terça-feira, 18 de setembro de 2018

Furacão Florence e Tufão Mangkhut: a vulnerabilidade imposta pelo aquecimento global, artigo de José Eustáquio Diniz Alves



Furacão Florence e Tufão Mangkhut: a vulnerabilidade imposta pelo aquecimento global, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“É triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve”
Victor Hugo

Furacão Florence e Tufão Mangkhut

A ciência mostra que as tempestades são mais fortes em decorrência do aquecimento global

[EcoDebate] Os furacões (que acontecem no Atlântico Norte e no Pacífico entre o Havaí e a costa oeste dos EUA), os Tufões (que acontecem no Pacífico entre o Havaí e o leste asiático) e os Ciclones que acontecem no hemisfério sul e no oceano índico) são fenômenos provocados pelo aquecimento da superfície do mar, que faz evaporar a água em ritmo mais acelerado, formando nuvens de chuva. Isto faz cair a pressão atmosférica e favorece a subida do ar, retroalimentando a evaporação. Este fenômeno intensifica as correntes de vento oceânicas que passam a se movimentar em espiral, podendo atingir velocidades muito altas.

Pela escala Saffir-Simpson, o ciclone extratropical tem ventos até 117 km/h. Na categoria 1: os ventos vão de 118 a 152 km/h; na categoria 2: de 153 a 176 km/h; categoria 3: de 177 a 207 km/h; categoria 4: de 208 a 250 km/h e categoria 5: acima de 251 km/h.

Nos últimos anos os Furacões, Tufões e Ciclones têm aumentado de frequência e de intensidade e, obviamente, não dá para ignorar o efeito do aquecimento global, que é intensificado pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa, gerados pelo crescimento exponencial das atividades antrópicas, especialmente a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a expansão da pecuária.

Por conta da maior concentração de CO2 e outros gases de efeito estufa (como o metano) na atmosfera, a temperatura do Planeta já subiu cerca de 1°C., em relação às temperaturas pré-industriais. Os desastres naturais aumentam em decorrência dos efeitos da mudança climática. Cientistas da Universidade de Stony Brook consideram que o aumento da temperatura da superfície dos oceanos, eleva a umidade do ar e o calor adicional funciona com catalisador e potencializador dos Furacões, Tufões e Ciclones. No caso do Florence, eles consideram que as chuvas do furacão são 50% mais altas do que seriam sem o aquecimento global e que o tamanho projetado do furacão é cerca de 80 quilômetros maior.

O gráfico abaixo mostra que as perdas econômicas estão aumentando nos Estados Unidos. No século passado, o Furacão Andrew gerou um prejuízo de US$ 49,1 bilhões, em 1992. Isto foi largamente superado pelos prejuízos do Furacão Katrina, em 2005, que gerou custos de US$ 165 bilhões. Mas o ano de 2017 foi recordista com o prejuízo somado dos Furacões Harvey, Irma e Maria totalizando cerca de US$ 250 bilhões.

perdas econômicas com os furacões nos EUA

Ainda é cedo para calcular os prejuízos do Furacão Florence que atingiu a categoria 5 (ventos acima de 251 km/h), mas desacelerou e atingiu a costa da Carolina do Norte como categoria 1 e logo se transformou em tempestade tropical. Mesmo perdendo força e deixando de ser um desastre de grandes proporções como o Katrina, o Furacão Florence ocasionou a ordem de retirada de mais de 1,7 milhão de moradores da costa leste dos EUA, parou a economia, cancelou milhares de voos, gerou blecautes e destruição de patrimônio, provocou a morte de pelo menos 15 pessoas (contagem preliminar) e inundou e paralisou extensas áreas. Mas como disse Kevin Arata, porta-voz da cidade de Fayetteville, na CNN, no domingo: “O pior ainda está por vir”.


Concomitante ao Furacão Florence que se formou e se expandiu no Atlântico Norte, o Tufão Mangkhut (que se formou no Pacífico mais ou menos no mesmo período, na segunda semana de setembro de 2018) atingiu o leste asiático também deixou um rastro de destruição em termos econômicos e humanos, embora em proporção menor do que o estimado anteriormente. O tufão Mangkhu, que também tinha chegado à categoria 5, desacelerou e atingiu o norte das Filipinas (uma região com baixa densidade demográfica) com ventos de 170 km/h e rajadas de até 260 km/h.


Em sua passagem pelo arquipélago, o Mangkhut deixou 54 mortos e 42 pessoas desaparecidas nas Filipinas (contagem preliminar), incluindo um bebê e uma criança. A maioria das mortes foi causada por deslizamentos de terra e destruição de casas pela força dos ventos. Em sua trajetória filipina o tufão deslocou 50 mil pessoas, que tiveram que deixar suas casas e afetou mais de 5,2 milhões de indivíduos que vivem em um raio de 125 km da trajetória do Mangkhut.


Em Hong Kong, o Tufão chegou com ventos de 173 km/h e rajadas de até 223 km/h, paralisando totalmente uma das cidades mais dinâmicas do mundo. Embora tenha havido muita inundação, telhados arrancados, muitas árvores caídas e guindastes derrubados, não houve nenhuma vítima fatal em uma cidade muito bem preparada para enfrentar os desafios da instabilidade climática. Mas os prejuízos econômicos foram enormes e ainda estão sendo contabilizados.

Na China, os danos provocados pelo Tufão Mangkhut foram de grande extensão. A cidade de Macau, famosa pelos seus casinos, parou totalmente e foi tão ou mais afetada do que Hong Kong. A tempestade adentrou pelo continente e assolou a populosa região de Guangdong, onde mais de 2,4 milhões de pessoas foram evacuadas. A tempestade atingiu a cidade de Haiyan por volta das 17h de domingo (segunda-feira na China) e, pelo menos, duas pessoas morreram. As escolas fecharam, as viagens dos trens de alta velocidade foram suspensas, centenas de voos foram cancelados, os barcos de pesca retornaram e as inundações se espalharam, segundo a agência de notícias estatal, Xinhua. Os estragos continuam pelo interior do sul da China.

O fato é que um mundo mais quente traz furacões/tufões/ciclones mais destruidores, pois a combinação de maior temperatura das águas oceânicas e maior umidade do ar funciona como um catalisador destes redemoinhos. A ciência mostra que as tempestades são mais fortes em decorrência do aquecimento global. As leis da termodinâmica não deixam dúvida de que as mudanças climáticas estão aumento a frequência e o poder de destruição dos eventos extremos que trazem chuva, agitam o oceano e provocam inundações.

O escritor Jeff Nesbit tem chamado a atenção para o desafio climático e como o aquecimento global tem impactando as comunidades em todo o mundo: secas mais longas no Oriente Médio, desertificação crescente na China e na África (duas regiões com alta densidade demográfica), temporada de monções encolhendo na Índia e ficando mais instáveis, ondas de calor amplificadas na Austrália, no Irã, Paquistão, etc., furacões/tufões/ciclones mais intensos atingindo a América e a Ásia, guerras por água no Chifre da África, rebeliões, refugiados e crianças famintas em todo o mundo.

Nesbit escreveu o livro “This is the way the world ends: how droughts and die-offs, heat waves and hurricanes are converging on America”, onde mostra que a mudança climática não é uma ameaça distante, pois já está impactando comunidades em todo o mundo.

This is the way the world ends: how droughts and die-offs, heat waves and hurricanes are converging on America

Ele chama a atenção para a possibilidade de surgimento de furacões com categoria 6, com ventos que excedam 200 milhas por hora (mais de 300 km/h). Esta possibilidade é cada vez mais real devido ao aquecimento dos oceanos e ao maior vapor de água circulando pela atmosfera. As super-tempestades podem ter um poder devastador e, junto ao aumento do nível do mar, podem fazer naufragar amplas áreas costeiras, com prejuízos incalculáveis para a agricultura e as cidades.

O que é preciso reconhecer é que esses eventos climáticos extremos estão relacionados ao fato de que, desde 2015, o Planeta já está em torno de 1º C acima da média pré-industrial.

A terra está se tornando um local perigoso. Portanto, a recente onda de eventos catastróficos não é mera anomalia. O sistema climático está cada vez mais desequilibrado, em função do modelo “Extrai-Produz-Descarta”. Os últimos quatro anos (2014-2017) foram os mais quentes já registrados no Holoceno e tudo indica que o mundo assistirá temperaturas mais extremas nos próximos quatro anos.

Infelizmente, em vez de confrontar essa ameaça à espécie humana e às demais espécies vivas da Terra, a humanidade, egoisticamente, reforça o mito do crescimento econômico acreditando no mantra que diz que a qualidade de vida depende do aumento das atividades antrópicas.
Contudo, a economia não pode ser maior do que a ecologia e nem a humanidade pode superar a capacidade de carga da Terra. Ou a civilização muda o rumo que está levando ao aumento da probabilidade de um colapso ambiental ou haverá de lidar com um colapso civilizacional. Esta possibilidade foi abordada em novo estudo científico que indicou que a Terra pode entrar em uma situação com clima tão quente, que pode elevar as temperaturas médias globais a até cinco graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais.

O estudo mostra que o aquecimento global causado pelas atividades antrópicas de 2º Celsius pode desencadear outros processos de retroalimentação, podendo desencadear a liberação incontrolável na atmosfera do carbono e do metano armazenado no permafrost, nas calotas polares, etc. Isto provocaria o fenômeno “Terra Estufa”, o que levaria à temperatura ao recorde dos últimos 1,2 milhão de anos.

Ou seja, o cenário da “Terra Estufa”, aumenta a possibilidade de furacões/tufões/ciclones de categoria 6, o que traria grande sofrimento e grande prejuízo para a humanidade e afetaria todos os seres vivos do Planeta. Seria algo parecido com o apocalipse, só que provocado pela crescente interferência humana e pela dimensão da economia que, no conjunto, se transformaram em forças globais de rompimento do equilíbrio homeostático da Terra.

O Furacão Florence e o Tufão Mangkhut são apenas sinais de uma catástrofe de maiores dimensões que está ocorrendo “à prestação”, mas que são um aviso do muito que está por vir.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/09/2018

"Furacão Florence e Tufão Mangkhut: a vulnerabilidade imposta pelo aquecimento global, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/09/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/09/17/furacao-florence-e-tufao-mangkhut-a-vulnerabilidade-imposta-pelo-aquecimento-global-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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Aquíferos – Cenário atual e perspectivas futuras no mundo, por Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira

Aquíferos – Cenário atual e perspectivas futuras no mundo, por Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira


artigo

O futuro dos aquíferos no mundo estará seriamente comprometido, com perspectivas de escassez cada vez maiores de água, inclusive para consumo humano

[Ecodebate] Os aquíferos constituem as únicas reservas estratégicas de água subterrânea para as gerações vindouras, motivo pelo qual a proteção dos mesmos é de fundamental importância para a sobrevivência da humanidade.

O maior desafio é manter as reservas protegidas dentro de um ambiente sustentável, exigência essa que está na contramão dos acontecimentos atuais e no comportamento do homem de forma agressiva ao meio ambiente em diversos locais do Planeta. Some-se a isso, as condições climáticas severas, que interferem negativamente na recarga dos aquíferos.

Estudos realizados pela NASA no período entre 2003 e 2013, de caráter inédito, identificou um cenário preocupante para os principais aquíferos do mundo. Cerca de 21 dos 37 aquíferos mais importantes, em função da sua reserva de água, apresentaram perdas de volume, ou seja, a retirada de água foi maior do que a entrada (recarga). Em 13 deles (dos 21 mais críticos), por exemplo, os níveis de exploração os levaram à condição de grande estresse ou de nível crítico. Este cenário tem se tornado comum em todo o planeta por dois motivos básicos: crescimento populacional em escala expressiva e redução ou desequilíbrio dos regimes de chuva em muitas regiões, não recarregando assim, de forma minimamente satisfatória, os reservatórios subterrâneos.

Os aquíferos mais afetados são aqueles situados em regiões densamente povoadas e pobres como, por exemplo, o noroeste da Índia e o Paquistão (Bacia Aquífera Indu), o norte da África (Bacia Murzuk-Djado), principalmente Líbia e Niger, e o Sistema Aquífero Árabe, que atende 60 milhões de pessoas, considerado o mais crítico de todos. Este aquífero, além de sofrer uma redução drástica no volume de água no período de 2003 a 2013, não apresenta sinais de que está sendo recarregado, até porque o regime de chuvas anual é insignificante. Também em situação crítica está o aquífero da Bacia do Rio Jordão, que é objeto de conflito entre Israel, Palestina, Síria e Jordânia.

Em países desenvolvidos também existem problemas com os aquíferos e os Estados Unidos é um deles. Atualmente, o reservatório mais problemático é o Aquífero do Vale Central da Califórnia, com grande pressão de uso, principalmente agrícola, visando suprir a escassez de chuva. Outro aquífero americano com problemas à vista é o Ogallala, um dos maiores e mais importantes mananciais da América. Ele cobre cerca de 450 mil quilômetros quadrados de extensão, atravessando vários estados americanos, como Dakota do Sul, Nebraska, Wyoming, Colorado, Kansas, Oklahoma, Texas e Novo México.

O aquífero Ogallala, que homenageia uma das sete divisões da grande nação Sioux, já perdeu o equivalente a 18 vezes o volume do rio Colorado, desde que começou a ser explorado para irrigação agrícola. Um quinto das terras irrigadas nos Estados Unidos mantêm-se com as águas do Ogallala que se espalham sob oito estados.

Está localizado sob as Grandes Planícies americanas. Nesses estados, já existe um controle de uso da água subterrânea desde 2012, principalmente para irrigação, cuja demanda é de cerca de um terço de todo o consumo anual de água dos Estados Unidos.

Em situação intermediária de pressão por consumo está o Aquífero Núbia, localizado no norte da África, abrangendo parte do Egito, Líbia, Chade e Sudão. Entre os aquíferos europeus estão, principalmente o Praded na República Tcheca e Polônia, o Digitalwaterway Vechte na Alemanha e Holanda e o Leste Prússia que abrange parte da Rússia, Polônia e Lituânia.

Também na condição intermediária de pressão por consumo está o aquífero North China Plain na China, além do Aquífero Guarani no Brasil.

Em situação mais confortável, atualmente, estão os aquíferos Alter do Chão no Brasil, Kalahari/Karoo na Namíbia/Botsuana/África do Sul e os aquíferos Grande Bacia Artesiana e Bacia Murray-Darling, ambos na Austrália. Isso ocorre porque a densidade populacional ainda não é expressiva sobre tais regiões, aliada ao regime de chuvas que permite, de forma satisfatória, a recarga anual.

Diante do exposto, e no ritmo atual, o futuro dos aquíferos no mundo estará seriamente comprometido, com perspectivas de escassez cada vez maiores de água, inclusive para consumo humano. Para se ter uma dimensão do impacto negativo causado nos aquíferos devido à exploração sem controle, ou inadequada, basta imaginar que 1 século atrás todos eles estavam praticamente intactos, ou seja, inexplorados ou sub-explorados. Diante do cenário atual, se projetarmos então 1 século para o futuro, o que iremos ter de reserva subterrânea?


Consultas:
http://www.mma.gov.br/estruturas/167/_publicacao/167_publicacao28012009044356.pdf
https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2015/06/17/dados-da-nasa-mostram-nivel-critico-nas-aguas-subterraneas-da-terra.htm?cmpid=copiaecola
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/dados-da-nasa-revelam-que-mundo-esta-ficando-sem-suas-principais-fontes-de-agua-16467230#ixzz5OvyOPU1t
Marco Antonio Ferreira Gomes* & Lauro Charlet Pereira*
*Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/09/2018
"Aquíferos – Cenário atual e perspectivas futuras no mundo, por Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/09/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/09/17/aquiferos-cenario-atual-e-perspectivas-futuras-no-mundo-por-marco-antonio-ferreira-gomes-e-lauro-charlet-pereira/.

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Los consumidores del norte financian el asalto a la Amazonía brasileña y sus pueblos, por Graciela Vizcay Gomez



Los consumidores del norte financian el asalto a la Amazonía brasileña y sus pueblos, por Graciela Vizcay Gomez



pecuária na Amazônia


Los políticos brasileños que impulsan los retrocesos ambientales y de derechos obtienen beneficios económicos directos de estos cambios de política que les permiten producir más productos agrícolas para el mercado global, informa un informe

Un informe contundente publicado hoy desenmascara a los principales actores políticos brasileños detrás de un asalto en curso en la selva amazónica y expone a las entidades corporativas y financieras mundiales que los respaldan. El informe de Amazon Watch revela cómo las cadenas de suministro de marcas líderes como Coca-Cola y las carteras de administradores de activos como BlackRock financian la agenda política de un poderoso bloque del Congreso cuyas acciones ponen en peligro la selva tropical más grande del mundo, los derechos indígenas y estabilidad climática global.
Complicidad en la destrucción: cómo los consumidores y los consumidores del norte soportan el asalto a la Amazonia brasileña y sus pueblos, estallan los conflictos de intereses políticos y económicos que sustentan el poder de seis políticos emblemáticos del bloque conservador ruralista , que representa el sector agroindustrial del país.

Los seis políticos actualmente buscan la reelección, el nombramiento de altos cargos o el nombramiento de sucesores en las próximas elecciones generales de Brasil. Y los seis han sido partidarios de políticas ruralistas que exacerban la creciente deforestación amazónica, recortan las protecciones del medio ambiente y socavan profundamente los derechos a la tierra de los pueblos indígenas de Brasil, al tiempo que benefician a los negocios de sus familias.

El nuevo informe de Amazon Watch demuestra cómo la agenda destructiva de los ruralistas es financiada por los mercados mundiales de productos básicos y sostiene que las compañías y los financieros del Norte corren riesgos de reputación al asociarse con estos actores.

“Llevamos a cabo este proyecto de investigación innovador para poner de relieve la destructiva agenda de los ruralistas y para proporcionar formas nuevas y eficaces de influencia sobre su comportamiento imprudente al apuntar a las relaciones económicas mundiales que los sostienen”, dijo Christian Poirier de Amazon Watch . “Mientras que nuestros socios brasileños se resisten a la brutal, ruralista asalto del LED en el Amazonas y sus pueblos, nos solidarizamos ofreciendo herramientas para apoyar sus esfuerzos críticos.”

La publicación de hoy sirve como un llamado a la acción para financistas, compañías y consumidores globales que, quizás involuntariamente, están empoderando los drásticos retrocesos liderados por el bloque ruralista , y un acto de solidaridad con el Movimiento Indígena Nacional de Brasil y organizaciones aliadas trabajando resueltamente para contrarrestar una embestida de cambios políticos regresivos.

“Nosotros los pueblos indígenas sabemos que grandes bancos y compañías de fuera de Brasil, incluidos los intereses holandeses y chinos, están apoyando a los ruralistas en sus esfuerzos por destruir las comunidades indígenas y tradicionales y nuestros bosques y ríos”, dijo Alessandra Korap Munduruku, coordinadora de Munduruku. la Asociación Pariri de la gente . “Ven los árboles y el agua como dinero, pero es nuestro hogar, no tenemos otra forma de vivir. Nosotros y toda la humanidad dependemos de la Amazonía y tenemos la responsabilidad de defenderla”.

“El Movimiento Nacional Indígena ha observado cómo la gran influencia financiera y política de las grandes compañías transnacionales ha tenido un impacto negativo en los derechos territoriales indígenas en Brasil”, dijo Luiz Eloy Terena, abogado de la Asociación de Pueblos Indígenas de Brasil (APIB) . “Hemos llevado esta información al Parlamento Europeo para exigir el boicot de productos básicos producidos en tierras indígenas. Los nuevos datos que contiene este informe nos ayudan a consolidar la información sobre estos actores, que es una demanda clave de nuestro movimiento”.

“Como el gobierno brasileño y los líderes políticos ruralistas promueven los intereses económicos por encima de todo, los mercados internacionales y los consumidores globales tienen un papel fundamental que desempeñar”, dijo Tica Minami, Coordinadora de la Campaña Amazónica de Greenpeace Brasil . “Los ciudadanos de todo el mundo pueden dejar en claro que ya no aceptan productos consumidos contaminados con la destrucción de los bosques y los abusos de los derechos humanos, lo que pone en peligro la reputación mundial de los intereses de los agronegocios brasileños”.

Los ruralistas reseñados en el informe incluyen al candidato a diputado y candidato senatorial Adilton Sachetti de Mato Grosso, quien se ha negado a respetar los derechos territoriales indígenas mientras su producción de soja y algodón depende de la familia del “rey de la soja” convertido en ministro de Agricultura Blairo Maggi. Curso de la vida Sao Paulo político y naranja productor Nelson Marquezelli, por su parte, ha empujado a reducir la protección de los bosques y se ha vinculado al esclavo prácticas de trabajo, mientras que indirectamente el suministro de los gigantes de bebidas Coca-Cola (Estados Unidos), Schweppes (Suiza), y Eckes Granini (Alemania).

Los hallazgos también vinculan a los líderes con perfiles con el aumento de las tasas de violencia contra los defensores del medio ambiente y los derechos humanos y un clima asociado de impunidad, así como casos bien documentados de corrupción.

El sector agroindustrial de Brasil es una potencia económica que contribuyó con el 23,5% del producto interno bruto del país en 2017, y representó el 44,1% de las exportaciones totales, según la Confederación Nacional de Agricultura y Ganadería, un grupo de presión agrícola. Como resultado, la agroindustria brasileña ha logrado una enorme influencia financiera y política. Aunque está muy aislado de los llamamientos a la reforma en Brasil, el sector agroindustrial del país es sensible a su imagen en el exterior dada su dependencia económica de los mercados mundiales de productos básicos y financiamiento brasileños para los exportadores agrícolas brasileños.

“Como organización con sede en los EE. UU., Amazon Watch reconoce plenamente el papel desmesurado de nuestro propio país en el cambio climático y los abusos contra los derechos humanos”, dijo Poirier . “Como parte de eso, creemos que los consumidores del Norte deben reconocer cómo sus elecciones pueden permitir los abominables ataques de los ruralistas a los derechos territoriales indígenas y las protecciones ambientales que salvaguardan una región irremplazable que es crítica para nuestra supervivencia colectiva. Una vez que entendemos lo que está en juego, la comunidad global debe responder “.

Fuente: Zero Biocidas

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/09/2018
"Los consumidores del norte financian el asalto a la Amazonía brasileña y sus pueblos, por Graciela Vizcay Gomez," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/09/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/09/18/los-consumidores-del-norte-financian-el-asalto-a-la-amazonia-brasilena-y-sus-pueblos-por-graciela-vizcay-gomez/.

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AFP (França) – La Nasa envoie dans l'espace un laser pour étudier la glace sur Terre

AFP (França) – La Nasa envoie dans l'espace un laser pour étudier la glace sur Terre


La Nasa a lancé samedi son laser le plus avancé jamais placé en orbite, l'ICESat-2, une mission d'un milliard de dollars destinée à révéler l'ampleur de la fonte des glaces sur une Terre qui se réchauffe.

Le satellite d'une demie-tonne a été propulsé par une fusée Delta II depuis la base Vandenberg de l'US Air Force en Californie à 06H02 (13H02 GMT).

"Trois, deux, un, décollage!", a annoncé un responsable de la Nasa sur la chaîne télévisée de l'agence spatiale américaine.

"Lancement d'ICESat-2 pour explorer les couches de glace polaires de notre planète en changement permanent".

Cette mission est "extraordinairement importante pour la science", avait plus tôt expliqué Richard Slonaker, responsable du programme ICESat-2 à la Nasa, à des journalistes.

Car depuis près de dix ans l'agence ne disposait plus d'un instrument en orbite pour mesurer l'épaisseur des superficies recouvertes de glace à travers la planète.

Avec l'ICESat-2, les mesures seront "extrêmement précises", de l'épaisseur d'un crayon, a assuré un membre de l'équipe, Kelly Brunt.

La mission précédente, ICESat, a été lancée en 2003 et s'est achevée en 2009. Grâce à elle, les scientifiques ont appris que la banquise s'affinait et que les surfaces recouvertes de glace disparaissaient des régions côtières du Groenland et de l'Antarctique.

Depuis, des relevés ont été effectués grâce à un avion dans le cadre d'une mission baptisée Operation IceBridge qui a survolé l'Arctique et l'Antarctique. Des "mesures de hauteur et des données sur l'évolution de la glace" ont été récoltées, a expliqué la Nasa.

Mais une mise à jour est nécessaire de toute urgence.

L'utilisation croissante des sources d'énergie fossile par l'humanité entraîne une hausse constante des émissions de gaz à effet de serre, considérées comme les principaux responsables du changement climatique.

La température mondiale moyenne augmente année après année, les quatre années les plus chaudes des temps modernes ayant été enregistrées entre 2014 et 2017.

La couche de glace s'amenuise dans l'Arctique et le Groenland, accentuant le phénomène de hausse du niveau des océans qui menace des centaines de millions d'habitants des régions côtières du monde entier.

Le tout nouveau ICESat-2 devrait aider les scientifiques à comprendre l'ampleur de la contribution de la fonte des glaces à la montée des océans.

- "Quatre millimètres à peine" -

"Nous allons être capables de regarder spécifiquement la façon dont la glace évolue sur une seule année", a relevé Tom Wagner, un chercheur du programme cryosphère (glace terrestre) de la Nasa.

Combiner ces relevés précis avec ceux rassemblés au fil des ans devrait donner un coup de fouet à la compréhension du changement climatique et améliorer les prévisions sur la hausse du niveau des mers, a-t-il ajouté.

L'ICESat-2 est équipé de deux lasers --dont un de rechange-- beaucoup plus perfectionnés que le modèle à bord de la mission précédente.

Malgré sa puissance, le rayon ne sera pas chaud au point de faire fondre la glace depuis le poste d'observation orbital déployé à quelque 500 kilomètres au-dessus de la Terre, a relevé la Nasa.

Il tirera 10.000 fois par seconde, contre quarante fois pour son prédécesseur, ce qui fournira des données beaucoup plus détaillées.

Des mesures seront prises tous les 70 centimètres sur la trajectoire du satellite.

"La mission va récolter suffisamment de données pour quantifier les changements annuels d'épaisseur de la couche de glace au Groenland et dans l'Antarctique, même si ce n'est que de quatre millimètres à peine", a indiqué l'agence spatiale américaine.

Outre l'épaisseur et la superficie de la couche de glace, le laser va aussi mesurer la pente sur laquelle elle est posée.

"L'une des choses que nous essayons de faire est de décrypter les changements qui s'opèrent à l'intérieur de la glace, et cela va énormément améliorer notre compréhension en la matière, en particulier dans les régions où nous ne savons pas bien encore comment ils évoluent", a expliqué M. Wagner, citant les grandes profondeurs de l'Antarctique comme l'une de ces zones mystérieuses.

La mission est censée durer trois ans mais le satellite dispose d'assez de carburant pour perdurer pendant une décennie, si ses responsables décidaient de prolonger sa durée de vie.