quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Pecuária: Para cada R$1 milhão em receita, R$22 milhões em prejuízos ambientais



Do ponto de vista ambiental, a conta da agropecuária simplesmente não fecha. Na verdade, a médio prazo, essa indústria está gerando um prejuízo enorme – e irreparável.

Inacreditavelmente, três empresas no mundo detêm o incrível poder de determinar como se dá a utilização dos principais recursos do planeta (solo, água, florestas, rios, oceanos, atmosfera e toda a biosfera). São elas a Cargill, Tyson e a brasileira JBS (dona da Friboi, Swift, Seara e outras). O grande problema é que o lucro, para elas, está acima de qualquer outro fator, e isso está causando prejuízos irreversíveis para o planeta. (Conheça aqui alguns dos maiores prejuízos causados por essa indústria).

O mais assustador é o fato de essa indústria ser tão monstruosamente grande e poderosa que chega a pesar de forma bastante significativa no PIB de alguns países. Esse mesmo poder econômico que assusta ambientalistas atrai a atenção de governantes que, movidos a uma visão estreita e obsoleta da realidade, colocam seus esforços no que dá retorno imediato, sem se preocuparem com as consequências a médio e longo prazo.

Um levantamento feito pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pela Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) mostrou que, para cada R$1 milhão faturado pela pecuária, são gerados R$22 milhões em impactos ambientais. Estamos simplesmente empurrando com a barriga problemas sérios que se agravarão nos próximos anos. A agropecuária é responsável por 90% do desmatamento da Amazônia, por pelo menos 50% de toda água doce consumida no mundo, e ainda é a maior responsável pela poluição de rios e pelo processo de degradação e desertificação do solo (que já chega a 1/3 de toda superfície terrestre). Veja a íntegra do documento do estudo aqui (em inglês).

A agropecuária hoje é responsável por quase 5% do PIB brasileiro, o que significa algo em torno de R$240 bilhões – isso requer um investimento equivalente a R$10 trilhões de reais em reparos ambientais ao ano (se de todo possíveis). Com projetos em busca de retorno financeiro imediato, o governo vê o setor como a menina dos olhos de ouro. Entre 2015 e 2016 os cofres públicos irão disponibilizar R$187 BI em crédito para o setor. É importante enfatizar que, além da facilidade na obtenção de valores tão altos em condições extremamente favoráveis, o Brasil ainda oferece um dos maiores subsídios do mundo para a pecuária. Quem paga a conta disso é a totalidade da população: quem apoia e quem não apoia essa indústria, e principalmente as futuras gerações, que poderão não ter um planeta habitável para viver.


No momento em que o país enfrenta sua pior crise moral, é alarmante ver que o governo utiliza seus esforços e recursos para patrocinar e incentivar uma prática tão antiética e insustentável, pensando unicamente no lucro a curto prazo. Nos últimos sete anos, por exemplo, somente os frigoríficos receberam do BNDES R$12,8 BI em compras de ações mais R$3,2 BI em empréstimos diretos.

Segundo informações da Bloomberg e do El Pais, após uma década de aquisições, a JBS hoje é um império com um faturamento anual de 92,9 bilhões de reais. Mas essa década de expansão teve efeitos negativos para o grupo, principalmente no que se refere ao endividamento. No fim do exercício de 2013, a dívida líquida da JBS era de 23,748 bilhões de reais, ou 102,7% de sua capitalização em bolsa.

O Estado brasileiro é o credor de grande parte dessa dívida, pois respaldou o crescimento da empresa por meio da compra de títulos. Isso também se reflete na composição do capital. O Estado é o segundo acionista da JBS, depois da família Batista: 25% dos títulos são propriedade da divisão de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 10% está nas mãos da Caixa Econômica Federal. Em 31 de dezembro de 2013, 35% das ações do grupo tinham valor de mercado superior a 2,6 bilhões de euros.”

O BNDES afirma que na Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Governo Federal, o setor de carnes ocupa lugar de destaque nas “estratégias de desenvolvimento de empresas e sistemas produtivos”.

É absolutamente necessário revermos, com extrema urgência, a forma como o governo utiliza o dinheiro público para a obtenção de novas receitas sem a menor preocupação com o planeta e os recursos naturais dos quais depende a nossa existência.

Brigadistas brasileiros combatem fogo no Chile


Por Gustavo Faleiros
Imagem do satélite Aqua, da NASA, feita no dia 02 de janeiro sobre a região central do Chile perto das cidades de Concepción e Chillán (fonte: Earth Observatory, NASA)
Imagem do satélite Aqua, da NASA, feita no dia 02 de janeiro sobre a região central do Chile perto
 das cidades de Concepción e Chillán (fonte: Earth Observatory, NASA)


Nas fotos abaixo: brigadistas do Prevfogo-Ibama chegam à área ameaçada pelo fogo, que queima vegetação altamente carburante ( à dir.) Fonte: Ibama
Mapa interativo com focos de calor captados pelo sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) a bordo do satélite Aqua, da NASA, entre os dias 01 e 17 de janeiro. Clique nos ícones de incêndio (vermelhos) para ver dados sobre localização exata, dia e hora, além dos munícipios chilenos afetados


Visualizar Focos de calor no Chile em um mapa maior


Download de dados

Imagem de satélite MODIS/Aqua do dia 02 de janeiro - Alta Resolução (840 KB - JPEG - fonte: NASA)
Imagem de satélite sobreposta no Google Earth ( Arquivo KMZ - fonte: NASA)
Focos de Calor no Chile entre os dias 01 e 17 de janeiro 2012 (Arquivo SHP- fonte:INPE)

Chile enfrenta maior desastre florestal de sua história

Por Sabrina Rodrigues
Reserva Nacional Rio de Los Cipreses é uma das 43 unidades de conservação chilenas fechadas para visitação devido a onda de incêndios. Foto: ChileBike/Flickr
Reserva Nacional Rio de Los Cipreses é uma das 43 unidades de conservação chilenas fechadas 
para visitação devido a onda de incêndios. Foto: ChileBike/Flickr

O Chile enfrenta o maior desastre florestal da sua história, incêndios de grandes proporções já provocaram a destruição de um total de 155 mil hectares, ou seja, 1.550 km². É como se uma área um pouco maior do que a cidade de São Paulo pegasse fogo. Até o momento, os incêndios deixaram três brigadistas mortos e três feridos. Segundo o governo chileno, os incêndios são comuns durante a época de estiagem, mas as ações humanas e as mudanças climáticas são os motivos para o agravamento das queimadas.


A Corporação Nacional Florestal (CONAF), órgão ligado ao Ministério da Agricultura do Chile, informou que até o dia de hoje (24), de 89 registros, 36 focos estão sendo combatidos e 3 foram extintos. A situação é tão grave que o governo fechou, temporariamente, parques nacionais, reservas nacionais e monumentos naturais entre as regiões de Coquimbo e Los Rios. Até agora, são 43 unidades de conservação fechadas para visitação.


"O fechamento de parques, reservas e monumentos entre Coquimbo e Los Rios acontecem a partir de segunda-feira (23) e vai continuar até que as condições meteorológicas se estabilizem e não representem um risco para a propagação de incêndios florestais, como altas temperaturas, baixa umidade relativa e rajadas de vento. Além disso, a medida também visa reduzir o risco para os visitantes em caso de incêndios próximos ou dentro das unidades”, disse o diretor executivo da CONAF, Aaron Cavieres.


Os acontecimentos forçaram a presidente do Chile, Michelle Bachelet, a cancelar viagem à República Dominicana, onde participaria da cúpula de presidentes da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). "O país enfrenta o maior desastre florestal da sua história, mas superaremos a emergência", afirmou Bachelet.


Em comparação aos anos de 2015-2016, o número de incêndios aumentou 14% no período de 2016-2017. A superfície afetada teve um acréscimo de 1.182%.


Em comparação aos anos de 2015-2016, houve um aumento de 14% no  número de   incêndios nos anos de 2016-2017. Fonte da Tabela: CONAF.
Em comparação aos anos de 2015-2016, houve um aumento de 14% no número de incêndios nos
 anos de 2016-2017. Fonte da Tabela: CONAF.

Trump derruba veto a oleodutos polêmicos


Por Claudio Angelo e Camila Faria, do Observatório do Clima
Trump em campanha no Arizona, em outubro. Foto: Gage Skidmore/Flickr
Trump em campanha no Arizona, em outubro. Foto: Gage Skidmore/Flickr


Nunca antes na história deste planeta tantos retrocessos ambientais aconteceram num intervalo de tempo tão curto. Nesta terça-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu três canetadas que prejudicam o clima, os povos indígenas e o licenciamento ambiental – tudo isso num intervalo de dois minutos e meio. Trump completou hoje quatro dias no cargo, o que faz imaginar o que ele será capaz de fazer em quatro anos.


Dois decretos (chamados nos EUA de “ordens executivas”) retiram o veto à construção de dois polêmicos oleodutos que permitirão o refino de petróleo extraído de fontes não-convencionais. O terceiro acelera o licenciamento ambiental para obras de infraestrutura de interesse do governo. É a versão americana do “licenciamento a jato” que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) tentou aprovar no Brasil, até aqui sem sucesso.


A primeira ordem assinada pelo presidente diz respeito ao oleoduto Keystone XL. O nome certo seria “betumeduto”, já que o objetivo da tubulação de 2.700 quilômetros (pouco mais que a distância São Paulo-Belém) é trazer por dia 830 mil barris de betume do Canadá, para serem refinados e exportados em Houston, no Texas.


O betume é extraído das areias betuminosas de Athabasca, na Província de Alberta, e é considerado o combustível fóssil mais sujo do planeta. Sua produção envolve não apenas a destruição do ecossistema local, de antigas florestas boreais, mas também gastos enormes de energia para separar o petróleo superpesado da areia – o processo consiste basicamente em dar um banho de vapor nesta última até derreter o petróleo.


A abertura à exportação do petróleo canadense tem potencial de emitir 8,4 bilhões de toneladas de CO2 a mais durante o tempo de vida do projeto (mais de quatro vezes tudo o que o Brasil emite por ano), o que dificultaria o cumprimento da meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento global em menos de 2oC.


A Keystone XL foi objeto de diversos protestos de ambientalistas nos EUA. Um deles terminou com dezenas de presos, entre eles o a atriz Daryl Hannah e o climatologista James Hansen, que declarou que sua construção seria “fim de jogo para o clima”. Em 2015, 90 cientistas e economistas e dez vencedores do Prêmio Nobel da Paz mandaram cartas ao presidente Barack Obama pedindo que vetasse a obra – o que ele fez, no fim daquele ano.


Agora, Trump autoriza a empresa TransCanada, responsável pelo projeto, que submeta de novo o oleoduto ao exame do governo. “Vamos renegociar os termos. Se eles gostarem, vamos ver se fazemos esse oleoduto”, disse, ressaltando que quer que os tubos sejam fabricados nos EUA. “São muitos empregos, 28 mil empregos, grandes empregos na construção”, gabou-se Trump. O site Politico reportou em 2013, com base em um relatório do Departamento de Estado, que após a construção o duto manterá apenas 35 empregos permanentes. A aprovação do projeto estará nas mãos de Rex Tillerson, secretário de Estado, que até dezembro presidia a maior empresa de petróleo do mundo.


O segundo ato determina ao Batalhão de Engenharia do Exército que revise e aprove o quanto antes o plano de construção do oleoduto Dakota Access. Essa segunda rede de tubos levará petróleo extraído por “fracking” no folhelho Bakken, formação rochosa rica em óleo na Dakota do Norte, no noroeste do país, até Illinois, no Meio-Oeste, cruzando a terra indígena Standing Rock, dos sioux, e passando por baixo do rio Missouri, única fonte de água da tribo. O projeto foi alvo de empates de índios e ambientalistas, que acamparam na frente da obra para impedir a construção e foram violentamente reprimidos pela polícia. A construção foi suspensa em dezembro.


“Mais pessoas mandaram comentários ao governo contra o Dakota Access e o Keystone XL do que sobre qualquer outro projeto na história”, disse Bill McKibben, fundador da ONG 350.org, segundo o site Think Progress, ligado aos democratas. Ele prometeu mais protestos. “Os cientistas do clima e Prêmios Nobel explicaram seguidas vezes por que os projetos eram burros e imorais. Em um de seus primeiros atos como presidente, Donald Trump ignora tudo isso no afã de servir à indústria do petróleo.”


Mas a imprensa americana reportou nesta terça-feira que há mais alguém a quem Trump parece querer servir com as liberações: ao próprio bolso e ao alguns de seus auxiliares.


De acordo com prestações de contas da campanha presidencial, Trump já investiu pessoalmente entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão em ações da ETP (Energy Transfer Partners), companhia responsável pela construção do oleoduto de Dakota, que foram vendidas no final de 2016, e possui entre US$ 250 mil e US$ 500 mil milhão na Phillips 66, que deve ter 25% do projeto completo. Ainda não se sabe se essas ações foram vendidas pelo atual presidente. Já o chefe-executivo da ETP, Kelcy Warren, doou mais de US$100 mil para a campanha de Trump e adicionais US$ 66.800 para o Partido Republicano depois que o Trump se tornou o candidato oficial  do grupo.


O secretário de Energia de Trump, Rick Perry, esteve entre os acionistas diretores da ETP até o dia 31 de dezembro de 2016. No ano anterior, o atual secretário e ex-governador do Texas, teria recebido US$ 236.820 de acordo com registros da companhia. O presidente da petroleira Continental Resources, apelidado de “Rei do Fracking” Harold Hamm, é um dos conselheiros de Trump e teria seu produto transportado pela Dakota Access. John Paulson, outro conselheiro, e investidor pesado na indústria de gás e óleo, especialmente na extração no folhelho Bakken.


“O aprendiz do caos climático protagonizou um show de violação dos direitos indígenas, assassinato do licenciamento ambiental e o empurrão do planeta Terra ainda mais para perto das catástrofes ambientais”, disse a diretora para a América Latina da 350.org, Nicole Oliveira, em alusão ao antigo programa de TV de Trump, O Aprendiz. “O começo da temporada demonstra que os próximos episódios serão cada vez mais ‘fósseis’. É um sinal claro de uma mudança na política energética americana que enfatiza e perpetua a dependência dos hidrocarbonetos. Que esse reality show não seja replicado no Brasil e na América Latina.”

Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo. logo-observatorio-clima

Poluição de motores reativa vírus dormente no pulmão



Poluição de motores reativa vírus dormente no pulmão
As nanopartículas que saem do escapamento de carros e caminhões podem ativar vírus que estão dormentes no tecido dos pulmões.
[Imagem: Helmholtz Zentrum München]
 
 
Nanopartículas
Que a fumaça emitida pelos carros e caminhões pode disparar doenças pulmonares é algo que se sabe há muito tempo.

O que se descobriu agora é que as nanopartículas emitidas pelos motores a combustão podem ativar vírus que estão dormentes nas células do tecido pulmonar.

Esta descoberta surpreendente acaba de ser anunciada por pesquisadores do Centro Helmholtz de Munique e do Centro Alemão de Pesquisa Pulmonar. Os resultados foram publicados na revista Particle and Fiber Toxicology.


Vírus dormentes
Para fugir do sistema imunológico, alguns vírus se escondem nas células de seu hospedeiro e lá permanecem em estado de dormência. Na terminologia médica, esse estado é conhecido como "infecção latente".


Se, por alguma razão, o sistema imunológico dessa pessoa se enfraquecer, ou se certas condições orgânicas mudarem, os vírus tornam-se ativos novamente, começam a proliferar e destruir a célula hospedeira, criando um quadro tradicional de infecção viral.

"Já sabíamos, a partir de estudos anteriores em modelos [animais], que a inalação de nanopartículas tem um efeito inflamatório e altera o sistema imunológico," disse o coordenador do estudo, professor Tobias Stoger.

A equipe agora testou a influência específica de nanopartículas geradas pela combustão de combustíveis fósseis em uma infecção pelo vírus do herpes. Quando os animais foram submetidos à poluição, houve um aumento significativo nas proteínas virais, que são produzidas apenas com a proliferação ativa do vírus.

"Análises de expressões gênica e metabólica também revelaram padrões similares à infecção aguda. Além disso, experimentos posteriores com células humanas demonstraram que os vírus Epstein-Barr também são 'despertados' quando entram em contato com as nanopartículas," disse Stoger.


Detecção de doenças pulmonares crônicas
O próximo passo será testar se os mesmos resultados ocorrem nos seres humanos.


"Muitas pessoas carregam o vírus do herpes, e os pacientes com fibrose pulmonar idiopática são particularmente afetados," disse Heiko Adler, coautor do trabalho.


"Se os resultados forem confirmados em seres humanos, seria importante investigar o processo molecular de reativação do vírus herpes latente induzido pela inalação de partículas. Então poderíamos tentar influenciar esta via terapeuticamente," finalizou.

Fazenda espacial começará a ser testada na Antártica


Fazenda espacial começará a ser testada na Antártica
A Antártica será o primeiro passo para a estufa que poderá alimentar humanos no espaço, na Lua e em Marte. [Imagem: DLR]
Éden no espaço
Enquanto procuram ardentemente por exoplanetas na zona habitável, os humanos também se dedicam cada vez mais a preparativos para viver fora da zona habitável da Terra.

Isso inclui primariamente as viagens espaciais, certamente, mas não só. As preocupações ambientais estão levando cada vez mais pesquisadores para as regiões polares, e lá também é difícil manter laboratórios "sustentáveis" - que possam produzir seu próprio alimento, pelo menos.

A DLR, a agência espacial da Alemanha, está desenvolvendo fazendas modulares que possam ser enfiadas dentro de invólucros adequados a cada uma dessas situações.

O protótipo da estufa "Estufa Eden ISS" será testado na estação polar alemã Neumayer III, na Antártica, mas o projeto já prevê a nova etapa, em que tudo será acondicionado em formato de tubo e enviado ao espaço - primeiro para a Estação Espacial Internacional (daí o ISS no nome desse "jardim do Éden" miniaturizado) e, mais no futuro, para a Lua ou Marte.


Aeroponia
"Primeiro de tudo, precisamos fornecer as necessidades básicas das plantas na estufa polar, que não podem ser presumidas como existentes na Antártica," explicou Paul Zabel, coordenador do projeto. "Tubos para fornecer água em quantidades adequadas, lâmpadas para fornecer a luz adequada e até filtros e bicos para aspergir uma solução promotora do crescimento [das plantas] devem ser colocados e postos para funcionar."


Afinal, manter a água em estado líquido é um desafio nos -30º C da Antártica, e as plantas vão precisar de luz durante a escuridão da noite polar, que dura meses. Isto sem contar um isolamento térmico que permita uma temperatura adequada aos vegetais. Sem dúvida, um bom teste para uma estufa espacial.


As plantas serão cultivadas por um processo chamado aeroponia: "A água não é fornecida diretamente às plantas, ela é controlada por computador para adicionar uma solução especial de nutrientes. A cada cinco a 10 minutos, as plantas são aspergidas automaticamente com essa mistura de água e nutrientes, de forma que elas podem ser cultivadas completamente sem solo," explicou Zabel.


Além de evitar problemas de contaminação, o cultivo aeropônico evita a necessidade de carregar grandes quantidades de solo, e a água pode ser reutilizada continuamente.



Fazenda espacial começará a ser testada na Antártica
Todo o sistema já foi projetado para ser reconstruído na forma de um laboratório espacial, que possa ser anexado à Estação Espacial Internacional ou a uma nave de longo alcance. [Imagem: DLR]

Mulher morre nos EUA de infecção resistente a todos os antibióticos




Era pós-antibióticos
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) anunciou que uma mulher que morreu em um hospital do estado de Nevada em agosto passado foi vítima de uma cepa da bactéria Klebsiella que se mostrou resistente a 26 antibióticos diferentes - todos os antibióticos que o hospital tinha ao seu dispor.

Segundo as autoridades norte-americanas, a mulher provavelmente pegou a bactéria resistente quando foi hospitalizada na Índia devido a uma fratura na perna.


De forma um tanto trágica, a infecção poderia ter sido curada por um antibiótico já licenciado para usos como este na Europa, mas não nos Estados Unidos. A fosfomicina é uma droga antiga, que foi substituída por cefalosporinas mais modernas na década de 1980. Mas os médicos estão agora tentando ressuscitar e relicenciar essas drogas para uso no número crescente de casos onde os mais novos falham.

Em outubro passado, pesquisadores relataram que mais de um terço das infecções de sangue em recém-nascidos envolvendo Klebsiella e bactérias semelhantes eram tão multirresistentes que eram praticamente intratáveis. Nos casos de infecção por Acinetobacter, 82% eram virtualmente impossíveis de eliminar.


Antibióticos de último recurso
De acordo com o CDC, pelo menos 90% das infecções multirresistentes nos Estados Unidos ainda podem ser vencidas por pelo menos um antibiótico de último recurso.


O mais preocupante é que "não sabemos quantas infecções totalmente resistentes aos antibióticos existem agora," disse Mike Sharland, da Universidade de Londres. Só agora a Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de começar um projeto de rastreamento para tentar coletar esses dados.




Sharland diz que, em toda a Europa, as infecções hospitalares atingem entre 10 e 17% dos bebês tratados em unidades neonatais ou de terapia intensiva, e outros estudos sugerem que muitos destes podem ser multirresistentes.


O problema parece ser particularmente grave na Índia, onde tais infecções "ameaçam o retorno a uma era pós-antibióticos em unidades de cuidados intensivos neonatais indianos," disse o especialista.

Astrônomos preveem explosão que mudará o céu em 2022


Astrônomos preveem explosão que mudará o céu em 2022
Os dados mostram que o binário já está parecido com um amendoim, prestes a se fundir, o que deverá gerar uma explosão espetacular. [Imagem: Larry Molnar/Calvin College]
 
 
Previsão astronômica
Embora a previsão de fenômenos astronômicos - os eclipses, por exemplo - tenha uma história milenar, não é comum ouvir falar de previsões de eventos cósmicos não repetitivos.


Assim, não deixa de ser corajosa a alegação feita por uma equipe coordenada por Larry Molnar (Universidade Calvin), Karen Kinemuchi (Observatório Apache) e Henry Kobulnicky (Universidade de Wyoming).


Eles estão prevendo que, em 2022, ocorrerá uma explosão que deverá mudar o céu noturno por várias semanas. Segundo eles, o que será essencialmente o nascimento de uma nova estrela, poderá ser visto a olho nu.


"É uma chance de uma em um milhão de você poder prever uma explosão. É algo que nunca foi feito antes," disse Molnar.


A previsão é que um sistema binário - duas estrelas orbitando uma à outra - irá se fundir e explodir em 2022, com uma margem de erro de um ano para mais ou para menos.


No momento em que as duas estrelas finalmente colidirem, o sistema terá um aumento de brilho de 10 vezes, tornando-se uma das estrelas mais brilhantes no céu. Ela então se tornará visível a olho nu, na Constelação do Cisne, adicionando uma estrela à estrutura conhecida como "Cruzeiro do Norte" - maior, mas bem menos famosa do que o Cruzeiro do Sul.


Astrônomos preveem explosão que mudará o céu em 2022
Astrônomos preveem o nascimento de uma nova estrela na Constelação do Cisne - o local está marcado pelo ponto vermelho. Por um breve período ela ficará visível a olho nu. [Imagem: Larry Molnar/Calvin College]
 
 
Nascimento de uma estrela
A equipe vem monitorando o sistema binário, chamado KIC 9832227, desde 2013. Os dados mostram que o período orbital do par vem diminuindo de forma consistente, mostrando que as duas estrelas caminham para um choque inevitável.


Este fenômeno de fusão estelar é relativamente comum no Universo, mas até hoje ninguém conseguiu prever um - eles são detectados justamente pelo aumento do brilho de uma estrela, sendo que nem sempre os astrônomos sabiam anteriormente que se tratava de um binário.


"O período orbital pode ser checado por astrônomos amadores. Eles podem medir as variações de brilho em relação ao tempo desta estrela de 12ª magnitude à medida que ela eclipsa, e verem por si mesmos se ela continua na programação que estamos prevendo ou não," disse Molnar.


Observações desse tipo deverão refinar os cálculos e permitir que a equipe reduza a margem de erro - atualmente de um ano -, eventualmente permitindo que a humanidade sente-se calmamente para esperar o momento em que uma nova estrela surgirá no céu.

Bibliografia:

Prediction of a Red Nova Outburst in KIC 9832227
Lawrence A. Molnar, Daniel M. Van Noord, Karen Kinemuchi, Jason P. Smolinski, Cara E. Alexander, Evan M. Cook, Byoungchan Jang, Henry A. Kobulnicky, Christopher J. Spedden, Steven D. Steenwyk
The Astrophysical Journal