sexta-feira, 22 de maio de 2015

MÃOS AO ALTO, CIDADÃO!


Certamente uma das mais pesadas e polêmicas frases dita aos 4 ventos pelos libertários mundo afora é “IMPOSTO É ROUBO.” Se considerarmos a forma como ele nos é retirado forçadamente e sem chance de defesa, e se atentarmos às consequências de não acatar a “ordem” dada, o imposto é sim um roubo. 
 
 
O monopólio da violência dá ao estado essa possibilidade, para não dizer premissa, para retirar do cidadão parte de algo que não lhe pertence. Mude o sujeito da frase é terá caracterizado um ladrão.

 
Advogados me corrijam se estiver errado, mas temos os tipos de roubo: furtos ou assaltos. Os impostos indiretos, ou seja, aqueles que o consumidor paga sem sabe que esta pagando se assemelham ao furto; enquanto os impostos mais diretos e escandalosos, tal qual era a CPMF é são hoje ainda IPVA, IPTU, ITBI etc, são assalto mesmo, à mão armada e sem chances de defesa!

 
Sempre se escuta uma tia bem intencionada dizer que “aceitaria pagar impostos se recebêssemos de volta as contrapartidas. É assim na Suécia.” . Também me perdoem os amigos psiquiatras, mas ela certamente sofre da “Síndrome de Estocolmo”, com o perdão do trocadilho. 
 
 
É a paixão doentia por aquilo que pode lhe fazer o mau. Certamente o modelo escandinavo é menos pior do que o nosso “tropicaliente”, mas não torna o ato de tributar menos imoral. Tributados não são os produtos/serviços; quem é tributado é o próprio cidadão! É sobre nós que a carga pesa.
 

Se o imposto é ou não roubo, não há consenso. Mas claramente há coisas que o imposto não é (ou não deveria ser), e muitas delas o governo insiste em ignorar.
 
 
Só para começar:

Imposto não é ferramenta de justiça social: não deve ser usado para “distribuir” a riqueza. Tributar a renda de forma predatória inibe a construção de poupança interna.

Imposto não é ferramenta sócio-educativa: sobretaxar a bebida, o cigarro, os alimentos chamados “não nutritivos” não faz com que as pessoas bebam, fumem ou comam menos porcaria.

Imposto nao é uma proteção para o trabalhador nacional: esse mesmo trabalhador é um consumidor e vai pagar mais caro pelas coisas de que precisa pra viver. Tanto as feitas no país quanto as que vem de fora.

Comicamente esses usos são mais comuns do que se pensa. O governo não decide o que quer.
 
 
Taxa o cigarro, o adesivo de nicotina e o remédio da quimioterapia;

O hambúrguer, o moderador de apetite e o tênis de corrida;

A bebida alcoólica, a consulta com o endocrinologista e o suco natural.

O papel, a tinta, o livro e a renda que ganha o autor.

Depois dá bolsa cultura pra poder comprar a obra de Paulo Coelho ou o CD do Chico Buarque.
Existe uma imoralidade indissociável da cobrança de tributos: ao encarecer o preço final das coisas, os impostos dificultam o acesso das pessoas aos avanços civilizatórios, desde os mais simples aos mais complexos. 
 
 
Somos tributados a todo momento: água tratada, luz, remédios, combustível, comida, roupas, educação, tratamentos de saúde, habitação, veículos, passagens aéreas e terrestres, ferramentas, maquinário e uma infinidade de itens que não teria linhas suficientes para citar.
 
 

Pragmaticamente falando, impostos deveriam ser a fonte arrecadatória para pagar aquelas atividades definidas pela sociedade como sendofunções do Estado. As sociedades precisam então impor aos seus respectivos estados o limite; além de fiscalizar os gastos e questionar com veemência cada aumento alardeado como sendo para “o bem comum”. 
 
 
O “bem comum” é um álibi historicamente terrível e sob o seu pretexto foram cometidas enormes atrocidades. 
 
 
E nada nos fará melhor que um Brasil com menos impostos.”

22 de maio de 2015

Guilherme Moretzsohn

CRIME REFORÇA PRESSÃO POR NOVA MAIORIDADE PENAL


Crimes como a morte do médico Jaime Gold, e outros com o envolvimento de adolescentes, são tragédias anunciadas que se alimentam na esquizofrênica resistência de parte da sociedade a enxergar uma realidade insustentável. 
 
 
Como em ocorrências anteriores em que a violência dos criminosos levou ao óbito, ou provocou ferimentos graves nas vítimas, também desta vez há fortes indícios de participação de jovens com idade inferior a 18 anos. 
 
 
Ou seja, de antemão virtualmente inalcançáveis pela Justiça, um salvo-conduto balizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescentes para a criminalidade sem o risco de punição efetiva.

 
Ontem, um dos suspeitos da morte de Gold foi, no jargão politicamente correto, “apreendido”. Aos 16 anos, o rapaz já tem uma vida longa no crime, com 15 anotações criminais — a primeira das quais aos 12 anos. 
 
 
E, pelo protocolo, não é difícil adivinhar que essa provável 16ª anotação terá a mesma tramitação das anteriores: inimputável, graças ao anteparo do ECA, logo ele estará de volta às ruas, ao círculo vicioso da violência, incorporando mais ocorrências ao prontuário — ou sendo ele mesmo uma nada improvável vítima dessa realidade que produz tragédias em série.

Não é mais argumento a ser colocado na mesa a suposta atenuante de que jovens com menos de 18 anos não têm consciência de seus atos. Falso. Fora a evidência de que adolescentes ingressados na marginalidade têm maturidade suficiente para medir o grau de violência que empregam para intimidar as vítimas, outras duas particularidades desses crimes em série desfazem essa impressão. Uma delas diz respeito à consciência do abrigo que o ECA lhes oferece. 

 
Não é por acaso que esses rapazes praticam crimes desembaraçadamente, à vista de quantos estejam testemunhando: o Estatuto os protege. Outra, a inegável rede de informações que os bandos trocam entre si, do que é prova o uso, cada vez mais constante, de facas em assaltos na rua. Sabem que portar arma branca não é prova de crime, um conceito que os delinquentes aprenderam e adotam em favor de seus atos.

 
Contra a flexibilização da lei brande-se também a relativização do envolvimento de menores em crimes, principalmente homicídios. Por menor que seja o índice, não é por isso que atos de violência, principalmente os que levam à morte, deixam de ser trágicos — logo, graves.

 
O debate sobre a inimputabilidade de delinquentes juvenis é contaminado por esse tipo de argumentos que desfocam a discussão. Espera-se que, agora, as trágicas consequências de crimes como o desta semana na Lagoa contribuam para dar-lhe o rumo correto. 
 
 
Da parte do Legislativo, as ações parecem bem encaminhadas com a aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, da emenda que reduz para 16 anos o limite da inimputabilidade penal — o que poderia ser feito dando-se ao juiz competente o arbítrio de decidir pela punibilidade de acordo com a gravidade do caso. 
 
Um choque de realidade que precisa ser corroborado pelo plenário.
22 de maio de 2015

O Globo
 

UMA SOCIEDADE QUE SE MATA


RIO DE JANEIRO - De onde talvez menos se esperasse, surgiu a voz mais lúcida sobre o assassinato do médico Jaime Gold, num assalto na terça (19), no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Mesmo sob o impacto de ter perdido de forma brutal o pai de seus dois filhos, Márcia Amil disse ao jornal "O Dia": "Sei que Jaime foi vítima de vítimas, que são vítimas de vítimas. Enquanto nosso país não priorizar saúde, educação e segurança, vão ter cada vez mais médicos sendo mortos no cartão postal do país. E não só médicos. Afinal, morrem cidadãos todos os dias em toda a cidade, não só na zona sul".

Em vez do ódio, a clareza. Em vez do etnocentrismo, a visão ampla. Em vez do "olho por olho, dente por dente", cabeça e coração.

No mesmo dia da morte de Gold, foram assassinados numa padaria, no morro do Dendê (zona norte), um estudante de 13 anos e um trabalhador de 24 –que tinha ido comprar pão para o filho. Um helicóptero da polícia disparava tiros, e eles correram para se proteger. Um policial entrou no lugar e os fuzilou.

Não se trata de uma morte ser mais importante do que outra. E sim de que uma morte é tão importante quanto outra. Esse "tão" significa cidadania, direito à vida e esperança (vã) de que ainda venha a emergir uma nação desse pântano em que chafurdamos mais e mais.

Nesta quinta (21), o jornal "O Globo" disse que a morte de Gold "choca o Rio" e lhe dedicou seis páginas. Para as mortes do Dendê, duas colunas escondidas numa página par. É um retrato do Rio e do Brasil.

"A imagem mítica do brasileiro simpático existe só no samba. Na relação entre as pessoas, sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata. Esse é o Brasil que vemos hoje na internet", resumiu o sociólogo espanhol Manuel Castells.



22 de maio de 2015
Luiz Fernando Vianna
 
BLOG Lorotas políticas e verdades efêmeras

Ao rejeitar o embaixador Patriota, Senado fez um papel muito sujo


o embaixador Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler Antonio Patriota
Guilherme Patriota foi recusado por motivos fúteis


Carlos Newton
Não havia justificativa para que um embaixador de carreira, indicado pelo Planalto, fosse recusado no Senado. A explicação que se deu nos bastidores é ridícula. Presume-se que a intenção dos senadores teria sido de simplesmente mandar um recado de insatisfação à presidente Dilma Rousseff. Se realmente o objetivo era este, havia muitas outras maneiras de fazê-lo, sem desmoralizar o Itamaraty e sem atingir a honorabilidade do diplomata Guilherme Patriota.


Seu nome teria sido rejeitado não somente por ser irmão de Antonio Patriota, ex-chanceler de Dilma, mas sobretudo porque foi braço direito de Marco Aurélio Garcia na Assessoria para Assuntos Internacionais da Presidência entre 2010 e 2013. São motivos torpes, não há atos desabonadores.


Mas na sabatina da Comissão de Relações Exteriores, na última quinta-feira, Patriota ouviu críticas a Garcia e se sentiu obrigado a defendê-lo. “Tenho por ele [Garcia] o maior respeito e carinho. É um homem brilhante”, disse o diplomata, antes de ser aprovado por 7 votos a 6.


FACHIN, FACÍLIMO
No plenário, terça-feira, enquanto Patriota era rejeitado, o nome de Luiz Edson Fachin foi aceito com ampla maioria, apesar de existirem provas concretas de sua ligação com o PT e o governo, sem falar no assumido desrespeito à Constituição do Paraná, por trabalhar como advogado quando exercia a função de procurador do Estado. Havia vários motivos para rejeitar Fachin, era só escolher um deles.


Quanto a Guilherme Patriota, acabou sendo recusado por ser sincero e ter defendido um amigo, circunstância que demonstra se tratar de um homem de caráter.


UM CASO ANTERIOR
A imprensa, apressadamente, proclamou que esta foi a primeira vez que um embaixador foi rejeitado pelo Senado. Não é verdade. Em 1961, o presidente Jânio Quadros submeteu o nome do empresário pernambucano José Ermírio de Moraes para embaixador, mas o Senado recusou. Ermírio ficou furioso e resolveu ser senador. Candidatou-se pelo PTB, foi eleito e fez carreira também na política.


Quando estava no leito de morte, chamou os filhos José e Antônio e fez com que prometessem jamais entrar na política. Anos depois, Antonio Ermirio descumpriu a promessa, candidatou-se a governador de São Paulo, foi derrotado e desistiu de ser político.


DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
O episódio de terça-feira, no plenário do Senado, exibe o baixo nível da política brasileira, em que o interesse nacional pode ser facilmente suplantado pela predominância do fisiologismo, do servilismo, do corporativismo e até do bairrismo. Ao rejeitar Patriota e aprovar Fachin, os senadores demonstraram que operam com dois pesos e duas medidas, como se dizia antigamente.


O mais curioso é que Renan Calheiros foi contra a indicação de Fachin e agora será julgado por ele, que será ministro-relator do processo a ser aberto no Supremo contra o presidente do Congresso Nacional. Se é que vai haver processo…

PT tenta inflar Operação Zelotes para ofuscar a Lava Jato


Sites ligados ao PT já iniciaram a manobra diversionista

Leonardo Souza

Folha

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) iniciou uma cruzada em defesa da Operação Zelotes, aberta pela Polícia Federal em março, num trabalho conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita, para apurar fraudes no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), espécie de tribunal superior para julgar autuações lançadas pelo fisco.

Pimenta é relator da submissão da Câmara criada para acompanhar o trabalho dos investigadores no curso da Operação Zelotes. Por iniciativa do deputado gaúcho, foram ouvidos na quarta-feira, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, presidida pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP), os delegados da PF encarregados da investigação. Na semana passada, fora a vez do procurador Frederico Paiva, chefe da força-tarefa do MPF para o caso.

A Zelotes merece toda a atenção do poder público. Estima-se que as fraudes no Carf alcancem R$ 19 bilhões. Segundo o MPF, há provas consistentes de ilegalidades cometidas no julgamento de autuações que somam mais de R$ 5 bilhões.


VERDADEIRA MOTIVAÇÃO
Os valores envolvidos são muito maiores do que qualquer outro escândalo do vasto noticiário da corrupção brasileira. Assim, a iniciativa de Pimenta e de outros petistas seria muito bem-vinda, não fosse a verdadeira motivação para tal empenho.


O deputado não esconde que deseja um contraponto à Lava Jato, operação que desvelou as barbáries cometidas na Petrobras na gestão petista e que já arrastou para o centro do escândalo alguns nomes estrelados do partido, como ex-tesoureiro João Vaccari Neto.

Pimenta já aventou a possibilidade de solicitar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que acompanhe os desdobramentos da Zelotes. Ao contrário da Lava Jato, que já levou à cadeia empresários, políticos, doleiros e lobistas, na Zelotes a Justiça negou os 26 pedidos de prisão preventiva feitos pelo Ministério Público até aqui.

ACUSA A IMPRENSA
Pimenta acusa a imprensa de deliberadamente ofuscar a Zelotes, como num golpe para manter somente a Lava Jato e seus investigados sob os holofotes. “A sociedade não aceitará uma operação abafa sobre a Zelotes”, já bradou o deputado.


“Curiosamente, a Zelotes não é noticia, e a chamada grande mídia não demonstra nenhum interesse em ter acesso ao processo, em cobrar providências. Como explicar à sociedade brasileira que um esquema que causou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 19 bilhões não seja de interesse público?”, questiona o congressista.


As afirmações do deputado não condizem com a realidade. Na Folha há vários repórteres escalados para cobrir o assunto, assim como em todos os grandes veículos de comunicação do país. Já foram consumidos muitos quilos de papel e litros de tinta (e incontáveis megabytes na internet) na cobertura do tema.


É uma pena que o ímpeto apurativo do deputado não se dê pela vontade genuína de ver um Brasil limpo da corrupção.


### NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG - Seria importante que o governo liberasse verbas para a Polícia federal, ao invés de reduzi-las, para deixar a corporação à míngua, sem condições de investigar, como acontece agora. A falta de recursos prejudica a Lava jato e também a Zelotes, mas o PT finge que não está acontecendo nada. É o cúmulo da desfaçatez. (C.N.)

Justiça cega não enxerga a crise do país


Bernardo Mello Franco


Folha



Na Roma antiga, a Justiça era retratada como uma deusa de olhos cobertos, que não enxergava para ser imparcial ao decidir. No Brasil de hoje, a Justiça também se diz cega, mas parece usar a venda para não ver a crise no país.


Enquanto os trabalhadores comuns sofrem com demissões e cortes de direitos, o Judiciário quer aumentar o salário de seus servidores em 31,4% neste ano. O plano prevê reajustes até 2017. Em quatro anos, custará R$ 25,7 bilhões ao Tesouro, calcula o Ministério do Planejamento.


A bomba ameaça implodir o ajuste fiscal, mas ganhou o apoio militante do presidente do STF, Ricardo Lewandowski. “Nós precisamos sempre [de reajuste]. Quem é que não precisa pagar o supermercado, já que houve um aumento do preço dos produtos?”, disse, nesta segunda.


AUXÍLIO-MORADIA
Para azar do contribuinte, o ministro não está sozinho na cruzada corporativista. Em setembro passado, seu colega Luiz Fux determinou o pagamento de auxílio-moradia de R$ 4.300 a todos os juízes do país.


A benesse foi aplaudida pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini. “Não dá para ir toda hora a Miami comprar terno”, afirmou. “O auxílio foi um disfarce para aumentar um pouquinho. E até para fazer com que o juiz fique um pouquinho mais animado, não tenha tanta depressão, tanta síndrome de pânico, tanto AVC.”


Na terça-feira, a Assembleia Legislativa do Rio começou a discutir mais um benefício para os magistrados fluminenses: um “auxílio-educação” de até R$ 2.860 ao mês. Com o sinal verde de Lewandowski, está aberta uma nova corrida por privilégios.


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PS
Além das mordomias para os juízes, a única coisa que cresce no país é a coleção de gafes presidenciais. Na segunda-feira, Dilma Rousseff chamou o ministro Edinho Araújo (Portos) de Edinho dos Santos. O prefeito de Niterói (RJ), Rodrigo Neves, foi rebatizado de Rodrigues.


Como ficar milionário dando consultorias (Receita do PT).



Donos de “consultorias” multiplicaram bens em até 97 vezes

Fábio Fabrini
Estadão



Donos de empresas de consultoria e assessoria investigados na Operação Lava Jato tiveram um enriquecimento meteórico entre 2003 e 2013, período em que o esquema de corrupção na Petrobrás funcionou, segundo seus delatores, de forma “institucionalizada”. Conforme o caso, o patrimônio dos envolvidos se multiplicou por até 97 vezes.



Os dados constam de relatório da Receita Federal elaborado a pedido da força-tarefa encarregada das investigações. O Fisco avaliou as finanças declaradas por 11 pessoas apontadas como operadoras do esquema e descobriu que, apenas entre 2006 e 2013, elas movimentaram R$ 311,2 milhões.




O lobista Milton Pascowitch, preso preventivamente nessa quinta-feira, 21, era dono de bens e direitos que somavam R$ 574 mil em 2003. As posses se multiplicaram por 50 no período, saltando para R$ 28,2 milhões.


Pascowitch é dono da Jamp Engenheiros, uma das empresas que teria usado para pagar, em nome de empreiteiras, propinas ao PT e à Diretoria de Serviços da Petrobrás. Entre 2006 e 2013, ele movimentou, sozinho, R$ 51 milhões.


OUTROS OPERADORES
A Receita também fez um pente-fino nas contas de Luís Eduardo Campos Barbosa da Silva. Ele é um dos sócios da Oildrive Consultoria, uma das representantes da multinacional holandesa SBM Offshore, suspeita de pagar subornos em troca de contratos na Petrobrás. Ele tinha R$ 517 mil em 2003, valor que saltou para R$ 50 milhões em 2013. Uma evolução de 97 vezes, destacou a Receita.


Também investigado como um dos operadores, Zwi Sckornicki, dono da consultoria Eagle, tinha R$ 1,8 milhão em 2003, patrimônio que “engordou” bastante, passando para R$ 63,2 milhões – 35 vezes mais.


No documento, a Receita destaca a necessidade de quEbrar os sigilos não só dos operadores, mas das empresas mantidas por eles. Justifica que, na Lava Jato, identificou-se a constituição de diversos escritórios para a prestação de “serviços falsos de consultoria e assessoria” a gigantes do setor de infraestrutura.


CONTRATOS FRAUDULENTOS
“As empresas serviriam, em tese, como instrumento para que, a partir da celebração de contratos fraudulentos e da emissão de notas fiscais inidôneas, as citadas empreiteiras efetuassem pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos e privados, inclusive a empregados públicos ligados à Petrobrás”, sustenta.


O relatório também cita as finanças do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Lava Jato. Os analistas explicam que a maioria dos bens do petista estão em nome da mulher, Giselda de Lima, e sugerem a quebra do sigilo fiscal dela.


### NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO PT criou uma verdadeira Academia Brasileira de Consultores, com destaque para José Dirceu, Antonio Palocci, Fernando Pimentel, Delúbio Soares e Erenice Guerra. Agora, Guido Mantega e Paulo Bernardo pretendem entrar nesse ramos de negócios, antes que o governo acabe. (C.N.)

Inadimplência do consumidor já subiu quase 15% este ano


Mário Braga
Estadão 


O indicador de inadimplência do consumidor da Serasa Experian cresceu 14,9% nos primeiros quatro meses do ano em comparação com o mesmo período de 2014. Em abril, o índice avançou 1,8% ante março, o que representa aceleração, após uma ligeira alta de 0,2% em março e uma retração de 0,9% em fevereiro. Em relação a abril do ano passado, a alta foi de 12,2%.


O aumento do desemprego, a inflação mais alta e a elevação dos juros são apontados como motivos para o aumento do atraso nos pagamentos, segundo os economistas da Serasa Experian.


Na passagem de março para abril, dívidas junto aos bancos, com alta de 8,2%, foram as responsáveis pelo avanço do indicador. Os outros três componentes do indicador registraram queda na margem: as dívidas não bancárias – com cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água, por exemplo – apresentaram retração de 2,6%, os títulos protestados, de 14,8%, e os cheques sem fundos, de 10,7%, sendo, nesta ordem, os fatores que mais contribuíram para o alívio do índice no mês passado.


O valor médio das dívidas não bancárias subiu 29,7% no acumulado dos quatro primeiros meses de 2015 sobre mesmo período do ano anterior, para R$ 413,44. Já o valor médio dos cheques sem fundos aumentou 10,0% no mesmo período, para R$ 1.828,17, em média. O valor médio das dívidas com os bancos registrou ligeira alta, de 0,1%, para R$ 1.247,12. Os títulos protestados foram os únicos que registrar queda nos valores médios, com retração de 3,4%, para R$ 1.372,90, segundo a Serasa Experian.


VIÉS DE ALTA
A inadimplência dos consumidores deve apresentar trajetória de alta nos próximos seis meses, enquanto o atraso do pagamento entre as empresas deve ter ligeiro abrandamento entre o terceiro e o quarto trimestres de 2015. Este é o cenário traçado por dois novos indicadores lançados nesta terça-feira: o Indicador Serasa Experian de Perspectiva da Inadimplência do Consumidor e o das Empresas.


Segundo o economista da instituição Luiz Rabi, o objetivo é antever, em um horizonte de dois trimestres, como estará a inadimplência do País. “Vai ser possível ver a tendência, entender de que forma vai estar a inadimplência em perspectiva do cenário da economia”, afirmou.


Após ter caído ao menor nível em quatro anos em outubro de 2014 (93,7 pontos), o indicador de perspectiva da inadimplência dos consumidores começou a subir e atingiu 96,9 pontos em março de 2015. Isso significa que, em seis meses à frente, a taxa de inadimplência dos consumidores deve registrar uma trajetória de alta.


Quanto às empresas, o atraso nos pagamentos está em nível mais elevado.



O indicador de perspectiva chegou aos 104,1 pontos em março, mas sinalizando reversão da tendência de alta. “A inadimplência das empresas ainda vai continuar em nível acima do padrão, mas com algum alívio na virada do terceiro para o quarto trimestre de 2015″, detalhou o economista. Na inadimplência das companhias, os 100 pontos da série representam uma taxa de atraso nos pagamentos da ordem de 3,5%.

A solução, segundo O Antagonista, é extinguir PT e PSDB



O excelente O Antagonista que é mantido por Diogo Mainardi e Mario Sabino também tratou da aliviada de barra que muitos estão chamando de “estratégia tucana”. Respeitosamente vamos reproduzir os três textos na íntegra:


Aécio e o “agora, não”
Aécio Neves descartou tentar tirar Dilma Rousseff do Planalto. Segundo a Folha, o tucano continuará desgastando o PT com críticas ao governo que podem culminar com eventual pedido de impeachment de Dilma.


“(O impeachment) não é agenda para agora”, afirmou Aécio.


Ele fez eco ao ex-ministro da Justiça Miguel Reale Junior, que hoje desencorajou o PSDB a buscar o impedimento da petista, em parecer recomendado pelo partido. A solução, segundo Reale, seria entrar com ação penal contra Dilma pelas pedaladas fiscais.


A solução, segundo O Antagonista, é extinguir PT e PSDB.


Um bastidor que explica muito sobre o PSDB
O Antagonista revela, aqui, um bastidor do não-pedido de impeachment de Dilma Rousseff, por parte do PSDB.

Na semana passada, o deputado tucano Carlos Sampaio pediu a auditores do TCU que investigassem se houve pedalada fiscal de Dilma Rousseff em relação ao exercício de 2015. A existência de uma pequena pedalada seria suficiente para embasar o parecer do jurista Miguel Reale Jr.


Os auditores, depois de vasculharem as contas do governo, deram resposta negativa.

O alto tucanato respirou aliviado, mas era preciso ter uma saída conveniente — e ela foi dada por Miguel Reale Jr., que incluiu no seu parecer a recomendação para que o partido entrasse com uma ação penal contra Dilma Rousseff pelas pedaladas feitas no primeiro mandato.


A saída é conveniente porque a aceitação da ação penal passa necessariamente por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, que já se manifestou contrário à abertura de um processo criminal contra a presidente. Ou seja, tira das costas do PSDB a responsabilidade de fazer oposição de verdade e a joga totalmente sobre os ombros de Rodrigo Janot.


O PSDB quer que o procurador-geral da República faça o que o partido não faz: política de oposição.


Pode dar errado e acabar dando certo
O PSDB e outros partidos de oposição vão entrar com uma representação contra Dilma Rousseff na Procuradoria-Geral da República, pedindo abertura de ação criminal por causa das pedaladas fiscais, como recomendou o parecer do jurista Miguel Reale Jr.


Não se enganem: o que a maioria dos tucanos espera é que Rodrigo Janot arquive a representação e, assim, assuma o seu papel de Rodrigo Geni — tudo na base do “não podem dizer que não tentamos…”


Se O Antagonista fosse Rodrigo Janot, faria o contrário: encaminharia a representação ao STF e deixaria de ser a Geni da história.


E depois? Depois vai que, de repente, o plano original do PSDB dá errado e tudo dá certo…
Diogo Mainardi e Mario Sabino
Diogo Mainardi e Mario Sabino


O último Datafolha aponta que 63% dos brasileiros querem o impeachment de Dilma Rousseff, ou seja, existem mais brasileiros pró-impeachment do que eleitores do PSDB que obteve 49% dos votos válidos.


Acessem O Antagonista!

Dirceu recebeu R$ 1,15 milhão de lobista em pleno processo do mensalão


É incrível que esse sujeito, o braço direito da corrupção petista, já esteja em liberdade. Já deveria estar preso novamente, tantas são as evidências de enriquecimento ilícito via propina - que os vagabundos chamam, descaradamente, de "consultoria":

A força-tarefa da Operação Lava Jato descobriu que o lobista Milton Pascowith repassou R$ 1,15 milhão para a empresa JD Assessoria e Consultoria, de José Dirceu, no ano de 2012, quando o Supremo Tribunal Federal julgava o processo do mensalão,no qual a Procuradoria-Geral da República acusava por corrupção o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula. Para o juiz Sérgio Moro, que mandou prender Pascowitch nesta quinta feira, 21, este pagamento “coloca em dúvida” se de fato a empresa de Dirceu recebeu de Pascowitch por “serviços de consultoria”.

Ao todo, a força-tarefa identificou pagamento de R$ 1,45 milhão de Pascowitch para a empresa de Dirceu – portanto, o maior volume chegou ao caixa da empresa de Dirceu justamente durante o julgamento do mensalão. “Merecem igualmente destaque pagamentos de R$ 1.457.954,70 entre 2011 e 2012 à empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda., de titularidade de José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-ministro-chefe da Casa Civil e liderança do Partido dos Trabalhadores, depois condenado criminalmente pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470″, anotou o juiz Moro.

Para ele, “causa certa surpresa que, deste valor, R$ 1.157.954,70 tenham sido pagos durante o ano de 2012, quando o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgava, na Ação Penal 470, a acusação formulada pelo Procurador Geral da República contra José Dirceu, o que coloca em dúvida se poderiam ter por causa prestação de serviços de consultoria.” (Fausto Macedo, no Estadão).


1 comentários

Dilma veta quebra de sigilo das operações do BNDES, a outra caixa-preta do lulopetismo.


Se o petrolão é coisa de bilhões, os empréstimos sigilosos dos governos petistas a ditaduras africanas e latino-americanas - além da construção do porto de Mariel, em Cuba - é coisa de trilhões. É quebrar para ver. É dinheiro jogado no lixo ideológico e na corrupção. O Congresso deveria interpretar o gesto de Dilma como declaração de guerra:


A presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.126, resultado da aprovação da Medida Provisória 661, que autorizou em dezembro do ano passado o Tesouro Nacional a conceder R$ 30 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nova lei veio com sete vetos ao texto aprovado pelo Congresso no mês passado. Entre eles, Dilma rejeitou a emenda que determinava o fim do sigilo em todas as operações de crédito do banco. A quebra do sigilo foi apresentada pela oposição na Câmara e mantida no Senado. 

O trecho vetado previa que "não poderá ser alegado sigilo ou definidas como secretas operações de apoio financeiros do BNDES, ou de suas subsidiárias, qualquer que seja o beneficiário ou interessado, direta ou indiretamente, incluindo nações estrangeiras". A intenção da oposição era, com isso, ter acesso aos dados do financiamento do BNDES na construção do Porto de Mariel, em Cuba. As obras custaram US$ 957 milhões e receberam aporte de US$ 682 milhões do BNDES. 

Nas razões do veto encaminhadas ao Congresso, Dilma argumentou que o BNDES "já divulga em transparência ativa diversas informações a respeito de suas operações, tais como clientes, projetos e, no caso de operações internas, os valores contratados em cada empréstimo". 
 
 
A presidente também justificou o veto afirmando que "a divulgação ampla e irrestrita das demais informações das operações de apoio financeiro do BNDES feriria sigilos bancários e empresarias e prejudicaria a competitividade das empresas brasileiras no mercado global de bens e serviços, já que evidenciaria aspectos privativos e confidenciais da política de preços praticada pelos exportadores brasileiros em seus negócios Internacionais". Dilma ainda alegou que "o dispositivo incorreria ainda em vício de inconstitucionalidade formal", já que o sigilo das operações de instituições financeiras é matéria de lei complementar.
 
 
Outros pontos incluídos na MP durante a tramitação também foram vetados pela presidente. Destaque para a rejeição aos dispositivos que ampliavam o limite do chamado crédito consignado, de 30% para 40% da renda. A medida abria a possibilidade para descontos em folha de diferentes modalidades de empréstimo, inclusive despesas com cartões de crédito. Se o trecho tivesse sido mantido, aposentados e pensionistas também iriam poder ampliar sua margem em folha para pagar empréstimos. Essa foi a segunda vez que o Congresso tentou ampliar o limite de comprometimento da renda dos trabalhadores. Na primeira vez, a presidente Dilma também havia vetado.
Ainda foi retirada da lei a emenda que determinava que 2,5% de todo o financiamento realizado pelo BNDES a taxas subsidiadas deveria ser destinado à extensão rural. (Estadão).

Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a que, desde que virou classe alta, passou a odiar a classe média ( que é quem paga o salário dela) quer limitar a programação religiosa na TV


Publicado por em 21 maio, as 19 : 03 PM Print
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) quer limitar a programação religiosa na TV
As informações são da Revista Época, que informou sobre o “desenterro” do projeto que regulamenta a apenas 20% da programação o horário possível para destinação religiosa na TV. Quem tirou do fundo do baú o projeto de 1991, foi  Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que desarquivou-o na semana passada para nova tramitação no Congresso.

Governo Dilma quer proibir religião em centros de reabilitação de dependentes químicos

Para eles, tudo, para os brasileiros honestos, salário mínimo ou desemprego! Em meio a crise financeira, senado aprova aumento de até 78% para servidores do judiciário


Em meio a crise financeira, senado aprova aumento de até 78% para servidores do judiciário

Publicado por em 21 maio, as 16 : 37 PM
Em meio a crise financeira, senado aprova aumento de até 78% para servidores do judiciário
A CCJ do Senado aprovou nesta quarta (20), o Projeto de Lei da Câmara que estabelece majoração salarial para servidores do judiciário em até 78%.


O (PLC 28/2015) estabelece reajuste escalonado, e em média serão aumentados cerca de  59,49% o salário dos servidores, em variação de 53% a 78,56%, dependendo da classe e do padrão do servidor.


O reajuste já deve ser pago a partir de julho de 2015 até dezembro de 2017, em seis parcelas subsequentes.

O projeto segue para ser votado em regime urgente pelo plenário do Senado.

O país vive dias de vacas magras, e certamente, não só os servidores do judiciário, mas muitos em todo o país merecem um reajuste em seus salários a muito estagnados.


Mas outras esferas, como os aposentados, que tanto trabalharam por toda a sua vida, tem reajuste que não chega nem a 9% em 2015, outros profissionais tão importantes para o país como os da segurança pública aguardam ansiosos a votação da PEC 300 (PEC300 ESQUECIDA: A IMAGEM PERFEITA DA DESVALORIZAÇÃO DO MILITAR, NADA SAI DO PAPEL, E PROJETO “FICA AS TRAÇAS” NO CONGRESSO) e nada.  

Os professores tiveram reajuste de 13% em seu piso salarial, e por aí vai. Porque não há igualdade em reajustes? Dois pesos e duas medidas? Mas que pesos são estes? Fica a pergunta.

O PSDB serve para alguma coisa?Seus chefes se condenam a viver na situação de desertores permanentes.O partido, salvo exceções, desaparece quando se trata de assumir alguma posição relativa a valores - o terreno onde a vida realmente se complica e a franqueza pode trazer riscos.

Tudo "depende" - J.R. GUZZO

REVISTA VEJA

O Brasil, apesar de toda a torcida e de todos os esforços em contrário, é uma democracia há pelo menos trinta anos - funciona mal, mas funciona em modo pleno, e isso é o que interessa no mundo das realidades. Todos os direitos individuais são respeitados. A liberdade de expressão é completa. O governo tem de obedecer às leis. O exercido da atividade política é perfeitamente livre para todos. 


Não há nenhuma ideia proibida, e por aí se vai. Não existe problema algum, portanto, para que pessoas, organizações, partidos ou seja lá quem for defendam em público os valores que acham corretos. Acontece que a mente humana não é um lugar necessariamente lógico; quando se pergunta quanto são 2 mais 2, por exemplo, é surpreendente a quantidade de pessoas que respondem: "Depende". 

Além disso, estamos no Brasil - e no Brasil, sobretudo hoje em dia, há uma extraordinária coleção de coisas que "dependem". A que está chamando mais atenção no momento, entre outras, é a defesa de valores por parte de quem tem obrigação de defendê-los. Após trinta anos de democracia, pregar a favor deste ou daquele valor deveria ser uma atitude rigorosamente comum no dia a dia da vida pública. Mas não é - "depende". Ou, como se diz, não "rola".

 
Como acontece em nossa terra com certas leis, o debate às claras sobre questões de princípio não "pegou", apesar de toda a liberdade política que existe à disposição dos interessados. Poucas vezes isso esteve tão claro como nos últimos dias, quando foi preciso que o mundo político dissesse com clareza se é a favor ou contra o pacote de pontos de vista do advogado Luiz Fachin, indicado pela presidente Dilma Rousseff para completar o quadro de onze ministros do supremo tribunal Federal. 

E poucas vezes a dificuldade de defender abertamente alguma postura moral ficou tão bem demonstrada como na deserção generalizada do PSDB, o principal partido de oposição do país, diante das obrigações que tem perante seus eleitores. 

O problema não está no doutor Fachin, que não precisa da autorização de ninguém para pensar o que pensa, ou dizer o que pensa - sobre casamento, família e paternidade, por exemplo, questões que a seu ver estão contaminadas por leis obsoletas, ou sobre o direito à propriedade privada, que segundo ele só pode valer se servir para funções sociais que ninguém sabe quais seriam, ou sobre invasões de terra, das quais é um entusiasta. 

Ele também tem todo o direito de escrever coisas como "transubjetivação", "espacialidade", "diárquico" ou "eudemonista", ou de chamar o morto de de cujus - é apenas a obsessão de ser incompreensível que comanda os circuitos mentais de quase todos os brasileiros empenhados em provar que são juristas.  


O problema, por inteiro, está com o PSDB, que nessas horas é incapaz de dizer abertamente se acredita ou não, para valer, em alguma coisa. 

 Vai ao contrário, exatamente, do PT, o partido que faz mais uso do seu direito constitucional de dizer o que pensa e o que quer - ou dos cultos evangélicos que não têm medo de agir em defesa da sua própria fé.

 

Para simplificar: o maior partido brasileiro de oposição é a favor da propriedade privada, ou da validade do contrato civil de casamento tal como está escrito na lei? Não pode haver nada mais simples - basta dizer "sim" ou "não". Mas o PSDB da vida real não consegue, como ficou comprovado mais uma vez na indicação do novo magistrado. 


Suas principais lideranças construíram o prodígio de estar em Nova York justo no dia em que o Senado fez a sabatina de Fachin; um recorde, provavelmente, em matéria de correr da raia. Se não querem nem fazer perguntas, como esperar que tenham respostas? Outro de seus arquiduques foi ainda mais longe: ficou logo de uma vez a favor do nome proposto, por conveniência política pessoal. 

O PSDB de hoje, na verdade, até que se mostra capaz de fazer oposição ao governo; estão aí seus discursos, votos no Congresso, participação em CPIs, pedidos de investigação. 

Mas o partido, salvo exceções, desaparece quando se trata de assumir alguma posição relativa a valores - o terreno onde a vida realmente se complica e a franqueza pode trazer riscos. 

Age como se valores fossem uma linha de ônibus, que as pessoas só tomam para ir ao lugar que lhes interessa. Não pode haver nada de bom nesse tipo de conduta. 


Um partido que tem medo de deixar que o verdadeiro e o falso sejam discutidos no livre mercado de ideias é um partido que tem medo das maiorias; seus chefes se condenam a viver na situação de desertores permanentes.

 

"Nenhum outro país, especialmente desse tamanho, retrocedeu tanto", disse OMC

A dificuldade de desaprender - MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA

Avanços institucionais fundamentais para o futuro do país foram revertidos nos governos do PT nos últimos anos. Velhas ideias ressuscitaram. Instituições fiscais foram desmontadas. Promoveu-se uma guinada protecionista que tornou o Brasil, na análise de Pascal Lamy, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), um dos únicos países em que o nível de protecionismo cresceu nos últimos dez anos. "Nenhum outro país, especialmente desse tamanho, retrocedeu tanto", disse Lamy.


 
Uma explicação para o retrocesso é a dificuldade de desaprender. "Somos extremamente lentos para desaprender, o que nos limita a capacidade de mudar velhos conceitos", disse João Batista Araújo e Oliveira em livro recente (Repensando a Educação Brasileira, 2015). O contexto é o da vantagem do computador sobre o ser humano para lidar com informações e processá-las rapidamente, mas a afirmação vale para caracterizar a incapacidade de entender o envelhecimento de ideias válidas no passado.


 
O PT deu marcha a ré em grande parte do trabalho de abertura da economia que havia sido a resposta ao esgotamento da estratégia de industrialização por substituição de importações. Tal estratégia deixa de funcionar quando se prolonga além do tempo e sem avaliação de custos e benefícios. Infelizmente, na época em que era necessária uma revisão, o Brasil foi atingido pelas crises do petróleo de 1973 e 1979, período em que os preços do produto mais do que decuplicaram.

A reação do governo Geisel às crises foi dobrar a aposta na substituição de importações, intensificando a produção interna de bens de capital e de insumos básicos (produtos siderúrgicos, químicos e petroquímicos, e álcool para fins carburantes). As barreiras à importação foram ampliadas e se exacerbou a regra de conteúdo local. No início dos anos 1980, os sinais de ineficiência e alta inflação se espalhavam. Caíram a produtividade e o potencial de crescimento do país.

Essa política visava a reduzir a dependência externa, mas acabou gerando déficits crescentes no balanço de pagamentos em conta-corrente. Por certo tempo, a estratégia sustentou-se mediante ampliação do endividamento externo. Contudo, a moratória mexicana de 1982 secou o crédito para a América Latina e escancarou os seus problemas. Estudos realizados enquanto se buscava enfrentar a crise identificaram a necessidade de abrir a economia para submeter a indústria brasileira à competição internacional e assim aumentar a eficiência e a produtividade.

A abertura começou em 1988/1989, com duas rodadas de redução da proteção aduaneira, corte de 85% da lista de bens com importação suspensa e revisão de incentivos fiscais. O processo se acelerou em 1990 e atingiu seu máximo depois do Plano Real. A privatização, a concessão de serviços públicos e o saneamento do sistema financeiro público foram parte da nova estratégia. A indústria se modernizou e o potencial de crescimento voltou a crescer.

"O PT cedeu a pressões para restabelecer o protecionismo. Poderia ter mantido a estratégia de abertura, como o fez em relação ao tripé macroeconômico - que somente seria abandonado por Dilma. Preferiu o retrocesso"


 
O PT, crítico da abertura, cedeu a pressões para restabelecer o protecionismo logo que chegou ao poder. Bem que poderia ter mantido a estratégia, como o fez em relação ao tripé macroeconômico - que somente seria abandonado por Dilma -, mas preferiu o retrocesso.

Barreiras à importação foram restabelecidas. Emendas à Lei de Licitações criaram margem de preferência de 25% para empresas nacionais. A regra de conteúdo local mínimo - já discutível na era Geisel - foi restabelecida e ampliada. Nas obras de mobilidade urbana chega a 80% em material rodante e a 100% em serviços de engenharia. No pré-sal, vai de 37% a 85% dos equipamentos e serviços.

Voltou a prática de escolha de campeões nacionais pelo BNDES. A indústria naval renasceu, mas a Petrobras paga muito mais por navios e sondas. A empresa foi usada como instrumento de política industrial, o que prejudicou sua eficiência. A recaída protecionista contribuiu para a estagnação da economia.


 
Dificilmente a situação se reverterá até 2018, pois Dilma "tem certeza" da validade das velhas ideias que abraçou. A virada na política econômica não chegará à política industrial. Em próximo governo, o crescimento mais forte dependerá da restauração da relevância da abertura da economia.


O futebol pode piorar - ROGÉRIO GENTILE


FOLHA DE SP - 21/05

SÃO PAULO - A medida provisória do futebol, que prevê o refinanciamento das dívidas dos clubes, é mais uma barbeiragem do governo.

Se a inflação sobe, o governo represa o preço da gasolina e esfola a Petrobras, obrigando-a a vender combustível em valores inferiores aos internacionais. Se o PIB cresce menos, pressiona os bancos a reduzirem os juros, ignorando alertas de que há um excesso de endividamento na praça. Se o desemprego ameaça crescer, desonera a folha de pagamento criando um rombo de R$ 25 bilhões. O resultado é esse aí, a desorganização da economia.

A MP do futebol segue a linha do intervencionismo dilmista. Se o Brasil perde de 7 a 1 na Copa e o nosso futebol não é mais o mesmo, tenta refundá-lo na base da canetada.

Os clubes devem à União cerca de R$ 4 bilhões. A MP refinancia essas dívidas, desde que as equipes se comprometam com certas normas, como, por exemplo, não gastar mais do que 70% da sua receita com folha de pagamento e a punição do dirigente que praticar gestão temerária. Até aí tudo bem, ainda que seja hilário uma iniciativa como essa partir de uma administração que gastou muito mais do que conseguiu arrecadar.

Mas qual o sentido de o governo avançar sobre questões que não têm relação com a capacidade de os clubes honrarem o compromisso? A MP exige, por exemplo, que os clubes invistam em futebol feminino. Com que direito se pretende forçar alguém a fazer o que não quer ou não acha rentável? É o mesmo que obrigar uma empresa a fazer carros rosa, a despeito do baixo interesse do consumidor por veículos dessa cor.

Mais grave ainda, a MP estabelece que, para receber o benefício, o clube só poderá participar de competições organizadas por entidades dispostas a mudar seus estatutos segundo as diretrizes oficiais. Na prática, se algumas equipes aderirem e outras não, o futebol brasileiro ficará quebrado em dois. O que já é ruim pode ficar ainda pior.
 
 

Não vai acabar bem - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O GLOBO - 21/05

Não há só crise política no Brasil, mas o fim de um ciclo, o desmoronar de um modelo que levou ao limite fisiologismo e corrupção


Não é verdade que sempre foi assim, essa roubalheira. Nem que a política brasileira sempre foi essa disputa por interesses pessoais, no máximo partidários.

É clássica a questão sobre a ética na política: é possível ser eficiente e manter os princípios morais? Ou, considerando os ideais políticos: é possível governar sem fazer concessões?

“Nunca abandonamos nossos princípios; nunca mudamos nosso programa; nunca aceitamos alianças espúrias... E nunca governamos”. É mais ou menos o que dizia um quadrinho do argentino Quino — cito de memória — mostrando um ancião discursando para meia dúzia de correligionários numa sala empoeirada.

Humor sempre exagera mas é para, digamos, exagerar uma realidade. Muitas vezes a gente tende a acreditar que a alternativa é essa mesmo: ou o político se mantém fiel ao programa e à ética, e será sempre a honesta oposição, ou faz todo tipo de concessão para alcançar e exercer poder.

Quantas vezes já se disse por aqui que não é possível governar o Brasil sem comprar uns votos?

Mas reparem: ninguém diz isso antes de ser apanhado. Pelo contrário: todos são defensores da ética e da república até o momento em que são flagrados passando o dinheiro.

Ou seja, é uma desculpa de corruptos. E se fosse verdadeira, todos os políticos que viessem a alcançar o poder seriam necessariamente uns bandidos ainda não apanhados. Quase se poderia dizer: um político ladrão é um político normal que foi pego. Que boa parte da população pense assim, é um sinal dos tempos atuais.

Não há apenas uma crise política no Brasil, mas o fim de um ciclo, o desmoronar de um modelo que levou ao limite o fisiologismo e a corrupção. Fisiologismo — essa é uma palavra velha. Pode ser substituída por clientelismo, e se opõe a idealismo.
O político fisiológico não tem jeito: é aquele que busca o poder, por qualquer meio e aliança, para nomear os correligionários e gastar o dinheiro público com sua clientela. E pronto.

Já o idealista se guia por princípios e programas, mas pode ter alguma flexibilidade. Ou como se diz por aqui: é preciso ter jogo de cintura.

Para citar um político do passado, um dos grandes, Franco Montoro, governador paulista. Lá pelas tantas, em sua campanha de 1982, houve uma enxurrada de adesões: estava na cara que ele ia ganhar as eleições de lavada. Muita gente desembarcava de regime militar ou de suas proximidades para aderir ao novo poder.

Nisso, veio um grupo de sindicalistas, logo contestados pela velha guarda de Montoro. “Esses caras são uns pelegos”, reclamavam. E Montoro: bom, se a gente dividir o mundo entre pelegos e não pelegos, eles caem no lado dos pelegos; mas nunca é bem assim.

Os caras entraram e ficaram por ali, pelos cantos do governo.

Ou a recomendação que fazia Tancredo Neves quando, por conveniência política, precisava nomear alguém não propriamente conhecido pela honestidade: “Arranjem para ele um lugar bem longe do dinheiro”.


 
Claro que há um limite. Excesso de flexibilidade acaba amolecendo as ideias básicas. Mas dá para fazer.


 
O que aconteceu nos governos do PT foi diferente. O partido tinha programa, seus militantes tinham princípios. Foi largando tudo pelo caminho.

Na primeira eleição de Lula, começou pela campanha, quando o partido passou a buscar as generosas doações de empresas e empresários para pagar os marqueteiros, já mais importantes que os ideólogos. Depois foi o programa. Prometia substituir o neoliberalismo por algo tipo socializante (ainda não se falava em bolivarianismo) mas, no governo, aplicou política econômica tão ortodoxa que quase ganhou uma estátua no FMI.  
E para se manter no poder, topou as alianças com todo tipo de fisiologismo. Ao final, como mostraram os processos do mensalão e da Lava-Jato, se chegou à compra de apoio com dinheiro de propina.
 



Um partido queria ocupar o aparelho do Estado para fazer uma determinada política. Outros queriam o governo para atender à clientela. O método resultou ser o mesmo: nomear os companheiros e usar o dinheiro público para fins partidários, de grupos e pessoais. E o método, como sempre acontece nessa história, se sobrepôs a tudo, princípios e programas.
 



Se no começo se almejava ganhar a eleição para ocupar o governo e aplicar programa, agora se trata de usar o governo (e o dinheiro público) para se manter no poder. Antes era o dinheiro para a causa. Agora é a causa do dinheiro e não apenas para o partido, mas para o bolso dos chefões.
Todo o núcleo de poder, incluindo do poder no Congresso, está envolvido na Lava-jato. 



A corrupção atingiu níveis tão altos que a gente nem estranha quando delatores prometem devolver dezenas de milhões de reais. A disputa política é pela sobrevivência, pelos cargos, pelo dinheiro.
 


Qual é? Sempre foi assim — ainda nos dizem.

Mas não, não é normal e não vai acabar sem uma ruptura.