segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A importancia das formigas e dos cupins para a estabilidade do solo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Mudanças no uso da terra afetam a biodiversidade e o solo, afirma estudo

Pesquisa realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, acaba de mensurar o impacto da transformação de áreas de floresta em pastagens e de pastagens em canaviais sobre a biodiversidade do solo.




A conclusão é que esse impacto é devastador sobre a macrofauna original do solo: 90% dela – formada por cupins, formigas, minhocas, besouros, aranhas e escorpiões – desapareceu por completo.



A pesquisa foi realizada por André Luiz Custodio Franco, durante o seu doutorado e estágio de pesquisa no exterior realizados com bolsas da FAPESP, com orientação do professor Carlos Clemente Cerri.



Os resultados do trabalho foram publicados no periódico Science of the Total Environment .
“Nossa intenção foi verificar como a mudança no uso da terra interfere na emissão de gases e no armazenamento de carbono no solo e, em consequência, na composição da matéria orgânica, ” diz Franco.



Invertebrados, microrganismos e fungos desenvolvem um grande papel na reciclagem do solo, graças à sua ação na decomposição da matéria orgânica. Eles compõem a microfauna do solo. Formigas e cupins – que integram a macrofauna do solo – são os principais agentes estabilizadores, evitando a erosão graças à construção de seus ninhos.



Para verificar o que acontece com a biodiversidade com a mudança no uso da terra, os pesquisadores retiraram blocos de solo na forma de cubos com 30 centímetros de profundidade. Essas amostras foram coletadas em três canaviais localizados em Jataí, Goiás, Ipaussu e Valparaíso, São Paulo. Nessas áreas uma parte do pasto foi convertida em cana. A equipe também coletou blocos de áreas nativa, de mata, para demonstrar a biodiversidade do solo em um sistema estável, antes do desmatamento para pastagem.



“Quando a mata nativa é convertida em pasto, todos os predadores de topo do solo, como as aranhas e os escorpiões, desaparecem”, diz Franco. “Na ausência de predadores, as populações de cupins e minhocas explodem. A quantidade de cupins no solo aumenta nove vezes. Já a de minhocas cresce 14 vezes.”



Por outro lado, quando o pasto é convertido em canavial, as populações de cupim e minhocas também são eliminadas, em decorrência da correção química do solo.



O solo nativo é ligeiramente ácido e os invertebrados e microrganismos estão adaptados para viver num ambiente de leve acidez. Como a cana precisa de um solo mais alcalino, a agroindústria introduz quantidades maciças de calcário – além de fertilizantes, herbicidas e pesticidas. “Isto torna o solo tóxico, especialmente para as minhocas”, diz Franco.



O resultado da correção química do solo e, posteriormente, da adubação química é a eliminação quase completa de toda a sua biodiversidade. Os poucos animais e microrganismos que poderiam se adaptar a um solo levemente alcalino são eliminados pelos agrotóxicos.



“Cerca de 90% da macrofauna do solo desapareceu. Em termos de grupos animais, perdeu-se 40%”, diz Franco. Ou seja, o solo dos canaviais é um solo extirpado de biodiversidade – e, em consequência, instável.



Cupins e formigas são os “engenheiros do solo”, observa Franco. Eles são importantes para manter sua estabilidade. Onde há mais animais a estabilidade do solo é maior. Decorre daí que menos animais significa menor estabilidade e, por conseguinte, maior risco de erosão.






Outra questão a ser contabilizada é a perda de carbono do solo. A ação de cupins e formigas faz com que partículas de carbono sejam encapsuladas em microagregados de argila ou areia e permaneçam protegidas da decomposição por microrganismos. Já as minhocas estabilizam as partículas de carbono que passam pelo seu trato digestivo e que ficam igualmente encapsuladas, fora do alcance dos microrganismos.



A perda da macrofauna coloca em risco a estabilidade do solo e a sua capacidade de armazenar carbono, além de contribuir para a liberação de carbono na atmosfera.



O artigo de André L.C. Franco, Marie L.C. Bartz, Maurício R. Cherubin, Dilmar Baretta, Carlos E.P. Cerri, Brigitte J. Feigl, Diana H. Wall, Christian A. Davies Carlos C. Cerri, Loss of soil (macro)fauna due to the expansion of Brazilian sugarcane acreage, publicado em  Science of the Total Environment , pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969716308117.


Fonte: Fapesp

Arquiteto colombiano constrói casas com plástico e borracha reciclados


segunda-feira, 17 de outubro de 2016


Resíduos plásticos e borracha são derretidos e transformados em blocos semelhantes a peças de lego gigantes.

 
 
 
 
Oscar Mendez é um arquiteto e empresário colombiano que desenvolveu um novo tipo de construção capaz de resolver dois problemas de uma só vez: o lixo e a falta de moradia. A tecnologia desenvolvida por ele transforma plásticos e borracha em blocos para construção.
 
 
 
 
O material alternativo é feito da seguinte forma. Resíduos plásticos e borracha são derretidos e transformados em blocos semelhantes a peças de lego gigantes. O produto ainda recebe aditivos que o tornam resistentes ao fogo e, por ser feito com borracha, também é resistente a terremotos.
 
 
 
 
O diferencial da ideia de Mendez não está apenas na matéria-prima usada na construção, mas, principalmente na técnica aplicada, que facilita a construção, tornando-a rápida e acessível a qualquer pessoa, sem que seja necessário ter habilidades específicas.
 
 
 
 
De acordo com o empresário, esse material é ideal para construir moradias de baixo custo em pouquíssimo tempo. Para se ter ideia, uma casa para uma família pode ser construída em apenas cinco dias, por quatro pessoas sem experiência alguma na área da construção. Um abrigo para 14 famílias, precisa de apenas 15 pessoas para ser construído em dez dias.
 
 
 
 
A própria empresa se encarrega de ir até as comunidades para ensinar o método de construção aos moradores locais, garantindo autonomia e ajudando a elevar a autoestima e empoderando essas pessoas. A companhia também trabalha direto com as cooperativas de reciclagem, ajudando a gerar renda e capacitando-os para tornar o processo de separação dos materiais e a própria fabricação dos blocos mais eficientes.
 
 
 
 
Em termos financeiros, Mendez explica que uma construção feita com essa tecnologia custa, em média, 30% menos do que as tradicionais usadas em zonas rurais. Por isso, o objetivo principal é usar o método para levar moradias a comunidades carentes, fundações e organizações-não-governamentais.
 
 
 
 
Fonte: Ciclo Vivo

Gás gerado a partir do lixo vira energia no Rio Grande do Sul

segunda-feira, 17 de outubro de 2016


Usina com capacidade para abastecer uma cidade de até 80 mil habitantes recebeu investimento de R$ 30 milhões

 
 
 
 
Na semana do ambiente, o Rio Grande do Sul ganha um projeto que alia redução da emissão de gases causadores de efeito estufa e geração de energia em momento de crise elétrica no país. A primeira térmica a partir de gás gerado em aterro sanitário no Estado terá obras simbolicamente entregues em cerimônia, nesta terça-feira, em Minas do Leão, a 90 quilômetros da Capital.
 
 
 
 
Construída com investimento de R$ 30 milhões, a Biotérmica Energia terá capacidade para produzir até 15 megawatts (MW), suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 80 mil habitantes. O combustível que moverá a usina é o metano existente no biogás captado no aterro do município, que recebe diariamente 3,5 mil toneladas de lixo urbano de Porto Alegre e outras 130 cidades.
 
 
 
 
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O aterro é controlado pela Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), cujo capital pertence 70% ao grupo Solví e 30% à mineradora Copelmi. As duas empresas, na mesma proporção, também são donas da Biotérmica Energia. Em breve, outros municípios do Estado poderão ter iniciativas com o mesmo conceito.
 
 
 
 
– Já temos duas licenças prévias da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para Santa Maria e São Leopoldo e futuramente também em Pelotas e Giruá – diz o diretor-presidente da CRVR, Mauro Renan Pereira Costa, lembrando que as usinas nos dois municípios serão menores, de 1,5 MW, e podem operar em 2016.
 
 
 
 
O projeto de Minas do Leão se diferencia em outro aspecto. O aterro foi um dos primeiros no país a obter créditos de carbono com a queima do metano no sistema de chama conhecido como flare (tocha que fica constantemente acesa nas chaminés de petrolíferas), liberando CO2 – 23 vezes menos poluente que o metano. Segundo Costa, agora passou a ser a primeira térmica no mundo a também ganhar créditos de carbono originalmente com a queima de metano em flare.
 
 
 
 
Apesar de as obras estarem prontas, a usina ainda precisa passar por um teste de emissões da Fepam para receber a licença de operação e, depois, a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para dar a partida na geração comercial, o que deve ocorrer em 15 dias, prevê Costa. Inicialmente, a produção será de 8,5 MW, sendo que 6,5 MW foram comercializados em leilão. O restante será vendido no mercado livre.
 
 
 
 
O projeto
 
 
 
 
Capacidade total: 15 MW, suficiente para abastecer uma de cidade de cerca de 80 mil habitantes
 
 
 
Investimento: R$ 30 milhões
 
 
 
Benefício: cerca de 170 mil toneladas de CO2 a menos lançadas no ambiente
3,5 mil toneladas é a quantidade de lixo urbano já recebido diariamente no aterro de Minas do Leão.
Fonte: Zero Hora

A onda do Necroturismo

segunda-feira, 17 de outubro de 2016


Você já imaginou juntar dinheiro, tirar férias e sair por aí visitando cemitérios? Pode parecer bizarro, mas esse é o destino turístico de alguns mortais.



Os motivos podem ser os mais variados, seja pela arquitetura, por ter pessoas famosas, ou por um aspecto histórico particular. A verdade é que há cemitérios para todos os gostos, e que atraem milhares de viajantes durante o ano. Esse foi o tema de uma matéria da revista Forbes que fez uma lista dos cemitérios mais famosos do mundo.


Confira alguns deles:


Hollywood Forever – Hollywood, EUA



O Cemitério Hollywood Forever fica na Santa Monica Boulevard, em Hollywood,
distrito de Los Angeles, na Califórnia e foi fundado em 1899, como Hollywood Memorial Park.
À beira da falência, a empresa Tyler Cassity o adquiriu, em 1998, renomeando-o como “Hollywood Forever”, hoje, recuperado. No local estão enterradas celebridades da indústria de entretenimento.


Père Lachaise – Paris, França




É o cemitério mais famoso da França. Nos seus 500 mil m2 estão túmulos famosos, como os de Oscar Wilde, Edith Piaf, Honoré de Balzac, Marcel Proust, Alice B. Toklas, Richard Wright, e, claro, Jim Morrison. A importância do cemitério de Paris se deve ao fato de que ele se tornou um  marco, desde o século 19, para a construção dos cemitérios modernos.




Cemitério Old Jewish – Praga, República Tcheca



Trata-se de um cemitério judeu muito antigo, datado no século 15. Com aproximadamente 12 mil sepulturas e sem espaço para enterrar seus mortos, os judeus se viram obrigados a sobrepor lápides umas às outras. Com os anos, acumularam-se doze camadas. Entre elas está a de nada menos que Kafka.



No Brasil



O Cemitério da Consolação, o mais antigo dos 22 em funcionamento na cidade de São Paulo, é o mais famoso. Foi inaugurado em 1858 e é morada eterna de muitas fi guras célebres da história do País. Ter um lugar neste cemitério virou símbolo de prestígio. Por isso, hoje o passeio é considerado referência não apenas por necrófilos, mas também por amantes das artes -escultura e a chamada arte tumular.



Neste, estão enterradas celebridades como, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Os presidentes Campos Sales e Washington Luís e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, o escritor Monteiro Lobato, entre outros. Destaque especial para o mausoléu da família Matarazzo, considerado o maior da América Latina: do subsolo ao topo são 25 metros, com uma área de 150 metros quadrados.



Fonte: Gazeta News

Entenda como as árvores ajudam a combater as ilhas de calor nas cidades



segunda-feira, 17 de outubro de 2016


As ilhas de calor acontecem devido à falta de áreas verdes, ao excesso de construções, asfalto e poluição extrema.




Ilha de calor é um termo usado para se referir ao aumento da temperatura em áreas urbanas. Em geral, isso acontece devido à falta de áreas verdes, ao excesso de construções, asfalto e poluição extrema. A forma mais eficaz de combater este efeito é com o plantio de árvores.


A primeira maneira de uma árvore contribuir para o combate às ilhas de calor é o fato de fornecerem sombras. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, uma área sombreada pode ser até sete graus mais fresca do que áreas expostas ao sol.


Amenizando o calor, ameniza-se também a quantidade de energia gasta para a refrigeração de ambientes, o que, consequentemente, também diminui a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.


As árvores ainda realizam naturalmente um processo de evapotranspiração, que é a transpiração das plantas. Isso acontece de maneira muito semelhante aos humanos. Durante este processo, as árvores liberam vapor de água na atmosfera, ajudando a refrescar naturalmente o ambiente.


O terceiro ponto, e de extrema importância, é a influência das plantas na manutenção do ar. As árvores têm poder para limpar os poluentes atmosféricos. Elas conseguem absorver óxido e dióxido de nitrogênio, dióxido sulfúrico e outros poluentes que costumam elevar a temperatura local. Enquanto isso, ela aspira oxigênio, gás totalmente necessário para a nossa própria existência.


Outro benefício oferecido pelas árvores é a purificação da água. Ao envolver o solo, as plantas funcionam como um filtro natural e retentor de águas. Quanto mais árvores presentes nas cidades, melhor é o escoamento de água durante as tempestades e mais limpo o recurso será.


Ter uma ou mais árvores perto de casa é um jeito simples de obter muitos benefícios pessoais e ambientais.

Fonte: Ciclo Vivo

Um hotel MUITO divertido!

https://www.youtube.com/watch?v=g_zFVNzzEgI



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Ricardo Soavinski será o novo presidente do ICMBio


Por Fabio Pellegrini
Homenagem Rômulo Mello. Foto: Chico Ribeiro/GovMS.
Homenagem Rômulo Mello. Foto: Chico Ribeiro/GovMS.


O secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Soavinski, vai acumular a presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Apesar de ainda não ter ocorrido a publicação no Diário Oficial da União (DOU), a notícia foi adiantada no fim de semana pelo próprio ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, em viagem ao Mato Grosso do Sul.


Durante a visita, membros do Ministério do Meio Ambiente estiveram no Refúgio Ecológico Caiman, onde aconteceu uma homenagem ao presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rômulo Mello, falecido no último dia 10.


A cerimônia foi realizada pelo Projeto Onçafari, que desenvolve pesquisas de conservação da onça-pintada aliada ao ecoturismo. Durante a visita ao local, o ministro esteve acompanhado do idealizador do projeto, Mário Haberfeld, do secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Soavinski, e do secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, José Pedro Costa.


Rômulo Mello foi um dos entusiastas da iniciativa e sempre destacou o papel do projeto ao estimular o envolvimento de todos os setores da sociedade para trazer resultados para a conservação da biodiversidade na região.


Segundo Sarney Filho, foi possível testemunhar, na convivência com Rômulo, a sabedoria, a inteligência e a paixão que dedicou às questões socioambientais, na luta cotidiana pelo meio ambiente. “Sua amizade e seu trabalho, firme e generoso, farão imensa falta na nossa gestão”, enfatizou o ministro.


O refúgio é o primeiro empreendimento de ecoturismo do Pantanal de MS, fundado em 1987. A visita ocorreu a convite do Instituto SOS Pantanal que realizou, em parceria com o Governo do estado de Mato Grosso do Sul, o Encontro: “Futuro do Turismo e Iniciativas à Sustentabilidade do Pantanal”.


Ao longo de quatro dias, o ministro e sua comitiva se reuniram com integrantes de instituições não-governamentais para conhecerem in loco as belezas naturais, as boas práticas desenvolvidas e as ameaças que o Pantanal vem sofrendo com o avanço da fronteira agrícola de forma intensiva nos últimos 40 anos.


Biografia
Paranaense de Maringá, Ricardo Soavinski é oceanógrafo e analista ambiental do ICMBio. Sua atuação sempre foi voltada à pesquisa e conservação da natureza. Coordenou programas e projetos no IBAMA, MMA e ICMBio, em cooperação com diversos organismos internacionais.


Entre os cargos que ocupou ao longo da carreira, destacam-se o de diretor de Ecossistemas do Ibama, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente e diretor de Unidades de Conservação do ICMBio. Soavinski foi secretário do Meio Ambiente do Paraná de janeiro de 2015 até em maio deste ano, quando assumiu a Secretaria de Recursos Hídricos do MMA.

Caça na Amazônia: o tamanho da matança ao longo do século XX

Por Vandré Fonseca
Peles de jaguar, lontra gigante, lontra neotropical e jaguatirica em um curtume de Manaus na década de 1950. Crédito: Biblioteca Virtual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Peles de jaguar, lontra gigante, lontra neotropical e jaguatirica em um curtume de Manaus na
década de 1950. Crédito: Biblioteca Virtual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Manaus, AM -- Um golpe de sorte colocou na frente da curiosidade do biólogo André Antunes manifestos de carga de barcos da JG Araújo, outrora uma grande exportadora de produtos amazônicos. Em mais de cem anos anotados em livros, estavam relações de peles e couros de animais que chegavam a Manaus do interior da Amazônia para serem exportados. Um negócio lucrativo -- se consideradas apenas as 11 espécies mais vendidas, gerou meio bilhão de dólares, em valores de 2015, entre as décadas de 1930 e 1960, quando a caça ainda era permitida.


O levantamento sobre este comércio, e do impacto dessa matança, está em um artigo publicado esta semana na revista Science Advances, por Antunes e pelos colegas Rachel Fewster, Eduardo Venticinque, Carlos Peres, Taal Levi, Fábio Rohe e Glenn Shepard. Para concluir a pesquisa, além das anotações, tornadas disponíveis pela família do comendador Joaquim Gonçalves Araújo, o biólogo ouviu muitas histórias de caça de populações do interior da região amazônica.


“É impressionante como a memória do comércio de peles é viva nas pessoas da Amazônia até hoje, a época da ‘fantasia’, como eles chamam”, conta André Antunes. A caça era uma atividade rentável, praticada por gente especializada, embora as comunidades também pudessem tirar proveito. “Ninguém matava onça para comer, mas se tivesse a oportunidade aproveitava. A pele de onça para a exportação custava cerca de 500 dólares”, conta.


O estudo estima que 23,3 milhões de animais, de vinte espécies de répteis e mamíferos, tenham sido abatidos no Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia entre 1904 e 1969. E este dado ainda é considerado conservador pelos pesquisadores responsáveis pela publicação, já que não entra na conta animais que tenham morrido em decorrência de ferimentos, ou peles que não tenham sido aproveitadas ou contrabandeadas.
Stand com peles de animais caçados na Amazônia na Feira de Exposição de Bruxelas, em 1911.Crédito: Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, Manaus.
Stand com peles de animais caçados na Amazônia na Feira de Exposição de Bruxelas, em 1911.Crédito: Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, Manaus.



Até 1912, o comércio era pequeno e focado no veado-vermelho. Logo após o declínio da borracha, se diversificou e atingiu um pico nas décadas de 1930 e 1940 e depois nos anos 1960, impulsionado pelo consumo de aumento dos preços nos Estados Unidos e Europa. Entre as peles e couros mais populares, estão onça-pintada, jaguatirica, gato-maracajá, ariranha, lontra, queixada, caititu, veado-vermelho, capivara, peixe-boi, anta, cutia, jacaré-açu, jacaré-tinga, iguana, sucuri, jiboia, jacuraru e jacuruxi.


Com os dados, foi possível avaliar também a capacidade de recuperação da fauna amazônica. A conclusão é que animais aquáticos entraram em colapso em poucas décadas, enquanto a exploração da maioria das espécies terrestres se manteve constante ao longo do anos. As ariranhas, que tem uma taxa de reprodução muito baixa, já haviam quase desaparecido de algumas regiões, como o entorno de Manaus, na década de 1930. Atualmente, está havendo um ressurgimento da espécie em algumas regiões.


Para André Antunes, a razão do colapso dos animais aquáticos está no acesso dos caçadores às áreas de refúgio. “Era mais fácil ir no remo pelo rio do que andar na mata em terra firme”, diz o biólogo. Isso indica, segundo ele, que hoje existe um grande risco também para animais terrestres.


“Se o principal fator de resiliência à caça são os refúgios, a inacessibilidade, quando você desmata e abre estradas, você tem perda de habitat e acesso às áreas de refúgio. Imaginamos que a resiliência na Amazônia vai decaindo”, alerta André Antunes, que atualmente é pesquisador da Wildlife Conservation Society (WCS).

Saiba Mais
Artigo original: Empty forest or empty rivers? A century of commercial hunting in Amazonia (em tradução livre, Florestas vazias ou rios vazios? Um século de caça comercial na Amazônia)