domingo, 9 de julho de 2023

Turismo pode ameaçar espécies, aponta análise internacional

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SALADA VERDE

Turismo pode ameaçar espécies, aponta análise internacional

O relatório revela atrasos na responsabilidade com animais silvestres de grandes nomes do turismo no Brasil e no mundo

ALDEM BOURSCHEIT · 

6 de julho de 2023



Boto sendo alimentado na Amazônia. Foto: Martha de Jong-Lantink/Flickr


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Salada Verde

Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Lançado esta semana, um balanço aponta 22 empresas globais vendendo e promovendo performances “circenses”, interações nocivas e explorando animais selvagens. 

As atividades incluem alimentar botos amazônicos, tirar selfies com macacos e araras, passear e dar banho em elefantes e nadar com golfinhos.

O relatório é da Proteção Animal Mundial e foi construído em parceria com a Universidade de Surrey (Reino Unido). 

Oito das companhias listadas atuam no Brasil e algumas já removeram os conteúdos com “práticas ultrapassadas” de suas plataformas. 

“[Essas empresas] se tornam exemplos para concorrentes e [mais] atrativas para consumidores. Isso é interessante para elas em termos de reputação”, diz David Maziteli, gerente de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.

Confira aqui o relatório.

 

Acusado de desmates doa 10 mil ha e pagará R$ 5 milhões para parque

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Acusado de desmates doa 10 mil ha e pagará R$ 5 milhões para parque

Acordo com MPMT envolver danos ambientais no Pantanal, mas agropecuarista sofre denúncias também na Amazônia

ALDEM BOURSCHEIT · 

5 de julho de 2023


Salada Verde

Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Um acordo assinado entre o Ministério Público do Estado de Mato Grosso e Edio Nogueira levou à doação de 10 mil ha pelo agropecuarista no Pantanal, em Itiquira, a 360 km da capital Cuiabá. Na área deve ser criado um parque municipal.

O aperto de mãos determinou, ainda, o pagamento de uma indenização de R$ 5 milhões para assegurar a criação e gestão da reserva, que promete ser a maior do gênero no bioma. Metade deve ser paga em dinheiro e o restante em créditos de carbono ou com outra área de interesse ambiental.


Em 2019, a Promotoria de Justiça de Itiquira instaurou inquérito civil para apurar os repetidos danos ambientais na fazenda Santo Antônio do Paraíso. O imóvel havia sido comprado no ano anterior por Édio Nogueira e sua Agropecuária Rio da Areia.

Uma década antes, em 2009, a revista Época denunciou ofertas para venda da propriedade nos Estados Unidos, com “espécies como o jaguar, anaconda, cervo, capivara, tuiuiú e mais de 640 variedades de pássaros”. 

Em 2022, o Ministério Público propôs uma ação para reparar ao menos 4.613 ha de vegetação nativa destruídos no imóvel, desde 2015. Mesmo com danos anteriores à compra de Nogueira, a reparação cabe aos donos atuais.

A Veja posicionou Nogueira como um dos maiores desmatadores da Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020. Mais de R$ 50 milhões em multas por desmate e matança de árvores com agrotóxicos foram registrados numa de suas fazendas. O imóvel é vizinho do Parque Nacional do Xingu. 

Banco esconde os nomes de desmatadores com empréstimos

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Banco esconde os nomes de desmatadores com empréstimos

O BNDES bloqueia créditos a fazendas com desmatamento ilegal desde fevereiro, mas se nega a divulgar uma lista

ALDEM BOURSCHEIT · 

6 de julho de 2023





Desmate e queimada às margens da BR-230 em Apuí (Amazonas), em 2020. Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real


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Salada Verde

Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Será cada vez mais difícil para quem desmata a Amazônia e outros biomas conseguir créditos e fazer negócios nos mercados brasileiro e internacional.

A fiscalização ambiental foi retomada, imóveis sobrepostos a terras públicas não receberão empréstimos, cadastros ambientais rurais (CAR) em áreas protegidas serão suspensos pelo governo, mercados internacionais se fecham a produtos sujos por desmate e outros impactos socioambientais.

Na mesma linha, desde fevereiro o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) bloqueia repasses a fazendas com desmatamento ilegal. Mas parece faltar transparência à medida.

Pedidos da Don’t LAI to Me – Fiquem Sabendo sobre nomes de empresas e pessoas bloqueadas são negados pelo banco público. O BNDES alega que tudo está protegido “pelo sigilo empresarial” e pela Lei Geral de Proteção de Dados.

Por que o vírus da raiva é tão letal? Saiba por que a doença mata bichos e humanos e entenda a importância da vacinação

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Portal do Butantan


Por que o vírus da raiva é tão letal? Saiba por que a doença mata bichos e humanos e entenda a importância da vacinação

Vírus mata praticamente 100% das vítimas não vacinadas pré ou pós-exposição; vacinar cães e gatos ajuda, mas é importante evitar contato com animais silvestres


Publicado em: 31/05/2023

A raiva é uma doença infecciosa grave, que acomete mamíferos como cães, gatos, bovinos, macacos, morcegos e outros animais silvestres, além do homem, e mata praticamente 100% dos seres que a contrai. Seu combate é uma questão de saúde pública, que envolve a vacinação preventiva de veterinários, biólogos, funcionários de laboratórios e profissionais que trabalham em risco de se contaminar com o vírus rábico, como quem faz a captura e a vacinação de animais e quem trabalha em zoológicos, entre outras ocupações. A imunização profilática também é importante para quem sofreu ataque animal, medidas que controlaram a circulação do vírus ao longo dos anos.

“Este é um vírus antiquíssimo, que foi relatado em 23 antes de Cristo e registrado na literatura como o ‘vírus da loucura’, responsável por mortes no mundo inteiro. Em 1885, Louis Pasteur [1822 – 1895] fez a primeira vacina contra raiva e, desde então os cientistas trabalharam muito para a evolução desta vacina para que ela ficasse segura e eficaz. A vacina, seja para humanos ou animais, tem um papel importantíssimo no controle da doença”, explica a gerente de Desenvolvimento de Processos do Laboratório Piloto de Vacinas Virais do Instituto Butantan, Neuza Frazatti Gallina.

Apesar da vacina disponível, novos casos de raiva voltaram a surgir no Brasil este ano, causando a morte de dois agricultores – um em Minas Gerais e outro no Ceará. Um foi infectado no manejo de um bezerro contaminado e outro foi mordido por um sagui doente, animais que não estavam vacinados. 

Campanhas de vacinação de cães e gatos do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR) do Ministério da Saúde criado em 1973, implantou entre outras ações, a vacinação antirrábica canina e felina em todo o território nacional, que intensificadas a partir da década de 1980 no Brasil, conseguiram controlar a disseminação da raiva entre caninos e felinos e, por consequência, no homem. 

Em 1999 o Brasil registrou 1.200 cães positivos, sendo que em 2021 foram 11 casos, todos identificados com variantes de animais silvestres, segundo o Ministério da Saúde. Enquanto os casos de infecção com variantes 1 e 2 do vírus, que acometem cães e gatos, veem diminuindo, os casos mais recentes envolvem outras variantes, sobretudo a variante 3, de morcegos hematófagos, que se alimentam do sangue de bovinos, equinos e outros animais, responsáveis pela transmissão secundária (ou spillover), essa mais difícil de controlar, explica Neuza.

“Quando se detecta um caso de raiva humana ou canina, entra em ação o que se chama de controle de foco, ou seja, se vacinam todos os animais e pessoas de contato. Mas como o vírus continua a circular entre animais silvestres e estes migram para as cidades em virtude do desmatamento e da expansão urbana, os casos de transmissão secundária se tornaram um problema para as autoridades sanitárias”, destaca a pesquisadora.

Vale ressaltar que as vacinas de uso veterinário e humano são diferentes, e a última é distribuída ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Instituto Butantan, que modernizou sua formulação ao longo dos anos.  

“O Butantan começou a fazer a vacina da raiva na década de 1950 usando inicialmente cérebros de carneiro e camundongos para crescer o vírus rábico e fazer uma vacina inativada. Ao longo dos anos, o processo de produção desta vacina foi evoluindo e hoje ela é feita com células Vero, cultivada em meio livre de soro, o que deixou a vacina mais pura e mais potente”, destaca Neuza.

A vacina, inclusive, rendeu à Neuza e sua equipe o Prêmio Péter Murányi Saúde 2010, láurea que reconhece trabalhos inovadores na saúde, pela vacina inédita contra a raiva em meio livre de soro, feita nessas células, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2008. A pesquisadora recebeu novamente o prêmio este ano pelo projeto da vacina da dengue do Butantan.

 


Vacina e soro contra o vírus da raiva distribuídos para o Sistema Único de Saúde pelo Instituto Butantan 

 

Entenda mais sobre a doença neste tira dúvidas abaixo:

Como se contrai a raiva?

A raiva é um vírus RNA da família Rabhdoviridae, gênero Lyssavirus, transmitido por mordedura, lambedura ou arranhadura do mamífero infectado que vai repassar o vírus pela saliva. O vírus pode ser transmitido por animais silvestres, como morcegos, macacos e raposas, por animais domésticos como cães e gatos e por animais que convivem em ambientes rurais como bovinos e equinos. O período de incubação do vírus em humanos é de até 45 dias; em animais é de 30 dias, em média.

Quais os sintomas da raiva em humanos?

Os sintomas são bem variados porque o vírus circula lentamente pelo organismo do infectado causando os sintomas à medida que o corpo é tomado por ele. Começa com mal-estar, inquietação e evolui para aumento de salivação, irritabilidade, paralisia, confusão mental até atingir o coma e a morte cerebral. Estes sintomas também são observados em animais – e alguns deles também se isolam no escuro ou embaixo da cama, e demonstram pavor do contato com água, por exemplo.

Como prevenir a raiva?

Vacinar os animais anualmente ainda é considerada a forma mais eficaz de prevenção. Outra forma é oferecer doses da vacina de forma preventiva para veterinários e tratadores, entre outros profissionais, que correm mais risco de ter contato com os animais infectados. É recomendado também aos profissionais que recebem a vacina preventivamente fazer o controle de anticorpos protetores regularmente.

Como tratar a raiva?

Quando o vírus acomete humanos, ele se replica no local da ferida e atinge o sistema nervoso central, provocando uma inflamação progressiva e aguda no cérebro que, na maioria dos casos, leva ao óbito. O tratamento após a exposição ao vírus inclui o cuidado do local do ferimento, a vacina pós-exposição e a imunização passiva com o soro antirrábico e imunoglobulinas (solução concentrada e purificada de anticorpos, preparada a partir do soro de indivíduos imunizados contra a raiva). 

Em caso de mordedura, lambedura e arranhadura de animal suspeito, o primeiro passo é saber se o animal está vacinado contra a raiva e se ele pode ser observado por 10 dias, tempo máximo de apresentação de sintomas. É também recomendável procurar uma unidade de saúde para avaliação. 

“Como a doença pode se manifestar no humano em até 45 dias, a vacina pós-exposição induz a formação de anticorpos protetores contra o vírus rábico e o soro tem o poder de neutralizá-lo.  Tanto a vacina como o soro evitam que ele se espalhe, que a pessoa tenha a doença e vá óbito. Mas é importante que a intervenção ocorra o quanto antes para evitar a replicação do vírus e que ele chegue até o sistema nervoso central”, ressalta a pesquisadora do Butantan.

Quem pode tomar a vacina contra a raiva?

A vacina contra raiva é indicada para crianças e adultos. Ela pode ser administrada antes e após a exposição ao vírus, como vacinação primária ou como dose de reforço. A dose de reforço deve ser administrada de acordo com o risco de exposição. 

Como a vacina contra a raiva funciona?

A vacina contra a raiva inativada age estimulando o organismo a produzir sua própria proteção (anticorpos) contra a doença. A vacinação abrange a prevenção antes da exposição (profilaxia pré-exposição), indicada para pessoas expostas a risco frequente de contaminação como veterinários, funcionários de abatedouros etc., bem como a prevenção após suspeita ou confirmação de exposição ao vírus (profilaxia pós-exposição), resultante, por exemplo, de mordidas ou arranhões por cães ou outros animais.

Onde tomar a vacina contra a raiva?

Se uma pessoa for mordida, lambida ou arranhada por um animal suspeito, deve lavar o local ferido com água e sabão e procurar a unidade de saúde mais próxima, onde poderá receber as doses da vacina.

Como o soro contra raiva funciona? 

O soro antirrábico age aumentando o período de incubação da doença, pois neutraliza as partículas virais no local do ferimento, proporcionando um tempo mais longo para a instalação da imunidade induzida pela vacina, que deve ser aplicada concomitantemente ao soro. Quanto mais precoce for a administração do soro antirrábico, maior será seu potencial terapêutico.

A vacina e o soro são a mesma coisa?

A vacina produz anticorpos protetores contra o vírus rábico por ser é inativada, sem risco de causar a doença. O soro, por sua vez, é uma solução purificada de anticorpos preparada a partir do soro de equinos hiperimunizados contra a raiva. Já a imunoglobulina é uma solução concentrada e purificada de anticorpos, preparada a partir do soro de indivíduos imunizados contra a raiva.

Qual o esquema de vacinação indicado para humanos?

Conforme a Nota Técnica Nº 8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS do Ministério da Saúde, para os casos que envolvem a vacinação pré-exposição, são indicadas duas doses (nos dias 0 e 7), além do controle de anticorpos protetores, que são feitos através de testes laboratoriais que indicam se há necessidade de novas doses da vacina ou se a pessoa continua protegida contra uma possível exposição ao vírus. 

Já em casos pós-exposição, deve-se iniciar o esquema vacinal de quatro doses: nos dias 0, 3, 7 e 14 após o acidente.

 



Reportagem: Camila Neumam

Foto: José Felipe Batista e Thiago Lemos

Infográfico: Daniel das Neves

 

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Morre quarta girafa das 18 importadas da África do Sul pelo Bioparque do Rio de Janeiro

Morre quarta girafa das 18 importadas da África do Sul pelo Bioparque do Rio de Janeiro

Morreu, neste sábado, 8 de julho, mais uma das 18 girafas importadas da África do Sul (tiradas da vida selvagem) pelo Bioparque do Rio de Janeiro em novembro de 2021. 

A notícia foi divulgada pelo zoológico, que revelou que, durante exames de rotina os veterinários que as acompanham identificaram a presença de uma bactéria em seis animais, mas um deles resistiu ao medicamento e veio a óbito. 

Leia, a seguir, a íntegra do comunicado sobre a morte da girafa divulgado em suas redes sociais, como o Instagram, pelo Bioparque:

“É com pesar que o BioParque do Rio comunica o falecimento de uma das girafas que faz parte do seu plantel, na manhã deste sábado, 8 de julho. 

Os animais passam regularmente por exames de medicina preventiva, realizados por um corpo técnico formado por biólogos e médicos veterinários.

Durante os exames de rotina, a equipe identificou o parasita Haemoncus sp em seis animais. O comitê técnico, formado por seis médicos veterinários, imediatamente iniciou protocolo medicamentoso, colocando os animais em recinto isolado e sob observação intensiva.

Cinco animais responderam rapidamente ao tratamento. Todavia, um deles apresentou resistência ao medicamento. 

Durante a última semana a equipe técnica iniciou outros protocolos de tratamentos. No entanto, infelizmente, houve deterioração súbita do estado clínico do animal ao longo desta madrugada, levando-o a óbito. 

A causa da morte será confirmada após a necropsia do corpo, que será realizada com o acompanhamento dos órgãos competentes”.

Polícia Federal se dirigiu ao Resort Safari Portobello, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, onde vivem as girafas desde que chegaram ao Brasil, para acompanhar a perícia do animal. 

Uma sequência de crimes 

Esta é a quarta girafa que morre no local onde elas permanecem desde novembro de 2021 para iniciar a ‘quarentena’. Esse é o procedimento normal adotado com animais selvagens para que se tenha certeza de que estão bem de saúde e não oferecem risco de contaminação de doenças zoonóticas para outros bichos. 

Certamente a intenção também era ‘domá-las’, para que se adaptassem às novas condições (de cativeiro) e pudessem viver no Bioparque. 

Um mês depois de sua chegada ao resortseis delas tentaram fugir enquanto tomavam sol, quebrando cercas da propriedade. À noite, foram recapturadas, mas três morreram. 

Sem revelar o motivo das mortes, o zoológico declarou que não havia maus tratos no tratamento das girafas e que elas estavam “em processo de adaptação, em um ambiente preparado para suas necessidades e licenciado pelos órgãos competentes, garantindo o bem-estar animal”.

Em janeiro de 2022, a Polícia Federal abriu investigação para apurar importação e morte das girafas. E, atendendo a uma Ação Civil das organizações Ampara SilvestreFórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais, a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro, determinou que 15 girafas importadas fossem transferidas para baias maiores e com condições melhores das oferecidas no momento.

No mês seguinte, o Ministério Público Federal recomendou devolução imediatas das girafas à África do Sul e à vida livre. 

Logo em seguida, foram divulgados os resultados da necrópsia realizada pelos veterinários do BioParque e do Portobello Safari. O laudo foi entregue ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Elas morreram por miopatia causada por estresse extremo, após sofrerem edemas e enfisemas pulmonares; duas delas apresentavam hematomas no peitoral e uma tinha um coágulo na base do pescoço

Nos meses subsequentes, as girafas continuavam habitando os mesmos recintos de 30m2 e o Bioparque negava informações e acesso como a entrada dos integrantes da Comissão de Defesa e Proteção do Meio Ambiente da Assembleia do RJ

Além dissolaudo da Polícia Federal apontou diversas irregularidades no manejo das girafas e fez alerta sobre o bem-estar dos animais. 

Em agosto, o órgão divulgou relatório no qual declarou que a importação das girafas pelo Bioparque é “o maior caso de tráfico de animais silvestres da história do Brasil”. 

No mesmo mês, a Justiça Federal anulou a importação das girafas trazidas da África do Sul pelo Bioparque do Rio, o que impede que o zoológico venda, exponha ou tome qualquer decisão sobre o futuro das girafas.

Em novembro de 2022, a Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal (PF) anunciou que concluiu a investigação sobre o caso da importação de girafas e quatro pessoas foram indiciadas por crimes de maus-tratos e falhas no processo de importação das girafas pelo zoológico. 

A denúncia foi aceita pela Justiça, em março. E, no mesmo mês, funcionários do Ibama e do Inea também foram denunciados por elaborar documentos falsos de importação e adequação do cativeiro.

Futuro incerto

Hoje, segundo o Inea, que tem acompanhado todas as intervenções do caso, as girafas vivem em recintos maiores – de 650 m2 a 990 m–, separadas em cinco espaços, divididas em grupos de três, com acesso livre a uma área externa (foto abaixo), na qual encontram água e comida.

Foto: Bioparque do Rio/divulgação

Sempre que questionado, o Bioparque do Rio declara que cuida bem dos animais, segue protocolos de segurança e procedimentos que garantem seu bem-estar. E ainda nega que tenham sido tirados da natureza: “Documentos oficiais emitidos pelo governo da África do Sul atestam que os animais viviam em fazenda de manejo sustentável, aprovada pelos órgãos oficiais do país”, contou à Folha.

E qual será a solução possível para este caso, já que devolvê-las à sua origem parece impossível? Levá-las para um ou mais santuários no Brasil? O Ibama, órgão responsável por fiscalizar as girafas, diz que está avaliando uma solução para as 14 que resistem. 

Foto (destaque): Polícia Federal

Organizações entregam carta às autoridades de países amazônicos exigindo participação dos povos da floresta na Cúpula da Amazônia

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Organizações entregam carta às autoridades de países amazônicos exigindo participação dos povos da floresta na Cúpula da Amazônia

Organizações de países amazônicos entregam carta às autoridades exigindo participação dos povos da floresta na Cúpula da Amazônia

Mais de 140 organizações dedicadas à proteção da Amazônia enviaram uma carta às autoridades brasileiras e dos outros países amazônicos – Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela – pedindo participação efetiva dos povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes e da sociedade civil na Cúpula da Amazônia, que acontecerá em Belém, no Pará, de 8 a 9 de agosto, para debater ações climáticas.

Leia a carta em português e espanhol.

O documento é dirigido aos presidentes dos países amazônicos, à Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), à Assessoria Internacional da Presidência da República do Brasil e aos Ministérios das Relações Exteriores dos países, e é assinada por organizações como a Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), a Rede de Informações Socioambientais Georreferenciadas da Amazônia (RAISG), a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace Brasil, o WWF-Brasil, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Fundação Avina, Oxfam e Projeto Saúde e Alegria (PSA).

IV Reunião de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) ocorrerá em um contexto em que, segundo evidências científicas, o desmatamento e a degradação combinados da Amazônia chegam a 26%.

No documento, que convida a unir esforços para a construção de medidas conjuntas para a proteção socioambiental da Amazônia, são pedidos três pontos principais:

  • Organização de espaços de participação ativa e efetiva nas discussões dos governos presentes à Cúpula da Amazônia;
  • Garantia de participação de representantes de povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes e da sociedade civil; e
  • Consideração de suas recomendações nas decisões.

As organizações afirmam que é fundamental a articulação e a participação dos povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes e suas organizações, tendo em vista que seus territórios ocupam grande parte da Amazônia e que suas práticas ancestrais, saberes e contribuições no manejo florestal possibilitaram a conservação desse bioma de importância mundial.

Essas populações também são diretamente afetadas pelas pressões e ameaças sobre os territórios, como o desmatamento, a grilagem e o garimpo – além de serem os maiores prejudicados pela crise climática, estimulada pela destruição da Amazônia.

Igualmente são importantes as contribuições da sociedade civil, por sua experiência no monitoramento, investigação e apresentação de soluções para os problemas socioambientais na região amazônica.

Diálogo direto e frequente

As organizações que assinam a carta afirmam, ainda, que, para garantir a efetiva implementação e monitoramento das ações de proteção da Amazônia planejadas na Cúpula da Amazônia, um dos resultados da reunião deve ser direcionado à criação ou reativação de mecanismos permanentes de participação multinível.

Isso para que se possa institucionalizar o diálogo direto e frequente entre povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes e sociedade civil, com os diferentes governos, organizações e órgãos da região.

Para Julio César López Jamioy, coordenador-geral da Organização Nacional dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana (OPIAC), “é fundamental que as autoridades de todos os países, ao tomar decisões, considerem o conhecimento dos povos indígenas amazônicos, que, como já demonstrado, têm contribuído para a conservação da biodiversidade do bioma amazônico”.

Por sua vez, Adriana Ramos, assessora do Instituto Socioambiental (ISA) do Brasil, assegura que “estamos em um momento decisivo para que o conhecimento científico e indígena se unam na construção de alternativas que resguardem a Amazônia. É precisamente disso que trata o pedido e o apelo que fazemos aos governos com vista à realização desta cúpula”.

Para Carmen Josse, diretora-executiva da Fundação EcoCiencia no Equador, “é fundamental que as organizações que trabalham na Amazônia, que trabalham dia a dia com os povos indígenas, tenham voz para apresentar o que consideram como soluções e questões prioritárias para esta região no âmbito desta cúpula; e que haja espaços organizados de participação e escuta para as diferentes demandas e contribuições que nós da sociedade civil queremos fazer”.

Leia também:
– Brasil propõe cúpula de países da Amazônia em agosto para debater ações climáticas
– Brasil realizará, em agosto, Cúpula Regional sobre Amazônia

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Este texto foi publicado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em 21/6/2023

Foto: Neil Palmer/CIAT/Creative Commons/Flickr