quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Computadores de vestir são bordados nas roupas


Computadores de vestir serão bordados nas roupas
Estes bordados eletrônicos são antenas para celular totalmente funcionais. [Imagem: Jo McCulty/The Ohio State University]
 
 
Bordados eletrônicos
O esforço para desenvolver produtos eletrônicos de vestir atingiu um marco importante: pesquisadores conseguiram bordar circuitos em tecidos com uma precisão de 0,1 milímetro.
Essas dimensões são adequadas para integrar nas roupas os componentes eletrônicos, como sensores, dispositivos de memória, baterias em forma de fios etc. Além disso, os fios são finos o suficiente para passarem despercebidos entre a trama do tecido.


O objetivo é que esta tecnologia viabilize a fabricação de camisetas que funcionem como antenas para telefones celulares ou tablets, roupas de ginástica que monitorem indicadores físicos, curativos que informem ao médico como está um processo de cicatrização - ou mesmo um boné de tecido flexível que detecta a atividade do cérebro para controlar aparelhos pelo pensamento.


Tecidos funcionais
Os tecidos funcionais, ou "tecidos inteligentes" foram criados em uma máquina de costura comum. Como outras máquinas de costura mais modernas, ela borda os fios no tecido com base em um padrão carregado através de um arquivo de computador. A diferença é que os fios são de metal, ainda que não seja possível distingui-los ao toque depois que o padrão está pronto.
Computadores de vestir serão bordados nas roupas
A equipe também está testando os bordados eletrônicos em plásticos e borrachas. [Imagem: Jo McCulty/The Ohio State University]
 
 
"A forma determina a função. E você nunca sabe que forma vai precisar ao passar de uma aplicação para outra. Então, nós queríamos ter uma tecnologia que pudesse bordar qualquer forma para qualquer aplicação," explicou Asimina Kiourti, da Universidade do Estado de Ohio, nos EUA.


Uma antena de banda larga, por exemplo, consiste em meia dúzia de formas geométricas entrelaçadas, cada uma um pouco maior do que uma unha. Cada peça do bordado transmite energia em uma frequência diferente, de modo que o conjunto cobre um amplo espectro de energias - daí a capacidade de "banda larga" da antena para telefone celular e acesso à internet.


Outro protótipo é uma etiqueta de radiofrequência (RFID) totalmente esticável. Esse protótipo, que serve para identificação de produtos, foi incorporado em borracha para avaliação de um fabricante de pneus.


"Nós começamos com uma tecnologia que é muito bem conhecida - o bordado a máquina - e então nos perguntamos como poderíamos funcionalizar as formas bordadas," contou o professor John Volakis. "Agora, pela primeira vez, alcançamos a precisão das placas de circuito impresso rígidas, por isso a nossa nova meta é tirar proveito da precisão para incorporar receptores e outros componentes eletrônicos."
Bibliografia:

Fabrication of Textile Antennas and Circuits With 0.1 mm Precision
Asimina Kiourti, Cedric Lee, John L. Volakis
Vol.: 15, pages 151-153
DOI: 10.1109/LAWP.2015.2435257

ONU reconhece processo de desindustrialização do Brasil


Desindustrialização
Promissora na década de 1980, a indústria brasileira entrou em declínio e hoje representa apenas pouco mais de 10% do Produto Interno Bruto do país.


O conjunto de fatores que colaboraram para essa tendência foi observado em toda a América Latina, mas o Brasil, por seu tamanho e relevância, é o mais significativo caso de desmantelamento precoce da indústria, aponta um relatório da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento).


O documento anual, que avalia o cenário econômico mundial, abordou amplas tendências econômicas e, no caso do Brasil, destacou o quadro de retrocesso.


De acordo com a Unctad, no começo da década de 1970 a participação da indústria na geração de emprego e valor agregado no Brasil correspondia a 27,4% do PIB enquanto em 2014 essa participação caiu para 10,9%.


"Todo o sistema que tinha por objetivo industrializar o país entrou em colapso," disse Brasil Alfredo Calcagno, chefe do departamento de Macroeconomia e Políticas de Desenvolvimento da Unctad.



Câmbio irreal
Na avaliação da Unctad e de vários especialistas que discutiram o relatório, o processo de desindustrialização brasileira teve início com os choques econômicos vividos nos anos 1980, se intensificou com a abertura comercial no começo dos anos 90, seguido pelo abandono das políticas desenvolvimentistas, e pelo emprego da taxa de câmbio como ferramenta no combate à inflação.


Depois, a desindustrialização foi favorecida por reformas liberalizantes do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e, mais recentemente, pela pauta exportadora focada em commodities e por um real considerado valorizado.



Desindustrialização
A desindustrialização é considerada precoce pela Unctad quando uma economia não chega a atingir toda sua potencialidade produtiva manufatureira e, em vez de evoluir em direção à indústria de serviços com alto valor agregado - setor terciário -, regride para a agricultura ou cai na informalidade.


Países ricos também passam pelo fenômeno de desindustrialização, mas de forma diferente. Com o acúmulo de riqueza, esses países investiram na capacidade produtiva intelectual da população por meio de educação e pesquisa, o que gerou empregos mais sofisticados no setor de serviços. É um movimento de transformação e geração da mais riqueza, e não necessariamente a perda dela.


A produção de um iPhone é um bom exemplo. O celular em si é fabricado na China, mas seu design foi desenvolvido na Califórnia, nos Estados Unidos. O trabalho de um engenheiro de design californiano é muito mais bem pago e complexo do que o de um montador de componentes na linha de produção da China - setor secundário. O trabalho executado nos EUA é mais produtivo, pois agrega maior valor - riqueza - à economia.


Desmantelamento da indústria nacional
O Brasil sempre teve expressiva produção agrícola (setor primário), cuja riqueza a partir dos anos 1930 foi canalizada para incentivar o desenvolvimento de uma indústria nacional (setor secundário) por meio de planos estatais.


Para muitos economistas, o amadurecimento econômico de um país, do setor primário até o terciário, passa necessariamente pela etapa do desenvolvimento industrial, que permitiria o acúmulo de capital e conhecimento produtivo necessários para sustentar a transição rumo a empregos com maior sofisticação intelectual e mais produtivos.


Inicialmente impulsionada pela substituição de importações e sequencialmente estimulada por políticas desenvolvimentistas, a indústria brasileira experimentou seu auge no começo dos anos 1980, quando chegou a responder por mais de 30% da geração de valor agregado e emprego no país, segundo números da ONU. A década, porém, além de testemunhar o auge, também registrou o começo da queda.


"Os anos 80 foram marcados por crises de choque na América Latina. No Brasil se desmontaram as instituições e mecanismos que eram capazes de manter um sistema industrial competitivo", explica Pedro Rossi, professor de economia da Unicamp, escola tradicionalmente ligada ao desenvolvimentismo.


A dívida externa, a desorganização fiscal e a hiperinflação consumiram a capacidade do governo de promover políticas ativas, levando à negligência da indústria.


Com a abertura do mercado às importações, no início dos anos 1990, produtos estrangeiros conquistaram a preferência do consumidor, em detrimento de similares nacionais. Posteriormente, a adoção de um câmbio forte com o Plano Real como forma de combate à inflação contribuiu para a perda de competitividade nas exportações, outro abalo à indústria.


Reindustrialização
Num cenário pós-crise de 2008, a retomada do crescimento econômico global passará pelo resgate do consumo da classe média nos países ricos, opina a Unctad. Aos países em desenvolvimento é feita a recomendação de que trabalhem em suas economias domesticamente, frente a um cenário internacional pouco otimista.


Ao Brasil, num momento em que anda profundamente imerso nos seus próprios problemas, a organização recomenda apoio estatal ao estímulo industrial - uma política oposta à do atual governo, que acena com a privatização. A Unctad também recomenda o uso do capital estrangeiro - seja ele em investimento direto ou especulativo.


"A experiência de sucesso de países industrializados demonstra que a transformação estrutural exige atenção a diferentes fontes de crescimento, incluindo estimular investimento privado e público, apoiando o desenvolvimento tecnológico, fortalecendo a demanda doméstica e aumentando a capacidade dos produtores domésticos de cumprir exigências internacionais," diz o relatório

MPF questiona JBS e Maggi sobre negócios com desmatador da Amazônia


Por ((o))eco*
Coletiva da operação Rios Voadores (30/06), que desarticulou quadrilha de desmatadores. Foto: Ibama.
Coletiva da operação Rios Voadores (30/06), que desarticulou quadrilha de desmatadores. 
Foto: Ibama.


A investigação sobre o maior esquema de desmatamento já detectado na Amazônia ainda está em andamento. Ontem (20), o Ministério Público Federal pediu informações ao grupo JBS, à Amaggi e ao grupo Bom Futuro sobre transações comerciais realizadas com integrantes da família Junqueira Vilela. A família é acusada de liderar o grupo que pratica desmatamento e grilagem de terras públicas no sudoeste do Pará.


Os procuradores investigam a movimentação de R$ 1,9 bilhão entre 2012 e 2015 que destruiu 300 quilômetros quadrados de florestas – área equivalente ao território do município Belo Horizonte (MG). Segundo o MPF, o prejuízo ambiental foi de R$ 420 milhões.


No final de junho (30), a PF desarticulou a quadrilha que atuava com grilagem de terra e desmatamento na região de Castelo dos Sonhos e Novo Progresso, no sudoeste do Pará. Acusado de ser chefe da quadrilha, o pecuarista Antonio José Junqueira Vilela Filho se entregou 8 dias depois de deflagrada a operação da Polícia Federal, do Ibama e do Ministério Público Federal.


Segundo informações divulgadas pelo MPF, os órgão envolvidos nas investigações (MPF, Receita Federal, Ibama e Polícia Federal) identificaram que entre 2012 e 2015, a Amaggi Exportação e Importação e os empresários Elusmar Maggi Scheffer e Eraí Maggi Scheffer transferiram R$ 10 milhões para Antônio José Junqueira Vilela Filho, conhecido como AJ ou Jotinha, e para um cunhado de AJ, Ricardo Caldeira Viacava. No mesmo período, pela JBS foram transferidos R$ 7,4 milhões a AJ e a uma irmã de AJ, Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro.


Como esses valores podem ter sido usados para compra de grãos ou animais procedentes de áreas desmatadas ilegalmente, o MPF solicitou esclarecimentos dos compradores, pois pela lei “a responsabilização civil por dano ao meio ambiente pode, em tese, atingir as empresas compradoras”.
O MPF também solicitou informações sobre a origem e o destino dos bens comercializados.
*Com informações do MPF-PA.

BNDES prioriza energia solar e abandona térmicas a carvão e a óleo



Cidades mais iluminadas
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decidiu ampliar o apoio a projetos de energia solar para até 80% dos itens financiáveis cobrando TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo).


O banco também extinguiu o financiamento a usinas térmicas a carvão e a óleo.
As novas condições de financiamento para o setor de energia elétrica já valem para os próximos leilões de energia, programados para outubro e dezembro, que terão exigência de participação mínima de 20% de recursos próprios do investidor nos projetos.


Marilene Ramos, diretora de Infraestrutura do BNDES, disse que a priorização da energia solar está ligada ao fato de que essa é uma tecnologia em fase de desenvolvimento no Brasil e é preciso consolidar o segmento.


"É um setor que, nós acreditamos, vai crescer muito, porque são projetos de grande viabilidade, têm condições de, financiados dessa forma, se pagarem em prazos relativamente curtos, e representam, para as cidades e prefeituras, uma enorme economia.


"Além disso, têm um impacto social muito grande, na medida em que as cidades mais iluminadas são mais seguras, permitem opções de lazer noturno e, além disso, propiciam a instalação aqui de uma cadeia de produção de todos os equipamentos," disse Marilene.


Acordo de Paris
A diretora de Infraestrutura disse que as novas condições de financiamento à energia elétrica estão alinhadas com o compromisso assumido pelo governo brasileiro no Acordo de Paris, em dezembro do ano passado, para aumentar a participação das energias alternativa na matriz brasileira.




 

Daí a decisão do banco de não financiar mais usinas termelétricas a carvão e a óleo, responsáveis por uma maior emissão de gases poluentes.

Não haverá, contudo, impeditivos para projetos com carvão no país, desde que eles sejam financiados pelo mercado, sem recursos do BNDES. "Eventualmente, se existir algum projeto dentro da casa para aprovação, que foi objeto de um leilão passado, as condições passadas são respeitadas," ressalvou Marilene.

Maior desmatador da Amazônia é denunciado pela segunda vez à Justiça


Por ((o))eco*
Ramal madeireiro corta a floresta ainda de pé. Foto: Marcio Isensee e Sá.
Ramal madeireiro corta a floresta ainda de pé. Foto: Marcio Isensee e Sá.


Considerado o maior desmatador da Amazônia, o pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho foi denunciado pela segunda vez à Justiça pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF/PA). Junqueira Vilela e mais dez pessoas foram denunciados por irregularidades na fazenda Triângulo/Curuá, área grilada que foi embargada pelo Ibama em 2013 por desmatamento ilegal.


AJ Vilela, o cunhado Ricardo Viacava, as duas irmãs do pecuarista, Ana Luiza Vilela Viacava e Ana Paula Junqueira Vilela, eram sócios da fazenda e receberam 5 milhões em negociações da terra grilada e com a venda de gado criado em áreas desmatadas ilegalmente.


Após ser embargada por desmatamento ilegal, Vilela dividiu a fazenda em duas. A segunda fazenda teve uma parte vendida e outra, já dentro do perímetro embargado, foi colocada em nome de um laranja, Douglas Dalberto Naves, também denunciado pelo MPF.


Depois de vendida, de acordo com informações da Receita Federal e do Ibama, o local foi novamente palco de desmatamentos ilegais. “Após a fiscalização da Ibama, AJ Vilela fez a cuidadosa divisão da Fazenda Triângulo/Curuá em duas partes, com o objetivo de separar a área fiscalizada da que não foi, vendendo esta última a um terceiro e transferindo a área fiscalizada a um laranja”, diz a denúncia oferecida pelo MPF. A fiscalização do Ibama voltou à fazenda em 2015 e encontrou queimadas, desmatamento ilegal e um acampamento com trabalhadores em condição análoga a escravidão.
Denúncia
Alojamento onde ficavam os trabalhadores em condição análoga à escravidão, em fazenda grilada por AJ Vilela. Foto: Ação judicial do MPF
Alojamento onde ficavam os trabalhadores em condição análoga à escravidão, em fazenda grilada por AJ Vilela. Foto: Ação judicial do MPF


Os dez denunciados são acusados por crimes de falsidade ideológica, frustração de direito trabalhista, redução à condição análoga a de escravo, crimes contra o meio ambiente e invasão de terras públicas federais.


Antônio José Junqueira Vilela Filho, Ricardo Viacava, Ana Luiza Vilela Viacava e Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro são acusados de comandar e movimentar o dinheiro do esquema de grilagem e venda de gado de área embargada. Já Rodrigo Siqueira Pereto atuava como gerente das fazendas griladas e Olívio Bertoldo Bachmann era o responsável por contratar os trabalhadores encontrados em condição análoga a da escravidão.


Narciso Lidio Pereira Mascarenhas, que comprou a área grilada da família Vilela, foi denunciado por crimes ambientais e invasão de terras públicas. Fábio Barbosa de Oliveira Lima é acusado de falsidade ideológica no esquema. Douglas Dalberto Naves e Mariano Barros de Morais funcionavam como laranjas da família Vilela e Edson Mariano da Silva era responsável por elaborar os Cadastros Ambientais Rurais fraudulentos das terras griladas.


Leia a íntegra da denúncia.

*Com informações do Ministério Público Federal no Pará.

Publicação enfoca boas práticas na gestão de unidades de conservação


Foto: ICMBio
Foto: ICMBio
Resultado de uma parceria entre o ICMBio e o Instituto IPÊ, a segunda edição da revista Boas Práticas na Gestão de Unidades de Conservação traz matérias que mostram como soluções simples podem ter grande impacto no dia a dia da gestão das áreas protegidas e de que forma elas têm contribuído para a implementação e desenvolvimento das unidades de conservação federais.


A publicação lançada no início deste mês na Floresta Nacional de Ipanema(SP) busca mostrar de que maneira problemas bastante comuns em unidades de conservação, como fogo florestal, mau uso do solo, invasões, caça e extração ilegais, foram enfrentados a partir de inovações trazidas por gestores e parceiros dessas unidades. São 36 casos sistematizados numa linguagem simples e direta com o objetivo de reconhecer este trabalho e também de ser um instrumento informativo e inspirador para outras UCs.


Os casos relatados demonstram que muitas das chamadas “boas práticas” surgiram a partir de processos formativos – o que demonstra a importância do investimento na capacitação dos gestores – e de parcerias com empresas, organizações e comunidades. As experiências mostram que UCs brasileiras devem ser administradas em conjunto com a sociedade e para a sociedade.


Para obter informações e exemplares da revista, entre em contato com o Instituto IPÊ pelo site www.ipe.org.br ou e-mail ipe@ipe.org.br.