sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Plano para conter óleo deveria ter sido acionado 41 dias antes, mostra documento oficial
Plano para conter óleo deveria ter sido acionado 41 dias antes, mostra documento oficial
Publicado em 25 outubro, 2019 6:40 am
Do Globo:
O Ministério do Meio Ambiente tinha em mãos um manual para implementar o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, o PNC, mas cometeu uma série de violações nos processos listados no documento ao reagir ao derramamento no Nordeste. Se observados, os critérios levariam ao acionamento do plano em 2 de setembro, mas esta medida só ocorreu 41 dias depois, em 11 de outubro.
O Manual do PNC, que foi confeccionado por exigência de um decreto presidencial de 2013, teve sua primeira versão completa em 2018, atrasada, e não chegou a ser publicado oficialmente. Limitada a um círculo restrito da cúpula de MMA, Ibama, Marinha e ANP (Agência Nacional do Petróleo), a obra não foi compartilhada com estados e municípios que atuam na contenção do óleo e não foi distribuída à imprensa.
Analisando o manual, que foi obtido pelo GLOBO, é possível ver ao menos oito violações de procedimento ao comparar a ação do governo com o texto da obra, que tem força legal.
Além de mapear a rede de articulação do governo necessária ao monitoramento da costa para incidentes com óleo, o manual lista os critérios para implementação do PNC, um instrumento para emergência de caráter nacional. Dos 35 critérios listados, há ao menos 18 que se cumpriam ou eram fruto de dúvida no início de outubro, quando o plano ainda não havia sido acionado.
(…)
Nova York terá 9.000 jardins de chuva em suas calçadas
Os jardins irão captar 2 milhões de m3 de água enquanto embelezam e refrescam a cidade.
A cidade de Nova York começou a construir mais 5.000 jardins de chuva, que foram especialmente projetados para os bairros do Brooklyn, Bronx e Queens. As obras, anunciadas pelo prefeito Bill de Blasio, fazem parte do Programa de Infraestrutura Verde da prefeitura e dará continuidade aos mais de 4.000 jardins de chuva já existentes.
Com isso, Nova York terá um total de mais de 9.000 jardins de chuva em suas calçadas, ajudando a reduzir as inundações e a diminuir os transbordamentos dos bueiros. Estima-se que esta medida irá evitar que cerca de 2 milhões de metros cúbicos de água entrem para o sistema de esgoto da cidade.
“Estamos empregando todos os recursos à nossa disposição para enfrentar o desafio do aquecimento global de frente”, disse em nota o prefeito Blasio. “Estamos dobrando o tamanho do maior programa de infraestrutura verde do país, criando oásis verdes em nossos bairros e protegendo nossas hidrovias para todos os nova-iorquinos.”
Segundo dados da prefeitura de Nova York, mais de 70% da cidade é hoje coberta por uma superfície impermeável, isso cria enormes volumes de água da chuva que se acumulam no sistema de drenagem durante tempestades. Os jardins de chuva na calçada chegam como uma solução para suavizar a paisagem da cidade e ainda permitem que a água da chuva seja absorvida naturalmente pelo solo, reduzindo assim as inundações. Os jardins pluviais servem também como uma ferramenta para melhorar a saúde das vias navegáveis locais.
A prefeitura disponibilizou um mapa dos locais onde os jardins já foram implementados e também onde serão feitos os novos.
Infraestrutura verde
Os bairros de Nova York que estão recebendo os jardins de chuva têm número de árvores abaixo da média e taxas de asma acima da média entre os jovens. O aumento da vegetação criado por meio da adição dos jardins de chuva visa ajudar a melhorar a qualidade do ar, proporcionando sombra durante os meses quentes do verão enquanto embelezam os bairros e ainda atraem insetos e pássaros.Os jardins de chuva são construídos nas calçadas da cidade e não resultam na perda de vagas no estacionamento. Eles se assemelham a canteiros de árvores comuns, exceto que variam em tamanho, têm cortes que permitem que a água da chuva entre e transborde, além de serem projetados de uma maneira que podem receber cerca de 10 m3 de água (cada um) durante uma tempestade. Os jardins de chuva são projetados para que toda a água da chuva seja absorvida em menos de 48 horas.
O aumento da infraestrutura verde faz parte da estratégia de US $ 20 bilhões da cidade de Nova York para lidar com os impactos das mudanças climáticas.
Jardins de chuva pelo mundo
O CicloVivo já produziu uma série de conteúdos sobre jardins de chuva. Já mostramos o exemplo da cidade de Tucson, no Arizona, que foi a primeira cidade a implementar a ideia em larga escala. Também mostramos como surgiram os jardins de chuva, uma técnica desenvolvida por Phiri Maseko, um africano do Zimbábue. A cidade de Sydney, na Austrália, também vem adotando os canteiros de chuva.No Brasil também já existem alguns exemplares de jardins de chuva na cidade de São Paulo e também no Rio de Janeiro.
Cuidados ao realizar um mutirão de limpeza em praias atingidas pelo óleo
Cuidados ao realizar um mutirão de limpeza em praias atingidas pelo óleo
21/10/2019
Uso de
equipamento de proteção individual, correto armazenamento do material e
evitar banho em praias afetadas estão entre os principais cuidados
Entre estes locais estão praias paradisíacas, como Praia do Forte (BA) e Pipa (RN), além de Maragogi (AL) e Praia dos Carneiros (PE), localizadas na maior Unidade de Conservação (UC) federal marinha costeira do Brasil, a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. Já são, pelo menos, 15 UCs atingidas pela mancha. Além disso, até domingo (20) eram contabilizados 39 animais afetados e 2.814 filhotes de tartarugas marinhas capturadas preventivamente, além de comprometer toda vida costeira e marinha.
A APA Costa dos Corais é uma das Unidades de Conservação beneficiadas pela Fundação SOS Mata Atlântica com apoio da Fundação Toyota do Brasil. “Estamos acompanhando a situação local com nossos parceiros locais e especialistas, apoiando algumas ações de limpeza dos animais oleados. Essa região é marcada pela presença de recifes de corais e manguezais, garantindo uma alta biodiversidade representada por diversos grupos marinhos como algas, corais, peixes, crustáceos, moluscos, mamíferos aquáticos e outros, e ainda inclui a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção como o peixe-boi marinho, tartarugas e baleias. Tudo isso está em risco, inclusive a população e as atividades locais“, afirma Camila Keiko Takahashi, bióloga e coordenadora do projeto Toyota APA Costa dos Corais.
Diante deste cenário e da lentidão do governo federal em saber a quantidade, origem, local exato do vazamento e futuras medidas efetivas para conter o avanço da mancha, mutirões de limpeza estão sendo organizados para retirar o petróleo cru que atinge a costa brasileira.“A iniciativa e envolvimento de voluntários em todo o Brasil nas áreas costeiras é muito bem-vinda, mas é importante ter alguns cuidados para não se colocar em risco“, afirma Diego Igawa Martinez, biólogo e coordenador de projetos marinhos da Fundação SOS Mata Atlântica.
Para Ícaro Moreira, professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o óleo traz substâncias perigosas e que podem trazer riscos à saúde humana, fazendo com que deva ser evitado o contato com a pele. Ele pode gerar alergias ou até, dependendo da absorção da pele, entrar na corrente sanguínea e trazer danos. Em casos mais severos pode inclusive levar ao câncer.
“Estou vendo em campo muita gente engajada em ajudar a limpar as praias, mas é importante que as pessoas que querem ajudar verifiquem se de fato têm os equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados. Estou vendo algumas pessoas fazendo essas ações descalças e tirando fotos com a mão e pés sujos de petróleo. Isso não pode acontecer. É importante usar traje de limpeza e não de banho“, afirma ele.
Veja materiais importantes que devem ser usados e recomendações:
- Uso de máscaras (principalmente
no horário do início da tarde, quando é mais quente, pois no contato com
sol o óleo libera vapores altamente tóxicos)
- Luvas de PVC (não usar luvas cirúrgicas)
- Botas (plástico ou outro material impermeável). Não usar tênis, bota de trilha nem ir descalço
- Usar calças (não usar traje de banho). Se sujar a roupa, ela deve ser descartada
- Carro de mão para armazenar o material retirado
- Pás adequadas (de plástico ou inox)
- Armazenar o material em
tambores, bombonas ou tonéis e deixar o material fechado, pois trata-se
de material inflamável (não usar saco de lixo de plástico, pois o óleo
pode rasgar os sacos). A destinação deve ser definida pelo Ibama e cabe
ao município cumprir
- Ao ver um animal afetado pelo
óleo, não o devolva para o mar nem tente fazer procedimento, a não ser
uma manobra de emergência para retirar o óleo de vias respiratórias. É
importante manter o animal na sombra e hidratado. Procure especialistas,
órgãos ambientais ou organizações que podem realizar os procedimentos
adequados
- É complicado retirar o óleo de
rochas. Evite subir nestes locais que podem ocasionar quedas. Uma forma
de limpar é com jato de água quente, pois é necessário muita força para
conseguir extrair o material. Quando o material escoar, use material
absorvente, como tecidos ou até biofibras, como fibra de coco que se
aderem ao óleo
- Em situações que o óleo esteja mais fluido, é possível usar materiais absorventes, como tecidos e também fibra de coco.
Segundo o especialista em petróleo e meio ambiente, a resposta das
autoridades ainda está voltada para se descobrir a causa e os culpados
pelo vazamento, o que é algo importante, mas o combate ao derramamento
ainda demonstra falta de preparo. O Ibama pediu apoio à Petrobras para
atuar na limpeza de praias. A empresa está capacitando e contratando
agentes comunitários, pessoas das comunidades locais para serviços de
limpeza, mas o número efetivo de mão-de-obra dependerá da quantidade de
pessoas treinadas disponíveis nas áreas afetadas.“O Ibama tem feito a ação importante de monitorar e dar suporte aos municípios, mas de fato tem ocorrido as ações em proatividade dos municípios, principalmente de voluntários. Não parece existir uma resposta organizada no nível federal. É importante ter um acompanhamento e combate ao avanço da mancha. Algumas pessoas têm questionado o uso de barreiras de contenção pelo tipo de petróleo, mas elas ajudam a minimizar os impactos“, destaca ele.
Foto: Clemente Coelho Jr/Instituto Bioma Brasil
Vulnerável, mar brasileiro é a nova fronteira para tragédias ambientais", alerta cientista
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27 Setembro 2019
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Por Jaime GesiskyO aparecimento de manchas de óleo –identificado como petróleo cru– ao longo de uma faixa de mais de 1.500 quilômetros do litoral do Nordeste acendeu um triplo alerta: a costa brasileira é vulnerável, a fiscalização marítima é precária e incidentes como este podem colocar em risco o turismo que move a economia dos estados litorâneos. Sem contar os danos à biodiversidade, à pesca e à sobrevivência das comunidades que tiram seu sustento diretamente do mar. O óleo de origem incerta foi detectado em pelo menos 45 praias e 99 pontos nos Estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Ignorando toda essa fragilidade, o governo federal insiste e leiloar grandes áreas para a exploração de petróleo e gás no mar territorial brasileiro. Alguns blocos que serão levados a leilão no próximo dia 10 de outubro na Agência Nacional de Petróleo ficam em áreas de extrema sensibilidade ambiental e não deveriam, sequer, constar do leilão. É o caso dos quatro blocos situados na Bacia Sedimentar de Camamu-Almada, no litoral da Bahia, bem próximos a um dos maiores complexos de corais de todo o oceano Atlântico: os bancos de Royal-Charlotte e Abrolhos.
O que chama a atenção dos estudiosos no episódio da mancha de óleo é que passaram mais de 20 dias até que o fato fosse devidamente identificado pelas autoridades. Mesmo assim, ainda não se sabe a origem da substância, o quanto vazou e o tamanho do impacto que ela pode causar, além dos efeitos já vistos como poluição das praias e morte de aves e tartarugas marinhas. Segundo a bióloga e pesquisadora Leandra Gonçalves, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, falta governança no mar brasileiro.
De acordo com Leandra, que é co-fundadora da Liga das Mulheres pelos Oceanos, o país não tem estrutura de monitoramento ou fiscalização robusta o suficiente para garantir que atividades que envolvam petróleo e gás não causem impactos na biodiversidade marinha. O mar, alerta a pesquisadora, está se tornando uma nova fronteira potencial para novas tragédias ambientais. O país, afirma, não está preparado para explorar petróleo e gás próximo a áreas marinhas sensíveis ou em regiões em que eventuais vazamentos de óleo possam atingir zonas vitais para os ecossistemas marinhos, como recifes de corais, manguezais, áreas de pesca de comunidades costeiras. “Abrolhos se inclui exatamente neste caso”.
Em casos de acidente com derramamento de óleo, Leandra Gonçalves lembra que os impactos podem se estender do litoral norte da Bahia até a costa do Espírito Santo, o que inclui todo o banco dos Abrolhos, o maior do Atlântico Sul. Turismo, pesca e biodiversidade estariam comprometidos de modo irremediável, adverte.
Risco para empresas
No leilão da 16ª Rodada da Agência Nacional do Petróleo, em que os blocos próximos a Abrolhos serão oferecidos, 17 empresas já estão inscritas. Para a bióloga da USP, resta saber quantas delas estarão dispostas a enfrentar os riscos de reputação embutidos no negócio.
Ela lembra que estudos de impacto ambiental produzidos pela inglesa British Petroleum, uma das gigantes da indústria do petróleo mundial, reconhecem a possibilidade de acidentes de derramamento de petróleo na região de Abrolhos atingirem rapidamente áreas em que encontram-se várias espécies ameaçadas, como baleias-jubarte, tartarugas-marinhas, aves e corais que só existem ali. “Elas podem perder muito dinheiro. Mas pior será ruir sua credibilidade junto a acionistas e financiadores”.
Nota de solidariedade ao Greenpeace: Governo prioriza criar polêmicas vazias
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24 Outubro 2019
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Por WWF-BrasilDiante do maior desastre ambiental na costa brasileira com a contaminação das pessoas, praias, corais e mangues no Nordeste, ao invés do governo federal agir, mais uma vez ele criminaliza as organizações não governamentais da sociedade civil.
O ataque irresponsável do Ministro Ricardo Salles ao Greenpeace acusando a organização de estar por trás do derramamento do óleo é mais um capítulo dessa gestão que, ao invés de cumprir seu papel de governo, prioriza criar polêmicas vazias.
O WWF-Brasil se solidariza com o Greenpeace e todas as pessoas, ONGs e pesquisadores que estão trabalhando arduamente como voluntárias para atuar nesse desastre. Estamos, juntos, coletivamente, trabalhando nas soluções.
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