sexta-feira, 7 de junho de 2019

Senado comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente

Senado comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente



06 Junho 2019   |   0 Comments
WWF-Brasil, parlamentares, juristas, ministros e sociedade civil participaram de Sessão Especial

Por WWF-Brasil

Dentro da pauta de comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, o Senado Federal organizou esta manhã uma sessão especial que reuniu parlamentares, juristas, representantes da sociedade civil e de comunidades indígenas, ex-ministros de Meio Ambiente e o atual representante da pasta, Ricardo Salles. A ideia era traçar um panorama do cenário ambiental e “realizar pactos entre os presentes para garantir a conservação dos recursos naturais do Brasil”, como definiu a senadora Elziane Gama (PPS-MA), que presidiu e organizou o ato. Entretanto, Salles discursou brevemente e deixou o plenário antes mesmo de ouvir o único homólogo presente, o ex-ministro José Carlos Carvalho (governo Fernando Henrique Cardoso), além de parlamentares e representantes da sociedade civil. O “pacto” então proposto pela senadora Elziane rapidamente se transformou em avalanche de críticas contra o atual ministro do Meio Ambiente. 


Usando seu tempo, Salles disse que trabalha com foco em “gestão eficiente”. “Meu papel precisa ser de eficiência e de boa gestão para atingir objetivos com os recursos financeiros e humanos que temos”, afirmou. Citou ainda que seu ministério “não nega as mudanças climáticas; a forma de fazer é que muitas vezes é diferente”. Também afirmou que não é intenção do atual MMA extinguir as Unidades de Conservação (UCs), mas sim “regularizá-las para acabar com conflitos existentes”, como por exemplo “realizar pequenas mudanças de perímetro ou mudanças de categorias”. Negou que esteja promovendo o desmonte da pauta ambiental no país, momento em que foi vaiado. Ao finalizar a sua participação, citou o MapBiomas Alerta, sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento, que será lançado amanhã em Brasília, afirmando que se tratava de ferramenta “criada em sua gestão”, o que gerou nova onda de protestos por parte dos presentes e o início de uma série de críticas públicas por parte dos convidados.

A reação mais forte veio do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP): “Nunca a verdade foi tão violentada”. O senador passou então a desmentir Ricardo Salles. “O ministro diz que não nega as mudanças climáticas, mas a secretaria de Mudanças Climáticas do seu ministério foi extinta nos primeiros dias de sua gestão”, afirmou. “O Brasil, junto com os Estados Unidos, são os únicos países do mundo a não subscreverem o acordo global contra a expansão do plástico. Ele mente ao falar sobre o Fundo Amazônia: atualmente mais de 1 bilhão de reais e mais de 100 projetos estão paralisados e ele quer destinar os recursos do Fundo para quem desmatou, ou seja, atuar contra o propósito do próprio Fundo. O MapBiomas ser obra dele? É de autoria da sociedade civil que ele mesmo expulsou do Ministério”, afirmou Randolfe.

O gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel Santos, citou o papel importante do país para a sobrevivência no planeta: “Temos a maior biodiversidade e a maior floresta tropical do planeta; somos o segundo país com mais florestas contínuas; temos os rios livres mais longos; somos detentores de 12% da agua doce do planeta; sediamos a ECO92 e a Rio+20 e temos uma das legislações mais avançadas do mundo. No entanto, vivemos um sério risco do Brasil perder a liderança mundial no caminho do desenvolvimento sustentável porque a lista de retrocessos é interminável”, disse. Santos também listou retrocessos ambientais em curso: “Alguns exemplos da gravidade do que estamos vivendo são, por exemplo, a PEC que extingue a função sócio ambiental da propriedade rural, o PL que extingue as Reservas Legais, o decreto que acaba com a participação dos movimentos ambientalistas no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e todas as propostas de extinção, redução ou recategorizacao das Unidades de Conservação", afirmou. Michel Santos ressaltou o papel dos parlamentares que atrasaram a votação da MP 867 na Câmara dos Deputados, destacou o papel do Senado Federal ao evitar a aprovação da Medida e fez um apelo: “contamos com o Senado Federal para colocar o Brasil de volta na rota do desenvolvimento sustentável. Precisamos de instituições fortes e responsáveis que assumam compromissos com as gerações futuras”, finalizou.

Posicionamento dos ex-ministros de Meio Ambiente
Durante a sessão, a senadora Elziane leu manifestações de apoio à conservação ambiental e críticas à atual gestão em nome dos ex-ministros Gustavo Krause (governo FHC), Marina Silva (governo Lula) e Izabella Teixeira (governos Lula e Dilma). Krause disse que a conservação ambiental deve ser uma “convicção inabalável a ser exercida com convicção” pelo cargo de ministro. Marina Silva disse que “há pouco o que comemorar e muito a defender sobre tudo em tempos negativistas e negacionistas”. Izabella Teixeira falou em “momento crítico e de retrocessos ambientais, em que o servidor público da área ambiental é desprestigiado”.

O único ex-ministro presente, José Carlos Carvalho (governo FHC), iniciou sua fala dizendo que as políticas ambientais devem ser pontes para o desenvolvimento sustentável e lamentou o panorama atual. “Ao chegar aqui fui surpreendido com a informação de uma PEC que extingue a função socioambiental da propriedade rural. É inacreditável como a marcha do retrocesso corre célere. Não só no Executivo, mas no Congresso também”, afirmou. Carvalho se uniu às críticas à breve fala de Salles: “como não há desmonte? Há evidências que o confirmam. Houve o aniquilamento do Conama, uma das mais importantes conquistas da política ambiental brasileira, que deixou de ser nacional porque subtraiu a participação dos estados e a redução da participação da sociedade civil na tomada de decisões”, afirmou o ex-ministro. Carvalho quis mencionar ainda a MP 867, que caducou no dia 3 de junho: “O papel do Senado como Casa Revisora ficou claro quando abortou a MP 867. Se ela voltar a ser lançada com as modificações adotas pela Câmara, será uma afronta ao Senado Federal”, disse.

“Junho Verde” no Senado
A sessão especial, que durou quase quatro horas, ocorreu dentro das comemorações “Junho Verde – O Meio Ambiente Une”. A procuradora Geral da República, Raquel Dodge, e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, participaram juntamente com representantes de comunidades e movimentos indígenas e de organizações não governamentais como o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace, Instituo Ethos e Observatório do Clima. 
© Waldemir Barreto/Agência Senado Enlarge
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© Geraldo Magela/Agência Senado Enlarge
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As marcas da destruição do planeta



Blocos de gelo desprendidos do glaciar Grey na Patagonia.

As marcas da destruição do planeta

15 fotos

Nações Unidas radiografam a saúde da Terra e advertem que os Estados não estão no caminho certo para cumprir os principais tratados internacionais sobre meio ambiente



  • A crise ambiental para a qual o modelo insustentável de desenvolvimento do ser humano levou à Terra tem faces preocupantes. As mudanças climáticas ameaçadoras e transversais, a perda dramática da biodiversidade, a redução drástica da água doce disponível, a poluição do ar mortal, a inundação de plásticos nos mares e oceanos, a sobrepesca... Na imagem, um caranguejo está preso em um copo de plástico no mar na Passagem de Isla Verde, nas Filipinas, em 7 de março de 2019.
    1A crise ambiental para a qual o modelo insustentável de desenvolvimento do ser humano levou à Terra tem faces preocupantes. As mudanças climáticas ameaçadoras e transversais, a perda dramática da biodiversidade, a redução drástica da água doce disponível, a poluição do ar mortal, a inundação de plásticos nos mares e oceanos, a sobrepesca... Na imagem, um caranguejo está preso em um copo de plástico no mar na Passagem de Isla Verde, nas Filipinas, em 7 de março de 2019. EFE
  • O Departamento do Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) radiografou os principais problemas ambientais do planeta com base no conhecimento científico disponível. Na imagem, algumas vacas atravessam a lagoa seca de Aculeo, em Paine (Chile), em 9 de janeiro de 2019.
    2O Departamento do Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) radiografou os principais problemas ambientais do planeta com base no conhecimento científico disponível. Na imagem, algumas vacas atravessam a lagoa seca de Aculeo, em Paine (Chile), em 9 de janeiro de 2019. Reuters
  • A humanidade não está a caminho de cumprir as metas estabelecidas para 2030 e 2050 nos diversos acordos internacionais sobre mudança climática, desenvolvimento sustentável e proteção ambiental. Na foto, a poluição causada por veículos em uma rua em Nova Delhi (Índia), em 14 de novembro de 2017.
    3A humanidade não está a caminho de cumprir as metas estabelecidas para 2030 e 2050 nos diversos acordos internacionais sobre mudança climática, desenvolvimento sustentável e proteção ambiental. Na foto, a poluição causada por veículos em uma rua em Nova Delhi (Índia), em 14 de novembro de 2017. AFP
  • O relatório – o sexto publicado, o primeiro data de 1997 – sustenta que, embora em alguns pontos concretos haja alguma melhoria, desde que se publicou a primeira edição, há mais de 20 anos, "o estado geral do meio ambiente seguiu se deteriorando em todo o mundo". Na imagem, um cão sobre uma montanha de lixo em Nova Delhi (Índia), em 5 de março de 2019.
    4O relatório – o sexto publicado, o primeiro data de 1997 – sustenta que, embora em alguns pontos concretos haja alguma melhoria, desde que se publicou a primeira edição, há mais de 20 anos, "o estado geral do meio ambiente seguiu se deteriorando em todo o mundo". Na imagem, um cão sobre uma montanha de lixo em Nova Delhi (Índia), em 5 de março de 2019. AFP
  • Segundo a análise, os esforços de alguns países e regiões se veem entorpecidos por modelos de "produção e de consumo insustentáveis" e pela mudança climática. Na imagem, um casal junto a seus animais é resgatados de uma inundação em Burgaw, Carolina do Norte (Estados Unidos), em 17 de setembro de 2018.
    5Segundo a análise, os esforços de alguns países e regiões se veem entorpecidos por modelos de "produção e de consumo insustentáveis" e pela mudança climática. Na imagem, um casal junto a seus animais é resgatados de uma inundação em Burgaw, Carolina do Norte (Estados Unidos), em 17 de setembro de 2018. Reuters
  • "É necessário tomar medidas urgentes em uma escala sem precedentes para deter e reverter essa situação e, assim, proteger a saúde humana e ambiental", conclui o relatório. Na imagem, as chaminés de uma refinaria de petróleo no estado de Utah (Estados Unidos), em 10 de dezembro de 2018.
    6"É necessário tomar medidas urgentes em uma escala sem precedentes para deter e reverter essa situação e, assim, proteger a saúde humana e ambiental", conclui o relatório. Na imagem, as chaminés de uma refinaria de petróleo no estado de Utah (Estados Unidos), em 10 de dezembro de 2018. AP
  • A parte positiva é que conhecemos as medidas que devem ser tomadas e incluídas em tratados internacionais como o Acordo de Paris ou os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Devemos parar com a perda de biodiversidade e poluição do ar, melhorar a gestão da água e dos recursos, mitigar a mudança climática e nos adaptar a ela, usar os recursos eficientemente... Na imagem, voluntários limpam a baía de lixo de Lampung em Sumatra, em 21 de fevereiro de 2019.
    7A parte positiva é que conhecemos as medidas que devem ser tomadas e incluídas em tratados internacionais como o Acordo de Paris ou os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Devemos parar com a perda de biodiversidade e poluição do ar, melhorar a gestão da água e dos recursos, mitigar a mudança climática e nos adaptar a ela, usar os recursos eficientemente... Na imagem, voluntários limpam a baía de lixo de Lampung em Sumatra, em 21 de fevereiro de 2019. AFP
  • O mais negativo é que os diferentes estudos científicos analisados indicam que os países não estão se movendo nessa direção. A sexta edição do GEO alerta que as projeções indicam "que os avanços são muito lentos para atingir os objetivos, ou que eles até progridem na direção errada". Na imagem, edifícios envoltos por uma nuvem de poluição em Seul (Coréia do Sul), em 6 de março de 2019.
    8O mais negativo é que os diferentes estudos científicos analisados indicam que os países não estão se movendo nessa direção. A sexta edição do GEO alerta que as projeções indicam "que os avanços são muito lentos para atingir os objetivos, ou que eles até progridem na direção errada". Na imagem, edifícios envoltos por uma nuvem de poluição em Seul (Coréia do Sul), em 6 de março de 2019. REUTERS
  • Se as mudanças drásticas indicadas não ocorrerem, os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável serão violados. "A constante incapacidade de tomar medidas urgentes é ter impactos negativos sustentados e potencialmente irreversíveis nos recursos ambientais essenciais e na saúde humana", diz o relatório, preparado por 250 cientistas e especialistas de 70 países. Na imagem, um grupo de trabalhadores protege-se da poluição com máscaras durante uma manifestação em Seul (Coreia do Sul) em 6 de março de 2016.
    9Se as mudanças drásticas indicadas não ocorrerem, os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável serão violados. "A constante incapacidade de tomar medidas urgentes é ter impactos negativos sustentados e potencialmente irreversíveis nos recursos ambientais essenciais e na saúde humana", diz o relatório, preparado por 250 cientistas e especialistas de 70 países. Na imagem, um grupo de trabalhadores protege-se da poluição com máscaras durante uma manifestação em Seul (Coreia do Sul) em 6 de março de 2016. AP
  • O estudo foi apresentado na quarta-feira, coincidindo com a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Nairobi (Quênia), onde se espera algum acordo concreto para, por exemplo, reduzir o consumo de plásticos. Na imagem, vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica, no sudeste do Peru, causada pela mineração ilegal, em 19 de fevereiro de 2019.
    10O estudo foi apresentado na quarta-feira, coincidindo com a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Nairobi (Quênia), onde se espera algum acordo concreto para, por exemplo, reduzir o consumo de plásticos. Na imagem, vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica, no sudeste do Peru, causada pela mineração ilegal, em 19 de fevereiro de 2019. REUTERS
  • O problema da mudança climática - para muitos especialistas, o grande desafio da humanidade para este século - atravessa todo o relatório da ONU. Na imagem, bombeiros tentam apagar um incêndio na aldeia grega de Kineta, em 24 de julho de 2018.
    11O problema da mudança climática - para muitos especialistas, o grande desafio da humanidade para este século - atravessa todo o relatório da ONU. Na imagem, bombeiros tentam apagar um incêndio na aldeia grega de Kineta, em 24 de julho de 2018. GEtty
  • "A mudança climática altera os padrões climáticos, o que, por sua vez, tem um efeito amplo e profundo sobre o meio ambiente, a economia e a sociedade, o que põe em risco a subsistência, a saúde, a água, a segurança alimentar e energia das populações", explica a ONU. Na imagem, vista aérea da ponte ferroviária derrubada por um deslizamento de terra após o colapso, em 25 de janeiro de 2019, de uma barragem em uma mina de minério de ferro em Minas Gerais.
    12"A mudança climática altera os padrões climáticos, o que, por sua vez, tem um efeito amplo e profundo sobre o meio ambiente, a economia e a sociedade, o que põe em risco a subsistência, a saúde, a água, a segurança alimentar e energia das populações", explica a ONU. Na imagem, vista aérea da ponte ferroviária derrubada por um deslizamento de terra após o colapso, em 25 de janeiro de 2019, de uma barragem em uma mina de minério de ferro em Minas Gerais. GEtty
  • A biodiversidade - uma variedade de seres vivos, espécies e ecossistemas - também está em crise. Enfrenta uma luta desigual dominada pela transformação do solo, perda e degradação de habitats, práticas agrícolas insustentáveis, disseminação de espécies invasoras, poluição e superexploração. Na imagem, os restos mortais de um urso polar morto como resultado da falta de comida devido à mudança climática, fotografado em julho de 2013, no oeste de Svalbard (Groenlândia).
    13A biodiversidade - uma variedade de seres vivos, espécies e ecossistemas - também está em crise. Enfrenta uma luta desigual dominada pela transformação do solo, perda e degradação de habitats, práticas agrícolas insustentáveis, disseminação de espécies invasoras, poluição e superexploração. Na imagem, os restos mortais de um urso polar morto como resultado da falta de comida devido à mudança climática, fotografado em julho de 2013, no oeste de Svalbard (Groenlândia). Getty
  • Os principais inimigos dos oceanos e das costas são o aquecimento global, a acidificação da água (devido à captura de CO2), a poluição marinha, com os plásticos em primeiro lugar, e seu uso crescente para a produção de alimentos, juntamente com o transporte, os assentamentos e a extração de recursos. Na imagem, vista aérea do desaparecimento do mar de Aral em 2018, no Uzbequistão.
    14Os principais inimigos dos oceanos e das costas são o aquecimento global, a acidificação da água (devido à captura de CO2), a poluição marinha, com os plásticos em primeiro lugar, e seu uso crescente para a produção de alimentos, juntamente com o transporte, os assentamentos e a extração de recursos. Na imagem, vista aérea do desaparecimento do mar de Aral em 2018, no Uzbequistão. GEtty
  • Ecossistemas marinhos como os recifes de corais estão sendo devastados e enfrentam uma descoloração maciça causada pelo calor crônico que já afeta 70% dessas superfícies no mundo. A Grande Barreira de Corais da Austrália é uma das mais afetadas, com mais de 50% de sua área atingida, enquanto os manguezais perderam entre 20% e 35% de seu alcance desde 1980. Na imagem, mergulhadores nadam em uma cama de corais mortos na Ilha Tioman da Malásia, em 2018.
    15Ecossistemas marinhos como os recifes de corais estão sendo devastados e enfrentam uma descoloração maciça causada pelo calor crônico que já afeta 70% dessas superfícies no mundo. A Grande Barreira de Corais da Austrália é uma das mais afetadas, com mais de 50% de sua área atingida, enquanto os manguezais perderam entre 20% e 35% de seu alcance desde 1980. Na imagem, mergulhadores nadam em uma cama de corais mortos na Ilha Tioman da Malásia, em 2018. Reuters

Curso aborda a coleta de sementes em árvores altas adotando técnicas de escalada.

Caros Professores e colegas da área ambiental,

Para setembro próximo, organizaremos um treinamento de 40h que complementa alguns dos ensinamentos oferecidos pela Universidade.

O evento abordará o uso de técnicas de escalada modernas e seguras, como alternativa viável para a coleta de sementes em árvores nativas de porte muito elevado.

Enfatizamos a necessidade dessa técnica principalmente para as espécies que possuem frutos com características deiscentes e sementes aladas, difíceis ou impossíveis de serem coletadas no interior da floresta. De onde o podão não alcança. É importante destacar que a utilização das técnicas no curso se mostram extremamente úteis também para outras áreas, como estudos em dossel (biologia, botânica, fotografia, pesquisas), coleta de material botânico, restauração ecossistêmica, etc.

Trata-se de um projeto de grande sucesso, desde o nosso tempo de pesquisador na Embrapa Florestas.

Pedimos que visitem a nossa página na internet a fim de se inteirarem do tema.

Em seguida, solicitamos que repassem aos seus estudantes.

Desde já agradecemos pelo apoio.

Muito obrigado,

Medeiros
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Curso aborda a coleta de sementes em árvores altas 
adotando técnicas de escalada.
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Olá,
Em parceria com a Prefeitura Municipal de Florianópolis através da FLORAM - Fundação Municipal do Meio Ambiente, realizaremos o XII Curso FORMAÇÃO DE COLETORES DE SEMENTES FLORESTAIS NATIVAS, para o qual queremos te convidar.
O Curso acontecerá de 09 a 13 de setembro de 2019, na sede do Monumento Municipal da Lagoa do Peri (Parque Municipal da Lagoa do Peri), Florianópolis-SC, localizado na Estrada Francisco Thomas dos Santos, 3150 /km 3 - Sul da Ilha - Florianópolis.
O principal objetivo do Curso será atualizar os participantes em planejamento da coleta de sementes, tecnologia e fisiologia básica de sementes florestais e, devido às grandes dificuldades em se coletar sementes em árvores muito altas, capacitar os participantes nas técnicas seguras e modernas de escalada e rapel. Nossas técnicas possibilitam que o coletor alcance a copa de qualquer tipo de árvore, seja de que altura ou formato/circunferência for o tronco.
Estão incluídos na Inscrição:
  • Alojamento no Parque Municipal
  • Lanche nos intervalos das aulas
  • Equipamentos e acessórios de escalada e rapel: Todos os participantes receberão os equipamentos e acessórios de segurança para as aulas práticas personalizadas
  • Seguro de vida e acidentes pessoais
  • Certificado de participação no curso de 40 horas
  • Pasta com material do Curso
  • Material bibliográfico informatizado.
  • BANCO DE DADOS: sistema informatizado para a marcação de árvores matrizes e a coleta de sementes, englobando também a fase de controle de qualidade de sementes florestais nativas da Mata Atlântica.
  • Luvas de segurança para escalada e rapel
  • Óculos de segurança para escalada e rapel
  • Brinde: No encerramento do Curso será sorteado um brinde bastante útil para os coletores de sementes entre os participantes do Curso.
Te convidamos a acessar a página do curso, <http://www.ambientalmataatlantica.eco.br/curso.php?recordID=1> onde existem fartas informações sobre valores e parcelamento da taxa de inscrição.
Condições especiais para estudantes.
Estudante ou profissional, nos avise se vier em dupla (inscrição com desconto)
Faça contato com a Ambiental Mata Atlântica! Aguardamos pela sua mensagem por e-mail ou whatsapp 41 9 9228 5192.
logomarca-email
Engº Agrº Antonio Carlos de Souza Medeiros 
AMBIENTAL MATA ATLÂNTICA: Treinamento e Consultoriawww.ambientalmataatlantica.eco.br
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/6801996010772613
facebook.com/ambientalmataatlantica

+55 41 99228 5192

Mais de 600 cientistas pedem que UE pressione Bolsonaro contra desmatamento no Brasil

Mais de 600 cientistas pedem que UE pressione Bolsonaro contra desmatamento no Brasil

Os pesquisadores sugerem utilizar as negociações comerciais para obrigar o Governo brasileiro a respeitar o meio ambiente




Indígena pula árvore derrubada ilegalmente no Pará.
Indígena pula árvore derrubada ilegalmente no Pará.

Um grupo a mais de 600 cientistas europeus e 300 organizações indígenas pediram à União Europeia que aproveite as atuais negociações comerciais com o Brasil para pressionar o Governo de Jair Bolsonaro a respeitar o meio ambiente e os direitos humanos.


A carta aberta, publicada em 25 de abril na revista Science, afirma que a UE gastou mais de 3 bilhões de euros em ferro brasileiro em 2017, “apesar dos perigosos padrões de segurança e do enorme desmatamento provocado pela mineração”. Só em 2011, segundo eles, a UE importou do Brasil quantidades de carne e alimento para gado associados a uma desflorestação de mais de 1.000 quilômetros quadrados, uma superfície “equivalente a mais de 300 campos de futebol por dia”.
O ultradireitista Bolsonaro chegou à Presidência do Brasil proclamando que acabaria com “o ativismo ambiental” e com a “indústria de demarcação” de terras indígenas. Os 600 cientistas pedem à UE que “aproveite esta oportunidade” para derrubar as piores promessas do presidente brasileiro. Já em outubro, Bolsonaro anunciou que não tiraria Brasil do Acordo de Paris contra a mudança climática, apesar de ter prometido que o faria. Abandonar o pacto ambiental implicaria perder certificados internacionais de qualidade essenciais para as exportações de seu setor agrícola.

“A UE foi fundada sobre os princípios do respeito aos direitos humanos e à dignidade humana. Hoje, tem a oportunidade de ser líder mundial no apoio a estes princípios e a um clima habitável, fazendo da sustentabilidade a pedra fundamental de suas negociações comerciais com Brasil”, assinalam os 600 cientistas, encabeçados pela ecologista Laura Kehoe, da Universidade de Oxford (Reino Unido).

“Neste exato momento, os consumidores europeus não têm como saber quanto sangue há realmente em seus hambúrgueres”, declarou Kehoe, uma jovem pesquisadora de pós-doutorado que trabalhou em projetos ambientais na Bolívia, África do Sul, Guiné, Canadá e México. “A UE gasta mais de 2.000 milhões de euros a cada ano em alimento para o gado comprado no Brasil, apesar de não saber se provém de terras desmatadas”, asseguram os cientistas e os ativistas indígenas no site criado para difundir sua mensagem.

A finlandesa Heidi Hautala, vice-presidenta do Parlamento Europeu e política do Grupo da Verdes/Aliança Livre Europeia, respaldou publicamente o apelo dos pesquisadores. Os eurodeputados espanhóis Jordi Solé, de Esquerra Republicana de Catalunha, e Florent Marcellesi, de Equo, também apoiaram o grupo.

Em outra carta publicada no portal científico The Conversation , Kehoe chegou a assegurar que “o genocídio é uma possibilidade real se não se faz nada para proteger os povos indígenas e suas terras”.
Adere a The Trust Project

Por que os indígenas são a chave para proteger a biodiversidade planetária

Por que os indígenas são a chave para proteger a biodiversidade planetária

A ONU destaca que nas terras habitadas pelos povos originários o desaparecimento de espécies é mais lenta que no resto do mundo

Crianças brincam em aldeia dentro da Terra Indígena Yanomami, onde vivem 25.000 índios
Crianças brincam em aldeia dentro da Terra Indígena Yanomami, onde vivem 25.000 índios
O último relatório da ONU que alerta sobre a velocidade com que as espécies estão se extinguindo (uma de cada oito está ameaçada) assinala que essa destruição da natureza é mais lenta nas terras onde vivem os povos indígenas do que no resto do planeta. Mas também destaca a crescente ameaça que ronda essas comunidades na forma de expansão da agricultura, urbanização, mineração, novas infraestruturas... O Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia e o ecossistema mais rico do mundo, é um dos países onde essa ameaça é mais evidente. Além dos fatores mencionados, aqui se soma o presidente. Jair Bolsonaro é partidário de explorar comercialmente a Amazônia e assimilar os indígenas.

Os indígenas brasileiros são cerca de 800.000 (0,6% da população), estão divididos em 225 grupos e vivem em 14% do território. Pode parecer pouca população em muita terra, mas cumprem funções-chave para preservar a natureza. A especialista Nurit Bensusan, da ONG Instituto Socioambiental (ISA), detalha essas funções: “Por um lado, conservam a integridade das terras em que vivem e tentam, e frequentemente conseguem, evitar que entrem madeireiros, garimpeiros, grileiros... e, como sabemos que a maior ameaça às espécies é a deterioração de seu meio ambiente, o papel que desempenham é crucial”. Basta olhar um mapa para ver que as áreas onde vivem os indígenas sofrem menos desmatamento que as demais. No ano passado, o desmatamento atingiu 7.900 quilômetros quadrados, a maior área desde 2008.

Mas, acrescenta a especialista, o papel dos indígenas tem uma segunda dimensão: “Por conhecerem tão intimamente as florestas, eles têm uma percepção muito antecipada, antes de todos, das mudanças ambientais. Sabem como lidar com isso. Por exemplo, param de caçar em uma área durante um tempo… e assim aliviam o impacto antes que quaisquer outros”. Os indígenas são parte essencial dos alertas rápidos e da prevenção. Muitos vivem nas mesmas terras há 10.000 anos, mas desde a conquista até os anos 1970 as populações indígenas foram dizimadas na América e muitas etnias se extinguiram. A Fundação Nacional do Índio (Funai) lembra que isso era considerado uma “contingência histórica, algo inevitável”. Uma abordagem que mudou nas últimas décadas, quando os povos indígenas começaram a ser oficialmente protegidos. Mas o problema se agravou porque agora, no Brasil, a ameaça vem do topo do poder político.
Bolsonaro, um militar da reserva de extrema direita que na campanha eleitoral combateu a defesa do meio ambiente, segue nessa linha desde que assumiu o poder, em 1º de janeiro. Desistiu de abandonar o Acordo de Paris contra a mudança climática (porque foi advertido de que isso afetaria as exportações para a Europa), mas tomou uma série de decisões de reorganização ministerial e nomeações, entre outras, que causam profunda preocupação no mundo ambientalista brasileiro. E também no estrangeiro. Nada menos que 600 cientistas europeus pediram na semana passada que a União Europeia aproveite as negociações comerciais com o Brasil para pressionar o presidente e reforçar a luta contra o desmatamento.

Para o Greenpeace, estes quatro meses de Governo Bolsonaro significaram “o desmantelamento não só da legislação, como também das estruturas (administrativas) que garantem a preservação do meio ambiente e dos povos indígenas, com mudanças nos orçamentos, desautorização de operações de combate do desmatamento...”, explica Tica Minami, diretora de campanhas do Greenpeace no Brasil. Um dos primeiros decretos do presidente retirou da Funai a competência para demarcar as terras indígenas, transferindo-a para o Ministério da Agricultura, que sempre esteve na órbita da indústria agropecuária, mas agora é comandado por uma representante desse setor. A ministra Tereza Cristina Dias era a líder da bancada parlamentar do agronegócio.

“Este Governo não identificou, declarou nem homologou uma única terra indígena”, denunciam o ISA e o Conselho Indigenista Missionário, vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em um comunicado. O dirigente indígena Dinamam Tuxá afirma nesse comunicado, divulgado segunda-feira, que “assim foram quatro meses de um Governo genocida que tem quatro anos pela frente”. Ele ressalta que, em caso de disputa, se o Governo não atua para “mediar ou garantir os direitos, quem leva a pior parte é o povo indígena”.

Os povos indígenas têm um capítulo próprio na Constituição de 1988, que reconhece seu direito sobre as terras que habitam. Eles já estavam lá antes da chegada dos colonizadores e da fundação do Estado do Brasil. E, na atual legislatura, têm uma representante no Congresso federal, a advogada Joênia Wapichana.

Há algumas semanas, o chefe do Executivo recebeu um pequeno grupo de representantes dos indígenas no Palácio do Planalto, às vésperas da marcha anual dessas comunidades, para reivindicar seus direitos, além de saúde e educação. Bolsonaro afirmou a seus interlocutores que eles vivem em terras riquíssimas e que a exploração delas renderia uma fortuna.

O que acontece no Brasil é fundamental porque tem efeitos no resto do mundo, já que o país tem a maior floresta tropical e o ecossistema mais rico do planeta. Mas o país também é líder em assassinatos de ativistas ambientalistas. Com as políticas de Bolsonaro, “o Brasil deixa de cumprir seu papel na luta global contra a mudança climática”, sentencia Minami.
Adere a The Trust Project

Pesquisadores alertam para relação do uso do agrotóxico e malformações congênitas

Pesquisadores alertam para relação do uso do agrotóxico e malformações congênitas


pulverização aérea de agrotóxicos

Médica e pesquisadora Silvia Brandalise, convida a todos para reflexão e ações em defesa da vida: “os efeitos dos agrotóxicos estão contribuindo silenciosamente para o desenvolvimento de enfermidades gravíssimas nas gerações futuras”

Por Marina Prado
Chegamos ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 05 de junho, em um momento crítico para o nosso planeta. É preciso agir agora, para minimizar os impactos da sociedade de hoje sobre as futuras gerações, pois a natureza já manda sinais de alerta.

Exemplo disso são os resultados de pesquisas científicas brasileiras, que relatam a associação entre a exposição de gestantes a agrotóxicos e a malformação congênita dos bebês.

“A maioria dos defeitos fetais está associada a causas genéticas e ambientais, entre elas, a exposição de gestantes ao uso intensivo de agrotóxicos”, aponta estudo brasileiro publicado pelo renomado periódico inglês BMC Pediatrics.

O objetivo desse estudo foi investigar a associação entre a exposição parental aos agrotóxicos e a ocorrência de malformações congênitas. Os resultados mostraram que a malformação fetal está relacionada tanto à exposição das mães quanto dos pais aos agrotóxicos. “As crianças cujos pais foram expostos aos pesticidas e cujas mães têm baixo nível de educação são mais susceptíveis a malformações congênitas”, conclui o estudo. A pouca escolaridade das mães influencia, neste caso, pois resulta na inadvertência em manusear roupas e utensílios dos maridos, contaminados com agrotóxicos durante o período de trabalho, com o consequente maior exposição.

Outro estudo brasileiro, realizado pela Universidade Estadual do Mato Grosso e publicado pela revista Ciência & Saúde Coletiva, analisou a associação entre o uso de agrotóxicos e as malformações congênitas em municípios com maior exposição aos agrotóxicos em Mato Grosso.
Os resultados também demonstram que a exposição materna aos agrotóxicos nos períodos pós-fecundação (primeiro trimestre gestacional) e no período total (soma dos três meses antes da fecundação e o primeiro trimestre gestacional) “está associada às malformações congênitas dos municípios selecionados, sugerindo que populações intensamente expostas aos agrotóxicos apresentam maior risco de malformação fetal, trazendo um alerta sobre a necessidade da maior atenção à saúde da população, bem como a importância de se realizar o monitoramento da utilização dos agrotóxicos e contaminação humana e ambiental nesses municípios”.

Mesmo com a variedade de estudos sobre os riscos que os agrotóxicos representam à saúde humana, especialistas alertam que as políticas públicas ainda não mudaram de acordo com essas evidências. Em alguns casos, as mudanças parecem acontecer na direção oposta.

No estado de Mato Grosso, decreto de 2013 reduziu as distâncias permitidas para aplicação terrestre de agrotóxicos. Ou seja, hoje é permitido aplicar ainda mais perto de povoados, cidades e cursos d´águas. A distância mínima autorizada era de 200 metros no estado, e em 2013 foi reduzida para 90. Outras mudanças implementadas no mesmo ano reduziram a transparência sobre o uso das substâncias. O INDEA – Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso, órgão estadual que antes publicava as substâncias e as quantidades de agrotóxicos utilizadas em cada município, hoje não divulga mais esse monitoramento.

De acordo com a Dra. Silvia Brandalise, médica e pesquisadora, presidente do Centro Infantil Boldrini, hospital que é referência na América Latina no tratamento infantil de doenças onco-hematológicas, “as evidências científicas disponíveis em nível mundial já apresentam conteúdo suficiente para justificar a necessidade de novos modos de produção, visando minimizar os efeitos nocivos dos agrotóxicos na saúde humana”. A Dra. Silvia cita ainda o exemplo da União Europeia, que já proibiu o uso da atrazina (cuja influência na malformação congênita já foi relatada por estudos brasileiros) e estuda a proibição do glifosato.

“Gostaria de aproveitar essa data, o Dia Mundial do Meio Ambiente, para chamar todos não somente para uma reflexão, mas para ações em defesa da vida. Os efeitos dos agrotóxicos estão contribuindo silenciosamente para o desenvolvimento de enfermidades gravíssimas nas gerações futuras. Precisamos tomar atitudes individuais e coletivas de consumo consciente e conscientização para um esforço conjunto para o bem comum das gerações de agora e do futuro”, finaliza Dra. Silvia.
Estudos citados no texto:

Oliveira, N.P. Malformações congênitas em municípios de grande utilização de agrotóxicos em Mato Grosso, Brasil. Instituto de Saúde Coletiva. Universidade Estadual de Mato Grosso. DOI: 10.1590/1413-812320141910.08512014.

http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n10/1413-8123-csc-19-10-4123.pdf

Ueker,M.E. et al sobre Exposição dos pais a pesticidas e a ocorrência de malformações congênitas: estudo de caso controle. BMC Pediatrics (2016):16:125. DOI: 10.1186/s12887-016-0667-x.
https://bmcpediatr.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12887-016-0667-
x?site=bmcpediatr.biomedcentral.com

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 05/06/2019

Pesquisadores alertam para relação do uso do agrotóxico e malformações congênitas

, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 5/06/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/06/05/pesquisadores-alertam-para-relacao-do-uso-do-agrotoxico-e-malformacoes-congenitas/.

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Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José? artigo de Gilvander Moreira

Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José? artigo de Gilvander Moreira


Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?”

Com o Tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum”, e  o Lema “Vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?” aconteceu em Itabira, MG, a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, dia 02 de junho de 2019, domingo. Participaram cerca de 10 mil pessoas, romeiras e romeiras da mãe terra e da irmã água, todos/as irmanadas/os na defesa da nossa única Casa Comum: o planeta Terra. 

Com dois caminhões de som interligados, com a presença do cantor e compositor das CEBs, Zé Vicente, com músicas proféticas, com gritos de luta, com palavras de pessoas golpeadas pela mineração, durante toda a manhã de ontem, 02 de junho de 2019, por muitas ruas e avenidas de Itabira, aconteceu a 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. 


E aconteceu com a presença de Nossa Senhora Aparecida, de São Francisco de Assis (patrono da Romaria das Águas e da Terra), com um grande cruzeiro que foi carregado solidariamente e ao final da Romaria fincado ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Piedade, na Praça José Máximo Resende Filho, em Itabira, que será o símbolo ad eternum dessa 4ª Romaria. Deixamos plantadas na portaria da mina Cauê, da mineradora Vale, em Itabira, mais de 300 cruzes, cada uma com o nome de um/a dos/as mártires das mineradoras VALE/SAMARCO/BHP e Estado. 


Ao final da Celebração Eucarística da 4ª Romaria, foram distribuídas mais de 300 mudas de plantas nativas, cada uma também com o nome de um/a dos/as mártires dos crimes/tragédias das mineradoras/Estado e levadas pelas romeiras e romeiros para serem plantadas e cuidadas. Isso é sinal de que a luta conjunta de todas as forças vivas da sociedade vencerão essa máquina de guerra devastadora que está em ação sob a liderança da mineradora Vale e outras mineradoras, com a cumplicidade do Estado: poderes executivos, legislativo e judiciário em todos os níveis, salvo raras exceções. E, obviamente, com o respaldo do poder midiático. 


Sob a batuta da classe dominante, as mineradoras, em conluio com o Estado Brasileiro, estão fazendo guerra contra os povos, contra a mãe terra, contra a irmã água, contra todos os seres vivos e contra as futuras gerações. Os megaprojetos de mineração chegaram à exaustão e estão causando o colapso das condições materiais de vida. Não dá mais para tolerar essa máquina assassina que é o sistema capitalista, com agronegócio, monoculturas e mineradoras espalhando terror nos territórios como dragão do Apocalipse. 

Essa 4ª Romaria oxigenou com espiritualidade profética as milhares de pessoas que dela participaram. Vimos e experimentamos que a terra natal do poeta Carlos Drumond de Andrade e o berço da mineradora Vale, Itabira, se tornou uma cidade dentro de crateras da mineração, sempre coberta pela poeira tóxica e por resíduos de minério que a gente vê a todo instante nas ruas, nas calçadas e sobre as casas. Segundo pesquisas da Universidade de São Paulo (USP), Itabira se tornou uma das cidades do Brasil campeã em número de pessoas com depressão e em número de suicídio, tudo isso consequência da exploração de minério. Mas também Itabira está se tornando uma cidade cada vez mais com um povo lutador pelos seus direitos. 

Com alegria, socializamos, abaixo, duas pérolas proféticas da 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce: um pequeno texto de Zé Vicente e a Carta da 4ª Romaria.
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Se a gente se calar, as pedras vão gritar! Se a gente se dividir, as pedras vão se unir!
Por Zé Vicente, cantor e compositor das CEBs

Ontem, dia 02 de junho de 2019, pela manhã, nas grandes avenidas e na rodovia que circunda a mina controlada pela mineradora Vale, em Itabira, MG, mais de dez mil pessoas marcharam, mostrando que somos e seremos cada vez mais um povo unido. Gritamos, como, e com a força das pedras e montanhas de nossa terra, por Vida, com justiça. Pelos direitos sagrados, humanos e ambientais.


Aqui na casa do Poeta Carlos Drumond de Andrade, entendi melhor o seu poema: ” No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho…  No meio do caminho tinha uma pedra…” Sim, querido poeta, unidos seremos a Pedra no sapato e nas consciências dos tecnocratas e magnatas do mercado e dessas Vales sem escrúpulos e, desses que vendem nossas fontes de água e de riqueza, que pertencem, em primeiro e inegociável lugar, ao Povão brasileiro. 


Pedra seremos no Caminho do Sistema que mata e anestesia a mente e a lucidez das pessoas, usando e corrompendo governos, poderes legislativos, judiciários, grande mídia e até certos pastores e grupos de influência religiosa, que distorcem e manipulam a Palavra para abençoar tiranos e corruptos assassinos. 


Uma placa na entrada da Vale usava uma frase de um Salmo bíblico para seu falso sossego. Vejam nas fotos. Ontem, fizemos história na 4a Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce e Dioceses desta Região e da Vizinhança. Seguiremos, em nome de todas as vítimas dos crimes em Mariana, Brumadinho e em qualquer lugar de nosso Planeta; com a bênção de Deus a quem somente daremos a Honra, o Poder e a Glória. 

Uma quaresmeira florida nos sorriu de dentro da mina, sinalizando que podemos contar com as flores e, com pessoas que, mesmo dentro da engrenagem, não farão o jogo de seus crimes.


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Carta da 4ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce
Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum.
Vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?
Somos um povo peregrino, povo em romaria, em busca da terra prometida, construtor do reinado de Deus, que é um reino “de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14, 17). Por isso, caminhamos na força de um sonho maior, solidário com todas as pessoas que têm “fome e sede de justiça”, a justiça do Reino, sempre por ser atingida e realizada. Trazemos nossa solidariedade com todas as vítimas dos crimes/tragédias socioambientais provocados pelas empresas mineradoras em nossas Minas Gerais e outras regiões deste planeta, anunciando-lhes uma boa notícia: “felizes os que choram”. Suas lágrimas fecundam toda criação, pois “também a própria criação espera ser libertada da escravidão da corrupção, em vista da libertação que é a glória dos filhos de Deus” (Romanos 8, 21).
Caminhamos pelas terras sagradas de Itabira, MG, que contêm “noventa por cento de ferro nas calçadas e oitenta por cento de ferro nas almas”, como canta o poeta. Itabira é a síntese de nosso Estado, a terra mineira prometida por Deus ao seu povo de ontem e de hoje, conforme descrita, de forma minuciosa, na Bíblia, em Deuteronômio 8,7-14; 8,19; 29,21-23. Nesse texto sagrado, Deus garante que o seu povo vai encontrar uma terra boa e com muita água. Terra boa para agricultura e até para a mineração. E Deus mesmo estabelece um limite para a sua exploração, mediante normas de conduta que garantam o bem comum, promovam as pessoas e assegurem a natureza. Quando essas regras são descumpridas, vem a maldição (29,21-23).

Olhe! Javé seu Deus vai introduzir você numa terra boa: terra cheia de ribeirões de água e de fontes profundas que jorram no vale e na montanha; terra de trigo e cevada, de vinhas, figueiras e romãzeiras, terra de oliveiras, de azeite e de mel; terra onde você comerá pão sem escassez, pois nela nada lhe faltará; terra cujas pedras são de ferro e de cujas montanhas você extrairá o cobre. Quando você comer e ficar satisfeito, bendiga a Javé seu Deus pela boa terra que lhe deu. Contudo, preste atenção a si mesmo, para não se esquecer de Javé seu Deus e não deixar de cumprir seus mandamentos, normas e estatutos, que hoje eu ordeno a você”.


Diante da Palavra de Deus, de sua promessa e de suas advertências, entendemos que, neste momento histórico, somos desafiados a assumir uma responsabilidade crítica e propositiva sobre as atividades mineradoras em nossa região e em nosso planeta.  Conscientes de que somos herdeiros das promessas divinas e de que “O Senhor Deus é nossa força, Ele nos dá pés ligeiros como os da gazela e nos faz caminhar nas alturas” (Cf. Habacuc 3,19), subimos ao Pico do Amor, no bairro Campestre e chegamos à Paróquia Nossa Senhora da Piedade, trazendo os gritos de toda a população da Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum e os gritos da mãe terra, assumindo uma verdadeira “conversão ecológica”, como nos adverte o Papa Francisco: “As religiões têm um papel fundamental a desempenhar, pois, para garantir um futuro sustentável corretamente, precisamos reconhecer nossos erros, pecados, faltas e falhas, o que leva a um sincero arrependimento e desejo de mudança. Dessa forma, podemos nos reconciliar com os outros, com a criação e com o Criador“. Somente assim, podemos “nos comprometer a promover e implementar um desenvolvimento sustentável, apoiados pelos nossos mais profundos valores religiosos e éticos, considerando que o desenvolvimento humano não é apenas uma questão econômica ou dos especialistas: é uma vocação, um chamado que requer uma resposta livre e responsável de todos, que se desenvolvam em conjunto com a nossa irmã Terra e nunca contra ela“.


Condenamos o atual modelo econômico devastador e destruidor, que é voraz, orientado apenas para o lucro: Vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! Propomos uma mudança de paradigma em todas as nossas atividades econômicas, incluindo a mineração, pois somos responsáveis por entregar às gerações futuras um mundo melhor do que este que recebemos. Temos conhecimentos e condições suficientes para reorganizar a vida em sociedade para além do sistema extrativista, materialista, individualista e consumista, que quer a todos devorar. 


Somos também solidários com a Igreja Pan Amazônica em seu Sínodo a se realizar em outubro, na busca de novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral.

De Itabira, sob as bênçãos de Deus, renovamos, com esta Romaria, nossas forças e organização, nosso compromisso com a vida, em todas as suas expressões e dimensões, a partir de nossa Bacia do Rio do Doce, nossa Casa Comum.

Itabira-MG, 02 de junho de 2019.
Romeiros e romeiras da 4ª Romaria das Águas e da Terra da bacia do Rio Doce.
Romeiros e romeiras da 4ª Romaria das Águas e da Terra da bacia do Rio Doce.

Obs.: O vídeo abaixo ilustra o assunto acima.
1 Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.gilvander.org.brwww.freigilvander.blogspot.com.brwww.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/06/2019

Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José? artigo de Gilvander Moreira

, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 6/06/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/06/06/com-mineracao-vao-se-os-bens-da-criacao-ficam-miseria-e-destruicao-e-agora-jose-artigo-de-gilvander-moreira/.

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