parcs naturels, réserves indiennes et espaces naturels de biodiversité.

« Le seul enjeu national »

S’il continue de jouer sur tous les tableaux, le militaire de réserve pourra se targuer d’avoir réussi à « faire de l’écologie la grande absente » de la campagne et de son programme, note Laurent Vidal. Le pays avait pourtant montré depuis quinze ans des signes de bonne volonté en la matière, réduisant de près de moitié ses émissions de gaz à effet de serre et passant des lois pour préserver sa biodiversité. C’est d’ailleurs grâce au Sommet de la terre, organisé en 1992 à Rio, que le géant d’Amérique du Sud avait gagné du galon sur la scène politique internationale.

« On assiste à un repli identitaire du pays, qui fait que pour toutes les questions, et notamment environnementales, la réponse est de se focaliser sur le seul enjeu national », se désole l’enseignant-chercheur.