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Proterm-DF
Projeto de Monitoramento do Campo Térmico do Distrito Federal
(Proterm-DF)
O Distrito Federal sofre com uma
acelerada taxa de impermeabilização do solo urbano e densidade de
construção.
Tais fatores retém o calor no ambiente, favorecendo assim a
formação de ilhas de calor que, por sua vez, repercute em problemas na
saúde humana, no conforto térmico e na dinâmica do clima local.
As pesquisas que enfatizam os efeitos
das atividades antrópicas sobre o sistema climático são ainda pouco
difundidas em nosso país, principalmente aquelas que discutem os efeitos
das ilhas de calor na saúde humana e qualidade ambiental.
A ilha de calor é um fenômeno que
consiste no aumento da temperatura do ar nas áreas mais densamente
urbanizadas, como resultado da combinação de fatores ligados à
modificação das características térmicas da superfície, da ventilação e
do calor antropogênico adicionado na superfície urbana.
A ilha de calor
resulta da elevação das temperaturas nas zonas centrais das cidades, em
comparação aos seus arredores mais frescos - como as áreas rurais
(Figura 1) -, causada principalmente pela influência antrópica.
Figura 1: Esquema do comportamento de uma ilha de calor
O Proterm-DF objetiva realizar o
monitoramento do campo térmico no Distrito Federal, de forma
sistematizada, para caracterizar e compreender o comportamento da
temperatura na superfície e do ar, correlacionando com o padrão de uso e
cobertura da terra e, assim, identificar locais que favoreçam a
formação de ilhas de calor na área urbana.
O Projeto permitirá também
identificar áreas degradadas e verificar a influência da temperatura nos
corpos hídricos (dinâmica do ecossistema e parâmetros de qualidade da
água).
O Proterm subsidiará informações
relevantes para programas ou ações de melhoria do conforto térmico nas
regiões urbanas, recuperação de áreas degradadas, monitoramento da
qualidade da água e do ar. Além disso, poderá ser inserido como um
parâmetro nas diretrizes da arquitetura bioclimática, a fim de ser
utilizado também em programas de construções sustentáveis.
O monitoramento, que segue a metodologia
já desenvolvida em outros centros de pesquisa do Brasil, é composto por
três métodos que atuam conjuntamente. São eles: uso de imagens de
satélite banda termal, utilização de termo-higrômetros automáticos com
data logger e dados da estação meteorológica.
As imagens de satélite banda termal
utilizadas são dos satélites Landsat (5) e ASTER. Obtidas dos sites
oficiais e de instituições de pesquisa, elas servem para mapear a
temperatura da superfície por meio do processamento digital de imagem no
software SPRING 5.1.
A periodicidade de obtenção das imagens é de no
mínimo duas imagens por ano (uma da estação seca e uma da chuvosa), na
medida em que se tenham imagens de boa qualidade disponíveis.
Com isto,
há um comparativo inter-anual do comportamento da temperatura. Vale
ressaltar que, devido à resolução especial das imagens, elas são
aplicadas somente para o território do DF e poderão nortear as medições
in loco.
A partir de 2011, a identificação de
ilhas de calor e temperatura de entorno de corpos hídricos será
realizada por meio de medições pontuais utilizando termo-higrômetros
automáticos com data loggers.
Estes aparelhos serão colocados em
miniabrigos meteorológicos, que seguem o padrão da Organização
Meteorológica Mundial (OMM) e mensuram a temperatura e umidade do ar.
Eles são programáveis, podendo obter os dados em intervalos de segundo
ou horas, para se obter uma série temporal detalhada.
Os instrumentos
serão posicionados em locais estratégicos a fim de verificar a
influência de elementos do ambiente na temperatura (construções,
vegetação etc.).
Os dados dos termo-higrômetros e das imagens termais
serão referenciados com os dados de temperatura da estação meteorológica
oficial, conforme metodologia de estudo de campo térmico e
climatologia.
Assim, a partir dos dados obtidos por
meio das imagens termais e dos termo-higrômetros, serão organizados
mapas e gráficos que irão compor um banco de dados.
Haverá ainda a
elaboração de relatórios periódicos nos quais será apontada a influência
das ações antrópicas, dos elementos do espaço na temperatura,
contribuindo para a elaboração de programas, ações e medidas mitigadoras
para melhoria da qualidade de vida dos habitantes do Distrito Federal.
Resultados Preliminares
Durante a primeira etapa do Projeto
foram elaborados os mapas termais utilizando dados do sensor TM LandSat
5, desde a década de 80 até 2010, para relacionar a dinâmica de ocupação
no DF e verificar a tendência de temperatura no tempo e espaço.
Em seguida, foram elaborados mapas
(térmicos e carta imagem) de 1984 a 2010, totalizando aproximadamente 20
anos de dados. Segue abaixo algumas amostras dos mapas térmicos do
Distrito Federal, em quatro momentos diferentes:
Por meio do levantamento realizado, se
observa que, ao longo da série, a temperatura de superfície no
território do Distrito Federal apresenta indícios de elevação nas
estações chuvosa e seca, principalmente a partir de meados da década de
1990.
Esses indícios se dão tanto temporal como espacialmente, uma vez
que é possível notar claramente o aumento de áreas com temperaturas
elevadas - dentre as quais se destacam as áreas urbanas mais adensadas e
com pouca arborização, e as áreas rurais na parte leste do Distrito
Federal.
Em anos como 1998, 2007 e 2010, durante a estação seca, a
temperatura se exarcebou ainda mais nessas áreas.
A partir dos resultados obtidos até
então, é possível inferir que o comportamento da temperatura em
superfície pode estar relacionado com a expansão das áreas urbanas e
degradação nas áreas rurais, bem como com possíveis derivações
antrópicas nos climas locais do Distrito Federal.
Além disso, o DF já
apresenta quadro favorável à formação de ilhas de calor, assim como
outras metrópoles brasileiras, e consequentemente ao surgimento de
diversos problemas ambientais.
Baixar anexos:
- mapa_termico_1984.pdf (205 Downloads)
- mapa_termico_1988.pdf (208 Downloads)
- mapa_termico_2010.pdf (251 Downloads)