Em 1998, o Animal Defenders
International (ADI) lançou a primeira investigação secreta abrangente
mostrando o abuso animal nos circos. A evidência obtida com o estudo de
dois anos em circos no Reino Unido e na Europa foi distribuído para
grupos de proteção animal em todo o mundo, pedindo para eles utilizarem a
evidência para acabar com o sofrimento dos animais em circos.
Animal Defenders International (ADI) lançou a campanha latino americana ”
Stop Circus Suffering”
(Acabe com o Sofrimento no Circo) na Bolívia, Colômbia, Peru e Equador
em 2007, seguindo uma investigação de dois anos dos circos da América
Latina. As
descobertas
chocaram o continente.
A Bolívia foi a primeira a mudar a legislação e o
ADI ajudou com pesquisa científica e legal, forçando a inclusão dos
animais em zoológicos, circos, experimentos e outras indústrias.
Colômbia e Equador rapidamente seguiram os passos. No Brasil e no Chile,
a legislação ainda está sendo discutida. Outros desde então já
aprovaram as leis – Paraguai, El Salvador, Panamá e México. Alguns, como
a Costa Rica e Cingapura, já aprovaram a legislação baseada na primeira
evidência apresentada pelo ADI.
Operação Arca de Leão na Bolívia
O projeto de lei da Bolívia proibindo animais em circos se tornou lei
em 2009, com uma fase de adaptação muito curta de um ano antes da
aplicação. Governos comumente utilizam uma fase de adaptação para dar
tempo para os circos de se desfazerem de seus animais ilegais. Caso
contrário, as operações de cumprimento começam contra aqueles que
desafiam a lei. O ADI da Bolívia concordou em fornecer aos oficias da
vida selvagem do país os recursos e conhecimentos necessários para
apreender e realocar os animais.
O primeiro circo entregou seus animais e se tornou um circo livre de
animais. Oito outros desafiaram a lei. Em 2011, os investigadores do ADI
localizaram e rastrearam todos os circos com animais conforme planos
eram feitos com os oficiais da vida selvagem para apreender todos os
animais. No final das batidas em todo o país, cada animal tinha sido
removido, acabando completamente com uma indústria cruel – um marco em
termos de aplicação da lei de proteção animal. A história das batidas
nos circos bolivianos, incluindo 25 leões africanos, é contada no filme
premiado “
Lion Ark”.
Operação Espírito de Liberdade no Peru
Em julho de 2011, o Peru aprovou sua lei acabando com o uso de
animais selvagens em circos, seguido de uma campanha intensiva pelo
ADI Peru
e parceiros. O ADI forneceu vídeos, fotos e argumentos científicos,
legais e econômicos. A aplicação e o cumprimento foram estabelecidos
para 2014. O ADI novamente trabalhou com oficiais da vida selvagem para
planejar e executar as operações de apreensão. A
Operação Espírito de Liberdade foi lançada com o objetivo de localizar todos os animais, ajudar nas apreensões e realocar os animais resgatados.
Quando a Colômbia baniu os animais selvagens dos circos em 2013, o
ADI forneceu evidências novas sobre os circos colombianos para
legisladores e oficiais.
Ricardo, o leão, foi resgatado de uma vida miserável em um circo peruano. Ele irá aproveitar sua vida em um santuário na África.
Realocando os animais
Bolívia, Peru e Colômbia possuem uma política de que animais
selvagens exóticos ou não nativos devem ser removidos de seus países,
para encorajar as pessoas a apoiarem campanhas governamentais para sua
própria vida selvagem, lutar contra o tráfico ilegal e preservar o meio
ambiente.
Então, enquanto os animais nativos selvagens ou domésticos
como cavalos, cães e gatos são realocados dentro do país, o ADI tem que
encontrar outras soluções para os animais não nativos e nossa
preferência são os habitats nativos do animal; então, durante a Operação
Espírito de Liberdade, nossa política foi realocar os animais para seus
habitats naturais, ou o mais próximo possível.
Os resgates da Operação Espírito de Liberdade no Peru e na Colômbia
tem sido nossos maiores desafios até hoje. Após 18 meses, nós estamos
chegando ao fim da missão – mais de 100 animais foram salvos de circos e
do comércio ilegal de vida selvagem, incluindo ursos-andinos, um puma,
seis espécies diferentes de macacos, quatis, juparás, aves, tartarugas
e, claro, os leões africanos e um tigre.
Cada circo foi rastreado, os animais removidos e levados ao
centro provisório de resgate do ADI perto de Lima, onde sua saúde foi
cuidada. Animais roubados de suas famílias foram reunidos com outros de
sua espécie.
Os centros de custódia temporários do ADI para os animais resgatados
são como construir um santuário do zero. Nós instalamos eletricidade e
água; construímos jaulas, cercas com alarme, locais para brincadeiras,
cirurgias veterinárias, cozinhas, pias, encanamento, iluminação – tudo
que é necessário para um centro de resgate funcional.
Para a vida selvagem nativa – macacos, ursos e outros agora em seus
lares definitivos – o ADI construiu habitat em santuários amazônicos.
Alguns animais sortudos já voltaram para a natureza, e outros serão
soltos após reabilitação. Na Colômbia, os primeiros nove leões foram
entregues pelos circos, mas uma operação enorme é necessária para salvar
os outros 70 ou mais animais selvagens ilegais não nativos dos circos
na Colômbia.
Depois, ADI deve levar de avião 33 leões para seus lares definitivos
em sua terra nativa, a África. O ADI criou uma parceria com o
Emoya Big Cat Sanctuary,
onde eles poderão viver em locais fechados, com segurança e árvores
naturais sob o sol africano.
O ADI financiou esses locais entre 2,5 a 5
acres para cada grupo familiar ou machos individuais.
Nove leões resgatados viajarão de Bucaramanga no norte da Colômbia
para se unirem a 24 leões em um voo especialmente fretado desde Lima,
Peru direto para Johanesburgo, África do Sul. A passagem para cada leão
custa $10.000 e juntamente de todos os caminhões e equipamentos
necessários nos três países, o ADI acredita que o resgate total custará
cerca de $400.000. O legado duradouro dessa enorme missão é o fim de um
comércio cruel em dois países e o aumento da conscientização do público
sobre animais no entretenimento e o tráfico ilegal nos dois continentes.
Tempos de mudança para os animais no entretenimento
Desde o tempo dos primeiros países proibindo o uso de animais em circos até o lançamento da investigação original “
Ugliest Show on Earth”
(O Show Mais Feio do Mundo) em 1998, países em cada continente já viram
as evidências e seguiram os passos. 31 países já proibiram o uso de
animais nos circos. O ADI ajudou a introduzir um projeto de lei nos EUA
e, em 2012, o governo britânico prometeu uma proibição de animais
selvagens em circos, apesar de que nenhum ainda se transformou em lei,
Nos EUA, mais de 50 jurisdições possuem proibições ou restrições
sobre animais no entretenimento, e campanhas estaduais ativas estão
crescendo nos estados norte-americanos do Havaí, Califórnia,
Massachusetts, Nova Iorque, e Pensilvânia. Nos últimos anos, até mesmo a
própria indústria parece reconhecer a mudança na opinião pública; nos
EUA, mais de dois terços do público não aprova o uso de animais em
circos. Mais de 95 por cento da população do Reino Unido quer ver um fim
às apresentações com animais.
Por que as investigações são importantes
A evidência do que ocorre por trás das cortinas é vital para o
público ser apropriadamente informado sobre o que realmente acontece com
os animais. As pessoas baseiam suas decisões sobre ir a um show com
animais no que eles ouviram ou no que eles viram. O ponto central de um
espetáculo de circo é criar uma ilusão – de que o animal está gostando
da
performance ou gosta do apresentador.
De tempos em tempos, promotores públicos usam evidências do ADI para
garantir condenações de crueldade. Em 1999, a treinadora animal de circo
e de Hollywood Mary Chipperfield, seu marido Roger Cawley e seu
cuidador de elefante Steve Gills foram condenados por crueldade aos
elefantes a e um chimpanzé bebê. Em 2002, a evidência do ADI foi usada
pelos promotores no Chile para apoiar um caso para apreender
Toto, um chimpanzé
que, eventualmente, o ADI foi capaz de realocar para um santuário na
Zâmbia. Em 2011, a filmagem feita pelo ADI do espancamento da
elefanta Anne no trimestre de inverno do Bobby Roberts’ Circus resultou na condenação do dono.
Infelizmente, algumas vezes a lei é inadequada e as evidências
liberadas pelo ADI, apesar de mostrarem crueldade inaceitável, não
conseguem resultar no resgate dos animais. Por exemplo, a gravação feita
pelo ADI da brutalidade para com os elefantes do Have Trunk Will Travel
e usados em filmes como “Água para Elefantes” e “Zookeeper”.
Ou o
espancamento de um elefante propriedade do Trunks and Humps, em um
circo. Ou os ursos viajando com Halls Bears onde, apesar de não ser
exemplo de violência física, o ambiente estéril com pouco espaço, sem ar
fresco e nada para estimular os animais representa um nível inaceitável
de sofrimento.
Reconstrução emocional e o transporte dos leões
Transportar animais grandes e perigosos como leões requer cuidado e
habilidade enormes – estes são animais abusados, frequentemente
agressivos, e apesar de seus dentes terem sido esmagados, e seus dedos
cortados para remover as garras, eles devem ser tratados com respeito. O
ADI se recusa a sedar um animal a não ser que seja absolutamente
necessário. A sedação é perigosa para os animais, especialmente aqueles
que já estão com a saúde fragilizada devido à vida terrível no circo.
Para remover os animais dos circos, nós devemos construir jaulas
especiais (elas podem ser amarradas juntas para formar um espaço maior),
alugar caminhões e motoristas para levar nossas jaulas para os circos.
Nós colocamos nossas jaulas contra a jaula do circo e as trancamos,
abrimos as portas conectivas e fazemos o animal se mover. Com um animal
agressivo de circo, isto pode ser problemático. Especialmente pelo fato
de que os animais tem medo dos trabalhadores dos circos que bateram
neles por toda sua vida, então é muito fácil que essa transferência seja
prejudicada pelos trabalhadores.
Uma vez em nosso centro temporário de resgate, nosso objetivo é fazer
os leões entenderem que não importa o que eles façam, eles nunca mais
apanharão de novo. Eles recebem comida regularmente, suplementos de
vitaminas, muita água e brincadeiras. Nosso programa de reabilitação
transforma leões amedrontados, agressivos e perigosos em animais
amorosos que começam a entender que eles podem aproveitar a vida.
Quando nós estamos transportando os leões de um país para outro, nós
sempre tentamos conseguir um voo sem paradas. Isto é melhor para o bem
estar dos animais porque eles já têm que passar um tempo muito longo nas
suas jaulas de transporte. As jaulas de transporte são diferentes de
nossas jaulas no centro de resgate. Elas devem atender aos padrões de
transporte internacional – então elas são bem pequenas com tábuas lisas e
sem muita visão externa – não é permitido nada para eles deitarem em
cima.
Leva em torno de seis a sete horas para colocar cerca de 25 leões
dentro de suas jaulas individuais de transporte. Então, até que o último
animal seja carregado, nós estamos conscientes de que o primeiro animal
já esteve em sua jaula por pelo menos seis horas (e isso se tudo correu
bem). E por cima disso tudo, os leões devem estar no aeroporto cerca de
4 a 6 horas antes do voo.
Então eles estão sentados lá no prédio de
cargas, dentro de suas jaulas, e tudo que podemos dar a eles é um pouco
de comida e muita água. E então tem o voo em si – se um voo demora,
digamos, de 9 a 14 horas, eles ainda estão deitados nas suas jaulas.
Chegando ao destino, ainda demora horas para descarregar e então tem a
jornada por terra – quando chegarmos a Johanesburgo, levará mais 4 a 6
horas por estrada até o Emoya Big Cat Sanctuary.
Para o voo, eu sempre insisto que os leões sejam colocados em grupos
familiares, ou amigos um ao lado do outro – as jaulas são numeradas e
codificadas para manter todo mundo junto para que eles possam ver e
ouvir um ao outro durante o voo. Algumas vezes eles vocalizam tanto!
Para ajudar a levar os leões até seu lar na África, visite o site
ADI.org.
Fonte: One Green Planet
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