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Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, depondo na CPI do Petrolão no Congresso. (foto: Veja) | | |
Em
depoimento de cinco horas na CPI da Petrobras, o delator Pedro Barusco,
ex-gerente de Serviços da estatal, voltou a colocar as contas do PT no
centro do escândalo de corrupção: ele afirmou à comissão que foram
solicitados 300.000 reais do megaesquema de lavagem de dinheiro para
serem injetados na campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010.
Aos
parlamentares, Barusco repetiu o que havia afirmado em delação premiada à
Justiça: Renato Duque, que exercia a função de diretor de Serviços da
Petrobras, fez o pedido de dinheiro diretamente à empresa holandesa SBM
Offshore. "Foi solicitado à SBM um patrocínio de campanha, só que não
foi dado por eles diretamente. Eu recebi o dinheiro e repassei num
acerto de contas em outro recebimento. Foi para a campanha presidencial
2010 ao PT", afirmou.
Embora
tenha afirmado não ter tratado diretamente de indicações políticas com
os diretores da Petrobras, o executivo afirmou que, internamente, "havia
rumores que o PT, através de José Dirceu, teria indicado Renato Duque, e
que o PP, através do deputado José Janene, havia indicado o Paulo
Roberto".
O
depoimento de Barusco comprova o envolvimento direto do tesoureiro do
PT, João Vaccari Neto, no esquema de corrupção da Petrobras. Em acordo
de delação premiada, o executivo já havia apresentado uma estimativa de
Vaccari ter recebido de 150 milhões de dólares a 200 milhões de dólares
em propina entre 2003 e 2013.
"Como na divisão da propina cabia ao PT
receber o dobro ou um pouco mais, eu estimo que o partido deve ter
recebido o dobro do que eu", afirmou. "Eu sei que existia uma reserva de
propina para o PT receber", continuou. No acordo de delação premiada,
Barusco aceitou devolver à Justiça 97 milhões de dólares de dinheiro
ilegal.
Nos
corredores da Petrobras, Vaccari era conhecido como um dos operadores da
propina, ao lado dos empresários Mário Goes e Shinko Nakandakari. O
tesoureiro, conforme detalhou Barusco nesta terça-feira, chegou a se
encontrar com os diretores para negociar os pagamentos na própria
estatal. "Vemos aí o tesoureiro do PT se reunindo com diretores para
colher doações ao partido. É um verdadeiro assalto à Petrobras", afirmou
o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), durante a sessão.
Vaccari
também pegou dinheiro do Gasene, uma rede gasoduto construída entre o
Rio de Janeiro e a Bahia. As obras foram questionadas pelo Tribunal de
Contas da União (TCU). "Eu sei que a propina foi destinada a mim, ao
Duque e à parte relativa ao PT. A gente sempre combinava esse tipo de
assunto com o Vaccari. Ele era o responsável", disse o ex-gerente da
Petrobras. O delator deixou claro que a participação de Vaccari não era
por conta própria, mas sim em nome do partido. "O rótulo era PT",
resumiu.
"Eu não
sei quem deu procuração para o Vaccari atuar nas empreiteiras, mas o
fato é que ele atuava. Os empresários todos o conheciam. Ele tinha
interlocução com todos", afirmou Barusco. O executivo também disse que
encontrava Vaccari e Duque normalmente nos hoteis Windsor Copacabana e
Sofitel Sena Madureira, no Rio de Janeiro, e no Meliá em São Paulo.
Barusco detalhou ainda o clima de naturalidade na negociação de
pagamento de propina: "Com os empresários, Vaccari e Duque, eram
conversas negociais. Não houve extorsão nem
ROUBALHEIRA TEVE INÍCIO
NO GOVERNO LULA, AFIRMA BARUSCO.
O
delator Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da Petrobras, fala nesta
terça-feira à CPI que investiga o esquema de corrupção na estatal.
Segundo ele, a corrupção da Petrobras foi "institucionalizada" a partir
de 2003 ou 2004, já no governo Lula. Como já havia feito em seu acordo
de delação premiada, Barusco reconheceu que recebeu propina em 1997 da
holandesa SBM Offshore, mas afirmou que agiu por "iniciativa pessoal"
junto com o representante da empresa.
O
relator da CPI, o petista Luiz Sérgio (PT-RJ), foi o primeiro a fazer
perguntas e quis saber quando o esquema mais amplo de corrupção se
instalou:
"A forma mais ampla, em contato com outras pessoas da
Petrobras, de uma forma mais institucionalizada, foi a partir de 2003,
2004. Não sei precisar exatamente a data, mas foi a partir dali",
afirmou o ex-gerente.
Barusco disse aos parlamentares que sua ascensão na Petrobras nunca dependeu de indicações políticas. Clique AQUI para ler TUDO