Política
Sem liderar as pesquisas em seu Estado natal, o candidato do PSDB à Presidência refaz as contas para chegar ao segundo turno
Acompanhado do candidato a governador Pimenta da Veiga,
Aécio Neves faz comício de campanha em Belo Horizonte, MG - 19/09/2014
A intenção sempre foi abrir grande vantagem sobre Dilma Rousseff em Minas - segundo maior colégio eleitoral do país e governado pelo PSDB há doze anos - para garantir as chances na votação nacional.
Leia também:
Aécio: 'Irregularidades na Petrobras são crime de lesa-pátria'
Pessimildo x Otimildo: por que o governo dá boas razões para temer o pior
"Não é possível, mudou o cenário, é outra eleição. A previsão era com o Eduardo (Campos) na disputa, ele teria em Minas o que o Aécio tem em Pernambuco (3%)", justifica Pestana, que lembra que Marina venceu em Belo Horizonte nas eleições de 2010.
Mesmo com a recuperação nas últimas pesquisas, os números ainda são modestos se comparados com os planos feitos pelos tucanos. A última pesquisa Datafolha no Estado mostra Aécio com 26%, enquanto Marina Silva tem 25% e Dilma 33%.
O Ibope desta semana mostra um quadro um pouco melhor para o ex-governador de Minas, que aparece com 29%, atrás apenas de Dilma (33%); Marina tem 22%.
No primeiro semestre de 2014, era comum ouvir de tucanos mineiros que o Estado - principal vitrine de Aécio e que foi governado pelo PSDB por 16 anos nas últimas duas décadas - era o trunfo para a vitória do neto de Tancredo. Projetava-se uma diferença de 3 milhões de votos para Dilma Rousseff, que significa cerca de 20% dos mais de 15 milhões de eleitores.
Leia também:
Marina compara IBGE à Petrobras após erro em pesquisa
A emoção vai ao palanque
Marina busca apoio de empresários do agronegócio ignorados por Dilma
Mais que governar, Aécio venceu em Minas três eleições de forma arrebatadora. Duas vitórias no primeiro turno para o governo do Estado - com 57% e 77% dos votos - e uma eleição para o Senado, quando Aécio teve 7,5 milhões de votos e ele elegeu também seu aliado Itamar Franco, deixando o petista Fernando Pimentel fora da disputa.
"Ele superestimou a capacidade dele em Minas, subestimou a capacidade do próprio governo e não olhou adequadamente para 2012. A eleição de 2012 já mostrava sinais de desgaste, o PSDB perdeu prefeituras importantes no Estado", explica o cientista político.
A esperança do PSDB no Estado é que a reação esboçada por Aécio nas últimas pesquisas em território nacional traga de volta para o tucano, oposição mais tradicional ao PT, os eleitores que migraram para Marina Silva no chamado voto útil. "Há um sentimento majoritário em Minas contra o PT. Quando a Marina despontou em segundo lugar, as pessoas migraram", afirma Pestana, que tem a esperança de que uma reação de Aécio traga de volta para o tucano, oposição mais tradicional ao PT, os que migraram para Marina no chamado voto útil.
Desde que perdeu espaço para Marina Silva, Aécio passou a se dedicar mais a Minas Gerais. Sua presença no Estado e no programa eleitoral de Pimenta da Veiga se intensificaram e sua irmã, Andréa Neves, considerada estrategista importante para os tucanos, passou a se dedicar mais ao Estado.
"Agora o Aécio está mais presente no programa do Pimenta, nas publicidades do Pimenta e do Anastasia. Há um momento novo e, dependendo das próximas pesquisas, na hora que o pessoal perceber a chance da virada do Aécio, isso vai ser uma grande motivação aqui em Minas", disse Pestana.
(Com Estadão Conteúdo)