sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Vitória! Grupo Carrefour Brasil se compromete a melhorar a vida dos porcos

World Animal Protection
Vitória! Grupo Carrefour Brasil se compromete a melhorar a vida dos porcos

13/01/2020

A rede varejista é a primeira no Brasil a adotar altos níveis de bem-estar animal em sua política de fornecedores

Após quase dois anos de trabalho e negociações, o Grupo Carrefour Brasil assumiu nosso compromisso de melhorar a vida dos porcos.

O anúncio, feito na última sexta-feira (10), é uma grande vitória para os animais - que foi possível graças ao apoio dos mais de 92 mil brasileiros que assinaram nossa petição e exigiram mudanças pelo bem-estar dos porcos.

As melhorias serão aplicadas a todos os fornecedores de carne suína in natura (não processada) da marca própria Carrefour, que representa 74% de toda a carne de porco comercializada em seus açougues. Para os produtos de outras marcas, a rede anunciou que também cobrará melhorias.

De acordo com a nova política, o Grupo Carrefour Brasil só comprará carne suína in natura de fornecedores que:
  • garantam que as porcas passem o período de gestação em grupo e não mais do que 28 dias em gaiolas. Essa mudança deverá ser feita até 2022;
  • não usem o corte de orelha (mossa) como forma de identificação dos animais. Assim como no caso da gestação coletiva, os fornecedores terão dois anos para abolir a mossa;
  • adotem a castração por vacina (imunocastração) ao invés da castração cirúrgica. A imunocastração deverá ser implementada até 2025;
  • utilizem o corte ou desgaste dos dentes dos animais somente em casos de extrema necessidade, como quando alguns animais apresentarem comportamentos agressivos;
  • investem, de forma contínua, em ambientes mais interativos para os animais, que simulam situações que ocorreriam na natureza.
A rede também se comprometeu a realizar estudos e testes com seus fornecedores para encontrar uma solução para a prática do corte de cauda dos porcos.

Apenas o começo

O Carrefour Brasil foi é a primeira grande rede varejista a atender nossos pedidos para mudar a vida dos porcos.

Desde 2017, nossa campanha “Mude a vida dos porcos” pede aos supermercados que:
  • substituam a gestação em gaiolas por gestação coletiva em ambientes com enriquecimento ambiental até 2028;
  • disponibilizem materiais e condições que permitam que os animais expressem seu comportamento natural até 2028;
  • eliminem mutilações dolorosas até 2028;
  • eliminem gaiolas para as porcas mãe durante o parto e a amamentação até 2035.
Ainda há muito a ser feito. Queremos que outras empresas do setor, como o Grupo Pão de Açúcar, sigam o exemplo do Grupo Carrefour Brasil e priorizem o bem-estar dos animais em suas políticas de fornecedores.

Em 2020, continuaremos pressionando os supermercados para que os animais não sejam esquecidos.

Relatório aponta impacto climático da indústria da carne

CICLO VIVO
relatório carne JBS
Foto: Ednilson Aguiar

Relatório aponta impacto climático da indústria da carne

Documento denuncia a quebra de compromissos da JBS em excluir desmatadores em sua cadeia de produção



Com informações do Greenpeace Brasil


O Greenpeace Internacional lançou relatório que descreve o impacto do modelo atual de produção de proteína animal para o agravamento da emergência climática e o peso da responsabilidade do governo brasileiro e de gigantes do setor, a começar pela  JBS, no agravamento de conflitos sociais e de epidemias como a que estamos vivenciando nos últimos meses no mundo inteiro.

O relatório faz parte de uma campanha do Greenpeace Reino Unido contra a Tesco, exigindo da maior rede de supermercados do país que pare de levar a seus consumidores carne e laticínios de empresas envolvidas na destruição da Amazônia e Cerrado e reduza drasticamente a quantidade de carne que vende até 2025.

O objetivo da campanha é pressionar o mercado por mudanças nos padrões de produção e oferta de produtos associados ao desmatamento e conflitos, para mitigar o impacto desta cadeia sobre ambientes naturais e proteger as pessoas, a vida selvagem e o clima.

O relatório “How JBS is still slaughtering the Amazon” (Como a JBS continua devorando a Amazônia), mostra como o atraso da maior empresa de proteína animal do mundo em honrar sua promessa de fechar as portas para o desmatamento, feita há mais de uma década, tem trazido impactos irreversíveis no chão da floresta.

O relatório também descreve a diminuição da transparência da JBS em relação à origem de seus fornecedores. Segundo o documento, a companhia tem retrocedido de forma sistemática na oferta de informações sobre seus fornecedores diretos nos canais próprios de comunicação institucional.


Leia o relatório na íntegra (apenas em inglês)
Imagens do relatório divulgado no dia 5 de agosto de 2020.

Contagem regressiva

A produção de carne em escala industrial, que inclui a abertura de terras para a produção de carne bovina e o cultivo de soja como ração animal, é o maior impulsionador do desmatamento em todo o planeta.

A JBS é a maior produtora industrial de carne do mundo, controlada por uma das famílias envolvidas em um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, e determinante para o futuro da Amazônia. Uma companhia grande demais para se dar ao luxo de falhar ou adiar compromissos com a sociedade.

Segundo o relatório, onze anos depois que prometeu controlar todos os seus fornecedores e eliminar o desmatamento de sua cadeia de produção, a JBS tem sido repetidamente ligada a fornecedores envolvidos em desmatamento ilegal na região e que operam ilegalmente em terras indígenas protegidas.
Amazônia queimadas
Imagem de satélite do estado do Mato Grosso, queimando no dia 30 de julho. | Greenpeace
Em maio, o Greenpeace Brasil denunciou o envolvimento indireto da Marfrig, Frigol e JBS com lavagem de gado criado na Terra Indígena mais desmatada de 2019, a Ituna-Itatá. Dias depois, a organização mostrou como JBS, Marfrig e Minerva se abasteceram indiretamente de gado criado de modo irregular no Parque Serra Ricardo Franco (MT), inclusive exportando carne para vários outros países, incluindo alguns da Europa, e, em Julho, a denúncia envolveu um velho conhecido do desmatamento no Pará vendendo gado para outros pecuaristas e para grandes frigoríficos, dentre os quais a JBS.

Uma nova investigação do Bureau of Investigative Journalism e do Repórter Brasil, também revelou, pela primeira vez, que a JBS não está apenas fechando os olhos às violações de seus fornecedores, mas está diretamente implicada no transporte de gado originado de região com desmatamento para um de seus próprios fornecedores diretos.
relatório carne JBS
Imagem: Greenpeace
“É urgente que compradores de commodities associadas ao desmatamento – empresas de fast food, supermercados – cumpram seus compromissos de rastrear, de ponta a ponta, a cadeia de fornecedores como condição comercial para a continuidade de contratos, ao mesmo tempo em que devem ampliar drasticamente a oferta de produtos à base de plantas”, publicou o Greenpeace Brasil em seu site.
Tanta demora e frustração no cumprimento de compromissos, além da emergência climática atual, somada ao desmatamento fora de controle, levaram  investidores e mercados do mundo todo a se manifestar.

No final de julho o banco europeu de investimentos Nordea Asset anunciou que irá retirar os investimentos na JBS, de R$ 240 milhões em ações.

Sociedade exige ação 

Em junho, a Amazônia teve o maior número de focos de queimadas e incêndios florestais desde 2007, enquanto o desmatamento na região nos meses de maio, junho e julho também já são maiores em comparação com o mesmo período do ano passado.

E a alta continua. Mesmo com o recente Decreto 10.424, de 15 de julho de 2020, estabelecendo a proibição de uso do fogo nos Biomas Amazônia e Pantanal por 120 dias, 15 dias após a publicação do Decreto, a Amazônia registrou 1.007 focos de calor em um único dia, sendo este o pior índice desde 01 de janeiro de 2020, evidenciando que a Moratória do governo é medida totalmente insuficiente.
Esses incêndios liberam milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, acelerando as mudanças climáticas. Eles também matam a vida selvagem, causam dificuldades respiratórias e problemas de saúde a longo prazo para milhões de brasileiros e ameaçam a existência de povos indígenas. Além disso, quanto mais floresta se perde, maior o risco de futuras pandemias.


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Desmatamento na Amazônia é 66% menor em terras indígenas

ECODEBATE


floresta amazônica
IHU

Pesquisadores constatam que, com direitos de propriedade garantidos, indígenas são eficazes na preservação da floresta, sendo a taxa de desmatamento em suas terras dois terços menor que em outras áreas da região.

A reportagem é publicada por Deutsche Welle, 11-08-2020.

Garantir a posse da terra às comunidades indígenas da Amazônia pode ser vital para conter o desmatamento na maior floresta tropical do mundo, constataram pesquisadores americanos. Um estudo publicado nesta segunda-feira (10/08) sugere que territórios sobre os quais comunidades indígenas obtiveram plenos direitos de propriedade apresentam taxas bem menores de desmatamento.

O trabalho foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos EUA. Ele corrobora pesquisas anteriores publicadas em 2019 sobre a Amazônia da Colômbia e em 2017 sobre a Amazônia do Peru, que mostraram que a concessão de títulos de propriedade às comunidades indígenas ajudou na preservação florestal.

Os pesquisadores combinaram informações sobre títulos de propriedade para terras indígenas demarcadas, concedidos pelo governo nas últimas três décadas, com imagens de satélite da floresta e da sua cobertura vegetal que mostram o impacto nas taxas de desmatamento de 1982 a 2016.
Coautora do estudo, Kathryn Baragwanath, doutoranda da Universidade da Califórnia, disse que territórios com plenos direitos de propriedade apresentaram uma taxa 66% menor de desmatamento anual em comparação com terras fora de suas fronteiras.

“Uma vez que os direitos de propriedade plenos são garantidos aos territórios indígenas, as populações indígenas são realmente eficazes na contenção do desmatamento”, disse ela à Fundação Thomson Reuters.

Cientistas consideram a proteção da Floresta Amazônica vital para desacelerar as mudanças climáticas globais por causa das grandes quantidades de dióxido de carbono, gás que aquece o planeta, absorvidas pelas suas árvores.

Pesquisadores alertam que com o aumento das taxas de desmatamento, principalmente no Brasil, a proteção da floresta se tornou uma prioridade urgente, o que inclui aumentar os esforços para proteger as terras indígenas.

Na Amazônia brasileira, o desmatamento atingiu o maior nível em 11 anos em 2019 e aumentou 25% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ao passado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Segundo os cientistas, cerca de 2 milhões de hectares de terras indígenas aguardam para receber designação oficial como território tribal, processo normalmente demorado.

Os cientistas alertam que, enquanto isso, muitas empresas privadas sem direito sobre as áreas realizam atividades ilegais, como mineração e extração de madeira, para demonstrar o “uso produtivo da terra” visando ganhar o título de propriedade.

Garantir o direito pleno das terras indígenas é uma forma eficaz de preservar as florestas porque dá proteção legal, tornando menos provável que sejam ocupadas, contestadas e cobiçadas por empresas que procuram extrair recursos naturais, afirma Baragwanath.

(EcoDebate, 08/07/2020) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

CONEXÃO PLANETA

 

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia
A história de Little Grey e Little White parece saída de um livro. Uma trajetória triste, mas com final feliz. Em junho do ano passado, escrevi sobre essas baleias belugas, duas fêmeas, que foram capturadas no Mar da Rússia e passaram dez anos de suas vidas em um aquário de Shangai, na China.

Mas em 2012, o Changfeng Ocean World foi comprado pelo grupo de entretenimento britânico Merlin, que opera a rede de aquários Sea Life, administrada também por uma fundação de conservação ambiental. Entre as políticas do Merlin, está a proibição em manter em cativeiro golfinhos e baleias.

Por essa razão foi decidido então que Little Grey e Little White seriam levadas para um santuário de belugas, na baía de Klettsvik, em Heimaey, nas Ilhas Westman, na Islândia.

Em parceria com a organização Whale and Dolphin Conservation, foi planejada uma viagem cuidadosa para fazer o transporte das baleias até o local: um percurso de mais de 10 horas e 9 mil quilômetros, envolvendo avião, caminhão e barco.

Felizmente, tudo correu bem e as fêmeas passaram os últimos meses em tanques internos, em um processo de adaptação ao novo habitat: clima local, temperatura da água, alimentação.
Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia
Little Grey e Little White não serão soltas no oceano aberto. Por terem vivido tanto tempo em cativeiro, elas nunca sobreviveriam na vida selvagem. Não conhecem rotas de migração, por exemplo, ou não estão acostumadas com marés e correntes fortes.

Mas no santuário elas ficarão em uma enseada de 32 mil me 10 mil metros de profundidade, ou seja, com uma qualidade de vida muito melhor do que a do aquário. Além disso, a intenção do Sea Life é trazer outras belugas para o local, já que esses animais estão acostumados a viver em grupo.
Na sexta-feira passada (07/08), as baleias foram transferidas para dois recintos externos, dentro da baía, na última etapa antes de serem liberadas no santuário islandês.

“Ver Little White e Little Grey, juntas, aqui na baía, é uma sensação extraordinária. Sob a luz do sol, na natureza… Elas não ficavam expostas a ele desde muito jovens, quando foram tiradas do mar”, celebrou Andy Bool, diretor do Sea Life Trust.
Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia
Segundo Bool, ainda há outras 300 belugas mantidas em cativeiro no mundo.
“Nossa esperança é mostrar que elas também podem se beneficiar de viver em um ambiente natural como este”, afirmou.

Chega de cativeiro!

A beluga (Delphinapterus leucas), chamada popularmente de baleia branca, é encontrada em altas latitudes, em torno do círculo polar Ártico, distribuindo-se desde a costa da Groenlândia até a região da Noruega. Elas podem viver entre 35 e 50 anos.

Vergonhosamente, a Rússia é famosa pela captura de baleias com o objetivo de vendê-las para aquários da China. Mas atualmente, há um movimento mundial contra o aprisionamento desses animais em recintos fechados. Em 2017, o Aquário de Vancouver foi proibido de manter golfinhos e baleias em cativeiro.
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Fotos: reprodução Facebook Beluga Whales Sancturary

Iniciativa de Gisele Bündchen pelos seus 40 anos consegue viabilizar plantio de mais de 250 mil árvores na Amazônia

Iniciativa de Gisele Bündchen pelos seus 40 anos consegue viabilizar plantio de mais de 250 mil árvores na Amazônia

Iniciativa de Gisele Bündchen pelos seus 40 anos consegue viabilizar plantio de mais de 250 mil árvores na Amazônia
Em abril, contei aqui que Gisele Bündchen planejava plantar 40 mil árvores para celebrar seus 40 anos, que seriam celebrados no dia 20 de julho.


“Acredito que nossa responsabilidade é cuidar da terra e de seus recursos naturais. Nossa sobrevivência depende disso. Meu objetivo na vida é fazer da Terra um lugar melhor para as gerações futuras”, afirmou a modelo e a ativista pelo meio ambiente na época.

Pois não apenas Gisele atingiu seu objetivo, como foi muito além. Em sua página no Instagram ontem (11/08), ela dançou e agradeceu às mais de 5 mil pessoas que participaram e contribuíram com a iniciativa Viva a Vida, que ela criou. Com as doações feitas na plataforma, até este momento, será possível plantar mais de 254 mil árvores.

“Obrigada. Obrigada. Obrigada. Muito obrigada mesmo. Fico muito feliz que minha intenção de retribuir um pouco por tudo o que a Mãe Terra me deu nesses 40 anos, acabou alcançando milhares de pessoas em todo mundo e vamos conseguir plantar muito mais do que as 40 mil árvores que doei”, escreveu.

Gisele e o marido, o jogador de futebol americano, Tom Brady, foram os primeiros a doar, 40 mil dólares cada um, o suficiente para o plantio de 80 mil sementes.

Elas serão plantadas em áreas degradadas na região das bacias do Rio Xingu e Araguaia, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e a Rede de Sementes do Xingu (ARSX).


A modelo brasileira é uma voz poderosa pelo meio ambiente. Usa sua influência como celebridade mundial para falar da importância de se preservar a natureza e da necessidade do consumo consciente. Entre seus mais de 25 milhões de seguidores nas redes sociais (16,2 milhões apenas no Instagram), ela defende a conservação da Floresta Amazônica, uma de suas maiores paixões. A brasileira é Embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Em 2016, a modelo foi uma das convidadas a participar da segunda temporada da série documentário sobre mudanças climáticas Years of Living Dangerously, da National Geographic. Chorou ao sobrevoar áreas desmatadas na Amazônia. Dentro de um pequeno avião, na região de Alta Floresta, ela viu imensas áreas destruídas e queimadas, onde o gado pastava livremente.

Se você também quiser fazer sua doação, a iniciativa Viva a Vida continua. A doação de uma árvore custa 5 reais. Para contribuir, acesse este link.
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Foto: reprodução Facebook Gisele Bündchen

Uma das maiores redes de supermercado do mundo vem à público afirmar que não compra carne do Brasil por causa do desmatamento

Uma das maiores redes de supermercado do mundo vem à público afirmar que não compra carne do Brasil por causa do desmatamento

Uma das maiores redes de supermercado do mundo, a britânica Tesco, produz vídeo afirmando que não compra carne do Brasil por causa do desmatamento
Frente à pressão internacional que não apenas o governo brasileiro vem sofrendo devido à falta de controle sobre o crescente desmatamento da Floresta Amazônica, mas também companhias estrangeiras com negócios ligados à região, uma das maiores redes de supermercados do mundo, a multinacional britânica Tesco, decidiu vir a público informar que, desde 2018, não compra mais nenhum tipo de carne – frango, porco ou vaca -, produzida no Brasil.

Em mensagem e vídeo divulgados em suas redes sociais no último dia 5 de agosto, a cadeia escreveu a seguinte mensagem:

“Atear fogo para limpar o solo para plantações ou pastagens está destruindo habitats preciosos como a floresta tropical brasileira. Isso deve parar. É por esta razão que apoiamos o objetivo do Greenpeace de evitar mais desmatamento na Amazônia”.

Como mostramos nesta outra reportagem há poucos dias, a organização Greenpeace, no Reino Unido, lançou uma petição online pelo boicote dos supermercados britânicos à carne da JBS, associada ao desmatamento na Amazônia. Até este momento, 140 mil pessoas já assinaram o manifesto.
Terceira maior cadeia de supermercados do mundo em receita bruta, com 6.800 lojas em 11 países, o Tesco afirmou que só compra carne da Irlanda e do Reino Unido.

“Todos nós vimos as imagens terríveis da Amazônia queimando no ano passado. É por isso que a Tesco não compra carne do Brasil. É por isso que atingiremos nossa meta de desmatamento zero em nossa ração de soja para animais por meio da certificação este ano. E é por isso que nos comprometemos a fazer mais, estabelecendo metas mais rígidas para 2025″, garantiu Dave Lewis, CEO do Grupo Tesco.

A rede ressaltou que apesar de não comercializar mais carne brasileira, tem em sua cadeia de fornecedores produtores de soja no país, por isso mesmo faz parte de iniciativas como a Coalizão da Transparência da Soja e a Moratória da Soja na Amazônia, além de ter contribuído com 10 milhões de libras para um projeto de proteção ao Cerrado.

“Nossas linhas de produtos à base de proteína vegetal aumentaram 46% desde o ano passado e 10% das refeições prontas, leite, sorvete e proteínas congeladas são veganas. Estamos fazendo um progresso tangível, mas não podemos resolver isso por conta própria. O governo precisa agir também”, enfatizou Lewis.

Desde o ano passado, o Brasil tem sofrido reveses por causa de sua política ambiental. Em junho, uma rede de mercados sueca tirou de suas prateleiras produtos brasileiros por causa do excesso de agrotóxicos usados no país. No auge da crise dos incêndios florestais na Amazônia, em agosto, marcas internacionais suspenderam a compra de couro brasileiro e França, Finlândia, e Irlanda também fizeram ameaças de sanções comerciais ao devido ao aumento do desmatamento.
Este ano, as ameaças de boicotes e sanções comerciais continuam. Empresários e fundos de investimentos internacionais já alertaram o governo de Jair Bolsonaro que se o desmatamento continuar, irão retirar seu dinheiro do país.

Na Alemanha, mais de 400 mil pessoas já se engajaram em uma campanha que pede aos supermercados do país que boicotem produtos brasileiros se a ‘PL da Grilagem’ for aprovada.
Parece que, apenas agora, a ficha começou a cair no governo. Mas talvez seja tarde demais. O discurso “anti-ambiental” de Bolsonaro e de seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi um tiro no pé nas exportações brasileiras. Mais e mais empresas não vão querer teus seus nomes e reputações ligados ao país e ao desmatamento de seus biomas.

Mensagem compartilhada no Twitter, que já conta 
 
com mais de 2 milhões de curtidas

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Imagem: reprodução vídeo

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Desmatamento, queimadas e pandemia projetam cenário de ‘desastre’ na Amazônia

Desmatamento, queimadas e pandemia projetam cenário de ‘desastre’ na Amazônia

Por Izabel Santos e Bruna Melo, de Manaus (AM) e Rio Branco (AC)*

As maiores taxas de desmatamento da última década na Amazônia foram registradas no ano passado. Mas 2020 pode ser ainda pior. Estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) indica que há uma área desmatada de pelo menos 4.500 quilômetros quadrados que pode ser queimada este ano. Quatro estados concentram 88% dessa área: Pará (com 42%) dos 4,5 mil km2, Mato Grosso (23%), Rondônia (13%) e Amazonas (10%).

“Se tudo virar fumaça, a região pode enfrentar estado de calamidade pública na saúde devido a sobreposição de queimadas com pandemia de COVID-19, o que sobrecarregará ainda mais a rede saúde já em colapso nos atendimentos à população”, alerta o estudo.

“Coibir as queimadas e o desmatamento neste ano, além de uma ação de proteção ambiental, é também uma medida de saúde”, afirma um dos autores do estudo, o pesquisador Paulo Moutinho, doutor em Ecologia e membro do Ipam. A preocupação reflete os dados do ano passado, quando os municípios que mais queimaram na Amazônia viram o ar ficar 53% mais poluído, em média, em relação a 2018.
Paulo Moutinho – Foto: Alberto César Araújo/2017
Moutinho destaca que “uma não ação dos poderes públicos na prevenção do desmatamento e das queimadas poderá representar perdas de vidas humanas para além das previstas com a pandemia”. “Precaução é a palavra chave agora”, conclui Moutinho.

“Durante a temporada de fogo, extensas áreas da Amazônia têm qualidade do ar pior que no centro da cidade de São Paulo devido às queimadas. Isso tem forte efeito na saúde, especialmente em crianças e idosos, que são as populações mais vulneráveis”, explicou o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), que colaborou com o trabalho.

“Como a poluição das queimadas viaja por milhares de quilômetros, comunidades isoladas de índios respiram esta atmosfera insalubre, que é muito acima dos padrões de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde”.
estudo do Ipam, publicado na segunda-feira (8/6), indica que cerca de 45% da área desmatada em 2019 ainda não foi queimada A área geográfica é equivalente a três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

Para a diretora de Ciência do Ipam, Ane Alencar, que também assina a nota técnica do estudo, as autoridades ambientais precisam ser “muito assertivas” no combate ao desmatamento ilegal e às queimadas. “Se isso não acontecer, temos chances de ter uma pressão muito grande no sistema de saúde da Amazônia e levá-lo, de fato, ao colapso”, explica ela.
Mapa do desmatamento elaborado pelo IPAM
O pesquisador Paulo Moutinho alerta para a possibilidade de um “desastre” nos sistemas de saúde se os desmatamentos e as queimadas não forem controlados a tempo. Mas o problema é que os sinais dados pelo governo federal estimulam, na ponta, a destruição florestal.  Em 22 de abril, em reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro, o próprio ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que é preciso aproveitar a pandemia para “passar a boiada”.

Pelos cálculos dos cientistas, se o ritmo acelerado de desmatamento continuar nos próximos meses, um total de quase 9 mil quilômetros quadrados poderá virar cinzas, já que a época mais intensa de derrubada e queima se inicia agora, com a chegada do período seco na região. “Se pelo menos metade dessas áreas queimarem, teremos um cenário pior do que o que tivemos ano passado”, acrescenta o documento.

Queimadas sobem 38% no Acre 

Queimadas no Acre, Resex Chico Mendes, setembro de 2019 
Foto: Katie Maehler/Mídia Ninja
Os focos de calor, que são dados capturados por satélite, já ultrapassam os registrados em 2019, no estado do Acre. Até segunda-feira (8/6), ocorreram 61 focos de queimadas, ante 44 no mesmo período de 2019 – um aumento de 38%. Pelos dados oficiais, o Acre registrou 6.802 focos de queimadas no ano passado. No mesmo ano, o número de queimadas urbanas foi de 6.867, segundo o Corpo de Bombeiros.

“Não sei o que é mais difícil o controle das queimadas ou da pandemia. Todos os anos nós passamos por dificuldades, mas a população continua queimando”, afirma o porta-voz do Corpo de Bombeiros do Acre, major Cláudio Falcão. Ele explica que só em Rio Branco, capital do estado, foram registrados 999 incêndios ambientais até domingo (7/6). No mesmo período do ano passado, o número era de 544, o que representa um aumento de 84%. Em todo o estado do Acre, já foram contabilizadas 1.086 queimadas urbanas.

“Infelizmente, temos registrado aumento de queimadas urbanas e rurais. E isso faz com que o sistema de saúde se sobrecarregue ainda mais porque começam a aparecer doenças respiratórias. Vamos ter um problema muito sério”, prevê Falcão. Embora já exista um plano de contingência em curso, a pandemia fez com que ações presenciais e preventivas fossem retraídas por conta das restrições do isolamento social. “É preciso conscientização da população e intensificação dos órgãos de fiscalização para podermos diminuir essa situação”.

De acordo com o Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente da Universidade Federal do Acre (Ufac), em 2019 foram mais de 175 mil hectares queimados. Os municípios que mais queimaram foram Sena Madureira, Rio Branco, Feijó, Tarauacá e Brasiléia. Pelo menos 1.700 hectares foram afetados pelas queimadas ocorridas na região do Alto Acre. Inclusive parte importante dos incêndios florestais ocorreram na Resex Chico Mendes e terras indígenas.

A lógica destrutiva das queimadas

Queimadas no Parna Jamanxim, em Novo Progresso, no Pará, em 24 de agosto de 2019
Foto: Victor Moriyama/Greenpeace
Na história da destruição florestal na Amazônia, após o desmatamento acontece uma queimada. “Ninguém vai gastar dinheiro para derrubar vários hectares de floresta para depois não usar essa área, mesmo que seja para especulação. Essa área vai ser queimada”, explica Ane Alencar, do Ipam. Assim, sempre que a taxa de desmatamento cresce na Amazônia, há uma relação direta com o aumento de focos de calor. “Foi o que vimos acontecer em 2019 e, infelizmente, se nada for feito, é o que deveremos ver em 2020, já que a derrubada continua num ritmo elevado”, acrescenta a pesquisadora.

Os 4.500 quilômetros quadrados apontados pelo Ipam equivalem a três vezes a área da cidade de São Paulo. De acordo com a Nota Técnica, a situação no Pará é a mais grave, pois concentra 42% do total desmatado no período analisado. Em seguida, vem o Mato Grosso, com 23%; Rondônia, com 13%; e Amazonas, com 10%.

As queimadas aumentam a quantidade de fumaça no ar, transportando material particulado fino, os chamados aerossóis. Nas áreas mais atingidas pelas nuvens poluidoras, há uma explosão de pacientes que procuram o atendimento médico com agravamento de doenças respiratórias. No entanto, desde março, os sistema de saúde estão sobrecarregados com os casos de COVID-19, e três estados da Amazônia estão entre os que registram o maior número de casos da doença no Brasil.
Segundo o estudo, até o final de maio de 2020, o Brasil contabilizava 29.314 óbitos, sendo que 20% destes ocorreram na região Norte, que também registra a maior taxa de incidência (584,6) e de mortalidade (30,9) por 100 mil habitantes e, na época, contava com 107.752 casos confirmados, ou 20% do total nacional.

“No Amazonas, no Pará e em Mato Grosso, mais de 20% das pessoas moram em áreas que exigem um deslocamento de até quatro horas para chegar ao município mais próximo com condições de atendimento em casos graves de COVID-19. As pequenas e médias cidades, se atingidas simultaneamente por fumaça das queimadas e infecções pelo novo coronavírus, tendem a não conseguir absorver a necessidade da população”, diz a nota técnica.

Áreas mais críticas: terras indígenas

Trator em área de desmatamento ilegal em São Félix do Xingu, no Pará, em 2012
Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real
“É fundamental que o poder público, como os governos federal e estaduais, ajam de forma integrada. Nosso estudo, inclusive, indica onde estão essas áreas que foram derrubadas e não queimadas”, diz Moutinho. Para o Ipam, o monitoramento deve ser prioritário nos Estados do Acre, Pará e Amazonas, que possuem grandes áreas críticas.

No Pará, há “um arco de fogo que liga a região de Altamira e São Félix do Xingu, com destaque para as terras indígenas Itauna-Itatá, Apiterewa e Trincheira-Bacajá, e mais a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu”. O estudo aponta como áreas mais críticas as que ficam na região ao longo da rodovia Transamazônica (BR-230) de Altamira a Rurópolis, com destaque para a Terra Indígena Cachoeira Seca, também faz parte das áreas críticas apontadas pelo Ipam, assim como Novo Progresso e Castelo dos Sonhos, com destaque para Floresta Nacional Jamanxim, e o Baixo Amazonas.

No Acre, os municípios ao redor de Rio Branco e ao longo das rodovias BR-364, com destaque para Bujari e Sena Madureira, e BR-317, nas cidades de Senador Guiomar, Capixaba e Xapuri, são os mais ameaçados pelas queimadas e incêndios florestais. E no Amazonas, o Ipam aponta como mais preocupantes os municípios localizados no sul do Estado, onde há forte pressão da agropecuária e retirada de madeira: Apuí e Nova Aripuanã, ao longo da Transamazônica, e Boca do Acre, na divisa com o Acre.

Caracaraí e Rorainópolis, no estado de Roraima, Colniza, Cotriguaçu, Aripuanã, Apiacás, Marcelândia, União do Sul e regiões a oeste do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, e a capital Porto Velho, em Rondônia, também estão ameaçadas pelas queimadas.

Alta no desmatamento em 2019

Nesta terça-feira, 9/6, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgou a taxa de desmatamento do Prodes, que apontou alta de 34,4% na devastação da Floresta Amazônica entre o período de agosto de 2018 e julho de 2019 em comparação ao mesmo período de 2017 e 2018. Foram desmatados 10.129 quilômetros quadrados – a maior taxa desde o ano de 2008, que foi de 12.911 Km2.

*Este texto foi originalmente publicado no site Amazônia Real, em 10/6/202

Fotos: Victor Moriyama (Greenpeace), Alberto César Araújo (Amazônia Real) e Katie Maehler (Mídia Ninja)

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