quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Ineficiência marca política ambiental brasileira, por Ádria Costa Siqueira

Ineficiência marca política ambiental brasileira, por Ádria Costa Siqueira


Mecanismos criados pelo Estado não têm sido suficientes para conter danos

Jornal da UNICAMP
Texto ÁDRIA SIQUEIRA
Fotos Tássia Biazon | REPRODUÇÃO
Edição de imagem LUIS PAULO SILVA

Em diversos encontros internacionais, como a Cúpula da Terra, Eco-92 e Rio +20, foram estabelecidas metas, leis e medidas de proteção ambiental com o objetivo de reduzir os impactos sobre o meio ambiente. A política ambiental brasileira, amparada na Constituição de 1988, tem procurado atender a esses desafios. Foram criados, por exemplo, mecanismos para controle das atividades empresariais, para que sejam geridas de forma sustentável. Entretanto, de uma maneira geral, esses mecanismos têm se mostrado ineficientes para conter os danos ambientais.

São três os instrumentos utilizados pela política ambiental brasileira: Comando-Controle; Econômico; e Comunicação. O primeiro cria normas, regras e procedimentos de utilização dos recursos naturais, fiscalizando, penalizando, proibindo ou permitindo a existência de atividades; o segundo estabelece cobrança de taxas e tarifas, além de reduções fiscais quando as empresas são comprometidas com o meio ambiente; e o terceiro realiza a divulgação de informações, selos ambientais e promoções de educação ambiental.

Na instância do Comando-Controle estão os EIAs (Estudo de Impacto Ambiental) e os RIMAs (Relatório de Impacto Ambiental). Entretanto, apenas os relatórios dos RIMAs são disponibilizados ao público. Isso porque os relatórios dos EIAs contêm segredos industriais. Essa obrigação é compartilhada pelos órgãos estaduais de meio ambiente e pelo Ibama como parte integrante do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente).
Foto: Reprodução
Fonte: Fluxograma de Diretriz de Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) e Relatórios de Impacto Ambiental (RIMAs), parte do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), compartilhada por órgãos estaduais de meio ambiente e IBAMA
Esse conjunto de relatórios técnicos é detalhado e elaborado por uma equipe multidisciplinar que verifica as consequências e danos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, histórico, e do trabalho, que podem ser causados pela obra, determinando assim se ela pode ser licenciada ou não. Cabe ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) promover a conciliação entre os diferentes setores da sociedade, para que as atividades econômicas causadoras de danos ambientais sejam supervisionadas e funcionem corretamente, protegendo a sustentabilidade do meio ambiente.

A Constituição de 1988 apresenta normas em relação ao meio ambiente do Brasil e consiste ainda hoje na principal legislação brasileira da área. Nelas são encontrados conceitos que envolvem o direito individual e social da população por um meio ambiente de qualidade. Ao poder público e a toda a população cabe defender e preservar o meio ambiente, mantendo-o equilibrado (art. 225, inciso IV, da Constituição Federal). Cabe às instâncias estaduais, municipais e federais a proteção e o cumprimento das leis voltadas à proteção do meio ambiente (VARELLA et al., 1998).

A Lei nº 9.605 (Lei de Crimes Ambientais), de 12 de fevereiro de 1998, é outra garantia de proteção ao meio ambiente em geral, incluindo a fauna, a flora, os recursos naturais e o patrimônio cultural. Essa lei garante penas mais específicas, de acordo com cada crime ambiental, abrangendo infrações cometidas também por pessoas jurídicas.

Quando as empresas ignoram as leis ambientais, mesmo sem causar danos reais ao meio ambiente, também são enquadradas criminalmente. A empresa que cometer um crime ambiental poderá sofrer penalidades, como o pagamento de multas, a restrição de direitos, a suspensão total ou parcial de atividades, a prestação de serviços à comunidade e a contribuição com entidades ambientais ou culturais públicas.

Política ambiental na mineração
A mineração sempre foi um dos principais setores da economia brasileira. O País possui importantes depósitos de minerais, o que o classifica como uma das maiores reservas do mundo. Entre as principais produções em relação ao mercado mundial, em 2000, ressalta-se:

Principais produções de minérios no Brasil
Foto: Reprodução
1º Nióbio (93,7%); 2º Magnesita (14,5%); 3º Crisolita (15,6%); 4º Manganês (15,3%); 5º Alumínio (14,9%); 6º Vermiculita (13,9%/); 7º Ferro (12,8%); 8º Tântalo (10%) | Fonte: Anuário Mineral Brasileiro e Sumário Mineral Brasileiro (2015)

A maioria das mineradoras brasileiras está concentrada na região Sudeste e Sul, submetidas a várias regulamentações de proteção ambiental de órgãos estaduais e federais que atuam desde a concessão da exploração de minérios até sua fiscalização (FARIAS, 2002). Esses órgãos são:

Ministério do Meio Ambiente – MMA: responsável por formular e coordenar as políticas ambientais, assim como acompanhar e supervisionar sua execução.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA: responsável, em nível federal, pelo licenciamento e fiscalização ambiental.

– Centro de Estudos de Cavernas – CECAV (IBAMA): responsável pelo patrimônio espeleológico.
Ministério de Minas e Energia – MME: responsável por formular e coordenar as políticas dos setores mineral, elétrico e de petróleo/gás.

Secretaria de Minas e Metalurgia – SMM/MME: responsável por formular e coordenar a implementação das políticas do setor mineral.

Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM: responsável pelo planejamento e estímulo do aproveitamento dos recursos minerais, pela preservação e pelo estudo do patrimônio paleontológico, cabendo-lhe também supervisionar as pesquisas geológicas e minerais, bem como conceder, controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o território nacional, de acordo com o Código de Mineração.

Serviço Geológico do Brasil – CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais): responsável por gerar e difundir conhecimento geológico e hidrológico básico, além de disponibilizar informações e conhecimento sobre o meio físico para a gestão territorial.

Agência Nacional de Águas – ANA: responsável pela execução da Política Nacional de Recursos Hídricos, sua principal competência é a de implementar o gerenciamento dos recursos hídricos no País. Responde, também, pela outorga de água superficial e subterrânea, inclusive aquelas que são utilizadas na mineração.

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA: responsável por formular as políticas ambientais, cujas resoluções têm poder normativo, com força de lei, desde que o Poder Legislativo não tenha aprovado legislação específica.

Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH: responsável por formular as políticas de recursos hídricos, promover a articulação do planejamento de recursos hídricos, estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e para a cobrança de seu uso.

Entre os principais problemas ambientais provocados pela mineração estão a poluição da água, do ar, da qualidade do terreno e a poluição sonora. No caso da exploração do ferro, os principais problemas são a poluição de águas superficiais e a idade das barragens de contenção, que podem ser danificadas pela falta de manutenção adequada. Em relação a essas questões, ações preventivas poderiam ser aplicadas como o cadastramento adequado e a avaliação sistemática e continuada da estabilidade de barragens existentes, tanto as ativas quanto as abandonadas.

Os principais problemas ambientais relacionados à mineração brasileira são os conflitos entre as legislações ambientais. A falta de profissionais especializados e a dificuldade de fiscalização nas empresas são outros fatores que contribuem para os riscos na exploração dos minérios. De uma maneira geral, as empresas priorizam o mercado, em detrimento da segurança.


Referências
AHMAD, Najh Y. S. As Políticas Ambientais – no Brasil e no Mundo. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/29673315/AS-POLITICAS-AMBIENTAIS-NO-BRASIL-E-NO-MUNDO-por-NAJH-YUSUF-SALEH-AHMAD >.
ALVES, José E. D. Impactos ambientais do crescimento populacional e econômico de longo prazo. EcoDebate, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br/2011/01/20/impactos-ambientais-do-crescimento-populacional-e-economico-de-longo-prazo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>.
BRASIL. Lei nº 9.605 de 1998: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de lei de crimes ambientais, condutas e atividade lesivas ao meio ambiente (Lei dos Crimes Ambientais), 1998.
BRASIL, República Federativa. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Legislação de Direito Administrativo. Legislação de Direito Ambiental e Constituição Federal, São Paulo: Rideel, 2003, p. 1134-1138.
BARRETO, M. L. Mineração e desenvolvimento sustentável: desafios para o Brasil. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2001. 215p.
BREDARIOL, C., VIEIRA, L. Cidadania e política ambiental. Rio de Janeiro, Record, 1998.
CAVALCANTI, C. de V. (Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. 4.ed. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Cortez Editora, 2003.
FARIAS, Carlos E. G. Mineração e Meio Ambiente no Brasil. Relatório preparado para o CGEE, PNUD – Contrato 2002/001604. Disponível em: http://www.cgee.org.br/arquivos/estudo011_02.pdf  Acesso em: 6 jul. 2016.
VARELLA, Marcelo D; FONTES, Eliana; ROCHA, Fernando Galvão da. Biossegurança e Biodiversidade; contexto científico regulamentar. Belo Horizonte: Del Rey, 1998.
Ádria Costa Siqueira – Graduada em Comunicação Social em Rádio e TV pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Graduação sanduíche na Universidade Nova de Lisboa (Portugal). Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo LabJor/IEL/Unicamp. Foi repórter, produtora universitária – Televisão Universitária da UFRN, filiada da TV Brasil – Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Tem experiência na área de Comunicação Social em Assessoria de Comunicação e em Mídias Sociais. Email: adriasiqueira@hotmail.com

Do Jornal da UNICAMP, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/12/2017

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Bioeconomia do Bem Estar e Vitalidade Celular, artigo de Roberto Naime

Bioeconomia do Bem Estar e Vitalidade Celular, artigo de Roberto Naime


artigo

[EcoDebate] Este é um instigante movimento alternativo, criado pelo belga Olivier Casimir, que trabalhou 20 anos como enfermeiro nos Estados Unidos. Tornou-se especialista em trauma, neurotrauma e em doenças neurológicas. Trabalhou também em quase todos os serviços considerados de cuidados intensivos, incluindo pós-anestesia, radiologia intervencional, transplante de órgãos e cuidados intensivos médicos e cardíacos.

Começou a se interessar na dieta, na medicina e na filosofia japonesa desde muito jovem e prática o Chi Kung e o Tai-Chi. Absorveu culturas de linhagens indígenas nos Estados Unidos e tem vivido, aprendido, trabalhado e compartilhado vivências com povos autóctones nas Américas e no Sudoeste asiático.

Seu entendimento da saúde e da vida mudou quando, apesar de ter uma vida “saudável” tanto segundo as recomendações da medicina convencional como da medicina oriental, começou a ter problemas de saúde graves e que viraram piores na medida que ele seguia o que recomendavam seus colegas médicos e o que ele mesmo tinha a sua carreira toda recomendando a seus pacientes.

Toda esta experiência de vida e esta circunstância específica e pessoal, trouxeram reflexões que evoluíram em constatações sobre a vida. Achou maravilhas simples, potentes, práticas, vitalizantes e enriquecedoras. O desenho da vida realmente brinda maravilhas reais pra se realizar em vida!
Tem anos oferecendo cursos, encontros e aprendizados pelo mundo inteiro. Por diferentes que estas atividades possam parecer, formam uma parte clássica do aprendizado no qual entrou com pessoas de origem indígena em sua complexa experiência d vida.

O aprendizado não ocorre apenas em função de deslocamentos geográficos e culturais. Implica se desenvolver e se realizar com contatos amplos e em desenvolver habilidades, capacidades e compreensões variadas. É necessário viver culturas e capacidades amplamente pra começar a apreciar as dinâmicas e culturais e naturais e integrar o ser humano nestes cenários. Faz parte até descobrir em que medida se acha a coragem para descobrir a nossa natureza viva e para cuidar da mesma com consciência.

Com tudo este vivido, Olivier se considera agora capaz de conduzir viagens da existência em busca de significados, vitalidade com simplicidade, e as maravilhas da vida. Temos tudo pra vivenciar esta viagem, de iniciação e do convite que é a vida. Sabedoria é cuidar da vida. Não apenas da ideia da vida, mas da realidade da vida.

Formas, funções, proporções, relações são todas vivas, todas pulsáteis, todas adaptativas. Com vontade e simplicidade, para descobrir a nossa bem-vinda neste mundo e as chaves de nossa vitalidade. E dependem da harmonia ambiental que se busca.

Se descobrem aspectos surpreendentes do que se denomina “Bio-Eco-Nomia do Bem-Estar” e da profunda sabedoria de nosso desenho biológico, na lógica da vida. Os seres humanos necessitam estar integrados em ecossistemas equilibrados para determinar homeostases de vida que sejam plenas.
Todos os indivíduos são expressões de uma Bio-Eco-Nomia, considerada literalmente uma ação de princípios proporcionais e relacionais (nomía) que fazem que a vitalidade (bios) tenha morada (eco, do grego “oikos”, que significa em nós) desenhado para o bem-estar e a vitalidade geral. É preciso viver e sentir que cada célula do organismo possa se expressar plenamente no contexto ambiental em que se está inserido.

Ou seja, ainda que não se goste ou não se concorde com este tipo de reflexão e se considere desconectada da realidade, onde uma pílula alopática pode milagrosamente resolver tudo nos episódios de vida, isto não é verdade.

As facilidades e confortos de vida fazem acreditar que com um simples remédio ou uma prosaica pílula, ou com meras inovações tecnológicas utilizadas como apanágios fragmentados e desconectados da realidade, tudo vai se resolver.

Primeiro o que é “tudo”? A felicidade, ou a satisfação. Ou ainda o equilíbrio e a harmonia. Todas estas concepções se constroem arduamente no cotidiano e não podem ser substituídas por invenções ou avanços e inovações tecnológicas, que sirvam como arranjos mais úteis a solucionar crises de consciência do que problemas reais.

É o caso das geoengenharias, que fragmentárias e desconectadas, podem resolver traumas de consciência e jamais interagir holisticamente com cenários da realidade.

Se alcançar estados de plena harmonia e satisfatório equilíbrio ambiental que potencialize o estado de bem-estar e vitalidade orgânica é uma missão de todos os indivíduos, durante todo seu episódio vivencial.

Não existem fadas mágicas ou pílulas milagrosas que substituam a lenta e inexorável construção de um meio ambiente mais saudável e em plena harmonia, que possa mobilizar toda sua sinergia em benefício de todos os seres vivos e componentes abióticos dos sistemas.


Referência:

http://riquezavital.org/pt/bioeconomia-do-bem-estar/

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/12/2017

"Bioeconomia do Bem Estar e Vitalidade Celular, artigo de Roberto Naime," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 7/12/2017, https://www.ecodebate.com.br/2017/12/07/bioeconomia-do-bem-estar-e-vitalidade-celular-artigo-de-roberto-naime/.

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Instituições da sociedade civil encaminham carta ao governo federal pedindo mais transparência nas questões ambientais


Instituições da sociedade civil encaminham carta ao governo federal pedindo mais transparência nas questões ambientais

nota pública
Quarenta e nove instituições da sociedade civil encaminham hoje aos órgãos ambientais federais, dentre os quais, Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, Serviço Florestal Brasileiro, e ICMBio uma carta solicitando a ampliação da transparência  e a criação de espaços de diálogos entre o governo e a sociedade para a execução de políticas voltadas para o meio ambiente, com foco em temas florestais.
A iniciativa faz parte do compromisso do Plano de Ação Brasileiro  para Governo Aberto, que busca maior transparência na gestão ambiental. . As propostas ( íntegra aqui) sugeridas para que sejam postas em prática em 2018 são baseadas em quatro eixos:

1.      Promoção da Lei de Acesso à Informação e da Política do Executivo Federal de Dados Abertos e difusão dos conceitos de transparência ativa, transparência passiva e dados abertos, com especial atenção aos grupos vulneráveis;
2.      Criação de um sistema de transparência e prestação de contas sobre a implementação, o monitoramento e a avaliação de planos e políticas ambientais;
3.      Criação de um protocolo de validação de sistemas de informação e bases de dados gerados e mantidos por atores não estatais (ONGs, universidades, centros de pesquisa, etc);
4.      Disponibilização, aprimoramento e produção de informações e bases de dados.
Neste último eixo, as organizações demandam mais transparência em 48 categorias de informação em temas como, código florestal, unidades de conservação e combate ao desmatamento.
As entidades, entre as quais Imaflora, Ipam,  Artigo 19, ICV, Imazon , Observatório do Código Florestal e Observatório do Clima defendem que as medidas criarão as condições necessárias para o avanço na solução dos problemas ambientais do País.


Colaboração de Fátima Nunes, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/12/2017

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Reuters (Reino Unido) – Monsanto will prevail in Brazil patent dispute, South American CEO says

Reuters (Reino Unido) – Monsanto will prevail in Brazil patent dispute, South American CEO says


Ana Mano

SAO PAULO (Reuters) - U.S. seeds company Monsanto Co is confident ian courts will uphold its Intacta RR2 PRO soy seed patent despite a challenge from grain growers in the state of Mato Grosso, the company’s chief of South American operations said on Wednesday. The ian patents office, known as INPI, had conducted a rigorous analysis before granting the technology patent protection, Rodrigo Santos, chief executive officer of Monsanto’s South American operations, said on Wednesday.

A Monsanto logo is pictured in the company headquarters in Morges, Switzerland, May 25, 2016. REUTERS/Denis Balibouse/File Photo

“We have confidence that the ian legal system will recognize our right to patent protection,” Santos said on the sidelines of an event in São Paulo. “We have patent protection for the Intacta technology in many other countries and they too conducted rigorous analyses.”

This year, some 170,000 ian farmers adopted the Intacta genetically modified seed technology, he said. In South America, the area using the technology is estimated at 22 million hectares, he added.

Soybean growers in Mato Grosso asked a court in November to cancel Monsanto’s Intacta RR2 PRO patent in , claiming irregularities, including the company’s alleged failure to prove it brings de facto technological innovation.

This is the second time Mato Grosso farmers have challenged Monsanto in . In 2012, the Apropos growers association claimed the company was charging royalties over its Roundup Ready patent that had expired two years earlier.

After legal disputes, farmers agreed to a discounted rate to use Monsanto’s newer Intacta seed technology, settling the matter with some ian producers.

Santos’ remarks underscored the challenging business environment in , the company’s second most important market outside of the United States.

On Nov. 22, CADE, the nation’s antitrust agency, extended its deadline to review the takeover of Monsanto by Bayer by 90 days to late March, spoiling plans to complete the tie-up by the end of the year.

Santos said Wednesday the companies expect the regulatory reviews of their $66 billion agreement early next year, but he declined to be specific. The deal has been cleared in 12 countries but not in Europe, the United States and , which are considered key markets, he noted.
In Brazil, soy growers have formally requested that CADE force the sale of Monsanto’s registration, patents and brands associated with Intacta. But Monsanto has said it wants to keep the rights over this technology.

Árvores de áreas alagáveis da Amazônia são grandes emissoras

Árvores de áreas alagáveis da Amazônia são grandes emissoras

Por Vandré Fonseca
Foto: Vandré Fonseca.
Foto: Vandré Fonseca.

Manaus, AM -- Árvores de áreas alagáveis da Amazônia sãos as maiores emissoras de metano em terras úmidas do planeta. Segundo um artigo publicado na edição desta semana da revista Nature, elas funcionam como condutoras do metano armazenado no solo encharcado, contribuindo com uma quantidade anual de metano comparável ao dos Oceanos ou ao das terras úmidas da Tundra, no Hemisfério Norte.

O estudo, realizado por uma equipe internacional de pesquisadores, inclusive brasileiros, estimou que das árvores existentes em planícies alagadas sazonalmente da Amazônia sejam emitidas entre 15.1 e 21.2 milhões de toneladas de metano por ano. Os oceanos produzem cerca de18 milhões de toneladas de metano por ano, enquanto da Tundra saem entre 16 e 27 milhões de toneladas.

Para chegar a esse número, os pesquisadores usaram sensores para medir as emissões de mais de 2.300 trezentas árvores, algumas que ficam em áreas alagadas de até 10 metros de profundidade. Os dados foram comparados com medições feitas quinzenalmente por meio de aeronaves.

O professor de Ecologia e Mudanças Globais na Open University, do Reino Unido, Vincent Gauci, um dos autores do estudo, lembra que as áreas úmidas são importantes no balanço de metano, um gás cujos efeitos para o aquecimento global são 34 vezes maior do que o do dióxido de carbono (CO2).
“(As áreas úmidas) não apenas podem estocar vastas quantidades de carbono em seus solos saturados, elas também emitem metano”, afirmou em um texto publicado no site Carbon Brief.

Ele explica que a grande quantidade de água no solo reduz a quantidade de oxigênio, aumentando o tempo necessários para a decomposição da matéria orgânica. Uma das consequências desse déficit de oxigênio e lenta decomposição é a produção de metano no lugar de CO2.

“Este processo é o que faz as terras úmidas do planeta a maior fonte única de metano para a atmosfera”, afirma Gauci. “Compreender quanto metano as terras úmidas produzem é, por isso, se tornou uma prioridade para ecologistas e cientistas da atmosfera”, completa.

Para chegar aos resultados, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) trabalharam ao lado de colegas de instituições estrangeiras, como a Linköping University, Open University, University of Leeds e University of British Columbia e outras instituições.

Foram feitas medições em 13 locais da Amazônia Brasileira, para calcular a quantidade de metano que saída da superfície das águas, dos solos expostos, plantas, além dos caules e folhas de árvores inundadas. Muitas vezes, nas árvores da Amazônia, chegou-se a identificar um fluxo de metano 200 vezes maior do que encontradas em árvores de Bornéu ou do Reino Unido. A pesquisa conseguiu também uma estimativa feita em solo compatível com dados obtidos por aeronaves, o que não havia ocorrido em estudos anteriores.

Gauci destaca que o estudo não sugere que haja intervenções para reduzir as emissões naturais de carbono pelas árvores, que segundo ele tem funcionado dessa maneira há muito tempo. Mas destaca que é preciso cuidado ao escolher espécies para restaurar a floresta em áreas alagáveis, para que as novas plantas não se tornem emissoras ainda maiores.

Ele faz um alerta quanto as mudanças que vem sendo provocadas pela construção de barragens, que podem alterar o ecossistema. “Nós não conhecemos as consequências decorrentes das emissões de tal atividade. No entanto, algumas mudanças na dinâmica hidrológicas desses sistemas podem alterar as funções dessas árvores de maneiras imprevisíveis com consequências potencialmente altas para nosso clima”, adverte.

Saiba Mais
Artigo: Large emissions from floodplain trees close the Amazon methane budget”. Sunitha R. Pangala, Alex Enrich-Prast, Luana S. Basso, Roberta Bittencourt Peixoto, David Bastviken, Edward R. C. Hornibrook, Luciana V. Gatti, Humberto Marotta Ribeiro, Luana Silva Braucks Calazans, Cassia Mônica Sakuragui, Wanderley Rodrigues Bastos, Olaf Malm, Emanuel Gloor, John Bharat Miller andVincent Gauci, (2017).