quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Proposta anula decreto de concessão de parques nacionais para setor privado

Proposta anula decreto de concessão de parques nacionais para setor privado

07/02/2020 - 18:41  

José Fernando Ogura/Agência de Notícias do Paraná
Turismo - Brasil - Cataratas do Iguaçu turistas parque nacional (Foz do Iguaçu-PR)
O Parque Nacional do Iguaçu é um dos que constam no decreto do governo de concessões para o setor privado
O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 721/19 anula o decreto que incluiu os parques nacionais de Lençóis Maranhenses (MA), Jericoacoara (CE) e Iguaçu (PR) no programa do governo de concessões para o setor privado. O texto tramita na Câmara dos Deputados.

A proposta é de autoria do deputado José Guimarães (PT-CE). Para ele, apenas lei aprovada pelo Congresso poderia autorizar a privatização dos três parques nacionais, que também são unidades de conservação. “É visível que o presidente [Bolsonaro] descumpre, mais uma vez, a Constituição Federal”, disse Guimarães.

O Decreto 10.147/19 qualifica os parques para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que coordena as concessões públicas para a iniciativa privada, e o Programa Nacional de Desestatização (PND).

Tramitação
A proposta será analisada pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois seguirá para o Plenário da Câmara.

Conheça a tramitação de projetos de decreto legislativo

Reportagem – Janary Júnior

Edição – Roberto Seabra

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.

Multas do Ibama para assassinos de Dorothy Stang prescreveram ou ainda não foram pagas

Multas do Ibama para assassinos de Dorothy Stang prescreveram ou ainda não foram pagas

In De Olho no Ambiente, De Olho nos Conflitos, Em destaque, Principal, Últimas
Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, receberam autuações milionárias por desmatamento em 2004, como fruto de denúncias da missionária; os dois fazendeiros foram mandantes do crime ocorrido há 15 anos em Anapu (PA)

Por Alceu Luís Castilho e Leonardo Fuhrmann

Há exatamente quinze anos era assassinada, em Anapu (PA), a missionária Dorothy Stang. Denúncias feitas pela freira tinham motivado, um ano antes, autuações milionárias por desmatamento para os dois mandantes do crime, lavradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Nenhuma das multas foi paga. A base de dados da autarquia mostra que duas multas graúdas, uma para cada um, prescreveram. Outras ainda correm na justiça ou administrativamente, dezesseis anos depois.

Conhecido como Taradão, Regivaldo Pereira Galvão foi condenado a 30 anos de prisão, em 2019, como mandante do homicídio. Ele recebeu duas multas de R$ 750 mil cada, em 2004. Uma delas, do dia 6 de novembro daquele ano, prescreveu. A outra punição ocorreu um mês antes, no dia 5 de outubro. A dívida consta no site do Ibama no seguinte status: “Para nova homologação, devido a alterações”. Galvão ainda não teve de pagar nada, portanto.
Essa multa de outubro de 2004 motivou um embargo, relativo a 500 hectares na Fazenda Vale do Surubim, em Anapu. O embargo é uma medida protetiva para garantir a recuperação da vegetação devastada. A data é a mesma da autuação, mas Galvão foi inserido na lista de pendências do Ibama em junho de 2007. Veja abaixo:

MANDANTES FORAM ACUSADOS DE TRABALHO ESCRAVO

A propriedade de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, segundo o Ibama, não tem áreas embargadas. Mas, naquele mesmo ano, ele acumulou R$ 3 milhões em multas na região. São duas multas, em meses diferentes, de R$ 1,5 milhão cada. Assim como Taradão, Bida também não precisou ainda por a mão no bolso em razão das multas. A de agosto foi baixada por prescrição. Ou seja, o Ibama considerou que não conseguiu cobrá-la em tempo hábil e cancelou a punição.
A União tenta na Justiça cobrar o valor da multa aplicada em novembro daquele mesmo ano, na mesma data em que Taradão levou uma de suas autuações. Confira:

As duas multas para Bida foram as primeiras autuações milionárias do Ibama no município de Anapu, conforme a pesquisa histórica feita pelo observatório. Somadas, as duas multas para Taradão totalizam R$ 1,5 milhão, o que coloca o assassino entre os 4.620 maiores autuados por desmatamento dos últimos 25 anos — exatamente o período que coincide com a aplicação de multas milionárias.

A dupla de fazendeiros não foi acusada apenas de crimes contra o ambiente em 2004. O Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho flagrou, naquele ano, 28 trabalhadores em situação de trabalho escravo na Fazenda Rio Verde, a 60 quilômetros de Anapu, na região da Transamazônica, em fazenda pertencente a eles. Os trabalhadores foram encontrados no meio da mata fechada e tinham como único abrigo um barraco de palha e plástico preto, com chão de terra batida.

O acampamento não tinha sanitários, fossas, fornecimento de água potável ou materiais de primeiros socorros e os trabalhadores não recebiam equipamentos de proteção individual. Eles foram denunciados pelo Ministério Público Federal por manter os trabalhadores em situação análoga à escravidão em 2007, três anos depois do flagrante e dois anos após o assassinato da missionária.

VIOLÊNCIA EM ANAPU CONTINUOU EM ALTA

Dorothy Stang foi alvo de seis tiros disparados por dois pistoleiros. Além dos mandantes e dos executores, um quinto homem foi condenado por ser o intermediário entre eles. A missionária tinha 73 anos e chegou no Brasil em 1966, no município de Coroatá, no Maranhão. Desde os anos 1970 estava na Amazônia, onde trabalhava com proteção ao meio ambiente e geração de emprego e renda para comunidades pobres. Ela foi assassinada dois meses depois de ter sido condecorada com o Prêmio de Direitos Humanos José Carlos Castro, conferido pela OAB-PA, por sua atuação em defesa dos direitos humanos. O caso teve repercussão internacional. Saiba mais sobre quem foi a missionária em nossa série sobre líderes da resistência no campo: “De Olho na História (III) — 15 anos após assassinato, Dorothy Stang inspira resistências na Amazônia“.
Taradão só foi preso em abril de 2019, após o STF revogar um habeas corpus que o mantinha em liberdade. Bida, que começou a cumprir pena em 2010, já estava em regime semi-aberto no ano passado. Mesmo cumprindo pena, ele mantinha boas relações com policiais e empresários da região. Tanto que foi apontado como suspeito de ser o intermediário do comandante regional da PM em Altamira na venda de proteção policial a empresários.

A violência agrária na região permaneceu em alta mesmo após a repercussão internacional do assassinato da missionária. Foram pelo menos dezessete homicídios cometidos contra trabalhadores desde 2005, segundo um levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O último deles ocorreu em dezembro. A vítima era testemunha de defesa do padre José Amaro Lopes de Sousa, braço-direito e depois sucessor de Dorothy.

Amaro chegou a ficar três meses preso no ano passado, acusado pelos fazendeiros da região de uma série de crimes, inclusive extorsão. Ele acabou solto graças a um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça. A CPT vê as acusações como retaliação ao trabalho do religioso na defesa do ambiente e dos acampados. E observa que, depois da morte de Dorothy, apenas outro mandante de seu assassinato foi identificado e preso.

ACUSADO DE FACILITAR FUGA É MEGA DESMATADOR

A Agropecuária Vitória Régia está em oitavo lugar entre os maiores desmatadores do Brasil, conforme levantamento feito pelo De Olho nos Ruralistas com base em mais de 280 mil multas por flora aplicadas pelo Ibama nos últimos 25 anos. O dono da empresa é o fazendeiro Laudelino Delio Fernandes Neto, que chegou a ser acusado de facilitar  a fuga de Bida. Ele conseguiu levar, em um único dia de 2009, uma multa de quase R$ 170 milhões:
Ao contrário do que ocorreu com Taradão e Bida, essa autuação foi lavrada quatro anos após o assassinato de Dorothy Stang. O autuado foi notificado, mas, mais de onze anos depois, o Ibama continua aguardando o pagamento. Em 25 anos, apenas 1,42% das multas por flora foram quitadas:

Apenas 1% das multas por desmatamento nos últimos 25 anos foram pagas“.

Vice-prefeito de Anapu, eleito em 2008, e candidato a prefeito no município em 2012, o mineiro Delio Fernandes declarou ao Tribunal Superior Eleitoral possuir R$ 10,2 milhões em bens, sendo R$ 9 milhões relativos a 9 mil hectares em Anapu e Senador José Porfírio, município vizinho, a oeste.
A mesma propriedade que motivou a multa do Ibama foi a responsável por um embargo, movido no mesmo dia pela autarquia. A pendência foi registrada 15 dias depois. Como se pode ver ao lado, a Agropecuária Vitória Régia também sofreu um embargo em 2014, em Belém.

Apontado como interessado na morte da missionária, Delio Fernandes também já havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal por desvios de mais de R$ 7 milhões da Sudam, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia.

O irmão do político, Silvério Albano Fernandes, foi vice-prefeito de Altamira e teve seu nome especulado para assumir a chefia do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na região no governo Bolsonaro, para o qual fez campanha.

CPI do Óleo prepara visitas técnicas e reconvocação de testemunha

CPI do Óleo prepara visitas técnicas e reconvocação de testemunha

10/02/2020 - 19:12   


A CPI da Câmara que investiga o vazamento de óleo no litoral do Nordeste prepara as primeiras visitas técnicas e audiências públicas do ano. O período de coleta de informações para o relatório final do deputado João H. Campos (PSB-PE) está previsto para terminar no fim de março. O presidente da CPI, deputado Herculano Passos (MDB-SP), adiantou algumas das próximas ações do colegiado.
Adema/Governo de Sergipe
Vazamento de petróleo no litoral do Nordeste
Óleo atingiu nove estados do Nordeste, além de RJ e ES
“Nós vamos fazer algumas visitas externas a Sergipe, Bahia e Rio de Janeiro para formatar o relatório e sair com alguma conclusão positiva em relação às investigações", disse, mas ressaltou: "Nós não somos polícia. Estamos fazendo análise de tudo e depois vamos encaminhar esse relatório para o Ministério Público e a Advocacia Geral da União, que vão promover as responsabilidades civil e criminal”.

Na primeira reunião do ano, na última quarta-feira (5), a CPI do Óleo aprovou requerimento de convocação do oceanógrafo do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) Ronald Buss de Souza. Ele já havia comparecido à CPI em dezembro do ano passado, mas, segundo Herculano Passos, houve divergências entre o depoimento e as entrevistas posteriores do oceanógrafo quanto à possível origem do óleo.

“Houve a informação de possibilidade também de derramamento lá na costa da África. Isso foi noticiado em alguns jornais. Quando a gente interrogou as pessoas, elas não falaram isso nas audiências públicas, mas depois comunicaram à imprensa. Então, vamos ter que refazer, para que tenhamos informações precisas”.

A principal linha de investigação da Polícia Federal e da Marinha é que o óleo seria venezuelano, possivelmente vazado de um navio clandestino. Herculano Passos elogiou a medida provisória (MP 908/19) que liberou auxílio de R$ 1.996 aos pescadores afetados. Ele acredita que a CPI possa contribuir com uma legislação mais permanente para a proteção socioambiental.
Reunião do Mecanismo do Intercâmbio Regular entre a Câmara dos Deputados e a Assembleia Popular Nacional da China. Dep. Herculano Passos (MDB - SP)
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Herculano Passos: CPI pode contribuir com uma legislação mais permanente para a proteção socioambiental
“A gente deve propor projetos de lei para ter mais segurança em relação a essa possibilidade de danos ambientais. Nós temos que ter uma legislação que possa dar uma segurança melhor ao meio ambiente e à vida das pessoas, além de proteger o mar, os rios e o meio ambiente como um todo”.
Vazamento
 
As primeiras manchas de óleo apareceram no litoral da Paraíba no fim de agosto. O vazamento atingiu os nove estados do Nordeste, além do Espírito Santo e parte do Rio de Janeiro, no Sudeste. O último levantamento do Ibama, feito na quarta-feira passada (5), mostra 1.009 áreas atingidas em 130 municípios desde agosto. A maioria das praias já está limpa.

Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Ana Chalub

Congresso mantém veto a isenção de imposto sobre importação de equipamentos para energia solar

Congresso mantém veto a isenção de imposto sobre importação de equipamentos para energia solar




12/02/2020 - 19:47  

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Destinada à deliberação dos vetos
Sessão do Congresso Nacional analisa vetos presidenciais
O Plenário do Senado Federal manteve, por 30 votos a 22, o veto total ao Projeto de Lei 8322/14, que concedia isenção do imposto sobre importação para diversos equipamentos e componentes de geração elétrica de fonte solar.

Para vetar a proposta, o governo argumentou que a isenção diminui a receita da União sem indicar medidas de compensação para efeito de adequação orçamentária e financeira (aumento de outra receita ou diminuição de despesa), contrariamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00).

Como a derrubada de um veto depende da maioria absoluta em ambas as Casas, a matéria não irá a voto na Câmara dos Deputados.

Reportagem – Eduardo Piovesan

Edição – Pierre Triboli

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MP da regularização fundiária expõe divergências entre ambientalistas e ruralistas

MP da regularização fundiária expõe divergências entre ambientalistas e ruralistas

O relator da proposta quer conciliar interesses e apresentar alternativa compatível com a realidade brasileira



12/02/2020 - 20:34  



Uma audiência pública da comissão mista que analisa a Medida Provisória 910/19, sobre regularização fundiária, expôs divergências entre ambientalistas e ruralistas nesta quarta-feira (12). De um lado, ambientalistas temem que a norma incentive o desmatamento e, de outro, ruralistas defendem a regularização de propriedades rurais especialmente as pequenas.

Pesquisadora do Imazon, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Brenda Brito avalia que a medida provisória dispensa a vistoria para a titulação de terra em áreas de conflito. Ela acredita que a proposta incentiva o desmatamento para a posterior regularização fundiária. "A sociedade brasileira deve perdoar aqueles que invadiram as suas terras entre o final de 2011 e o final de 2018? Porque é essa uma das grandes mudanças que a medida provisória está trazendo, sendo que, no caso da Amazônia, todos nós sabemos que essa ocupação está associada ao desmatamento ilegal", indagou.

Brito também criticou a extensão do prazo de cobrança daqueles que já receberam o título de suas propriedades, mas estão inadimplentes. "A medida provisória também traz uma regra mais frouxa de cobrança para médios e grandes imóveis de até 2.500 hectares", alertou.

O secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, rebateu as críticas de ambientalistas. "Essa regularização fundiária, ao contrário do que foi dito aqui, respeita sim as unidades de conservação, as terras indígenas e as terras quilombolas, que estão preservadas. Faz-se a regularização fundiária, como acontece no mundo inteiro, em terras públicas que estão ocupadas. Esse governo não está aqui para dar alvará de impunidade para ninguém", esclareceu.

Código Florestal
A secretária executiva do Observatório do Código Florestal, Roberta del Giudice, lembrou que a regularização fundiária já está regulamentada desde 2006 (Leis 11952/06 e 13465/17). "Ninguém é contra a regularização fundiária, mas essa medida provisória é completamente desnecessária. O que falta é trabalho e foco. Já foram feitas outras leis, elas estão vigorando e, com base nelas, é possível se fazer a regularização fundiária".
Jane de Araújo/Agência Senado
Alceu Moreira defendeu a regularização da situação de 700 mil famílias sem escritura de seus imóveis
Del Giudice também reclamou de algumas das 542 emendas à medida provisória que, segundo ela, seriam "jabutis" para tentar alterar o Código Florestal Código Florestal sem maiores debates.

Propriedades agrícolas
Já o coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), afirmou que cerca de 700 mil famílias vivem sem a escritura pública de seus imóveis. Segundo Moreira, a medida provisória poderá aumentar a produção agrícola em 15%, além de facilitar o combate ao desmatamento.

"Se, a qualquer tempo, houver por exemplo desmatamento ilegal, basta dizer onde está a propriedade e nós poderemos visualizá-la imediatamente. Então, a fiscalização do Estado fica muito mais eficiente. Neste caso, a regularização fundiária dá para a pessoa o princípio do zelo pelo dever de propriedade".

Consenso
Apesar das divergências em torno do tema, o relator da MP, senador Irajá Abreu (PSD-TO), se diz “otimista” quanto a um texto que concilie os interesses ambientais e da produção agropecuária. "Em que pese já existirem legislações, nunca é tarde para que a gente possa aperfeiçoar o que já existe", salientou.

Ele pretende "pacificar" interesses em seu parecer ao propor alternativa "compatível com a realidade brasileira". "Ninguém aqui tem compromisso em contemplar ou beneficiar criminoso ou aquele que objetiva algum tipo de anistia. A gente tem a obrigação de tentar formatar um marco regulatório que seja compatível com a necessidade de milhões de brasileiros que esperam por essa titulação", ponderou.

O presidente do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Bruno Kono, afirmou que a falta efetiva de regularização fundiária leva a um cenário de "anonimato fundiário, grilagem, insegurança jurídica, instabilidade social e impossibilidade de créditos para produção sustentável". Kono também se queixou de déficit de servidores públicos e de equipamentos para os processos de regularização. Outro problema prático, segundo ele, é que 70% das terras do Pará, por exemplo, são de jurisdição federal e há sobreposição com terras estaduais em várias áreas.

Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Geórgia Moraes