domingo, 26 de outubro de 2014

O Brasil perdeu.


Blog do Coroneldomingo, 26 de outubro de 2014

O Brasil perdeu.

Basta olhar o mapa das eleições. O Brasil perdeu. O Brasil escravizado pela Bolsa Família, que é a eternização da miséria. O Brasil perdeu. Perdeu para a sordidez, a calúnia, a mentira, a injúria. O Brasil perdeu. Perdeu para a corrupção e a roubalheira do dinheiro público. Há muito a lamentar. Mas o Brasil é este país assim. Vamos continuar na oposição, mas, por favor, a partir de agora uma oposição de verdade, sem negociação. É o que tenho a dizer, além de cumprimentar Aécio Neves, que foi um grande candidato. Um verdadeiro herói. Amanhã é outro dia. Estaremos aqui ao lado de vocês. Como sempre. Um abraço e viva o Brasil. Mesmo esse Brasil. 
 

Youssef foi envenenado?A morte do prefeito Celso Daniel, de Santo André, responsável pela coordenação da campanha de Lula, nunca foi esclarecida.

PF nega envenenamento do doleiro que acusa Lula e Dilma de saberem de tudo sobre a roubalheira na Petrobras.

A Polícia Federal divulgou nota na noite desde sábado na qual diz que são "infundadas as informações de possível envenenamento" do doleiro Alberto Youssef, delator do esquema de corrupção na Petrobrás. Ele passou mal na manhã de sábado e foi transferido da superintendência da PF no Paraná, onde esta preso, para a UTI do hospital Santa Cruz em Curitiba, Paraná. 
Na nota, a PF informa que o doleiro teve uma "forte queda de pressão arterial causada por uso de medicação no tratamento de doença cardíaca crônica". Esta é a terceira vez que ele necessita de atendimento médico de urgência após sua prisão pela Operação Lava Jato. 
Essa última internação ocorre depois de a revista Veja revelar que o doleiro acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff de terem conhecimento do esquema que desviou R$ 10 bilhões da Petrobrás. 

JOEDSON ALVES/Estadão
Youssef está preso acusado de envolvimento em lavagem de dinheiro descoberto nas investigações da Operação Lava Jato

O Estado teve acesso a documento que seria o boletim médico da internação de Youssef no início da tarde de sábado. O documento informa que o paciente, de 47 anos, foi encaminhado ao hospital após apresentar "episódio de síncope ao descer do beliche onde estava deitado, evento precedido de tonturas e turvação visual." No boletim não há menção ao termo envenenamento. Esta escrito: "sincope à esclarecer; hipertensão arterial, arritmia cardíaca? e DAC com IAM prévio de parede anterior e presença detrombo fixo VE."
O Estado não conseguiu contato com o advogado de Youssef. O jornal apurou que a nota da PF foi redigida a pedido do Ministério da Justiça para estancar boatos de que a causa seria envenenamento. Segundo a nota, Youssef "permanecerá hospitalizado para a adequação da medicação e retornará a carceragem após seu pleno restabelecimento."

Sensus fecha última pesquisa: Aécio 52,1% x Dilma 47,9%



Será que dá?

Na última pesquisa, Sensus (a exemplo do MDA) aponta virada de Aécio
Publicado: 25 de outubro de 2014 às 19:51 - Atualizado às 21:25

dilma aecio debate record by divulgacaoO Instituto Sensus realizou a última pesquisa de intenção de votos para presidente, fechada há pouco, indicando liderança do candidato do PSDB, Aécio Neves, com 52,1% dos votos válidos. A sua oponente Dilma Rousseff (PT), segundo o Sensus, soma 47,9% dos votos válidos. Contratado pela revista IstoÉ, o levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob nº 01193/2014.


Ao contrário de todos os demais institutos de pesquisa do País, como Datafolha, MDA e Ibope, que apontavam para Marina Silva (PSB) disputando o segundo turno com a candidata do PT, o Sensus foi o único a captar o crescimento de Aécio, na reta final, sobretudo após o debate da Rede Globo, indicando que ele estaria no segundo turno, como de fato aconteceu.


Computando-se todas as intenções de voto, inclusive brancos e nulos, Aécio tem 45,7%, contra 42% de Dilma. Indecisos, brancos e nulos somam 12,4%. As entrevistas foram realizadas nesta sexta-feira (24) e hoje, e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais e para menos.


O levantamento do Sensus confirma outra pesquisa, divulgada mais cedo pela CNT/MDA, segundo a qual Aécio Neves passou à frente da candidata petista. Ele agora somaria 50,3% das intenções de votos válidos contra 49,7% de Dilma. Na última pesquisa CNT/MDA, divulgada no dia 20 de outubro, Dilma aparecia com 50,5% dos votos válidos, contra 49,5% de Aécio.


A intenção de votos espontânea mostra os candidatos empatados tecnicamente. Aécio tem 44,4% dos votos e Dilma, 43,3%. Na pesquisa estimulada os números vão a 45,3% para o tucano e 44,7% para a candidata à reeleição.

Governo injetou, só em 2014, mais de R$ 17, bilhões “na veia” do eleitor


Em 2014
Bolsa Família distribui R$ 17,7 bilhões em 2014

Publicado: 26 de outubro de 2014 às 0:37

Bolsa familia 2
Durante a campanha, governo gastou em média R$ 2,5 bilhões/mês

O governo Dilma distribuiu neste ano eleitoral, até setembro, quase R$ 18 bilhões a beneficiários do Bolsa Família, segundo dados do Portal Transparência. 

Em três meses foram injetados “na veia” dos assistidos R$ 2,5 bilhões ao mês, em média. A Bahia, onde o PT obteve sua mais importante vitória no 1º turno, é o estado que mais recebeu verbas do programa: R$ 2,28 bilhões. São Paulo, o maior do País, R$ 1,5 bilhão.

No último ano do governo Lula, o ex-presidente distribuiu R$ 14,3 bilhões com o Bolsa Família, bem menos que Dilma.

Desde que assumiu a Presidência em 2011, os valores gastos com a Bolsa Família cresceram em média 17% ao ano. Em bilhões, claro.

Em 2013, o governo distribuiu um total de R$ 24,9 bilhões. Se o ritmo deste ano continuar, o total de 2014 deve passar dos R$ 27 bilhões. Leia na Coluna Cláudio Humberto.




  • José Benedito Tintori ·
    Assim se dá a cooptação do povão. Culpa-se a elite, passa-se advesários no processador, desvia-se dinheiro público a rodo. São escândalos em cima de escândalos e o povo brasileiro fica hipnotizado. De tanto ver mal feitos, perdeu a capacidade de se indignar. Os companheiros adotam, para os outro,s o mandamento chavista: "SER RICO ÈS MALO" e em lugar não muito longe daqui... a nova elite socialista se delicia com os prazeres do capitalismo, mantendo, inclusive suas "continhas" nos paraísos fiscais. É semelhante à tática da Roma antiga: PÃO E CIRCO. Não é criado programa para capacitar esses benefiários para ganhar seu próprio sustento. Esse volume de gente será sempre crescente. É uma bola de neve cuja única finalidade será a perpetuação do PT no poder.

  • Claudio Roberto Costa · 
    Olha as proposta dos candidatos mentirosos para governador, bolsa universitário, Bolsa floresta, bolsa prostituta, bolsa vagabundo, bolsa coçar saco, este país não existe.

  • Francisco Machado · 
    É assim que eles querem ganhar: comprando votos!
    Mas, apesar de tudo e de todos, Deus está no comando. Creia nisso.

  • Irineu De Liberali ·
    Eita boa vida ! Para poucos trabalharem e muitos viverem de papo para o ar!

Um voto pela reconciliação nacional - EDITORIAL O ESTADÃO

domingo, outubro 26, 2014



O ESTADO DE S.PAULO - 26/10

A responsabilidade que a eleição presidencial de hoje coloca sobre os ombros dos cidadãos brasileiros se estende para muito além dos quatro anos do novo mandato do chefe de governo. Ao cabo de 12 anos do PT no poder e de uma campanha eleitoral em que predominou o mais inescrupuloso marketing em prejuízo do embate de ideias, o Brasil se acha dividido. Por enquanto, apenas em termos eleitorais.

Mas o terreno está ameaçadoramente preparado para fazer germinar a cizânia social. Mais quatro anos de PT podem significar a transformação da cada vez mais aguda hostilidade da polarização "nós" versus "eles" num conflito social escancarado cuja primeira vítima será a democracia.

Essa perspectiva assustadora será a consequência natural da política de deliberada divisão da Nação sobre a qual o lulopetismo tenta consolidar seu projeto de poder. O PT, criado há 35 anos com a generosa ideia de promover o fim das injustiças sociais, perdeu-se ao longo da jornada. Seus melhores quadros, plenos de idealismo político, abandonaram a legenda ou foram dela descartados ao sabor das conveniências dos donos do partido.

O PT transformou-se numa enorme máquina que, para permanecer no poder, se aliou àqueles que antes combatia ferozmente como inimigos do povo. E, nessa linha, não tem o menor escrúpulo de focar sua ação, tanto na vida partidária como no exercício do poder, tão somente naquilo que rende votos. O discurso petista, do qual Lula é o principal mentor e melhor exemplo, tem três matrizes: dizer exclusivamente o que as pessoas desejam ouvir; quando na defensiva, assumir o papel de vítima; e, na ofensiva, tratar os adversários como inimigos a serem destruídos.

Em sua defesa, o PT não pode nem mais alegar que a mudança de rota em relação ao curso originalmente traçado ocorreu por imposição das circunstâncias e da necessidade de garantir com pragmatismo a governabilidade em benefício dos despossuídos. A tal história dos fins que justificam os meios.

Esse argumento desmorona quando todos os indicadores sociais e econômicos revelam que os últimos quatro anos de governo petista, sob o comando de Dilma Rousseff, significaram retrocesso. O Brasil está hoje muito pior do que quando a atual candidata à reeleição assumiu o poder.

Nessas circunstâncias, manipular importantes realizações petistas dos últimos 12 anos - pois é claro que existem, principalmente na área social - como se fossem obras do incompetente governo Dilma é um dos embustes a que o marketing eleitoral companheiro recorreu durante a atual campanha. Mas a peça de resistência da campanha eleitoral petista é aquela estocada no departamento dos recursos escusos. Primeiro, a tentativa - que contra Marina Silva deu certo no primeiro turno - de destruir a imagem do adversário com ataques infames e mentirosos. A tática foi insistentemente repetida agora contra Aécio Neves.

O mais infame da campanha lulopetista, no entanto, é o discurso em que os dirigentes do partido, imitando Lula, se especializaram: a instigação do conflito social, colocando "nós" contra "eles", e situando o PT como o último bastião de resistência do povo oprimido contra a ambição desmedida e a insensibilidade das "elites".

Qual o sentido de Lula declarar, desnudando sua natureza, que ao "agredir as mulheres" nos debates eleitorais Aécio Neves demonstrou que é capaz também de "pisar nos pobres"? Ou ao classificar o candidato tucano de "filhinho de papai"? E de equiparar seus adversários eleitorais a nazistas? É assim que se dissemina o ódio entre pessoas que deveriam, civilizadamente, apenas expor firmemente suas divergências programáticas com adversários políticos.

Quando a divergência se transforma em ódio, o caminho está aberto para o agravamento de tensões sociais e elas podem se tornar explosivas.

Hoje, cada brasileiro tem a oportunidade de conter essa ameaça, votando no candidato que se propõe - e está credenciado para a tarefa - a reconciliar o Brasil consigo mesmo: Aécio Neves.


 

Um voto pelo Brasil - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR



domingo, outubro 26, 2014

Um voto pelo Brasil - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 26/10


Reconstruir pontes derrubadas por um discurso de animosidade, recuperar uma economia cambaleante e fortalecer as instituições são prioridades de quem vencer hoje



Neste domingo, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) disputam o voto de dezenas de milhões de brasileiros no segundo turno da eleição presidencial. A campanha girou em torno de avaliações de desempenho – Dilma disputa a reeleição, e seu partido ocupa o Planalto há 12 anos; o PSDB esteve na Presidência entre 1995 e 2001, e Aécio foi governador de Minas Gerais – e teve lá seus pontos baixos, como o terrorismo eleitoral petista, que mereceu resposta enérgica do tucano, recebida com vitimismo de gênero. Mas hoje queremos propor aos eleitores três pontos que, acreditamos, todo brasileiro concordará que são parte de um plano para que o Brasil seja um país melhor nos próximos anos.

Quem ocupar o Palácio do Planalto entre 2015 e 2018 precisa ter plena consciência de que está governando para todos os brasileiros. Esta campanha presidencial mostrou que o país está altamente polarizado, e de uma maneira prejudicial à busca do bem comum. O brasileiro, tradicionalmente tolerante e cordial, mostrou grandes doses de uma incomum agressividade ao longo destes meses, seja em defesa de seu candidato, seja contra o adversário (e seus eleitores). Mas tal situação não surge do nada: ela foi sendo cultivada ao longo de anos de discurso de “nós contra eles” – discurso esse cultivado especialmente pelo partido que está no poder desde 2002 –, criando diversas clivagens na sociedade brasileira: brancos e negros, homens e mulheres, ricos e pobres, empresários e assalariados, homossexuais e heterossexuais, locais e imigrantes, nordestinos e sulistas... bem sabemos que algumas dessas categorias são importantes na criação da identidade pessoal ou de grupo. Mas o problema começa quando se coloca na cabeça de determinada categoria que seu “antagonista” é um inimigo que só quer destruí-lo e humilhá-lo. Cortam-se, assim, as pontes que permitiriam um trabalho conjunto por um país melhor. Reconstruí-las é obrigação do vencedor de hoje.

Outro compromisso do presidente da República precisa ser o de fortalecer as instituições e as liberdades democráticas. Aqui, falamos especialmente da independência entre os poderes e das liberdades de expressão, de associação e de imprensa. Temos exemplos muito próximos de países que ou já vivem em ditaduras ou se encaminham para tal, e todos têm aspectos em comum: Legislativos e Judiciários subservientes ao Executivo, imprensa sufocada e hostilizada pelo governo, a introdução cada vez mais frequente de novos “crimes de opinião”, que vão da crítica pura e simples ao governo até a divulgação de estatísticas independentes de inflação. Essas tentações seguem presentes no Brasil, que mal saiu de um regime autoritário e tem uma democracia ainda jovem, chegando aos 30 anos.

A economia deve ser outra preocupação prioritária de quem for eleito neste domingo, especialmente no que diz respeito à inflação, ao crescimento e ao emprego. O IPCA acumulado em 12 meses já está acima do teto da meta do Banco Central, e isso sem considerar aumentos de preços controlados pelo governo, que terão de vir mais cedo ou mais tarde. A inflação corrói especialmente os rendimentos dos mais pobres, que não veem seu dinheiro sobrar no fim do mês e não têm como se defender da desvalorização da moeda por meio de investimentos. O crescimento do PIB em 2014 muito provavelmente ficará abaixo de 1%, e situações como as prolongadas suspensões de contratos de trabalho nas montadoras mostram que já não é mais possível seguir insistindo na estratégia do aumento do PIB por meio do consumo. É preciso buscar outras alternativas, especialmente com o estímulo à poupança e ao investimento.

Que neste domingo os eleitores possam refletir com serenidade e escolher o candidato que, na sua avaliação, é o mais capaz de cumprir essas tarefas – a de reconstruir pontes derrubadas por um discurso violento de animosidade social, a de recuperar uma economia cambaleante e a de fortalecer nossas instituições e liberdades democráticas.


A tragédia petista - ZANDER NAVARRO

domingo, outubro 26, 2014

O ESTADO DE S.PAULO - 26/10


Peço licença, inicialmente, para um breve relato pessoal. Nos anos 1980 contribuí mensalmente com parte do meu salário para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os depósitos duraram de dois a três anos, quando a campanha foi encerrada, por falta de adesão. Com sacrifício, cheguei a oferecer até 10% do meu ganho e ainda guardo os recibos. Por que fiz isso? Naqueles anos, saindo do ciclo militar e ansioso pela democracia, ingenuamente entendi ser o MST uma força que renovaria a oligárquica política rural. Como os seus militantes passaram a ameaçar as famílias em assentamentos, o sonho desmoronou e retornei à vida universitária.

Na época, quase todos nós apoiávamos o PT, mesmo não sendo filiados. Imaginávamos que o partido também forçaria transformações em alguma direção positiva. Ou a reforma social ou, ao menos, a democratização da sociedade. Vivíamos então um período febril de debates plurais e de experiências práticas. Lembram-se do "modo petista de governar"? Era simbolizado pelo orçamento participativo, que prometia a livre participação dos cidadãos em decisões públicas sobre os orçamentos municipais. Na campanha de 2002, contudo, o candidato petista mal falou do assunto e, no poder, o tema se esfumaçou.

O assombroso escândalo da Petrobrás, que nos deixa estupefatos, é apenas o efeito inevitável da história do Partido dos Trabalhadores. A causa original é um mecanismo que o diferencia das demais agremiações partidárias. Trata-se de um processo de mobilidade social ascendente, inédito em sua magnitude. Movimento que poderia ser virtuoso, se aberto a todos, pois seria a consequência do desenvolvimento social. Mas, na prática, vem sendo uma odiosa discriminação, pois é processo atado à filiação partidária.

O núcleo pioneiro do PT recrutou segmentos das classes baixas e mais pobres, mobilizados pelo campo sindical, pelos setores radicalizados das classes médias, incluindo parte da intelectualidade, e pela esquerda católica, ampliando nacionalmente o grupo petista inicial. À medida que o partido, já nos anos 90, foi conquistando nacos do aparato estatal, vieram os cargos para os militantes e, assim, a chance arrebatadora de ascender às vias do dinheiro, do poder, das influências e do mando pessoal. Esse foi o degenerativo fogo fundador que deu origem a tudo o que aconteceu posteriormente.

Inebriados, cada vez mais, pelo irresistível prazer do novo mundo aberto a essas camadas, até mesmo impensáveis formas de consumo, todos os sonhos fundacionais de mudança foram sendo estilhaçados ao longo do caminho, incluídos a razoabilidade e os limites éticos. O PT gerou dentro de si uma incontrolável ânsia de mobilidade, uma voragem autodestruidora inspirada na monstruosa desigualdade que sempre nos caracterizou. Conquistado o Planalto, não houve nem revolução nem reforma e o fato serviu, particularmente, para saciar a fome histórica dos que vieram de baixo.

Instalou-se, em consequência, o arrivismo e a selva do vale-tudo: foi morrendo o padrão Suplicy e entrou o modelo Delúbio-Erenice. Logo a seguir, ante a inépcia da ação governamental, também foi necessário impor a mentira como forma de governo. Por fim, o PT mudou de cabeça para baixo o seu próprio financiamento. Abandonou o apoio miúdo e generoso dos milhões que o sustentaram na primeira metade de sua história, pois se tornara mais cômodo usar o atacado para ancorar-se no poder. Primeiro, o mensalão e, agora, os cofres da Petrobrás.

Nessa espiral doentia de mudanças, a partir de meados dos anos 1990 o partido enterrou o seu passado. Sua capacidade de reflexão, por exemplo, deixou de existir e o imediatismo passou a prevalecer. Assim, um projeto de nação ou uma estratégia de futuro não interessavam mais. O pragmatismo tornou-se a máxima dessa nova elite e sob esse caminho o subgrupo sindical e seus militantes vêm pilhando o que for possível dentro do Estado. Examinados tantos escândalos, invariavelmente a maioria veio do campo sindical. E foi assim porque da tríade original dos anos 80, a classe média radicalizada e os religiosos abandonaram o partido. Deixaram de reconhecê-lo como o vetor que faria a reforma, sobretudo moral, da política brasileira.

Entrando neste século, o PT não tinha nada mais para oferecer de distintivo em relação aos demais partidos. A aliança com o PMDB ou Lula abraçando Maluf foram decorrências naturais. Também por tudo isso, o campo petista reivindicar o monopólio da virtude é o mesmo que fazer de idiotas todos os cidadãos. No primeiro turno, a fúria das urnas demonstrou a reação indignada dos eleitores à falsidade.

O que vemos atualmente é a soma dessa descrição com as nossas incapacidades políticas de construção democrática em favor do bem comum. O PT é hoje uma neo-Arena que promove, sobretudo, o clientelismo nos grotões. Não aqueles definidos geograficamente, mas os existentes nos interstícios sociais, confundindo as pessoas por meio da mentira, do bolsismo e das mistificações de toda ordem. É uma trajetória vergonhosa para um partido que prometeu a lisura republicana, o aprofundamento democrático, a reforma de nossas muitas iniquidades e, especialmente, prometeu corrigir a principal deformação de nossa História, que é um padrão de desigualdade que nos infelicita desde sempre. É ação que igualmente vem abastardando o Estado, atualmente tornado disfuncional e semiparalisado em inúmeros setores.

Por todas essas razões, incluindo o benéfico aperfeiçoamento que, fora do poder, sofrerá o próprio PT, é preciso mudar. E com urgência, pois o Brasil se esfarinhará sob outros quatro anos dessa gigantesca manipulação política, o desprezo pela democracia, o primado da lealdade partidária sobre a meritocracia e a fulgurante incompetência técnico-administrativa do campo petista no poder.

SOCIÓLOGO, É PROFESSOR APOSENTADO DA UFRGS (PORTO ALEGRE) EMAIL: Z.NAVARRO@UOL.COM.BR