Caçadores expõem matança de animais silvestres no Facebook e YouTube
João Fellet - @joaofelletDa BBC News Brasil em São Paulo
Enquanto o governo
federal toma medidas para facilitar o acesso da população a armamentos,
caçadores de animais silvestres têm recorrido a grupos no Facebook e a
canais no YouTube para compartilhar cenas de caçadas e dicas sobre a
atividade que, exceto nos casos da caça a javalis, é ilegal.
Grande
parte das comunidades foi criada a partir de 2019, quando o presidente
Jair Bolsonaro publicou uma série de decretos reduzindo as restrições
aplicadas a colecionadores de armas, atiradores esportivos e caçadores —
grupo conhecido pela sigla CACs.
Os decretos, porém, não
alteraram o status da caça de animais silvestres, considerada crime no
Brasil exceto quando praticada por comunidades que dependem dela para
sobreviver, como povos indígenas e quilombolas.
O único animal passível de ser caçado legalmente no Brasil é o javali, uma espécie exótica que ameaça ecossistemas nacionais.
Caçadas com cachorros
No
Facebook, um grupo fechado criado em julho de 2019 e chamado "Caçadores
de paca" conta com 74 mil membros de todas as regiões do Brasil
Por Rodrigo Urbanski
A Constituição Federal de 1988 protege o meio ambiente, considerado-o de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, conforme art. 225. A doutrina classifica o meio ambiente como um direito humano fundamental.
Diante
da essencialidade do meio ambiente, o poder público e a coletividade
tem o dever de proteção, garantido sua preservação para as atuais e
futuras gerações.
No Brasil, não há um código único que regulamenta o direito ambiental, mas vários diplomas legais.
Por sua vez, a lei 9.605/1998
estabelece diversas sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, por exemplo, condutas
típicas contra a fauna, a flora, a poluição.
Do crime de caça
O crime de caça, previsto no art. 29 da lei 9.605/1998, na seção dos crimes contra a fauna, prevê:
Art.
29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a
obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
[...] § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
Os
núcleos verbais são autoexplicativo: quem matar, perseguir, caçar ou
apanhar alguma espécie sem a devida permissão, licença ou autorização do
IBAMA ou órgão estadual de proteção à natureza, responde pelo crime.
A jurisprudência é pacífica no sentido de que apenas um animal morto ou que seja objeto de caça já permite a configuração do crime.
Mesmo a caça esportiva sem autorização configura o crime.
Frise-se que este tipo é exclusivamente doloso, não admitindo modalidade culposa.
Proibição da caça desde 1967 e novo Decreto Federal
A
caça de animais silvestres nunca deixou de existir no Brasil e
acreditasse que seja um do principais fatores que levam à extinção de
espécies ameadas.
Vale lembrar que a única espécie animal cuja
caça é permitida por lei hoje no Brasil é a do javali. Ainda assim, sob a
premissa de controle populacional.
Recentemente, Jair Bolsonaro,
presidente da república, assinou um decreto que permite que atiradores
esportivos, caçadores e colecionadores de armas possam andar com armas
de fogo carregadas.
O texto ampliou o limite de compra de munição de 50 cartuchos por ano para 1.000.
Mesmo
que não haja de fato a regulamentação ou a legalização da caça, a
possibilidade de adquirir mais munições estimula a atividade.
O controle de espécies ameaças é precário, não podendo confiar na boa-fé de todos caçadores de Javali.
O
raciocínio é básico: se existe a possibilidade de ter mais munições,
possivelmente haverá mais caça. Não há garantias que haverá mortes
apenas de Javalis, mas também o risco de extinguir novas espécies de
animais. Fonte:Canal Ciências Criminais
SOS Floresta do Camboatá - Diga Não Ao Autódromo no Rio de Janeiro
Impedir de todas as formas a destruição
de uma reserva ambiental fabulosa, com inúmeras espécies árvores,
animais e plantas, em extinção inclusive.
Por que isso é importante?
Precisamos da ajuda de todos que amam a natureza,
pois não queremos autódromo nessa região de Deodoro, vim hoje aqui para
lhe pedir uma grande ajuda, eu e meu grupo ecológico, mais outras
pessoas de outros grupos, estamos completamente envolvidos a favor de
uma floresta que representa muito para nós. E como existem outras áreas
do exército próxima a Deodoro mesmo que já foram degradadas
anteriormente, desde o PAN AMERICANO em 2008 que pode ser utilizadas
para a construção do autódromo e que não ira causar tanto impacto. Nós,
humanos e os animais, já estamos sendo muito atingidos com a poluição do
ar, poluição sonora e com a alteração do clima, onde nota-se
nitidamente a elevação da temperatura causada pelo desmatamento.
A
FLORESTA DE CAMBOATÁ EM DEODORO é o último lugar de MATA ATLÂNTICA DE
ÁREAS PLANAS do Município do Rio de Janeiro com nascentes e áreas úmidas
onde no período de cheias ressurgem os peixes rivulídeos, conhecidos
como peixes das nuvens, porque reaparecem com as chuvas.
Trata-se de uma região ÚNICA COM UM ECO-SISTEMA equilibrado e que
MORRERÁ se sofrer as intervenções necessárias para se instalar ali o
autódromo.
Por isso, por ser ÚNICO, este paraíso ecológico, pedra preciosa, tesouro ambiental precisa ser PRESERVADO.
Quem afirma isso é uma equipe de pesquisadores do Instituto Jardim
Botânico que conhecem bem o local porque desde a década de 80 iam para
lá desenvolver pesquisas e coletar sementes de espécies nativas raras de
MATA ATLÂNTICA para enriquecer a diversidade ambiental do próprio
Jardim Botânico com PLANTAS RARAS DE MATA ATLÂNTICA COM AMEAÇA DE
EXTINÇÃO.
A ave saíra-sapucaia vive a maior parte do tempo no sul do país, mas costuma migrar para o sudeste no inverno.
Um
dos lugares onde pode ser vista nessa época do ano é na floresta do
Camboatá, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma espécie de ilha de
vegetação no subúrbio da cidade.
Mas nos próximos anos, é possível que a saíra-sapucaia e outros animais não tenham mais esse espaço para invernar.
Isso porque a floresta do Camboatá pode ser derrubada para dar lugar a um autódromo.
A
ideia da construção de um novo circuito no terreno da floresta vem
desde pelo menos 2011, dizem membros do Movimento SOS Floresta do
Camboatá, organização criada naquele ano em reação aos primeiros sinais
de interesse das autoridades em tomar o espaço.
Gafanhotos passam de praga bíblica a proteína moderna
A praga do Egito chegou à Rússia. Uma nuvem de gafanhotos, de
proporções bíblicas, atacou plantações do sul do país. As culturas foram
pulverizadas com pesticidas, mas os prejuízos ultrapassam os 11 milhões
de euros em colheitas devastadas. Foi declarado o estado de emergência
em várias zonas da república República da Kalmykia.
A oitava praga do
Egito foi narrada na Bíblia em tom de maldição, no Livro do Êxodo, mas
estas invasões de gafanhotos não foram provocadas pela ira divina, mas
sim pelo desiquilíbrio ecológico e pela seca severa. É uma praga que
sobrevoa o imaginário coletivo, desloca-se aos milhões, salta de país em
país e assusta pessoas de todas as religiões. Da tradição
judaico-cristã até à budista, em alturas de aflição reza-se por uma
solução.
Os monges também pedem chuva a uma força maior e perguntam-lhe
como acabar com a praga. A solução chega da Terra Santa: a praga acaba
no prato. A empresa de Israel "Hargol" - que significa gafanhoto em
hebraico - quer colocar os insetos no menu mundial e cultivá-los à
escala comercial a partir das Colinas de Golã.
A Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação considera estas nuvens de
gafanhotos como uma “ameaça” à segurança alimentar planetária .
No
futuro, a criação de animais como vacas galinhas e peixes será cada vez mais insustentável e o inseto
é uma fonte de proteína mais saudável.
Mas é preciso ultrapassar a
barreira da repulsa. A estratégia de marketing foi religiosamente
pensada .
As embalagens destes gafanhotos ostentam o slogan “Proteína
Bíblica”.
Por que até hoje a humanidade não 'solucionou' as pragas de gafanhotos
Matheus MagentaDa BBC News Brasil em Londres
5 julho 2020
Na Bíblia, os
gafanhotos, a oitava das dez pragas, devastam árvores e campos no Egito.
Nos registros do historiador romano Plínio, o Velho (23-79), 800 mil
pessoas morreram de fome por causa de nuvens do inseto na região que
hoje engloba Líbia, Argélia e Tunísia. A partir do fim do século 19, há
registros de infestações no sul do Brasil por décadas seguidas — em
Santa Maria (RS), conta-se até que uma nuvem de gafanhoto escureceu o
dia, de tão densa.
Atualmente, uma espécie de gafanhoto (Schistocerca gregaria)
consome plantações no leste da África, no Oriente Médio e no sul da
Ásia, ameaça a segurança alimentar de 10% da população mundial e é
considerada a praga migratória mais perigosa do planeta.
A América do Sul vive hoje um misto de devastação e tensão por causa do inseto. Gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata
passaram por um processo natural no qual deixam de ser solitários e
passam a viver juntos. Em maio e junho, consumiram plantações no
Paraguai e na Argentina. Agora, há expectativa de que eles possam voar
para o Brasil ou o Uruguai ou mesmo se dispersarem.
O governo
argentino tem conseguido reduzir o tamanho da nuvem, mas condições
climáticas e a dificuldade de acesso ao lugar onde os insetos estão
reunidos prejudicam o monitoramento diário.
Ainda sem saber se será
atingido ou não, o Brasil decretou situação de emergência previamente e
publicou portaria com diretrizes e agrotóxicos recomendados para o combate da praga. O plano de ação cabe a cada Estado.
O
fenômeno de explosão populacional de gafanhotos tem milênios, mas até
hoje o homem enfrenta sérias dificuldades para contê-lo.
Uma rodovia federal
de 885 quilômetros construída entre 1968 e 1973, abandonada em 1988,
está no centro de uma polêmica ambiental. Trata-se da BR-319, estrada
que liga Manaus a Porto Velho, em plena Floresta Amazônica.
Em
junho, o Diário Oficial da União publicou o edital para a pavimentação
de um primeiro trecho previsto pelo governo para recuperar a via.
O
Ministério Público Federal questionou a legalidade, argumentando a
falta de estudos ambientais. Nesta quinta, a revista Science traz uma
carta assinada por dois cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa) denunciando a situação para a comunidade internacional.
Em conversa com a BBC News Brasil, o biólogo e ecólogo Lucas
Ferrante, um dos autores do texto, ressaltou que um estudo de modelagem
realizado pelo INPA indica que o desmatamento na região entre os rios
Madeira e Purus, justamente por onde passa a trajeto, aumentaria em
1.200% — em relação aos dados de 2011 — com a obra de recuperação da
pista.
"Temos plena compreensão do que essa estrada vai
gerar nessa área", comenta. "E os impactos são perturbadores. O carbono
emitido por conta do desmatamento e das queimadas [no trajeto e no
entorno] tem capacidade para alterar ainda mais o clima global."
Herbívoros com maior risco de extinção entre mamíferos, aves e répteis
Os herbívoros – não predadores – podem enfrentar um risco maior de
extinção entre mamíferos, aves e répteis, de acordo com um novo estudo
com mais de 44.000 espécies vivas e extintas.
Os resultados sugerem que os herbívoros sofreram consistentemente a
maior ameaça de extinção nos dias atuais, no passado recente e no final
do Pleistoceno – mais do que as espécies de qualquer outra posição na
cadeia alimentar. Embora haja fortes evidências de que os grandes
vertebrados são os mais afetados pela atual onda de extinções, os
cientistas se basearam principalmente em evidências e correlações com
características de espécies que estão ligadas ao risco de extinção para
entender qual grupo trófico enfrenta a maior ameaça de extinção.
Como os predadores têm extensas áreas domésticas e baixas taxas de
crescimento populacional – e porque pesquisas anteriores frequentemente
se concentram em predadores específicos – muitos pesquisadores assumiram
que os predadores correm maior risco de extinção.
“Existem tantos dados por aí e às vezes você só precisa de alguém
para organizá-los”, diz Trisha Atwood, a primeira autora do estudo.
“Vasculhamos a literatura científica e coligimos as informações da dieta
para mais de 44.600 espécies de animais vivos e extintos. Isso nos
permitiu finalmente construir um conjunto de dados para que pudéssemos
determinar qual nível trófico está em maior risco de extinção”.
Os pesquisadores examinaram primeiro os padrões de risco de extinção
modernos entre herbívoros, onívoros e predadores, comparando padrões de
ameaças em mamíferos, aves e répteis pertencentes a diferentes grupos
tróficos de todo o mundo. Em seguida, eles exploraram como as extinções
passadas podem ter moldado os padrões modernos, examinando as proporções
de mamíferos, aves e répteis recentemente extintos e os mamíferos
extintos do Pleistoceno tardio em cada grupo trófico. Finalmente, Atwood
et al. examinaram como o tamanho corporal e o grupo trófico juntos
afetam o status de ameaça em 22.166 espécies.
Os pesquisadores observam que os predadores que vivem em habitats
marinhos enfrentam um risco elevado de extinção, sugerindo que os
predadores oceânicos podem estar enfrentando pressões existenciais
maiores do que predadores em terra
Referência: Herbivores at the highest risk of extinction among mammals, birds, and reptiles
BY TRISHA B. ATWOOD, SHALEY A. VALENTINE, EDD HAMMILL, DOUGLAS J.
MCCAULEY, ELIZABETH M. P. MADIN, KAREN H. BEARD, WILLIAM D. PEARSE
SCIENCE ADVANCES05 AUG 2020 : EABB8458
DOI: 10.1126/sciadv.abb8458
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