“Embora a mídia de massa não opere em
segredo, sua estrutura e suas operações internas continuam um mistério para a
maioria do público. E a sua influência não pode ser subestimada” (Jim Marrs, O
Governo Secreto, editora Madras, 2005, página 113)
Por Carlos I. S. Azambuja
Durante
o ano de 1998, na administração Clinton, nos EUA, ninguém poderia imaginar que
tecnologia nuclear estivesse sendo repassada à China por ordem do presidente, e
também o fato de Clinton assinar ordens executivas questionáveis, como a
extensão da zona internacional ao longo da fronteira sul dos EUA, por mais 240
quilômetros. A mídia de massa desviou a atenção desses fatos para os escândalos
sexuais de Clinton com Mônica Levinsky.
Muitas
pessoas reclamam que os principais veículos da mídia são superficiais,
conformistas e subjetivos na seleção das notícias. Uma recente pesquisa (1)
demonstrou que 60% dos entrevistados acreditam que as notícias apresentadas
pela mídia são injustas e inexatas, e uma outra, conduzida pela publicação
industrial Editor & Publisher, revelou que os próprios
jornalistas não discordam disso e que a cobertura da mídia é superficial e
inadequada.
Segundo
os críticos, o propósito da mídia de massa não é o de mostrar as coisas como
elas são, mas mostrá-las como os donos da mídia querem que elas sejam. Parenti
escreveu que o principal papel da imprensa é “recriar continuamente uma
visão da realidade que apóie o poder da classe econômica e social existente” (1).
Essa perspectiva distorcida pode ser vista nos termos usados nas histórias
referentes às “disputas trabalhistas” – nunca se usa o termo “disputas de
administração’”. Parenti chamou a atenção para o fato de que a administração
sempre faz “ofertas”, enquanto os trabalhadores fazem “exigências”.
O
poder da mídia é impressionante. Um estudo realizado em 1994 pela Veronis,
Shuler e Associates revelou que o típico americano passa mais de 4
horas por dia assistindo televisão, 3 horas ouvindo rádio, 48 minutos ouvindo
música gravada, 28 minutos lendo jornais, 17 minutos lendo livros e 14 minutos
lendo revistas.
A
consolidação do poder da mídia corporativa que cria esses produtos de consumo
de tempo acelerou-se tremendamente na década de 1990. Em 1982, 50 corporações
controlavam a maior parte da mídia de massa nos EUA. Em janeiro de 1990, esse
número havia diminuído para apenas 23 e no final de 1997, as corporações eram
apenas 10.
Os
principais bancos possuem uma significativa quantidade de ações no número
sempre decrescente das corporações de mídia, que por sua vez são controladas
pelos membros das sociedades secretas. Por meio de uma elite de formação de
políticas (2), como o Conselho de Relações Exteriores (CFR) e
a Távola Redonda dos Negócios (3), eles conduzem o navio do
Estado em uma direção que consideram ser financeiramente vantajosa. GE,
CapCities, CBS, New York Times e Washington Post, todos
têm membros que participam do CFR. Pouca coisa mudou nos dias de hoje. Uma
espiada superficial na edição de 1998 de Standart and Poor’s
Corporation Records, revelou que vários membros do CFR e da Comissão
Trilateral fazem parte da diretoria das maiores corporações da mídia (4).
A
propriedade corporativa aliada aos membros das sociedades secretas, muitos dos
quais estão empregados na mídia, pode explicar porque as reuniões dos Bilderberg (5),
da Comissão Trilateral (6) e do CFR (7) não
são anunciadas pela “vigilante” mídia americana. De fato, as listas dos membros
dessas sociedades são um “quem é quem” da mídia de massa.
Existem
as organizações de “vigilantes da mídia”, como a Accuracy in Media (AIM)
(8) e muitas pessoas supõem que esses grupos trabalham pelos interesses do
público. Michael Collins Piper não concorda com essa suposição. Em 1990, ele
revelou que o fundador da AIM, Reed Irvine (9), recebia 37 mil dólares por ano
como “conselheiro para a divisão de finanças internacionais” do Sistema do
Banco Central. Observando que muitos membros do FED também pertencem a
sociedades secretas, Piper escreveu: “Até hoje, Irvine e a AIM nunca
abordaram nenhum assunto que seja sensível aos interesses do stablishment
internacional: seja o grupo Bilderberg, a Comissão Trilateral, o Conselho de
Relações Exteriores ou a verdade a respeito do controle privado do Banco
Central”.
Existem
também pontos sensíveis no que diz respeito ao fluxo de informações, como a
chefia internacional do escritório central da Associated Press em
New York, em que uma pessoa decide quais as notícias de fora dos EUA que serão
divulgadas. É importante entender que o controle real da mídia de massa não é
um controle direto exercido sobre centenas de esforçados diretores, repórteres
e editores por todo o país, mas sobre a distribuição das informações, sendo
importante assinalar que existe uma tremenda pressão criada pela necessidade da
segurança no emprego e o receio da perda de fontes, pois muitos colunistas
nacionais contam com fontes internas para apresentar informações importantes.
Uma boa parte dessas informações vem de fontes do governo, que secariam se a
história errada fosse publicada. Mesmo os repórteres nacionais mais audazes
precisam se conter, se desejam manter seus informantes internos.
O
sempre concentrado controle da mídia, exercido pelas corporações, significa que
a objetividade nas notícias há muito entendida como um serviço público, é
atirada pela janela em favor de lucros baseados em classificações. O veterano
jornalista Walter Cronkite afirmou que a situação atual do jornalismo de
televisão é “desastrosa e perigosa” e depreciou os “lucros
insensatos para satisfazer os acionistas. Ao exigirem um lucro semelhante à
área de entretenimento, eles estão nos levando para o abismo”.
A
mídia vigilante da América, como ela gosta de se definir, parece mais um
cachorrinho de estimação dos donos de corporações. Isso pode explicar porque
seis das dez “histórias mais censuradas” (10) de 1985, como determinado pelo
serviço de notícias Alternet, envolviam relatos a respeito de
negócios como a monopolização das telecomunicações, a situação cada vez pior do
trabalho infantil, o aumento dos gastos do governo com armas nucleares, as
fraudes da indústria médica, a batalha da indústria química para subverter as
leis ambientais e as promessas quebradas do Acordo de Livre Comércio
Norte-Americano (NAFTA). Tais histórias não alcançaram o grande público porque “qualquer
pessoa que questione o mantra reinante da ortodoxia econômica, será severamente
disciplinada pela imprensa e pelos interesses internacionais” (11).
É
especialmente intrigante o fato de que nenhum dos principais segmentos da “mídia
vigilante” da América tenha demonstrado interesse em determinar quem são os
donos das corporações que controlam a mídia e a própria nação. Uma explicação
para essa falta de zelo investigativo pode ser encontrada na história de um
pesquisador da NBC-TV que, em 1990, entrou em contato com Tood
Putnam (12), editor do National Boycott News. Esse pesquisador
estava interessado no“maior boicote acontecido no momento” . Putnam
respondeu: “O maior boicote do país é contra a General Eletric”. O
membro da equipe da NBC imediatamente retrucou: “Não podemos
anunciar esse... Bem, nós poderíamos anunciá-lo, mas não o faremos”. Em 1986,
a NBC havia sido comprada pela General Eletric.
Observa-se,
finalmente, que não há dúvida sobre a existência das sociedades secretas nos
dias de hoje. A existência de grupos como a Comissão Trilateral, o Conselho
de Relações Exteriores e os Bilderberg está bem
documentada. A única questão diz respeito à extensão de seu controle e
manipulação dos acontecimentos mundiais mais importantes. Da mesma forma, não
há dúvidas de que os membros dessas sociedades exercem um controle excessivo
sobre muitas das maiores corporações e bancos do mundo. Essas corporações, por
sua vez, controlam minerais essenciais, energia, transporte, produtos
farmacêuticos, agricultura, telecomunicações e entretenimento. Em outras
palavras, os elementos básicos da vida moderna. Elas também fornecem membros
para os círculos internos do governo e esses membros, com freqüência,
implementam as políticas concebidas e desejadas por essas sociedades, que
exercem uma considerável influência sobre as eleições e a política nacional e
parecem estranhamente imunes a quaisquer investigações, seja do governo, seja
da mídia de massa.
Reunindo
todos esses fatos, eles sugerem que o objetivo geral dessas sociedades modernas
é estabelecer um governo mundial com controle social centralizado e perda da
soberania nacional, objetivo que parece cada vez mais próximo da realidade,
principalmente através do crescente aumento do controle corporativo e
financeiro sobre os governos e as economias.
A
dominação do mundo tem sido o objetivo dos homens desde antes de Alexandre, o
Grande. Por que, então, há tanto segredo envolvendo esse assunto nos dias de
hoje? Uma coisa está absolutamente clara: é evidente que a globalização, ou o
governo mundial, ou a Nova Ordem Mundial, não está apenas na imaginação dos
autores que escrevem acerca das conspirações ou dos paranóicos, mas é o
objetivo articulado de fraternidades, organizações e grupos secretos, todos
eles trazendo as marcas da Maçonaria, Távolas Redondas e Illuminati. Para
compreender o mundo ao nosso redor, devemos estudar todas as evidências, se
desejamos evitar tanto a paranóia destrutiva quanto a fé ingênua e sem base.
Essas
sociedades remontam diretamente às antigas organizações secretas, formando uma
cadeia de conspiração por toda a História e parecem estar seguindo um plano
formulado e articulado há muitos anos. Esse plano foi levado adiante pelos
membros “iluminados” do Instituto Real para Assuntos Internacionais,
do Conselho das Relações Exteriores, da Comissão Trilateral e
de inúmeras fundações e consórcios de empresas. Sua irmandade incestuosa também
faz amplo uso das agências secretas da Inteligência, tanto na Grã-Bretanha
quanto nos EUA, para promover seus planos.
Tudo
isso incita várias perguntas: Se o CFR, a Comissão Trilateral e os Bilderberg
são constituídos apenas por pessoas inocentes e bem intencionadas, trabalhando
por um mundo pacífico e próspero, como alegam, então por que todo esse segredo?
Por que a existência de todas essas organizações de fachada, às vezes antíteses
umas das outras? Por que elas desconfiam da atenção do público, uma vez que
toda atividade justificável e honrada deve ser capaz de suportar a luz do dia?
O texto acima é um resumo das páginas 113 a 120 do livro de Jim
Marrs, O Governo Secreto, editora Madras,
2005