Alimentação Natural, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] Até pouco tempo atrás, a função da alimentação natural integral, era pouco conhecido pela população e pelos profissionais da saúde. Este procedimento era visto como parte de uma concepção de vida adotada principalmente por públicos alternativos, como os famosos “naturalistas”. Mas anteriormente, faltavam apenas estudos científicos que comprovassem eficácia destas substâncias para a saúde humana.
Hoje em dia, com o avanço da nutrição, já existem diversos estudos conclusivos sobre o assunto. A alimentação natural deixa de ser vista como uma “alternativa saudável” simplesmente, e ganha uma nova dimensão, ao ser reconhecida como uma estratégia fundamental, para melhorar e manter a saúde.
É necessário entender o que é um alimento natural e integral. É aquela substância que sofre as menores alterações e os mais restritos processamento industriais ou beneficiamentos simples. E desta forma preserva as características mais próximas de sua origem, sendo isenta de aditivos químicos intencionais, como corantes artificiais, conservantes, espessantes, aromatizantes, entre outros.
As substâncias, particularmente os cereais classificados como integrais, mantém praticamente intactas suas principais camadas. Que têm funções específicas, tanto para o alimento, quanto para a ocorrência de uma dieta equilibrada.
No caso dos grãos naturais integrais por exemplo, ocorre a preservação não apenas da camada interna que é o endosperma, onde estão os carboidratos, proteínas e alguns micronutrientes do grão, mas também do farelo e do gérmen, onde se concentram as vitaminas, minerais e outros nutrientes, que são pouco encontrados nos produtos refinados.
Desta forma, a alimentação natural com grãos integrais, é fundamentada em alimentos mais próximos de sua natureza, que se preocupam em preservar o equilíbrio original dos nutrientes e das substâncias que são bioativas.
É importante evidenciar, que os alimentos naturais integrais também não têm aditivos intencionais, como os popularmente chamados de “fortificantes” ou enriquecimentos, usados principalmente para adicionar vitaminas ou minerais no produto. Estudos mostram que esses aditivos intencionais tendem a diminuir a biodisponibilidade da vitamina ou do mineral utilizado para “fortificar” o produto em comparação com o mesmo nutriente presente naturalmente no alimento.
Atualmente são muito comuns alimentos enriquecidos em nutrientes e todas as pessoas acreditam que estão realizando uma proeza. Mal sabem elas que as relações bioquímicas podem cobrar elevado preço por tal apanágio.
Outra característica comum desses aditivos é a de dificultar a absorção de outros nutrientes, como é o caso de alguns produtos “fortificados” ou enriquecidos com ferro, por exemplo, que podem diminuir a absorção de zinco pelo organismo.
Um estudo publicado pelo “American Journal of Clinical Nutrition”, de autoria de KATCHER (2008) mostra que os alimentos integrais podem favorecer, não apenas a perda de peso que também acontece no caso de tratamentos com dietas hipocalóricas em geral, mas favorecem especificamente a perda de gordura na região abdominal.
É lícito ressaltar que, a gordura localizada na região abdominal, é responsável pela produção de substâncias pró-inflamatórias, que aumentam o risco de problemas como o diabetes do tipo 2, chamada de “diabetes mellitus” e doenças cardiovasculares.
Além desses efeitos, os alimentos naturais integrais também ajudam a tratar e prevenir problemas como hipertensão, excesso de peso, a osteoporose feminina, problemas respiratórios e alguns tipos de ocorrências de neoplasias e cânceres de diversos tipos, conforme asseveram KATCHER (2008), MUNTER et al (2007), LOBO et al. (2004), ANAND et al (2008) e ADA (2008).
Estes estudos citados e outros mostram que os alimentos naturais integrais são os que melhor preservam as fibras, vitaminas, minerais e substâncias bioativas originais do alimento, além da vantagem de não conterem têm aditivos químicos intencionais.
Estas substâncias são fundamentais na prevenção e no tratamento de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão, osteoporose conforme referido e ainda certos tipos de câncer. Estas são doenças cada vez mais disseminadas na população mundial dos dias de hoje, que ainda tem hábitos de saúde inadequados.
Além do que, a agricultura orgânica propicia equilíbrio nos ecossistemas e maior homeostase ambiental, favorecendo a qualidade ambiental e a qualidade de vida de todas as populações consideradas.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
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Referências:
MUNTER, J. S. L. e col. Whole grain, bran, and germ intake and risk of type 2 diabetes: a prospective cohort study and systematic review. Plos Med, v. 4, n.8, p. 1385-1395, 2007.
KATCHER, H. I. The effects of a whole grain-enriched hypocaloric diet on cardiovascular disease risk factors in men and women with metabolic syndrome. Am J Clin Nutr, v. 87, p. 79-90, 2008.
LOBO, A. S. e TRAMONTE, V. L. C. Efeitos da suplementação e da fortificação de alimentos sobre a biodisponibilidade de minerais. Rev Nutr, v. 17, n.1, p.107-113, 2004.
MELANSON, K.J. Consumption of whole-grain cereals during the weight loss: effects on dietary quality, dietary fiber, magnesium, vit-B6, and obesity. J Am Diet Assoc, v. 106, p. 1380-1388, 2006.
KATCHER, H. I. The effects of a whole grain-enriched hypocaloric diet on cardiovascular disease risk factors in men and women with metabolic syndrome. Am J Clin Nutr, v. 87, p. 79-90, 2008.
DONALDSON, M.S. Nutrition and cancer: A review of evidence for an anti-cancer diet. Nutr J, v. 3, n. 19, p. 1-21, 2004.
ANAND, P e col. Cancer is a preventable disease that requires major lifestyle changes. Pharm Res, v. 25, n.9, p. 2097-2116, 2008.
ADA (American Diabetes Association). Nutrition recommendations and interventions for diabetes: a position statement of the American Diabetes Association. Diabetes Care, v. 31, p. 61-78, 2008.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/01/2019
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