quinta-feira, 21 de março de 2019

Em 20 anos, o avanço do saneamento no Brasil pode reduzir gastos com saúde em mais de R$ 7 bilhões


Em 20 anos, o avanço do saneamento no Brasil pode reduzir gastos com saúde em mais de R$ 7 bilhões


Saneamento no Brasil e conservação da água – Melhor qualidade da água traz benefícios à saúde e à economia


esgoto

Com a maior reserva de água doce do mundo, o Brasil ainda sofre com a falta de medidas para a conservação desse recurso essencial para a vida e para a atividade econômica. Segundo o levantamento mais recente divulgado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), 35 milhões de brasileiros não recebem água tratada e mais de 100 milhões não têm acesso a coleta de esgoto. Ainda de acordo com o estudo, apesar de avanços no saneamento, apenas 45% do esgoto gerado no País é tratado. “Essa era uma pauta [esgoto] do século 19 que continuamos discutindo no século 21. Podemos comemorar algumas conquistas, mas ainda estamos muito atrasados quando falamos sobre a conservação da água”, afirma o doutor em Ecologia e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Marcelo Aranha.


O especialista lembra que investimentos para a conservação da água impactam positivamente na economia e trazem benefícios à saúde. “A conservação do recurso e ambientes mais limpos geram um entorno com condições humanas mais adequadas, diminuindo significativamente a disseminação de doenças ou a presença de agentes transmissores, como ratos e baratas”, explica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar investido em água e saneamento resulta em economia de 4,3 dólares em saúde.


Várias cidades do mundo já verificaram na conservação da água resultados econômicos mais efetivos. Em Nova York (EUA), por exemplo, a manutenção da qualidade do recurso oferecido à população é feita por meio da proteção dos mananciais, conservação das nascentes e, com isso, precisam apenas de um sistema de filtragem e desinfecção para que a água esteja própria para o consumo. “Muitos países têm buscado manter a funcionalidade dos rios. O sistema desenvolvido em Nova York custou apenas 15% do que se gastaria com a opção tradicional de tratamento. Muitos exemplos comprovam que conservar é economicamente mais vantajoso que tratar o problema”, finaliza o especialista.


Economia bilionária
Considerando a projeção de avanço gradativo do saneamento no Brasil no período entre 2015 a 2035, estima-se que a economia na área de saúde, gerada pela redução de afastamento no trabalho e despesas no SUS, deve alcançar mais de R$ 7,2 bilhões no País, segundo informações divulgadas pelo Instituto Trata Brasil. Somente a coleta de esgoto para 100% da população, resultaria em uma diminuição de mais de 74 mil internamentos por doenças ligadas à contaminação da água.


Além do esgoto, a água também sofre com a contaminação industrial e o lixo que sobrecarrega os rios, favorecendo o assoreamento. “O resultado são inundações com muito mais frequência do que seria aceitável com as precipitações. Quando uma pessoa joga lixo no rio ou diretamente na natureza, sem considerar que esse ato traz um retorno à sociedade e a ela mesma, consideramos que esse comportamento é reflexo de um analfabetismo ambiental”, analisa o ecólogo.
Fonte: Rede de Especialistas de Conservação da Natureza

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/03/2019


"Em 20 anos, o avanço do saneamento no Brasil pode reduzir gastos com saúde em mais de R$ 7 bilhões," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/20/em-20-anos-o-avanco-do-saneamento-no-brasil-pode-reduzir-gastos-com-saude-em-mais-de-rdollar-7-bilhoes/.

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Estudo sugere que as mudanças climáticas limitam a recuperação florestal após incêndios florestais


Nova pesquisa sugere que a mudança climática torna cada vez mais difícil a recuperação florestal após incêndios florestais, o que poderia contribuir para a perda abrupta de florestas.

University of Montana*

floresta queimada

O estudo, “Wildfires and Climate Change Push Low-elevation Forests Across a Critical Climate Threshold for Tree Regeneration“, foi publicado em 11 de março nos Anais da Academia Nacional de Ciências e está disponível online em http://bit.ly/2HeZc8t .

Kimberley Davis, pesquisadora de pós-doutorado na WA Franke College of Forestry and Conservation na UM, e seus coautores examinaram a relação entre o clima anual e a regeneração pós-fogo de pinheiro ponderosa e abeto de Douglas em florestas de baixa elevação no oeste da América do Norte .

“Florestas no oeste dos EUA são cada vez mais afetadas por mudanças climáticas e incêndios florestais”, disse Davis, principal autor do estudo. “A capacidade das florestas para se recuperar após incêndios florestais depende do clima anual, porque as mudas de árvores são particularmente vulneráveis ao clima quente e seco. Queríamos identificar as condições específicas necessárias para a regeneração pós-fogo para entender melhor como a mudança climática vem afetando as florestas ao longo do tempo ”.

Os autores usaram anéis de árvores para determinar datas de estabelecimento de mais de 2.800 árvores que se regeneraram após incêndios no Arizona, Califórnia, Colorado, Idaho, Montana e Novo México entre 1988 e 2015. As taxas anuais de regeneração de árvores foram muito menores quando as condições climáticas sazonais, incluindo temperatura umidade e umidade do solo, limiares cruzados específicos.

Nos últimos 20 anos, as condições climáticas cruzaram esses limites na maioria dos locais de estudo, levando a um declínio abrupto na frequência com que as condições anuais são adequadas para a regeneração de árvores. Os resultados do estudo destacam como futuros incêndios em locais semelhantes podem catalisar transições de ecossistemas florestais para não-florestais.

“Árvores adultas podem sobreviver em condições mais quentes e mais secas do que as mudas, e nosso estudo descobriu que algumas áreas de baixa altitude que são atualmente florestadas não têm mais condições climáticas adequadas para a regeneração de árvores”, disse Davis. “Nessas áreas, o fogo de alta gravidade pode levar a transições do ecossistema de florestas para campos ou matagais.

“É importante entender como a mudança climática e os incêndios florestais afetarão a regeneração das árvores, porque as florestas são importantes economicamente, ecologicamente e culturalmente”, disse ela. “Pinheiros Ponderosa e Douglas são duas das espécies de árvores mais dominantes no oeste dos EUA, e são fundamentais para a indústria florestal regional. As florestas também contêm altos níveis de biodiversidade e fornecem uma variedade de serviços ecossistêmicos, como o sequestro de carbono e a regulamentação e fornecimento de água. Além disso, as pessoas adoram recriar em florestas, que é uma parte cada vez mais importante da economia nos estados ocidentais. ”
Referência:
Wildfires and climate change push low-elevation forests across a critical climate threshold for tree regeneration
Kimberley T. Davis, Solomon Z. Dobrowski, Philip E. Higuera, Zachary A. Holden, Thomas T. Veblen, Monica T. Rother, Sean A. Parks, Anna Sala, Marco P. Maneta
Proceedings of the National Academy of Sciences Mar 2019, 201815107; DOI: 10.1073/pnas.1815107116
https://doi.org/10.1073/pnas.1815107116

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/03/2019

"Estudo sugere que as mudanças climáticas limitam a recuperação florestal após incêndios florestais," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/18/estudo-sugere-que-as-mudancas-climaticas-limitam-a-recuperacao-florestal-apos-incendios-florestais/.

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Assembleia Ambiental das Nações Unidas adota compromissos por um futuro mais sustentável





Assembleia Ambiental das Nações Unidas adota compromissos por um futuro mais sustentável



crianças cuidando do planeta

·         No encontro ambiental mais importante do mundo, ministros acordaram um novo modelo para proteger os recursos degradados do planeta
·         Líderes concordaram em enfrentar a crise ambiental por meio de inovações e do consumo e produção sustentáveis
·         Delegados se comprometeram a reduzir de maneira significativa os plásticos descartáveis até 2030
·         A quarta Assembleia Ambiental da ONU aconteceu em uma atmosfera de luto após a queda de avião da Ethiopian Airlines com destino a Nairóbi 


Por Flora Pereira, ONU Meio Ambiente

O Mundo hoje preparou o terreno para uma mudança radical por um futuro mais sustentável, em que a inovação pode ser fomentada para enfrentar os desafios ambientais, o uso de plásticos descartável será significativamente reduzido e o desenvolvimento não irá mais custar tanto para o planeta. 

Após cinco dias de conversas na Quarta Assembleia Ambiental das Nações Unidas, em Nairóbi, os ministros de mais de 170 países membros das Nações Unidas entregaram um plano audacioso por mudança, comunicando que o mundo precisa acelerar os movimentos para um novo modelo de desenvolvimento a fim de respeitar a visão estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030. 

Preocupados pelas crescentes evidências de que o planeta está cada vez mais poluído, rapidamente se aquecendo e perigosamente esgotado, os ministros prometeram atender os desafios ambientais por meio do avanço de soluções inovadoras e da adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo. 

“Reafirmamos que a erradicação da pobreza, mudando aquilo que é insustentável, promovendo padrões sustentáveis de consumo e produção e protegendo a gestão dos recursos naturais que são base para o desenvolvimento social e econômico, são os objetivos fundamentais e as exigências essenciais para o desenvolvimento sustentável”, disseram os ministros em sua declaração final.

“Melhoraremos as estratégias de gestão de recursos naturais integrando perspectivas que englobem o ciclo completo da vida e análises que concretizem economias de baixo carbono e eficientes em relação aos seus recursos”.
 
Mais de 4.700 delegados, incluindo ministros do meio ambiente, cientistas, acadêmicos, líderes empresariais e representantes da sociedade civil estavam presentes na Assembleia: o corpo mais importante de meio ambiente a nível global, cuja decisão definirá a agenda das nações, antevendo a Cúpula de Ação Climática da ONU, em setembro. 

O evento também resultou no comprometimento dos ministros em promover sistemas de alimentação encorajando práticas de agricultura resilientes, enfrentar a pobreza por meio da gestão sustentável de recursos naturais, promover o uso e compartilhamento de dados ambientais, e reduzir sensitivamente o uso de plásticos descartáveis. 

“Nós vamos endereçar o dano causado a nossos ecossistemas pelo uso insustentável de produtos plásticos, promovendo a redução significativa de produtos descartáveis de plástico até 2030, e trabalharemos com o setor privado para encontrar produtos ambientalmente amigáveis e financeiramente acessíveis”, disseram. 

Para enfrentar as lacunas de conhecimento, ministros prometeram trabalhar para produzir dados ambientais internacionais comparáveis e ao mesmo tempo aprimorar os sistemas e tecnologias de monitoramento. Eles também expressaram apoio aos esforços da ONU Meio Ambiente para desenvolver uma estratégia global para dados ambientais até 2025.

“O mundo está em uma encruzilhada, mas hoje escolhemos o caminho que seguiremos” disse Siim Kiisler, Presidente da Quarta Assembleia Ambiental da ONU e Ministro do Meio Ambiente da Estônia. “Decidimos fazer as coisas diferentemente. Desde reduzir nossa dependência dos plásticos de uso único a colocar a sustentabilidade no seio de todos os desenvolvimentos futuros, transformaremos a maneira que vivemos. Temos as soluções inovadoras que precisamos. Agora temos que adotar políticas que nos permitam suas implementações”.

A Assembleia começou em luto após o acidente de um voo da Ethiopian Airlines de Addis Ababa para Nairóbi, que custou a vida de todas as 157 pessoas a bordo, incluindo funcionários da ONU e outros delegados que estavam viajando para o encontro. Um minuto de silêncio foi realizado para as vítimas na cerimônia de abertura, onde as autoridades também prestaram homenagem ao trabalho de seus colegas.

No final da Assembleia, os delegados adotaram uma série de resoluções não vinculantes, rumo à mudança para um modelo de desenvolvimento diferente. Entre as resoluções, foi reconhecido que uma economia global mais circular, em que os bens podem ser reutilizados ou reaproveitados e mantidos em circulação pelo maior tempo possível, pode contribuir significativamente para o consumo e a produção sustentáveis.

Outras resoluções disseram que os Estados Membros poderiam transformar suas economias por meio de compras públicas sustentáveis ​​e instaram os países a apoiar medidas para lidar com o desperdício de alimentos e para desenvolver e compartilhar as melhores práticas nas áreas de eficiência energética e de segurança para a cadeia de frio.

As resoluções também abordaram o uso de incentivos, incluindo medidas financeiras, para promover o consumo sustentável e acabar com incentivos para consumo e produção insustentáveis, quando apropriado.

“Nosso planeta atingiu seus limites e precisamos agir agora. Estamos muito satisfeitos que o mundo tenha respondido, aqui em Nairóbi, com compromissos firmes para construir um futuro em que a sustentabilidade seja o objetivo final em tudo o que fizermos”, afirmou Joyce Msuya, Diretora Executiva Interina da ONU Meio Ambiente.

“Se os países cumprirem tudo o que foi acordado aqui e implementar as resoluções acordadas, poderemos dar um grande passo em direção a uma nova ordem mundial, onde não cresceremos mais às custas da natureza, mas veremos as pessoas e o planeta prosperarem juntos.”

Um dos principais focos da Assembleia foi a necessidade de proteger oceanos e ecossistemas frágeis. Os ministros adotaram uma série de resoluções sobre lixo marinho plástico e microplásticos, incluindo o compromisso de estabelecer uma plataforma multissetorial dentro da ONU Meio Ambiente para tomar medidas imediatas para a eliminação a longo prazo de lixo e microplásticos.

Outra resolução instava os Estados-Membros e outros atores a endereçar o problema do lixo marinho por meio da análise do ciclo de vida completo dos produtos e do aumento da eficiência dos recursos.
Durante a cúpula, Antígua e Barbuda, Paraguai e Trinidad e Tobago aderiram à campanha Mares Limpos da ONU Meio Ambiente, elevando para 60 o número de países adeptos da maior aliança mundial de combate à poluição marinha por plásticos, incluindo 20 da América Latina e do Caribe.

A necessidade de agir rapidamente para enfrentar os desafios ambientais existenciais foi ressaltada pela publicação de uma série de relatórios durante a Assembleia.

Entre as mais devastadoras, está uma atualização sobre a mudança do Ártico, que explica que mesmo que o mundo cortasse as emissões em consonância com o Acordo de Paris, as temperaturas do inverno no Ártico subiriam entre 3 a 5 °C em 2050 e 5 a 9 °C até 2080, devastando a região e desencadeando o aumento do nível do mar em todo o mundo.

O relatório ‘Ligações Globais – Um olhar gráfico sobre a mudança do Ártico’ alertou que o rápido derretimento do permafrost poderia acelerar ainda mais a mudança climática e inviabilizar os esforços para cumprir o objetivo de longo prazo do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 2 °C.

Enquanto isso, o sexto Panorama Global Ambiental, visto como a avaliação mais abrangente e rigorosa do estado do planeta, alertou que milhões de pessoas poderão morrer prematuramente devido a poluição da água e do ar até 2050, a menos que medidas urgentes sejam tomadas.

Produzido por 250 cientistas e especialistas de mais de 70 países, o relatório mostra que o mundo tem a ciência, tecnologia e finanças necessárias para avançar em direção a um caminho de desenvolvimento mais sustentável, mas políticos, empresários e o público devem apoiar e incentivar essa mudança.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, que participou da cúpula na quinta-feira, disse que uma atitude sobre o uso insustentável de recursos não é mais uma escolha, mas uma necessidade.

“Como os Estados-Membros afirmaram durante os debates vibrantes, ao lado da sociedade civil, empresas, comunidade científica e outras partes interessadas, ainda é possível aumentar o nosso bem-estar e, ao mesmo tempo, manter o crescimento econômico por meio de uma mistura inteligente de mitigação do clima, eficiência nos recursos e políticas de proteção da biodiversidade”, disse ela.

Como evidência dos efeitos devastadores da atividade humana sobre a saúde do planeta, um clamor global por ações urgentes está aumentando. Enquanto os delegados se preparavam para deixar Nairóbi na sexta-feira, centenas de milhares de estudantes de cerca de 100 países tomaram as ruas como parte de um movimento de protesto global inspirado na estudante sueca Greta Thunberg.

Durante seu discurso na Assembleia Ambiental da ONU Meio Ambiente, na quinta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que os jovens estavam certos em protestar e que o mundo precisa dessa fúria para impulsionar uma ação mais rápida e mais intensa.

“Acreditamos que o que precisamos, dada a situação em que vivemos, são leis reais, regras que são vinculantes e adotadas internacionalmente. Nossa biosfera enfrenta devastação total. A própria humanidade está ameaçada. Não podemos simplesmente responder com alguns princípios que soem bem, sem qualquer impacto real”, afirmou Macron.

O Presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta também disse que o mundo precisava agir imediatamente para enfrentar os níveis recordes de degradação ambiental, insegurança alimentar, pobreza e desemprego.

“As estatísticas globais atuais são bastante preocupantes e as projeções para as gerações futuras são terríveis e exigem ações urgentes de governos, comunidades, empresas e indivíduos”, disse ele.

Mudanças Climáticas: ‘Não peçam aos seus filhos respostas para a bagunça que vocês fizeram’

Mudanças Climáticas: ‘Não peçam aos seus filhos respostas para a bagunça que vocês fizeram’, argumenta a ativista Greta Thunberg


IHU

Mudanças Climáticas

As pessoas continuam me perguntando ‘qual é a solução para a crise climática’. E como podemos ‘resolver esse problema’. Elas esperam que eu saiba a resposta. Isso é um absurdo, porque não há ‘soluções’ dentro dos nossos sistemas atuais.”

A reportagem é de La Repubblica, 17-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Greta Thunberg
Greta Thunberg. Foto: Grist.org

Depois da grande marcha pelo clima que levou às ruas mais de um milhão de pessoas, sobretudo jovens, a ativista sueca Greta Thunberg responde com um longo post no Facebook às críticas dirigidas ao movimento do qual é inspiradora.

“O argumento favorito aqui na Suécia (e em outros lugares…) é que não importa o que façamos, porque somos todos muito pequenos para fazer a diferença. A manifestação de sexta-feira foi o maior dia de ação climática global de todos os tempos, de acordo com a 350.org. Ela aconteceu porque alguns estudantes de pequenos países como a Suécia, a Bélgica e a Suíça decidiram não ir à escola, porque nada estava sendo feito sobre a crise climática. Nós provamos que o que você faz é importante e que ninguém é muito pequeno para fazer a diferença.”

A ativista, que nos últimos dias foi alvo de ataques e insultos, pede que se olhe para o problema como um todo e não para as questões individuais. “Não podemos nos focar mais apenas em questões individuais e separadas, como carros elétricos, energia nuclear, carne, aviação, biocombustíveis etc., etc. Precisamos urgentemente de uma visão holística para lidar com a crise de sustentabilidade total e o desastre ecológico em curso. E é por isso que eu sempre digo que precisamos começar a tratar a crise pelo que ela é. Porque só assim – e só guiados pela melhor ciência disponível (como está claramente afirmado em todo o Acordo de Paris) – é que podemos começar a criar juntos uma saída global.”

Greta defende os estudantes que foram às ruas. “Se nem mesmo os cientistas, os políticos, a mídia e as Nações Unidas podem falar atualmente sobre o que exatamente precisa ser feito para ‘resolver’ a crise climática (em outras palavras, reduzindo drasticamente as nossas emissões a partir de hoje), como nós, meros estudantes escolares, poderíamos saber? Como vocês podem jogar esse fardo sobre nós?”

“Então”, conclui, “por favor, parem de pedir aos seus filhos as respostas para a bagunça que vocês fizeram.”

(EcoDebate, 20/03/2019) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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Mudanças climáticas: considerações necessárias.

Mudanças climáticas: considerações necessárias, artigo de Isabel Grimm


degelo no Ártico

[EcoDebate] Considerada um desdobramento da crise ambiental, a mudança climática pode ser um dos maiores desafios globais que a sociedade hodierna enfrenta. Ela exerce pressão sobre a estrutura social e política, de comunidades no mundo inteiro, em face ao cenário de incertezas sobre o escopo exato e a velocidade dos próximos passos necessários para remediar suas causas e efeitos, especialmente no plano global.

Previsões destacam que, para cada grau de aumento da temperatura média global, ocorrerá uma queda de 20% na disponibilidade de recursos hídricos para 7% da população mundial. Se as emissões de gases do efeito estufa seguirem subindo, no pior cenário, até o fim do século XXI o número de pessoas expostas a grandes enchentes será três vezes maior do que se as emissões tiverem sido reduzidas. Além disso, será maior a possibilidade de mortes resultantes de ondas de calor, as pessoas estarão expostas a doenças transmitidas pela água e por alimentos. Para completar, o aquecimento global colocará em risco a produtividade pesqueira e os serviços ecossistêmicos dos oceanos.

Tais consequências irão recair tanto quanto aos povos que menos contribuem para as emissões de gases de efeito estufa, uma das causas da mudança do clima. Portanto, seriam as variações climáticas um novo fenômeno de injustiça global? Considerando que as atividades humanas, em relação às mudanças climáticas, podem ser desprezíveis em relação a uma perspectiva global e de cronologia geológica, como supõe alguns cientistas, deve-se ter em conta, porém, que a ação conjunta destas com outros agentes atmosféricos são relevantes.

Assim, são importantes as reflexões sobre mudanças climáticas e possíveis futuros, construindo cenários que avalie causalidades, tendências e ciclos do passado, o que ocorre no presente e pode se estender ao futuro. Nesse momento, é cabível observar que as hipóteses sobre mudanças climáticas devem ser analisadas considerando-a como um fenômeno complexo, relativo, volátil e compatível com a importância do princípio da incerteza e da precaução.

*Isabel Grimm, pós-doutora em Gestão Urbana e doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento, é coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Governança e Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios.

Colaboração de Ana Ornellas, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/03/2019
"Mudanças climáticas: considerações necessárias, artigo de Isabel Grimm," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/20/mudancas-climaticas-consideracoes-necessarias-artigo-de-isabel-grimm/.

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