quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Todo projeto de futuro tem de mirar a biodiversidade



Todo projeto de futuro tem de mirar a biodiversidade


por Marcio Santilli, publicado na ECO21 – 

Estamos nos aproximando do momento decisivo da campanha para as eleições de Outubro. O Brasil atravessa uma crise múltipla e profunda, com desemprego em massa, miséria voltando, violência civil generalizada, corrupção crônica, educação ineficaz, caos e desassistência à saúde e milhares de jovens deixando o país em busca de oportunidades. Porém, enfrentar a crise, com sucesso, exige projeto de país.

Temas como o manejo da biodiversidade e a economia das populações tradicionais parecem secundários diante de tantas emergências. Mas já não há como ignorar a sua essencialidade para qualquer projeto de futuro que se pretenda, embora a maioria dos 13 candidatos à Presidência da República pareça não saber disso, ou não concordar.


Quando se soma a extensão dos Parques e Reservas Nacionais e Estaduais, dos quilombos titulados por Estados ou União, das Terras Indígenas e das áreas públicas concedidas para uso de comunidades extrativistas, chega-se a 31% do território brasileiro e a mais da metade da Amazônia Legal. Trata-se da parte do território que conserva mais e melhor a diversidade biológica dos nossos biomas e que também faz do Brasil o país mais megadiverso da Terra.
Márcio Santilli: Filósofo. Sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), ativista dos direitos dos povos indígenas
Não há um censo apurado das populações que vivem nessas áreas ou mantêm relação direta com elas. Estima-se que a soma das populações extrativistas (ribeirinhos, caiçaras, seringueiros), quilombola e indígena, em todo o país, possa chegar a 18 milhões de pessoas, incluídas as que vivem em áreas que ainda não foram destinadas pelos poderes públicos. Para viverem nessas áreas, essas populações desenvolveram, secularmente, diversas formas de relação com cada ambiente, acumulando conhecimentos especializados sobre eles, o que é essencial para o desenvolvimento da biotecnologia.


Também não temos referências, senão fragmentárias, sobre a produção agroflorestal oriunda dessas regiões. Mas os indicadores disponíveis mostram uma tendência de crescimento, apesar das dificuldades concorrenciais que boa parte dessa produção enfrenta devido às condições de logística para escoamento e comercialização. Políticas de fomento e de assistência técnica podem multiplicar essa produção e torná-la disponível para consumo em geral. Da mesma forma é inesgotável o potencial nessas regiões para o desenvolvimento do turismo de base comunitária. Além disso, essas populações produzem e consomem mais e melhores alimentos e medicamentos naturais do que a população urbana de baixa renda.


Além da biodiversidade, esses territórios conservam um formidável estoque de carbono (CO2) florestal. Se o desmatamento, o fogo ou o impacto do aquecimento global provocar a liberação do CO2 contido nas florestas, a luta da humanidade para conter as mudanças climáticas poderá fracassar. As florestas são responsáveis pela reprodução e transporte das chuvas amazônicas até as principais cidades e regiões agrícolas do Cone Sul. A sua conservação não interessa apenas às populações locais, mas a todos.


Não faz sentido separar conservação e produção num contexto de crise climática que se agrava. O desmatamento (não compensado) é um tiro no pé da produção agropecuária. Isso não é retórica, nem teoria: apesar de o Brasil dispor do maior estoque de água doce do mundo, as crises hídricas deixaram de ser um problema nordestino e estão atacando São Paulo, Brasília e outras regiões, ameaçando as condições de vida. Há focos de desertificação em expansão em várias partes do território nacional.


Alguns dos candidatos a presidente apresentam programas de governo que, de formas diferentes, colocam a agenda socioambiental como um dos seus elementos centrais: “Transversalidade”, “Transição Ecológica”, “Eco Socialismo”, “Economia Pós Carbono”, “Sustentabilidade”. Outros, porém, enfatizam, sofregamente, a “retomada do crescimento econômico”, como se houvesse na história recente algum paradigma a retomar, ignorando os imensos desafios desse século, que demandam projetos apropriados de desenvolvimento.


Já no decorrer do próximo mandato presidencial se esgotarão os primeiros prazos para cumprimentos de metas climáticas por parte de cada país. Mesmo tendo obrigações a cumprir, o Brasil vem se afastando das suas metas em anos recentes e precisa se reajustar, para fazer a sua parte e se manter como protagonista decisivo nas negociações internacionais. Também deve se concluir, nesse período, a destinação pelos governos de terras devolutas na Amazônia e em outras regiões do país.


Qualquer presidente eleito, ainda que não saiba ou não entenda a importância estratégica dessas populações, seus territórios e produtos, vai se defrontar com a crise climática e suas consequências. Qualquer estratégia nacional frente a essa crise pode dispor desses recursos como ativos.

 Ignorando-os, ou encarando-os apenas como passivos, estará sujeito a administrar só uma sucessão interminável de conflitos. Quem não faz, leva! (#ECO21/#Envolverde)

Comida saudável e acessível para todos, já

Comida saudável e acessível para todos, já


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No Dia Mundial da Alimentação, lembramos que nossa luta por um nova modelo de agricultura continua

Greenpeace

Hoje é o Dia Mundial da Alimentação, uma data importante para reforçarmos nossa defesa por uma alimentação saudável e justa para todas as pessoas. Mas a realidade é dura: a maneira como produzimos, distribuímos e consumimos nossa comida atualmente segue por linhas tortas, impedindo que comida saudável chegue na mesa de toda a população e causando um impacto negativo enorme na saúde da população e na do planeta. 

Isso porque o modelo agropecuário convencional que predomina no Brasil e outros países segue a lógica de produção industrial, em que enormes áreas de floresta são abertas e convertidas em pasto e monoculturas, especialmente de grãos. Por conta disso, nossa agricultura é altamente dependente do uso de agrotóxicos, que acabam indo parar no nosso prato de comida, além de contaminar a terra e os rios. 

Produzimos alimentos em larga escala, degradando recursos naturais e aplicando massivamente agrotóxicos, com o argumento de garantir a segurança alimentar de toda a população, mas a verdade é que a fome continua a ser um dos grandes problemas da humanidade. Mais de 820 milhões de pessoas ainda passam fome atualmente, enquanto, do outro lado da corda, cresce de forma alarmante o número de obesos em decorrência de uma alimentação nada saudável, rica em açúcar e gordura.
É por todos esses motivos que há alguns anos temos insistido na necessidade de uma outra agricultura. Uma produção agrícola que respeite os ecossistemas, o clima e as pessoas. O Greenpeace, junto a um grande coletivo de organizações, tem ecoado fortemente esse grito, que pede alimentos saudáveis como um direito de todos, não um privilégio de poucos.


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O Brasil é campeão no uso de agrotóxicos. © Daniel Beltrá/ Greenpeace

Para realizar essa mudança, existe um caminho, que já vem sendo discutido ao redor do mundo. No Brasil, a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA) abre espaço para uma verdadeira reflexão e propostas concretas de alternativa à lógica atual. Esse projeto de lei (PL nº 6670/2016) é um de nossos  instrumentos para garantir a democratização da alimentação saudável e sem veneno. É muito importante que ela avance na Câmara dos Deputados. 

Juntos, também temos o poder de barrar iniciativas que jogam contra a população, como o Pacote do Veneno (PL nº 6299/2012), que visa fortalecer esse modelo nocivo de produzir, dificultando cada vez mais o acesso à comida saudável. Infelizmente, mesmo após muita resistência da sociedade, a Comissão Especial que analisa o Pacote do Veneno aprovou o parecer do deputado Luiz Nishimori (PR-PR) na Câmara dos Deputados. Se aprovado, esse projeto de lei vai colocar ainda mais agrotóxicos em nossa comida, piorando ainda mais a vida de quem produz e de quem consome. 

O Pacote do Veneno é símbolo de enorme retrocesso, depois de grandes avanços conquistados no país no campo da agroecologia. Após as eleições, a partir de novembro, é muito provável que o assunto volte a ser discutido e, portanto, precisamos continuar com os olhos bem abertos, pressionando os parlamentares para que uma medida tão absurda como essa seja rejeitada em plenário. Conseguimos tirar alguns representantes da bancada ruralista para o próximo mandato, mas, para os que ficaram, vamos lembrar que governantes venenosos fazem mal à saúde!

O Dia Mundial da Alimentação nos lembra que todas as pessoas, sem exceção, têm direito a uma alimentação saudável e sem veneno. E que é dever dos nossos representantes zelar por esse direito.

Você já comeu a Amazônia hoje?



91% não percebem que sistema alimentar ameaça natureza



16 Outubro 2018   |   0 Comments


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Por WWF

Nove em cada dez pessoas (91%) não reconhecem que a produção e o consumo de alimentos --incluindo o desperdício-- é a maior ameaça ao estado da vida no planeta. Essa é a conclusão de uma pesquisa divulgada pelo WWF nesta terça, 16, Dia Mundial da Alimentação.

A pesquisa encontrou uma desconexão preocupante entre os jovens: 11% dos entrevistados com idades entre 18 e 24 anos não consideram o sistema alimentar uma ameaça à natureza. Somando todas as faixas etárias, 40% das pessoas acreditam que a ameaça é "menos que significativa". Cerca de 60% das pessoas com mais de 55 anos têm mais consciência sobre o assunto.

O sistema alimentar, que inclui a produção, o consumo e o desperdício, é o maior consumidor de recursos naturais e o maior emissor de gás de efeito estufa: usa 34% do solo e 69% da água dos rios disponíveis, além de ser a principal causa de desmatamento e de perda de habitat. Ao mesmo tempo, um terço de todos os alimentos produzidos nunca é consumido. O sistema alimentar é também responsável por cerca de um quarto de todas as emissões de gases de efeito de estufa, sendo que um terço disso vem apenas dos alimentos desperdiçados.


“A boa notícia é que podemos fazer esse sistema alimentar funcionar sem prejudicar as pessoas e a natureza. Se a comida for produzida de maneira mais sustentável, distribuída de forma justa e consumida de maneira mais responsável, podemos alimentar todos sem destruir mais florestas, rios e oceanos. Precisamos aumentar a conscientização das pessoas sobre de onde a comida vem e mudar nossos comportamentos para garantir o funcionamento adequado de todo o sistema”, afirma o brasileiro João Campari, líder global da prática de Alimentos do WWF.

Encomendada pelo WWF e realizada pela YouGov, a pesquisa entrevistou 11.000 pessoas na Austrália, Brasil, Colômbia, Índia, Indonésia, Malásia, Holanda, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. A escolha dos países se deveu ao fato de que eles têm a segurança alimentar ameaçada por danos à natureza, além de oferecer contribuições significativas nesses danos por meio da produção, consumo ou desperdício de alimentos.

“Na semana passada, um importante relatório da ONU destacou as ameaças causadas pelo sistema de alimentos às mudanças climáticas e o curto prazo que temos para agir. Embora haja muito sendo feito para melhorar o sistema alimentar, devemos trabalhar em todos os setores em maior escala e com maior urgência”, complementa Campari.

Segundo o levantamento, 80% dos entrevistados sentem que pode ser feito mais para resolver o problema: 66% querem especificamente que os governos tenham mais ações e 60% querem que as empresas aumentem seus esforços .

“Trabalhando juntos para realizar a Alimentação 2.0, um sistema alimentar evoluído, todos nós temos o poder de levar a comida ao topo da agenda de conservação e ajudar a proteger nossa segurança alimentar global”, continuou Campari.

Para trabalhar em prol da Alimentação 2.0, o WWF já possui cerca de 100 programas relacionados a alimentos em todo o mundo, em parcerias com governos, produtores de alimentos, empresas e outras organizações não-governamentais, e introduzirá vários programas globais nos próximos meses. O WWF está adotando uma abordagem sistêmica para alcançar mudanças transformadoras no setor de alimentos, concentrando-se em três áreas principais: Produção Sustentável, Dietas Sustentáveis e Perda de Alimentos e Resíduos.
 

Fêmeas preferem gorilas que se dedicam aos filhotes, aponta estudo



Machos de espécie encontrada em Ruanda dedicam bastante tempo cuidando dos filhotes da comunidade, sendo eles de sua prole ou não. Os mais aplicados costumam ser mais escolhidos pelas fêmeas.

Por BBC

15/10/2018 10h15  Atualizado há 2 dias

 

Machos de espécie encontrada em Ruanda dedicam bastante tempo cuidando dos filhotes da comunidade, sendo eles de sua prole ou não — Foto: TIERRA SMILEY EVANS/UC DAVIS/BBC
Há um consenso no mundo científico de que, no mundo animal, o cuidado parental por parte de machos é raro entre mamíferos. Eles até podem se preocupar com alimentação ou mesmo, como é o caso dos leões, proteção - mas é um comportamento que já teriam mesmo se não houvesse filhotes no grupo.

Uma exceção que salta aos olhos dos pesquisadores é o caso dos gorilas. Estudos anteriores realizados com os da espécie montanhesa que vive em Ruanda, na África, já havia constatado que os machos dedicam bastante tempo em funções de cuidado com filhotes da comunidade, sendo eles seus filhos ou de outros.

Isto faz deles os únicos grandes símios em que machos desenvolvem fortes laços com os filhotes, conforme ressaltam autores de um estudo publicado nesta segunda-feira pela Universidade Northwestern, em Illinois, Estados Unidos.

O artigo, que está na mais recente edição do periódico Scientific Reports, procura entender os motivos deste comportamento.

E a resposta está no sexo - e na reprodução.
 Os gorilas machos que gastaram maiores porcentagens de seu tempo com filhotes - ainda que não os seus - tiveram maior prole — Foto: TERENCE FUH NEBA, WWF CENTRAL AFRICAN REPUBLIC/BBC
Os gorilas machos que gastaram maiores porcentagens de seu tempo com filhotes - ainda que não os seus - tiveram maior prole — Foto: TERENCE FUH NEBA, WWF CENTRAL AFRICAN REPUBLIC/BBC

O método
Conforme explicou à BBC News Brasil a antropóloga e psicóloga Stacy Rosenbaum, pesquisadora do Departamento de Antropologia da universidade e principal autora da pesquisa, os cientistas utilizaram 100 horas de observação do comportamento de um grupo de gorilas-da-montanha.

"Então, calculamos a porcentagem do tempo que cada macho passou cuidando, tratando, ensinando filhotes e descansando com eles", explica a pesquisadora.

Em seguida, esses dados foram analisados em comparação com o número total de descendentes que cada macho havia produzido em sua vida.

"(E a conclusão foi que) os gorilas machos que gastaram maiores porcentagens de seu tempo envolvidos em tais comportamentos geraram maior prole do que os outros, que se dedicaram menos", diz Rosenbaum, enfatizando que, para o estudo, ajustes de controle foram feitos para que o grau de dominância do membro do grupo, a idade e a longevidade não interferissem no resultado final da amostra.

Os dados mostram um cenário um pouco diferente do que o imaginário padrão sugere quando se pensa em um grupo de gorilas. Sai a ideia de que a reprodução, no grupo, é dominada por um macho-alfa. E entra o poder de escolha feminino.

Conforme ressalta o antropólogo Christopher Kuzawa, coautor do trabalho e professor do Instituto de Pesquisa Política da mesma universidade, uma interpretação provável é que "as fêmeas optam por se acasalar com machos com base nessas interações", ou seja, os machos que "passam muito tempo com grupos de filhotes, que cuidam e descansam com eles, são os que têm mais oportunidades reprodutivas".

Rosenbaum lembra que há muito tempo se sabe que os gorilas-das-montanhas competem entre si, dentro do grupo, para ter "acesso às fêmeas" e conseguirem boas "oportunidades de acasalamento".

"Mas esses novos dados sugerem uma estratégia mais diversificada", comenta. "Os machos que cuidam dos filhotes são muito mais bem-sucedidos."

O estudo dá algumas pistas de como foi que os comportamentos paternos podem ter evoluído — Foto: Alice C. Gray/BBC
O estudo dá algumas pistas de como foi que os comportamentos paternos podem ter evoluído — Foto: Alice C. Gray/BBC

De onde viemos
O estudo dá algumas pistas de como os comportamentos paternos podem ter evoluído, inclusive no caso dos seres humanos.

A antropóloga lembra que, tradicionalmente, os cientistas relacionam o cuidado parental masculino, de forma geral, a uma estrutura social específica - a monogamia -, "que ajudaria a garantir que os machos cuidassem de seus próprios filhos".

"Mas esta pesquisa (em que o comportamento foi observado entre animais não monogâmicos) sugere que há um caminho alternativo pelo qual a evolução pode ter gerado este comportamento, em situações de grupo em que os machos podem não saber quais filhotes são seus", comenta.
A ilação, portanto, é: será que não foi assim também entre os ancestrais humanos?

O próximo passo dos pesquisadores é analisar se há hormônios específicos que auxiliam este comportamento - e provoca essa relação de causa e consequência.

Estudos anteriores do qual o antropólogo Kuzawa fez parte mostraram que, em humanos, a testosterona diminui à medida que os homens se tornam pais. "E acredita-se que isto ajude a concentrar a atenção nas necessidades do recém-nascido", pontua.

No caso dos gorilas, os pesquisadores não sabem se algo semelhante ocorre.

Há dúvidas para ambos os cenários. Se os gorilas que estão envolvidos particularmente em interação infantil experimentam declínios de testosterona e isso impediria sua capacidade de competir com outros machos, o nível baixo do hormônio poderia funcionar como algum atrativo para as fêmeas?
Ou, como eles são bem-sucedidos na atividade sexual, no caso dos gorilas, altos níveis de testosterona e o comportamento de paternidade ativa não são excludentes?

Estas novas questões ainda precisam ser estudadas. Rosenbaum adianta que a ideia agora é justamente esta: caracterizar os perfis hormonais dos machos ao longo do tempo.
 Os cientistas acreditam que as fêmeas optam por se acasalar com machos com base nessas interações — Foto: TERENCE FUH NEBA, WWF CENTRAL AFRICAN REPUBLIC/BBC

Os cientistas acreditam que as fêmeas optam por se acasalar com machos com base nessas interações — Foto: TERENCE FUH NEBA, WWF CENTRAL AFRICAN REPUBLIC/BBC


Poder feminino
Se ainda não se sabe ao certo qual é o mecanismo biológico que norteia o comportamento dos gorilas machos, o que os cientistas já cravam com segurança é que, nas comunidades desses animais, o papel feminino é fundamental na hora de escolher quais genes serão passados adiante.


"Não sabemos ainda qual é o mecanismo que impulsiona tal correlação encontrada, mas a explicação mais plausível é que as fêmeas preferem machos que cuidam da prole", define Rosenbaum.
"Isso sugere que a escolha feminina pode ser um fator muito mais importante do que supúnhamos anteriormente na condução da trajetória evolutiva dos gorilas."


Ela enfatiza que, com base na pesquisa, pode-se dizer que as gorilas fêmeas "não são apenas observadoras passivas que acasalam com qualquer macho que vença as lutas".
"Elas têm preferências e as expressam. E suas escolhas têm importantes consequências evolutivas", diz.


E, enquanto estuda o mundo dos gorilas, a psicóloga não deixa de pensar nos seres humanos.


"Um dos mistérios da evolução humana é como foi que formas muito intensas de cuidados masculinos começaram, ainda entre nossos ancestrais já extintos. Nossa pesquisa sugere um caminho que a seleção natural pode ter tomado para obter formas rudimentares desse comportamento zeloso", aponta.